Dia 26 de outubro
Ananías
Ananías, o discípulo de Damasco, aparece uma só vez em toda a Bíblia, quando é enviado pelo Senhor para visitar a Saulo. Nunca mais volta a lhe mencionar. Isto nos sugere, ao menos, que era um crente de baixo perfil, que provavelmente não era nem apóstolo, nem profeta; que era só um discípulo. No entanto, a figura de Ananías tem uma tremenda significação no Novo Testamento. Ele aparece em momentos em que Paulo é atingido pela mão de Deus, derrubado de seu judaísmo ortodoxo, e trazido à fé do Filho de Deus. Quando lhe aparece no caminho, o Senhor fala a Paulo, mas não o suficiente. Revela-lhe parte de sua vontade, mas não sua vontade completa. O Senhor ordena a Saulo que entre na cidade, pois ali lhe será dito o que deve fazer. (Atos 9:6). E o encarregado para dizer-lhe "o que deve fazer" é precisamente Ananías. O relato de Atos capítulo 9 nos diz que, além disso, Ananías orou por ele para que recobrasse a vista, fora cheio do Espírito Santo, e provavelmente até lhe batizou. Ananías foi o instrumento para mostrar a Paulo a igreja em seu aspecto local, prático e tangível. A igreja, como corpo de Cristo. É o irmão que está perto; o qual, em momentos importantes representa a Cristo, fala por ele e atua por ele a favor de nós. A vida cristã não é uma vida de relações só verticais, em que sustentamos uma preciosa comunhão com a Cabeça que está nos céus. É também uma vida de relações horizontais, que desfrutamos com os irmãos e irmãs na igreja local. Deus nem sempre nos falará de cima; muitas vezes nos falará de lado, por meio de algum de seus filhos e filhas. Uma vida de relações verticais com Deus é preciosa mas insuficiente; uma vida de comunhão com o Corpo de Cristo completa a provisão de Deus para o caminhar no meio do mundo. Muitas vezes a direção, a provisão, o consolo nos são outorgados através dos Ananías que não conhecíamos, que não têm nenhum destaque, mas a quem Deus usa eficazmente. É uma graça muito grande contar com os Ananías no caminhar cristão. Eles estão em todo lugar, como esperando o momento de aparecer em cena para estender-nos a mão. Eles não têm pretensões humanas, nem exigem pagamento por seus serviços. Eles têm um coração amplo como o de Cristo; sua honra é servir ao Mestre, atendendo a um pobre Saulo, cego, desconcertado e hesitante. Quem não se encontrou com algum deles nos muitos becos da vida. Quem não foi salvo alguma vez por essa mão delicada e firme? Os grandes Saulos precisam dos pequenos Ananías. Os montes devem abaixar, e os vales ser levantados. Eles devem ficar na mesma altura, depois de experimentar um banho de humildade e de honra, respectivamente; para que ninguém no corpo de Cristo menospreze o outro, nem ninguém olhe o irmão por cima. A figura de Ananias nos fala do Corpo de Cristo, maravilhoso em sua singeleza e em sua sabedoria, em seu equilíbrio e em sua abundância.
Igreja em Temuco - Chile |
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