O BATISMO DE JOÃO, DE JESUS E DO ESPÍRITO

O batismo de João é o primeiro que o Senhor nos ensina nas Escrituras. Este batismo veio para preparar o caminho do Senhor, mas ele era na base do arrependimento, e com água: "E eu, em verdade, vos batizo com água, para o arrependimento" Mateus 3.11.

Vemos nos nossos dias alguns querendo anular este batismo, ou por outro lado supervalorizá-lo. Primeiramente não podemos anulá-lo, porque o Senhor ensinou aos seus discípulos a batizarem com água, após a pregação e a fé no evangelho: "E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; mas quem não crer será condenado" Marcos 16.15-16.

Por outro lado não podemos colocar o batismo nas águas como a única necessidade para a salvação. O texto acima fala: "quem não crer será condenado", e não quem não for batizado. Como nos ensina o apóstolo Pedro, ele não tem poder de despojar o homem da imundícia da carne, pois é apenas uma figura. O batismo nas águas é a indagação de uma boa consciência para com Deus para com a ressurreição de Jesus dentre os mortos, e que está assentado à destra da majestade nas alturas (I Pedro 3.21-22).

Mas tanto João Batista como o apóstolo Pedro falam que o batismo nas águas deve ser acompanhado de uma obra real com Cristo. Para João, que batizou até o próprio Senhor, disse que se alguém pensa ser o batismo nas águas a única coisa para a salvação está se enganando e tentando fugir da ira vindoura (Mateus 3.7). Para Pedro é como pegar uma porca e lavá-la, mas permanecendo com a sua natureza naturalmente voltará para o lamaçal (II Pedro 2.22).

João Batista ensinou aos que iam a ele para serem batizados, que viria um, Cristo, que os batizariam com o Espírito Santo e com fogo (Mateus 3.11). João Batista ensinava que o Senhor Jesus iria realizar um batismo que nos traria uma obra real, não só de arrependimento, mas também de regeneração. Um batismo pelo qual nos traria libertação da nossa natureza pecadora, do corpo do pecado: "Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?... Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado" Romanos 6.3 e 6.

O batismo nas águas não tem poder de livrar o homem da escravidão da sua natureza pecadora como ensina o apóstolo Pedro, mas o de Jesus sim. Jesus nos batizou, nos plantou na sua morte, para que como ele foi ressuscitado pela glória do Pai, nós pudéssemos andar em novidade de vida (Romanos 6.4); não uma vida debaixo da escravidão do pecado, mas uma vida ressurreta, santa, vinda do alto.

O texto de Efésios 2, nos versos 5 e 6 nos ensina que: "Estando nós ainda mortos em nossas ofensas, nos vivificou juntamente com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele e nos fez assentar nos lugares celestiais, em Cristo Jesus". Por que fala de vida e ressurreição, não é a mesma coisa? Sim, mas em etapas diferentes. A vida nós já participamos dela agora, na regeneração quando cremos, mas a ressurreição do nosso corpo será somente quando Cristo voltar.

Oséias também já ensinava isto, inclusive fazendo diferença do segundo para o terceiro dia: "Vinde, e tornemos ao Senhor, porque ele despedaçou, e nos sarará; feriu, e nos atará a ferida. Depois de dois dias nos dará a vida; ao terceiro dia nos ressuscitará, e viveremos diante dele" Oséias 6.1-2. Uma vez regenerados, o Espírito que dá vida, e que habita em nós, é o mesmo que vivificará os nossos corpos mortais ao som da última trombeta (Romanos 8.11); num abrir e piscar de olhos (I Coríntios 15.52).

O batismo nas águas se trata do nosso testemunho de arrependimento, mas o batismo de Jesus trata do testemunho de Deus. E  o testemunho de Deus é este: "...que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em seu Filho. Quem tem o Filho tem a vida; quem não tem o Filho de Deus não tem a vida" I João 5.11-12. O batismo de Jesus nos trouxe vida. A vida do Seu Filho; a Vida santa e eterna vivendo dentro de nós.

O batismo nas águas é o testemunho dos homens, mas o batismo de Jesus traz o testemunho de Deus para dentro de nós: "Se recebemos o testemunho dos homens, o testemunho de Deus é maior; porque o testemunho de Deus é este, que de seu Filho testificou. Quem crê no Filho de Deus, em si mesmo tem o testemunho" I João 5.9-10.

Deus não anula o testemunho dos homens, mas o de Deus é maior (veja no verso 9). Apesar do batismo de Jesus ser maior, o de João não perde a sua importância, mas como dizem alguns dos celebres irmãos: 'o inferno está cheio de pessoas batizadas nas águas e bem intencionadas'. O batismo nas águas não pode substituir uma obra real de regeneração que recebemos pela fé no batismo em Cristo.

Além do batismo nas águas e o batismo de Cristo há também o batismo no Espírito Santo. Este batismo não é o Espírito como penhor da nossa salvação, mas um revestimento de poder no homem interior: "Para que, segundo as riquezas da sua glória, vos conceda que sejais corroborados com poder pelo seu Espírito no homem interior" Efésios 3.16.

Este batismo, que é um enchimento do Espírito (Efésios 5.18), tem como finalidade nos fazer capazes de atuar como um membro efetivo no Corpo de Cristo: "Porque, assim como o corpo é um, e tem muitos membros, e todos os membros, sendo muitos, são um só corpo, assim é Cristo também. Pois todos nós fomos batizados em um Espírito, formando um corpo" I Coríntios 12.12-13.

Como diz o verso 17 de Efésios 3, não para recebermos a Cristo pela fé para uma obra de regeneração, porque este, a fé no batismo em Cristo já nos trouxe, mas a revelação de Cristo como corpo e nós individualmente como membros uns dos outros (Romanos 12.5). Um batismo que nos faz compreender com todos os santos qual é a largura, o comprimento e a altura e a profundidade dessa Pessoa de Cristo que é a nossa vida.

Sem o batismo no Espírito, e o viver como corpo, o nosso conhecimento da Pessoa de Cristo ficará muito restrita. Iremos conhecê-lo apenas na nossa fracionada e pequena medida de fé (Romanos 12.3). Somente na medida do dom dele em nós (Efésios 4.7). Nenhum cristão vivendo individualmente irá além no conhecimento de Cristo, se não estiver vivendo como Corpo, e para isto é necessário o batismo no Espírito. Não um conhecimento doutrinário ou teórico, mas experimental, real.

Apesar de serem três batismos, no texto de Efésios 4, no verso 5, Deus nos ensina que eles são um só, isto é, tanto o de João, como o de Cristo, como o do Espírito fala de uma só coisa, completando-se. Fala de toda a obra consumada por Deus em Cristo, para que Cristo encha todas as coisas (Efésios 4.10).

Começamos pelo batismo nas águas, no qual há um arrependimento e uma boa consciência para com Deus. Depois passamos pelo batismo em Cristo onde sabemos da morte do nosso homem velho, e da nossa identificação com Cristo na sua morte e ressurreição. E por último o batismo no Espírito para deixarmos de viver como cristãos individuais e passarmos a crescer no conhecimento de Cristo com todos os santos.

Mas qualquer um deles só é possível se o recebermos pela fé. Batismo não é algo que podemos fazer por nós mesmos. A própria palavra já fala por si mesma. Ninguém pode se batizar. Temos que ser batizados por alguém.

Todos poderão continuar sendo uma verdade nas Escrituras, mas nunca será uma realidade em nós se não o recebermos pela fé; porque sem fé é impossível agradar a Deus (Hebreus 11.6), e alguém só será considerado justo, se viver por ela (Romanos 1.17). Amém.

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