Dia 31 de março

 

 

Sermão do Monte - Parte XIII

"E, abrindo a sua boca, os ensinava...".

Mateus 5.2.

O sermão do monte é o marco que iniciou a caminhada de Jesus no seu ministério de ensino aos seus discípulos. Depois de separar seus doze apóstolos, percorreu toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino de Deus, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Assim a sua fama correu por toda a Síria. De sorte que o seguiam grandes multidões. Jesus, pois vendo as multidões, subiu em um monte e passou a ensiná-las sobre o Reino de Deus.

E abrindo a sua boca, disse-lhes: "E, quando orares, não sejas como os hipócritas; pois se comprazem em orar em pé nas sinagogas, e às esquinas das ruas, para serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo que já receberam o seu galardão. Mas tu, quando orares, entra no teu aposento e, fechando a tua porta, ora a teu Pai que está em secreto; e teu Pai, que vê em secreto, te recompensará publicamente. E, orando, não useis de vãs repetições, como os gentios, que pensam que por muito falarem serão ouvidos. Não vos assemelheis, pois, a eles; porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes de vós lho pedirdes" Mateus 6.5-8.

A oração é um meio bendito de nos achegarmos a Deus e nos humilharmos perante a Sua potente mão, mas ela deixa de ter este propósito se quisermos ser vistos pelos homens. Qualquer coisa que é para ser feita para Deus, e fazemos para ser vista diante dos homens, é exaltação própria, é hipocrisia: "Dois homens subiram ao templo, para orar; um, fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, estando em pé, orava consigo desta maneira: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros; nem ainda como este publicano. Jejuo duas vezes na semana, e dou os dízimos de tudo quanto possuo. O publicano, porém, estando em pé, de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador! Digo-vos que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque qualquer que a si mesmo se exalta será humilhado, e qualquer que a si mesmo se humilha será exaltado" Lucas 18.10-14.

A oração é uma coisa tão pessoal, que o Espírito nos concede um dom, pela qual podemos falar na língua de Deus: "Porque o que fala em língua desconhecida não fala aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala mistérios" I Coríntios 14.2. Esse dom é para orarmos a Deus, e não para profetizar como muitos fazem trazendo confusão. Oração é algo pessoal entre nós e Deus. Deus não ora a nós, mas profetiza a nós a Sua Palavra. A profecia é a Palavra de Deus enviada a nós e não espírito de adivinhação.

A oração é tão pessoal, que Jesus nos ensina que tem que ser em secreto: "E, despedida a multidão, subiu ao monte para orar, à parte. E, chegada já a tarde, estava ali só" Mateus 14.23. Veremos na próxima meditação, que a oração não é para pedir coisas, mas para estar em comunhão com Deus, em separado. Essa comunhão é muito mais para ouvi-lo do que para falar. Esse é o tipo de oração que o Senhor se agrada: "O sacrifício dos ímpios é abominável ao SENHOR, mas a oração dos retos é o seu contentamento" Provérbios 15.8.

A oração é uma conversa com Deus, e não um rosário de ladainhas. As vãs repetições de que Jesus fala, são ladainhas, isto é, são cantilenas, frases ou versos decorados. Esse tipo de oração o Senhor não ouve: "Quando vindes para comparecer perante mim, quem requereu isto de vossas mãos, que viésseis a pisar os meus átrios? Não continueis a trazer ofertas vãs; o incenso é para mim abominação, e as luas novas, e os sábados, e a convocação das assembléias; não posso suportar iniqüidade, nem mesmo a reunião solene. As vossas luas novas, e as vossas solenidades, a minha alma as odeia; já me são pesadas; já estou cansado de as sofrer. Por isso, quando estendeis as vossas mãos, escondo de vós os meus olhos; e ainda que multipliqueis as vossas orações, não as ouvirei, porque as vossas mãos estão cheias de sangue" Isaías 1.12-15.

A oração dos filhos é para ser no santíssimo lugar, com verdadeiro coração, e em inteira certeza de fé: "Tendo, pois, irmãos, ousadia para entrar no santuário, pelo sangue de Jesus, pelo novo e vivo caminho que ele nos consagrou, pelo véu, isto é, pela sua carne, e tendo um grande sacerdote sobre a casa de Deus, cheguemo-nos com verdadeiro coração, em inteira certeza de fé, tendo os corações purificados da má consciência, e o corpo lavado com água limpa, retenhamos firmes a confissão da nossa esperança; porque fiel é o que prometeu" Hebreus 10.19-23.

A oração também não é para fazer Deus saber de alguma coisa. Muitas vezes fazemos orações a Deus, pensando que Ele não sabe daquela nossa necessidade. Pensamos muitas vezes que Ele não está prestando atenção a nós. Deus sabe das nossas necessidades, antes mesmo de nós lhe pedirmos: "SENHOR, tu me sondaste, e me conheces. Tu sabes o meu assentar e o meu levantar; de longe entendes o meu pensamento. Cercas o meu andar, e o meu deitar; e conheces todos os meus caminhos. Não havendo ainda palavra alguma na minha língua, eis que logo, ó SENHOR, tudo conheces" Salmos 139.1-4.

Oramos de maneira errada, porque isto é algo maravilhoso demais para nós: "Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não a posso atingir" Salmos 139.6. Por isso necessitamos a ajuda do Espírito: "E da mesma maneira também o Espírito ajuda as nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o mesmo Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis" Romanos 8.26. Deus sabe tudo, inclusive do que necessitamos; isto mostra que nossa oração não deve ser para pedir coisas, mas conhecer a Sua vontade.

Todo filho que entrar na Sua presença, e orar de maneira certa, segundo a Sua vontade sairá confiante que irá receber do Senhor aquilo que lhe pediu: "E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve. E, se sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que alcançamos as petições que lhe fizemos" I João 5.14-15. Ele entrará em inteira certeza de fé, e sairá com fé: "Ora, sem fé é impossível agradar-lhe; porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe, e que é galardoador dos que o buscam" Hebreus 11.6. Amém. 

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