Dia 08 de abril
Sermão do Monte - Parte XXII "E, abrindo a sua boca, os ensinava...". Mateus 5.2.
O sermão do monte é o marco que iniciou a caminhada de Jesus no seu ministério de ensino aos seus discípulos. Depois de separar seus doze apóstolos, percorreu toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino de Deus, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Assim a sua fama correu por toda a Síria. De sorte que o seguiam grandes multidões. Jesus, pois vendo as multidões, subiu em um monte e passou a ensiná-las sobre o Reino de Deus. E abrindo a sua boca, disse-lhes: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão" Mateus 7.1-5. Primeiramente, precisamos estar conscientes que não estamos em tempo de julgamento, mas no tempo da salvação: "Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por ele" João 3.17. Esses textos são uma repreensão do Senhor para nós. Tudo o que o Senhor nos envia a fazer hoje não é julgar, mas pregar o evangelho a toda criatura: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" Marcos 16.15-16. "Não julgueis" está no presente, e "para que não sejais julgados" está no futuro. Não estamos em tempo de juízo, mas se o usarmos neste tempo, então quando chegar o tempo de sermos julgados, será usado contra nós na mesma medida que julgamos. O que o Senhor quer que façamos é dar de graça a boa medida que recebemos de graça, e que é necessária para este tempo: "Não julgueis, e não sereis julgados; não condeneis, e não sereis condenados; soltai, e soltar-vos-ão. Dai, e ser-vos-á dado; boa medida, recalcada, sacudida e transbordando, vos deitarão no vosso regaço; porque com a mesma medida com que medirdes também vos medirão de novo" Lucas 6.37-38. Jesus também nos ensina que julgamento não é para nós, mas para Ele e para Deus. É necessário também entendermos que o juízo de Deus já foi estabelecido em Cristo, e não haverá outro: "Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, e os homens amaram mais as trevas do que a luz, porque as suas obras eram más" João 3.18-19. Julgamento não cabe a nós, porque julgamos pela aparência e não segundo a reta justiça: "Não julgueis segundo a aparência, mas julgai segundo a reta justiça" João 7.24. Se julgarmos segundo a aparência, o nosso juízo será injusto. O juízo de Deus é justo porque Ele não vê como vê o homem: "Porém o SENHOR disse a Samuel: Não atentes para a sua aparência, nem para a grandeza da sua estatura, porque o tenho rejeitado; porque o SENHOR não vê como vê o homem, pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração" I Samuel 16.7. Só há um legislador e juiz. Se nos interpusermos como juízes, Aquele que é o verdadeiro juiz terá que se opor a toda injustiça e nos julgar também: "Irmãos, não faleis mal uns dos outros. Quem fala mal de um irmão, e julga a seu irmão, fala mal da lei, e julga a lei; e, se tu julgas a lei, já não és observador da lei, mas juiz. Há só um legislador que pode salvar e destruir. Tu, porém, quem és, que julgas a outrem?" Tiago 4.11-12. Na justiça dos homens também é assim. O julgamento de um juiz não é definitivo, porque ele poderá ser apreciado por um desembargador, e o desembargador pelo superior tribunal de justiça. Se não julgarmos, então não seremos julgados; estaremos livres porque não haverá razão para tal. Jesus nos ensina que nosso julgamento sempre será injusto, quando diz que olhamos para ciscos, isto é, pequenas coisas nos irmãos, e deixamos de atentar para coisas muito maiores que estão em nós. Quando ficamos olhando para pequenas coisas que há nos irmãos e julgamos, estamos deixando de atentar para onde está a verdadeira necessidade: em nós. "Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me, e conhece os meus pensamentos. E vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno" Salmos 139.23-24. O julgamento dos outros, nada mais é do que uma forma de justificar a nós mesmos. Quando julgamos alguém, aquele juízo é para nós e não para o outro. Aquilo que no irmão é um cisco, e que ainda é pequeno, em nós já é uma trave. Por isso é que Jesus disse: "Com a medida com que tiverdes medido, vos medirão a vós". Não é sobre outros assuntos que seremos julgados por Deus, mas pelo mesmo assunto que julgamos o irmão. Cisco e trave são da mesma natureza, mas a trave é maior que o cisco. Tome como via de regra isto: - Caso você julgue alguém por algo, saiba que naquilo em que você está julgando o irmão, em você é maior. O julgamento que fizermos do próximo ficará no esquecimento, mas o que Deus fará de nós por termos julgado, nos trará um grande prejuízo: "Portanto, és inescusável quando julgas, ó homem, quem quer que sejas, porque te condenas a ti mesmo naquilo em que julgas a outro; pois tu, que julgas, fazes o mesmo. E bem sabemos que o juízo de Deus é segundo a verdade sobre os que tais coisas fazem. E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que, fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?" Romanos 2.1-3. O julgamento é um caminho que trará muito prejuízo para qualquer cristão. Agora se atentarmos que estamos em tempo de salvação, então toda a nossa disposição será em exercermos o amor, o perdão, a misericórdia e não juízo: "Mas vós, amados, edificando-vos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para a vida eterna. E apiedai-vos de alguns que estão na dúvida, e salvai-os, arrebatando-os do fogo; e de outros tende misericórdia com temor, abominando até a túnica manchada pela carne" Judas 1.20-23. Quando exercemos juízo sobre os outros e não misericórdia, é porque não nos achamos miseráveis, mas dignos. Não podemos usar de juízo, mas de misericórdia. Caso contrário, o juízo se voltará contra nós, sem a misericórdia: "Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa do juízo" Tiago 2.13. Nós miseráveis homens caídos, só não somos consumidos neste exato momento, porque a misericórdia que se renovou nesta manhã e triunfou sobre o juízo. Nada julguemos então antes do tempo: "Portanto, nada julgueis antes de tempo, até que o Senhor venha, o qual também trará à luz as coisas ocultas das trevas, e manifestará os desígnios dos corações; e então cada um receberá de Deus o louvor" I Coríntios 4.5. Amém. |
|