de T. Austin-Sparks
Capítulo 1 – Sua Função
Ler: Ex. 25:31-40; 37:17; Zac. 4:1-7.
"Farás um candelabro de ouro puro." (Ex. 25:31).
É a última parte da sentença que é a mais
importante - "um candelabro de ouro puro," mas
há algo muito significativo e importante a
respeito da primeira parte: “Farás”...
A NECESSIDADE DE UMA NOVA POSIÇÃO ESPIRITUAL
Em abordando este assunto do candelabro de ouro
puro, assim o fazemos a partir de um ponto mais
distante. Ficamos afastados, reservados. Penso
que todos nós estamos conscientes do crescente
senso de necessidade entre o povo do Senhor de
uma nova posição espiritual. Pode não ser
universal ou geral, mas é algo que encontramos
bastante nesses dias, e, quando você chega a
pensar a respeito, é uma coisa que marca a
Palavra de Deus completamente. – isto é, um
desafio de se alcançar uma nova posição. Você
encontra isto na Palavra, você encontra isto na
história subseqüente. Até mesmo quando as
pessoas do Senhor estão no caminho certo, ou na
direção certa, estas necessidades é
constantemente trazida diante delas _ a
exortação a não permanecer no mesmo lugar, a não
descansar lá, mas a prosseguir. Isto, de modo
geral, é muito verdadeiro em relação à história
espiritual do povo do Senhor e todos os métodos
do Senhor com o Seu povo _ constantemente
desafiando, constantemente criando um senso de
necessidade de se alcançar uma posição que ainda
não foi alcançada, ou, pode ser, em alguns
casos, para se recuperar uma posição da qual
eles tinham retrocedido.
Porém, entre nós mesmos (e quando dizemos nós
mesmos, quero dizer aqueles de nós que têm
relação aqui neste ministério, no qual
frequentemente temos chamado este testemunho)
este senso está crescendo _ um senso de
necessidade de se chegar a um novo lugar
espiritual. Um e outro tem particularmente
expressado isto para mim durante esses meses que
se passaram - 'Preciso chegar a um novo lugar
com o Senhor, preciso de alguma maneira alcançar
uma nova posição’. Isto é expresso de diferentes
maneiras, mas o que está por detrás disso é este
senso de que estamos sendo exercitados,
forjados, e que circunstâncias dominantes estão
nos forçando a isto. Devemos de alguma maneira,
chegar a uma nova posição espiritual. Penso que
muitos de vocês encontrarão uma resposta a isto
em seus próprios corações.
Há muitos aqui que não têm estado conosco por
muito tempo, e não conhecem a história
espiritual das coisas entre nós. Para essas
pessoas, aquilo que vou dizer deve ser uma
explanação do por que estamos aqui, de que isto
significa algo mais do que apenas pessoas
cristãs vindo ocasionalmente às conferências, às
reuniões.
Agora, este senso do qual tenho falado, enquanto
ele leva às pessoas envolvidas uma considerável
quantidade de problemas, e exercícios, e
provação, é, afinal de contas, um sinal muito
saudável. A coisa mais prejudicial seria a de
nos conformarmos à nossa posição espiritual. Tal
senso de necessidade e desafio conduz à uma
reflexão, e esta reflexão leva a um contato com
o Senhor, e pode levar a alguns ajustes,
corrigindo aquilo que pode ser errado ou falso.
Irá levar a uma revelação da nossa posição. O
principal resultado de tal exercício deve, e
deverá ser o de que venhamos a nos agarrar
àquilo a que o Senhor realmente nos tem chamado.
Irá nos levar, ou deverá nos levar, ao lugar
onde dizemos: “Bem, qual a finalidade de tudo
isso? O que o Senhor quer dizer com isto? O que
Ele busca? O que é isso para o qual Ele nos tem
chamado?” E para descobrir ou redescobrir
isto, terá que haver bastante explanação sobre
os tratamentos do Senhor para conosco. Isto irá
nos ajudar, talvez, a lançar fora muito daquilo
que é supérfluo, e ficarmos com aquilo que é
essencial.
Agora, esta chamada, este propósito de Deus,
este objeto de exercício, o significado deste
desafio, e este senso de necessidade, é muito
concretamente e, penso, inclusivamente
representado por este candelabro todo de ouro.
Muitos de vocês irão perceber isto naquela
frase, estamos voltando ao início de nossa
história local, atrás de todas as coisas de
todos esses anos. Está atrás daquele título do
livro: “Uma Testemunha e Um Testemunho” _ sobre
a capa na qual um candelabro é visto. É aí que
começamos. É isto que é suposto ter estado
governando através de todos os anos. Isto não
está simplesmente colocado sobre uma revista;
isto é o que tem sido imposto sobre nós por Deus
desde o princípio - "um candelabro todo de
ouro" – e há um desafio a nós para fazê-lo desta
maneira, para produzi-lo, para ter a coisa
finalmente em nós, realmente, verdadeiramente.
Parece-me haver três aspectos daquele castiçal.
Um é a função; dois é o seu caráter; e três é a
sua forma.
A FUNÇÃO DE UM CANDELABRO – DAR LUZ
Simplesmente e precisamente, a função de um
candelabro é dar luz; não ser um ornamento, não
uma coisa bonita para se olhar, não um
simbolismo místico para causar interesse, para
fascinar e para intrigar; não uma sugestão
obscura, imperceptível. Não _ para dar luz! É
pra isso que serve _ luz. Na intenção e no
pensamento de Deus, a função começa e termina
aí. No início do livro do Apocalipse, o
Apóstolo, registrando a sua visão, disse:
"Virei-me para ver a voz daquele que falava
comigo. E, havendo virado, vi sete castiçais de
ouros; e no meio dos castiçais havia Semelhante
a filho de homem” (Ap. 1:12-13). E, na medida em
que o Senhor começou a falar para e através do
Seu servo, qual foi o assunto _ para cada
igreja, a única questão da qual sua existência
dependia era a função do castiçal. Foram feitas
muitas observações, mas a única coisa vital era
a luz; e o Senhor disse muito claramente que as
igrejas não tinham justificativa por continuar
suas existências, exceto na área da função do
castiçal. "Irei remover o seu castiçal do seu
lugar” – Quando? - quando se tornar meramente
um castiçal, e não um doador de luz; quando a
coisa sem o seu significado estiver lá; quando o
instrumento, a criação, existir sem a sua
função. Quando essas condições ocorrerem, você
pode perfeitamente remover o castiçal, e o
Senhor disse que Ele o faria. A função do
castiçal que a igreja é chamada a realizar é
prover luz _ isto é tudo.
A Verdadeira Luz é um Impacto
Mas há uma ou duas coisas a ser dita sobre a
luz. A primeira é que esta luz, para a qual o
povo de Deus é criado, formado, constituído, é
um impacto. A verdadeira luz é um impacto. Tanto
é um impacto que qualquer coisa que for
contrária a ela não pode co-existir com ela, mas
tem que sair. Esta é a prova de que ela é a luz
Divina. Sabemos muito bem algo do impacto da
luz. Saímos subitamente da escuridão para o
esplendor do sol, e não podemos suportar a luz;
temos que tampar nossos olhos, o impacto é
demais para nós. Quando saímos da luz para um
lugar escuro, onde há coisas que pertencem à
escuridão, e não à luz, elas imediatamente
desaparecem. É um impacto.
O que eu quero dizer é que o testemunho do
candelabro não é dar um monte de informação.
Não é simplesmente a afirmação ou apresentação
de fatos frios. Não é simplesmente uma questão
de doutrinas e verdades; e é tão fácil, no
decorrer do tempo, para que aquilo que começou
como um impacto de luz se degenerar em palavras,
montanhas de palavras, e idéias _
escriturísticas, espirituais, de certa forma,
idéias Divinas. É tão fácil se degenerar nisso,
e para tudo aquilo ser apresentado num grande
volume, e, contudo, de uma forma ou de outra, o
poderoso impacto não ser apresentado, registrado
e sentido entre aqueles que têm isso tudo. E
penso que isto é um dos desafios das igrejas em
Apocalipse. Elas tinham os seus ensinamentos e
crenças ortodoxas; elas entregariam as suas
vidas por esta verdade; elas odiavam certas
coisas que não eram sadios; mas o impacto tinha
sumido. Estava tudo certo quanto ao modo, mas
não quanto ao impacto da luz. As trevas ao redor
não eram provocadas e desafiadas por sua
presença. O reino dos poderes malignos não
estava ciente de que ali estava algo com que se
preocupar. Sabemos tudo isso _ ah, mas isto não
é o suficiente; aquilo poderia ser mais para
condenação do que o contrário.
Agora, isto não tem a intenção de ser uma
palavra de condenação, ou de julgamento, ou de
crítica, mas isto não explica muito _ os métodos
e caminhos do Senhor para conosco? Especialmente
pode isto ser assim onde haja este senso de
necessidade de uma nova posição. Nós temos
tentado pesar a nossa posição, talvez, a partir
do ponto de vista de nossas crenças, ou
doutrinas, ou ensinamentos _ temos dito: “Sim,
mas a nossa posição está em conformidade com a
Palavra de Deus, ela é tão escriturística” _ mas
podemos não tê-la pesado do ponto de vista do
impacto de nossas crenças. Que efeito está sendo
produzido? A luz, do ponto de vista de Deus, não
é apenas luz fria; é um poderoso impacto. Assim,
essas igrejas na Ásia foram desafiadas no
terreno, não do que criam, se apoiavam, ou até
mesmo ensinavam, mas do efeito de sua posição
contra cada aspecto do terreno das trevas.
A LUZ DA SANTIDADE DE DEUS
Uma outra coisa sobre o candelabro, ou sobre
este testemunho, diz respeito ao seu objeto de
iluminação _ isto é, o que ele ilumina. O que
ele ilumina? O que ele torna claro com um
impacto? Ele não apenas mostra certas coisas,
mas mostra-os com um impacto, e está aqui, penso
eu, para que possamos melhor entender o que
queremos dizer por impacto. Uma das coisas do
castiçal todo de ouro é para iluminar com um
impacto a santidade eterna de Deus _ a santidade
eterna de Deus trazida para o meio da Igreja, na
Pessoa do Filho do Homem. Bem no início da
descrição do Filho do homem no meio dos
candelabros está isto: “E a Sua cabeça e Seu
cabelo eram brancos como a lã, brancos como a
neve.” Retorne ao livro de Daniel, e você
descobrirá que esta descrição é dada Aquele que
é chamado de “O Ancião de Dias” _ "o
cabelo de Sua cabeça como puro algodão” (Dan.
7:9) Como eu entendo, a cabeça e o cabelo
como branco algodão simboliza idade _ sem
começo e sem fim, que abrange todo o tempo _
santidade absoluta, pureza absoluta. Quando você
reconhecer que tudo está sendo trazido a
julgamento perante este “Filho do Homem”, este
“Ancião de Dias”, este “Pai da Eternidade”, você
entenderá que isto significa que todas as coisas
estão sendo primeiramente tratadas e desafiadas
no campo de Sua Santidade Eterna; e o castiçal
traz este testemunho à luz como um impacto.
"Farás um candelabro de ouro puro”. O que
isto significa? Significa que, onde Deus vai ter
o que Ele quer, a santidade será um impacto, um
impacto sobre a falta de santidade. Você não
pode ter algo que não é santo persistindo lá.
Santidade não é uma palavra muito amada; ela é
muito temida. Não é um assunto no qual podemos
abordar em todos os detalhes agora; mas é um
assunto a respeito do qual podemos ter nossa
própria compreensão secreta, e vida com Deus.
Porém fique certo que, uma vez que aqueles olhos
de chama vêem qualquer coisa que é inconsistente
com aquela cabeça e cabelos brancos como a
branca lã, o impacto daquele testemunho é
enfraquecido, é perdido, e a justificação
daquele castiçal perde a eficácia. É uma palavra
solene, mas não é verdade, gravemente verdade,
de que podemos ter uma porção de doutrinas de
primeira classe, de verdade, de idéias Divinas,
podemos ocupar um elevado nível de ensino, e,
contudo, ao mesmo tempo, pode haver muita coisa
na vida particular, na vida pessoal que não é
santo, que não é puro, isto não poderá suportar
a luz da presença de Deus. Digo isto, e paro por
aqui.
Isto é, naturalmente, onde entra a
responsabilidade. "Farás um candelabro".
Há coisas a serem tratadas diante do Senhor,
coisas que não são santas. Deixo isto com você;
mas estamos interessados sobre o nosso efeito
sobre os poderes das trevas, sobre as trevas ao
nosso redor _ nosso efeito sobre as trevas,
tanto absoluta quanto comparativa; que possamos
registrar, não o nosso ensino, não o nosso
sistema de verdade, não as nossas idéias, mas a
presença de algo que é mais do que palavras,
muito mais do que até mesmo uma linguagem
escriturística - o registro de um poder real.
É sobre isso que estamos realmente interessados,
que as forças das trevas, em cada nível, possam
encontrar algo por meio de nossa presença. Isto
nunca acontecerá se essas forças das trevas
tiverem alguma escuridão dentro de nós, se elas
tiverem seus próprios terrenos. A força das
trevas é a falta de santidade. A força delas não
é oficial, está em sua natureza. Se as trevas
puderem colocar alguma falta de santidade em
nós, elas nos vencem; elas riem dos nossos
ensinos, elas ridicularizam daquilo que chamamos
ser nosso testemunho. Não significa nada para
elas quanta verdade profunda tenhamos. Elas
estão no lugar de poder por causa da falta de
santidade, e nós aprendemos das Escrituras que a
falta de santidade de apenas uma vida em uma
turma é suficiente para impedir o progresso de
todo o conjunto; um Acã pode trazer todo Israel
para uma paralisação e derrota. "Farei um
candelabro" – faça isso! Isto é assunto seu, é
assunto meu. A luz da santidade eterna de Deus é
uma força tremenda. Oh, o inimigo não pode
suportar isto, e tem que fazer alguma coisa a
respeito! Oh, aquelas pessoas que estão erradas
diriam: ‘'Se eu permanecer aqui, tenho que fazer
coisas certas’; coisas reveladas, que precisam
ser tratadas, não porque alguma coisa foi dita,
mas por causa da presença do Senhor em
Santidade. Santidade é um poder tremendo. Tem
que estar presente a luz dessa santidade, sendo
percebida.
A LUZ DO GRANDE AMOR DE DEUS
Então, o candelabro é a luz do grande amor de
Deus. Uma outra coisa que é dita sobre este
Filho do Homem no meio dos castiçais é que Ele
está cingido no peito com um cinto de ouro. Mais
um simbolismo; cinto fala de força, força em
ação; o peito, as afeições, o local de amor.
Cingido com a poderosa força do amor Divino no
meio dos castiçais. O castiçal, o testemunho,
também deve ser assim _ o impacto desta luz,
desta força do amor Divino. Oh, aqui todos nós
devemos confessar as nossas faltas, e nos
humilharmos diante do Senhor. Temos tanta
verdade, tanto ensino, tanto conhecimento, tanta
informação espiritual, mas o que as pessoas
encontram na questão do impacto de amor? Este
grande amor de Deus é uma das coisas que Satanás
realmente não pode suportar. Você não sente que
precisa de uma nova posição sobre isto? Você não
teve qualquer exercício sobre o amor? Este é o
ponto ao qual chegamos _ Qual a finalidade de
continuarmos mantendo um candelabro? Não temos
nenhuma sala para castiçais ornamentais. É a
função que justifica o candelabro, e a sua
justificação está aqui _ a luz do conhecimento
da glória de Deus na face de Jesus Cristo, em
termos do grande amor de Deus, o cingir-se do
amor Divino.
Ouça! Faça um candelabro. Há algo que temos que
fazer a respeito disso. Temos estado esperando
por uma inundação de amor, algo que aconteça
conosco neste assunto, esperando que o amor
venha sobre nós. Temos pedido ao Senhor para nos
encher com o amor. Isto é muito bom; porém há um
outro lado. Fazê-lo! Faça alguma coisa a
respeito disso! Temos uma parte nesta questão do
grande amor de Deus. Será uma grande batalha _
somente Deus sabe que batalha é! _ por causa da
importância e do valor de tal testemunho, do
terrível efeito que ele irá ter no reino das
trevas, no reino do ódio. Toda esta obra de
suspeita, de crítica, e dúvida, toda essa
variada obra de ódio de Satanás daquilo que
chamaremos suas formas simples (se existirem
tais coisas como formas simples de ódio) entre
os cristãos, daquelas coisas terríveis que
encontramos no mundo hoje, a obra de Satanás de
um universal e terrível ódio _ a única coisa que
pode conter tudo isso é o grande amor de Deus.
Pense sobre isso. Nós temos que fazer algo a
respeito, temos que fazer o candelabro. Somente
podemos fazê-lo por meio da Graça Divina, porém
nós iremos fazê-lo quando pensarmos sobre essas
coisas, iremos fazê-lo quando enfrentar estas
questões, quando lidarmos com os nossos próprios
corações diante do Senhor.
A LUZ DO PODER DA JUSTIÇA DIVINA
Então, é a luz do poder da Justiça Divina. Uma
outra coisa dita a respeito do Filho do homem no
meio dos castiçais é que os “Seus pés eram como
o bronze polido, como se tivesse sido refinado
numa fornalha." O bronze é sempre símbolo de
força, mas também é símbolo de justiça; e, vendo
que são os Seus pés que são como o bronze
polido, isto fala de Suas andanças, de Seus
caminhos, de Seus passos, em justiça, justiça
absoluta. Fala de nossas atividades, os atos
justos dos santos, os nossos caminhos. Da
maneira como eu vejo na Escritura, justiça é
aquilo que sempre está em oposição às obras das
trevas de Satanás. Injustiça, iniqüidade, na
Palavra de Deus, é aquilo que em qualquer ponto,
em qualquer modo, em qualquer grau, tem uma
cumplicidade com Satanás. Um objeto inclusivo
de Satanás é o de tirar aquilo que é de Deus por
direito, e isto é injustiça em sua raiz e
natureza - tirar o direito de uma outra
pessoa. E, enquanto o remover de direitos irá
ter efeito entre homem e homem, entre criatura e
criatura, atrás disso todos os direitos de Deus
estão envolvidos. Quando você rouba os direitos
de seu irmão, você rouba a Deus. De modo que
justiça é o contrário de cada obra de Satanás de
privar a Deus daquilo que Lhe é devido. Muito
frequentemente temos que sacrificar, abrir mão
daquilo que chamamos de nossos direitos, a fim
de que o Senhor seja honrado. Frequentemente,
quando insistimos em nossos direitos, é nosso
direito, é nossa honra, e nossa vindicação, não
a do Senhor que atua em nós. Algumas vezes o
resultado é esse: que temos que abrir mão
daquilo que cremos ser, e o que pode estar
completamente certo, nosso direitos, para
permitir que o Senhor seja glorificado, para dar
ao Senhor uma oportunidade.
Se seguirmos esta questão de injustiça até ao
seu âmago, descobriremos que o ego está no lugar
do Senhor. Pense nisto. Olhe para cada obra ou
ato de injustiça, siga-o até à sua fonte, e você
descobrirá que o ego está lá o tempo todo.
Roubo, sonegação, falsificação - existe uma
intenção egoísta por trás. E aqui está este
Filho do homem que ressuscitou da cruz; Ele que
esteve morto agora está vivo; Ele está no meio
dos castiçais; e Ele é a corporificação do
altruísmo absoluto, que é o extremo da justiça,
o que significa que Deus possui tudo, isto é,
todos os Seus direitos; não há questionamento em
nenhum ponto, nenhum debate com o Senhor, o
Senhor deve ter tudo, custe o que custar.
Custou tudo ao Filho do homem, para que Deus
tivesse Seus direitos. Ele efetivamente diz para
essas igrejas: 'Olhem para os meus pés!' Aí está
o impacto do altruísmo mais absoluto, que é o
impacto de um extremo para Deus, mas um extremo
de Deus. “Fareis um candelabro de puro ouro”.
Isto parece uma palavra dura? Sinto como já
disse no início, que o Senhor tem nos trazido
juntos de volta para este momento, para
chegarmos a uma nova posição, e desta maneira.
De minha parte, falo a você que guardo isto em
meu coração. Porém dizemos uns para os outros _
Pra que temos reuniões, maiores ou menores, e
continuamos com nossos ensinamentos, com a nossa
revista com um castiçal de ouro pintado nela?
Nada disso importa absolutamente. Digo, deixe
pra lá, o Senhor nos livre disso, a menos, como
resultado de tudo e como a fonte de tudo, haja
esta luz que é um impacto – sem qualquer
inconsistência, sem contradições, sem mentira _
de modo que o nosso ensino não fique apenas no
coração, mas seja visto. Se é pra haver uma
abordagem e um questionamento, é porque algo é
visto. "Virei-me para ver a voz”. As pessoas
estão ouvindo coisas, e elas se virando para
ver. O que elas vêem? Uma luz, e não um ensino?
Uma luz com um impacto? Que o Senhor faça que
seja desta maneira.
Capítulo 2 – Sua Característica e Forma
Ler: Apoc. 1:12-20.
Em nossa meditação anterior, dissemos que há
três coisas a respeito do candelabro: Uma é a
sua função, outra é a sua característica, e a
terceira é a sua forma. Já consideramos a sua
função. Vamos prosseguir dizendo um pouco a
respeito das outras.
Sua característica: Todo de ouro
A característica do candelabro _ a afirmação é,
“todo de ouro”. Sempre que este meio de
testemunho é trazido à vista, seja em Êxodo 25
ou em Zacarias 4, ou em Apoc. 1, sempre é
declarado ser de ouro. Todos nós entendemos que
na Palavra de Deus o ouro é o símbolo daquilo
que é de Deus. Este candelabro é de Deus; o
homem não tem lugar ali. Quanto à sua
característica, ele é de Deus.
O Resultado do Sofrimento
Porém é ouro refinado no fogo. Sim, ele é todo
de Deus em si mesmo, mas quando se aplica a nós,
quando se associa à Igreja, com o povo de Deus,
encontramos um fator extra, que é o resultado
da ardente prova, aquilo que é nascido do
sofrimento e da angústia.
Devemos sempre distinguir os sofrimentos de
Cristo. Há dois aspectos neles. Há os Seus
sofrimentos expiadores, os quais são
exclusivamente de Cristo, e ninguém tem qualquer
participação neles; mas há aqueles que se
referem à Sua obra representativa como o
aperfeiçoamento para a glória, a destruição do
terreno do poder de Satanás. Agora, nEle mesmo,
naturalmente, não há qualquer terreno para o
poder de Satanás; Ele era sem pecado; mas, ao
mesmo tempo, Ele realmente assumiu a posição de
homem, a fim de ser provado nesse sentido, isto
é, a respeito de se Ele exercitaria aquela
responsabilidade Divinamente dada, a da vontade
livre, em Seus próprios interesses, de forma
separada e independente de Deus. Não é que havia
uma vontade errada nEle; mas a quem entregaria
Ele a Sua vontade sem pecado? Ele foi provado
quanto ao uso desse dom sagrado e dessa
responsabilidade de escolha, provado no fogo de
terrível adversidade, em sofrimentos de todos os
tipos; e a única questão em cada sofrimento era
_ escolheria Ele outra coisa que não fosse a
vontade de Deus, a fim de que, assim fazendo,
pudesse ficar livre de Seu sofrimento, pudesse
escapar e ter uma estadia melhor? Este foi o
sofrimento representativo. Este é o
sofrimento no qual estamos, e Ele foi provado de
todas as maneiras, como nós; em Seu caso, sem
pecado, mas ao mesmo tempo, no mesmo terreno que
nós, neste sentido _ houve fogo intenso de
sofrimento, e Ele tinha apenas que ceder a Sua
vontade à Satanás, tirando-a das mãos de Seu
Pai, e estaria livre de tudo. Faria Ele isso em
qualquer consideração?
Havendo dito isso, descobrimos que este é o
ponto onde entra o testemunho. É aqui que o
testemunho se torna algo mais do que palavras,
verdades e doutrinas; torna-se algo muito real,
torna-se poder, eficácia, impacto, quando é
estabelecido através do sofrimento. Desejo que
possamos ser ajudados a entender isto. Acredito
que isso nos ajudaria muito, caso
compreendêssemos. Enquanto o Senhor tem nos
chamado para servi-Lo, e a maioria dos cristãos
interpreta o serviço do Senhor em termos de
muitas atividades exteriores _ tais como pregar
o evangelho aos não salvos, ou cumprindo o
ministério de ensino, ou fazendo muitas coisas
de diferentes maneiras, e de diferentes
categorias, e não devemos de qualquer maneira
falhar em reconhecer as nossas responsabilidades
nessas questões _ devemos, ao mesmo tempo, ver
bem claramente que não importa quanto, quão
seriamente, quão continuamente nós servimos o
Senhor naquelas formas exteriores, nós
contudo não escaparemos ao intenso sofrimento.
Poderia ser pensado que, se você apenas estiver
fazendo a obra do Senhor, indo aonde Ele lhe
enviou, fazendo aquilo que Ele chamou você para
fazer, não fazendo absolutamente nada que é
contrário à Sua vontade, e sendo bem aberto a
Ele, e se relacionar constantemente com Ele, de
modo que não haja nada que ofenda a Ele, que,
então, em conseqüência disso, o Senhor deve
facilitar a obra de todas as maneiras em Seu
poder, agindo soberanamente e não permitindo
qualquer obstáculo, quaisquer adversidades,
jamais permitindo que você caia de cama, ou
fique fora do serviço ao qual Ele lhe chamou.
Porém, isto nunca foi desta maneira, e nunca
será.
INEVITÁVEL SOFRIMENTO PARA UM TESTEMUNHO VITAL
Olhe para o seu Novo Testamento; você pode olhar
para ele a partir de três pontos de vistas.
Primeiramente do ponto de vista dos grandes
servos do Senhor sobre os quais repousou
tremenda responsabilidade como sendo os
pioneiros e os lançadores da fundação do
evangelho para toda esta dispensação; considere
a obra que eles fizeram. Será que o Senhor quis
que o Evangelho fosse pregado na Ásia e na
Europa, e em todo lugar? Será que Ele quis
aquelas igrejas estabelecidas? Sim, não há
qualquer dúvida quanto a isso. Veja quão
extremamente abandonado pelo Senhor esses homens
foram, e veja que histórias íntimas com o Senhor
eles tiveram, quanto a suas vidas, e não havia
nada que ofendesse a Ele _ homens cheios de
Deus, e, contudo, eles falaram sobre Satanás
impedindo (1 Tess. 2:18), e estando
desesperadamente doentes. "Epafrodito...
esteve doente, e quase à morte; mas Deus se
apiedou dele, e não somente dele, mas também de
mim, para que eu não tivesse tristeza sobre
tristeza.”
(Fil. 2:26-27). Os servos do Senhor foram
lançados na prisão, ficaram doentes, encontraram
todo tipo de adversidade, todos pareciam dizer
que existe uma barreira inimaginável, uma
limitação, uma frustração sobre aquilo que o
Senhor quer que seja feito. Que contradição! Há
algo errado em algum lugar! Não! No caso desses
homens a coisa aconteceu dessa maneira. Eles não
escaparam do sofrimento, sofrimento de todo
tipo.
Então há o segundo ponto de vista,
aquele das igrejas individuais, ou as igrejas
nos diferentes campos. Não há muitas igrejas no
Novo Testamento sobre as quais está escrito não
haver qualquer referência aos seus sofrimentos.
Como aquelas igrejas tiveram que sofrer! Mas
tudo estava alinhado aos propósitos do Senhor.
Elas estavam lá na vontade de Deus, eram
representantes de Deus, haviam se declarado
publicamente para Deus, porém Ele não blindou
essas pessoas. Ele não disse para Satanás: “Isto
é sagrado para Mim; não toque nos meus ungidos”.
Aquelas pessoas sofreram, e lhes fora dito que
sofreriam; era inevitável.
Então, há o terceiro ponto de vista, aquele da
Universal Igreja. Que história! Esta coisa
sagrada, esta coisa preciosa, esta pérola de
grande preço, esta esposa do Cordeiro, que
história de sofrimento, de sofrimento de morte!
Aquele primeiro martírio sob as ordens de Nero,
quando milhares foram despedaçados por feras _
Que história! O Senhor não interveio com um
anjo, para salvar aquelas pessoas; elas tiveram
que passar por aquilo.
O Senhor está mais Interessado no Testemunho do
que na Obra
O que isto significa? Significa que o Senhor
está mais interessado no testemunho do que em
obra. Precisamos ter clareza sobre isto. Muita
confusão ocorre quando você começa a pensar
sobre coisas à luz de obra. Quando você vê um
monte de pessoas largando os seus empregos, para
se lançar na ‘obra’, todos os tipos de
complicações acontecem; e realmente o Senhor não
está, em primeiro lugar, atrás de obra. Não
estou dizendo que não é pra você trabalhar para
o Senhor, mas em primeiro lugar, o Senhor não
está atrás de obra, mas sim do testemunho, é uma
luta, é uma chama viva. Como estava dizendo, é
aqui que o testemunho se torna mais do que um
sistema de verdade e ensino. Não fique muito
preocupado em transmitir para as outras pessoas
certos termos, certas idéias, certas verdades.
‘Você entendeu a verdade disso? Você entendeu a
verdade daquilo?’ O que você quer significar com
tal linguagem é verdade como um ensino, como um
conceito. Esteja infinitamente mais interessado
em que haja um impacto de vida, antes de dizer
qualquer coisa. As pessoas irão ver que você
possui algo antes que você fale. ‘Você possui
algo que eu preciso’. Isto é um testemunho.
Isto somente nasce do sofrimento.
"Porque
a vós vos foi concedido, em relação a Cristo,
não somente crer nele, como também padecer por
ele,”
(Fil. 1:29).
Foi concedido a você! Você não irá esticar as
suas mãos ansiosamente para receber isso! Isto é
dado, é um presente - a fim de sofrer por Ele. O
testemunho vem desta maneira. Se você alguma vez
já pensou que, entrando na obra de Deus você irá
achar bastante gratificação, e satisfação, e
prazer, isto irá responder a algo em você, pelo
qual procura _ estar ‘na obra do Senhor! - você
está destinado à desilusão, pois irá descobrir
que poderia ter sido mais fácil para você ter
permanecido onde você estava, do que entrar
naquilo que chama de ‘a obra do Senhor’.
Permita-me dizer um pouco mais, que é exatamente
aqui que a real eficácia é assegurada _ no ponto
em que começa o sofrimento. É uma lei que está
agora estabelecida neste universo, uma vez que
Adão falhou, que cada pedacinho de produtividade
da terra, em cada área da vida humana, é o
resultado do trabalho árduo, o resultado de
alguma provação ardente. Fruto para Deus, no
campo espiritual, a real eficácia do testemunho,
nasce do sofrimento e do trabalho duro. É aqui
novamente que o Senhor obtém algo mais do que
nossas atividades. Ele obtém algo que não pode
ser expresso em meras palavras, isto é, em
termos de verdade; algo que não pode ser achado
em meras atividades externas. É algo tirado da
alma, da angústia da alma, que satisfaz a Deus.
É aí que Ele obtém alguma coisa.
AQUILO A QUE O ESPÍRITO SANTO SE ENCARREGA EM SI
MESMO
Agora, esta é a característica daquilo que tem o
testemunho; _ algo tratado no fogo, e que não é
fruto apenas de uma prova ardente, mas de várias
_ esta é a coisa a que o Espírito Santo se
encarrega a Si mesmo. Você observa em Zacarias
4, onde o profeta descreve o que viu _ o
candelabro todo de ouro, as oliveiras, e o óleo
escorrendo das oliveiras para o candelabro,
mantendo a chama viva _ a declaração seguinte
que é feita é, “Esta é a Palavra do Senhor ...
Não por força, nem por violência, mas pelo Meu
Espírito”. A que o Espírito Santo se encarrega a
Si próprio? Damos uma parada aqui para perguntar
a nós mesmos: O que podemos nós fazer sem o
Espírito Santo, afinal de contas? Para que serve
todas as coisas sem Ele? Não há um cristão que
não concordará prontamente com isso, que, se o
Espírito Santo não estiver conosco, seria melhor
desistirmos. Somos absolutamente dependentes
dEle, nada pode haver sem Ele. A que, então, Ele
irá se comissionar a Si próprio? É a um
candelabro como este _ algo nascido do fogo, da
fornalha, algo forjado e trabalhado com os
golpes do martelo. Sim, os golpes do martelo _
mas não das mãos de Deus. Oh, não se engane
quanto a isso! Não é a mão de Deus que fere
você. Satanás diz que é Deus quem está lhe
ferindo, e o tempo todo é ele mesmo. (Satanás)
Há apenas uma passagem onde Deus é revelado como
alguém que fere, e está em Isaías 53, e aquele
que foi ferido é o Seu próprio Filho. Lemos: “nós
o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e
oprimido".
Mas isto se refere à obra da expiação. Deus não
está ferindo você e eu daquele modo. Dr.
Pierson ilustrou isto desta maneira: ele esteve
na casa do ferreiro, e viu o ferreiro e seu
ajudante em serviço. Eles tinham o ferro sobre a
bigorna, tirado do fogo, incandescente,
flamejante. O ferreiro tinha um pequeno martelo,
apenas um, mas o seu ajudante tinha um martelo
grande. O ferreiro apenas tocava o ferro e,
então, o ajudante vinha com uma forte pancada no
local onde o ferreiro havia tocado. O ferreiro
batia novamente, num outro lugar, com o pequeno
martelo e logo descia o pesado martelo naquele
mesmo lugar. Um garoto, que observava, disse:
“Que coisa tola! Por que o ferreiro possui um
pequeno martelo tal como esse?” Dr. Pierson
disse: 'Meu garoto, o ferreiro está apenas
marcando o local onde o martelo grande precisa
acertar, e ele está deixando o outro fazer o
ferimento”. Dr. Pierson diz que geralmente
ocorre dessa maneira. O Senhor vê algo que
precisa ser trabalhado, endireitado; Ele apenas
indica o lugar, e o maligno faz o resto. Assim,
o Senhor permite que o maligno faça a obra para
aperfeiçoar os Seus santos. Isto parece ser
verdade em princípio. Não deixe o inimigo falar
pra você que é o Senhor quem está ferindo e
batendo com violência. É o maligno quem está
fazendo isso, e o Senhor o está permitindo, e
usando-o. O fato é que aquilo que Deus busca é
uma obra forjada. É o resultado primeiramente do
fogo, e, então, do ferimento. Somente após
muitos golpes é que o Senhor consegue algo mais
em nossas vidas, ou algo em nossas vidas é
extraído. Qualquer vaso que ainda não caminhou
desta maneira é apenas um candelabro sem chama –
um ornamento. Há muitos belos ornamentos tais
como candelabros, mas isto não tem qualquer
valor. O Espírito Santo se compromete a Si
mesmo com aquilo que passou pelo fogo.
A FORMA DO CANDELABRO – PLURALIDADE EM UNIDADE
Agora uma palavra ou duas sobre a terceira coisa
em conexão com o castiçal _ a sua forma. Temos a
descrição completa em Ex. 25. Resumindo tudo,
resulta no seguinte _ é algo incorporado. É uma
pluralidade em unidade. Há seis braços ligados
à haste central. Em Apocalipse, a figura muda um
pouco, mas o princípio não. Lá nós lemos de sete
castiçais de ouro, mas, no meio deles, há Um
semelhante ao Filho de homem, e Ele segura-os
todos em Sua mão. Ele os faz um por meio de Sua
própria pessoa. É a unidade de um Homem Divino,
e, contudo múltiplo; muitos, porém um. O meu
entendimento aqui é o seguinte _ que Deus obtém
o Seu testemunho em plenitude, não em indivíduos
separados, mas em algo que tem sido forjado em
uma unidade por meio de Seu fogo. Oh, quando
Deus realmente une os Seus filhos através do
sofrimento, você tem algo muito precioso para o
Senhor. Quando temos passado através do fogo
juntos, quando temos encontrado os sofrimentos e
as dores através dos anos juntos, e por causa
deles Deus tem feito algo, fazendo-nos um _ não
a unidade de um arranjo exterior, um acordo
exterior _ e nos sofrimentos Satanás não foi
capaz de romper e dividir; então, há algo que é
muito precioso. Você observa que Satanás sempre
tenta usar o sofrimento para dividir. Quando
você sofre, a sua primeira inclinação é se
separar, ir embora, ou culpar alguém. Esta é a
obra de Satanás. Quando Deus traz dois ou mais,
um grupo, para o Seu fogo, Ele está procurando
remover todo aquele elemento pessoal que desune,
e divide, e separa, e se põe contra, para manter
a unidade. Se você nunca sofreu junto, você
realmente não sabe o que é unidade. Aqueles que
têm seguido a vida juntos, em provação e
adversidade, alcançam a maturidade, a qual é
muito preciosa.
Unidade Através do Sofrimento
Há algo parecido com isto entre o Cordeiro e a
noiva, e entre os membros de Seu Corpo. A
unidade somente se realizará por meio do
sofrimento. Por isso Deus permite que os membros
sofram. A igreja passa pela provação junta, o
que resulta numa unidade trabalhada
interiormente, a qual significa muito para Deus.
Você não pode explicar isto, exceto do ponto de
vista de Deus. É algo que é muito precioso para
Ele. É, portanto, significativo que, quando esta
apresentação do Filho do homem no meio dos
castiçais de ouro é dada, a primeira coisa que é
dita sobre Ele é que está cingido com uma veste
até os pés. Antes de você entrar nos detalhes,
nos aspectos, você tem o TODO _ aquele vestido
sem costura, que cobre tudo, que traz cada
membro para a unidade, que faz Ele ser completo,
uma Pessoa, o Filho do homem; um vestido da
cabeça aos pés. Você entende o ponto?
Ele se dirige às igrejas, e a primeira igreja é
Éfeso; e, então, Ele fala sobre o primeiro
amor. Oh, o fogo de Éfeso! Que fogo aquela
igreja atravessou! Evidentemente, havia algum
amor trabalhado dentro daquela igreja. Agora
Ele, vestido com as suas vestes que a tudo
envolve, que a tudo abraça, vem a Éfeso e diz:
‘Algo aconteceu aqui, alguma coisa está errado,
o primeiro amor se foi’. A unidade foi
resultado da Sua morte, de Sua Cruz. No poder de
Sua ressurreição Ele venceu tudo aquilo que é
contra a unidade _ toda divisão, toda cisma; Ele
destruiu tudo isso em Sua morte. Ele
ressuscitou como Aquele cujos vestidos envolve
tudo, da cabeça aos pés. Porém Ele encontra
aquilo que é totalmente contrário à obra de Sua
Cruz _ divisão, a perda do primeiro amor. O
pensamento é este _ temos que ir para a Cruz
neste sentido, a fim de conhecermos o sofrimento
que elimina o ego, que trata de tudo aquilo que
divide; temos que passar pela prova, para uma
unidade produzida no fogo, a fim de que o Senhor
fique satisfeito.
Isto não significa ser opressivo, mas é algo
para o qual devemos atentar. Estamos
interessados na eficácia, o que chamamos de
impacto, influência espiritual; não em palavras,
não em ensino, não em uma moldura de coisas, não
em uma forma, mas na chama que é algo muito mais
do que palavras, o registro daquele poder de uma
luz viva. É isto o que o Senhor busca, e este é
o porquê dele trabalhar conosco. Temos que nos
entregar a isso. Isso irá nos ajudar a
compreender o significado dos nossos
sofrimentos. Que o Senhor possa nos dar Graça
para fazermos aquilo que é muito difícil para
alguém fazer naturalmente, isto é, que nos dê
uma nova interpretação em relação ao sofrimento
_ isto é uma garantia, uma confiança. É algo
que tem associado a si aquela coisa real que
buscamos. Se eu compreendo a vida cristã e os
caminhos de Deus absolutamente, vejo-a sempre
desta maneira, tenho visto frequentemente que,
quando as pessoas têm pedido mais poder a Deus,
mais vida, mais benção, mais riqueza espiritual,
por algum ganho _ quando elas realmente têm
buscado essas coisas, não demora muito para que
elas passem por uma grande prova, e o Senhor
responde as suas orações desta maneira. Elas não
pediram por aquilo; provavelmente elas não
teriam pedido por coisa alguma se soubessem no
que aquilo iria resultar; mas é desta maneira
que o Senhor age, nos mistérios dos Seus
caminhos. Vamos entender que este é o real valor
que Ele busca. Ele não protege da adversidade
aquilo que lhe é muito precioso. Aquilo que é
precioso para Ele é que é mais digno do Seu fogo
refinador.
Capítulo 3 – O Testemunho do Candelabro
Ler: Êx. 25:31-40; Zac. 4:1-7.
Vamos aqui dizer bem sucintamente uma palavra
quanto aos dois lugares que este candelabro está
apresentado. Em Êxodo temos o início das coisas;
o Senhor está estabelecendo o Seu testemunho
originariamente, trazendo-o pela primeira vez.
Em Zacarias, como em todo o ministério
profético, é uma questão de recuperação, o
testemunho tendo estado mais ou menos perdido. O
candelabro de ouro é o completo e original plano
de Deus a ser recuperado quando aquela Sua mente
plena tem sofrido perda no meio do Seu povo, e
no meio das nações. Apenas menciono isto, porque
o Senhor está sempre reagindo ao que é original
e básico, sempre buscando recuperar, nunca
satisfeito em prosseguir com algo que seja menos
do que aquele Seu propósito original revelado. É
em conexão a essa idéia de resgatar que temos
sentido através dos anos que o Senhor colocou a
Sua mão sobre nós e nos levou a sermos como um
ministro, e como uma parte do vaso _ para buscar
mostrar novamente, de uma forma prática, qual é
o Seu plano quanto ao testemunho na terra; e de
voltar lá, bem no início, foi este ‘candelabro
todo de ouro’ que o Senhor tornou básico para
este ministério.
O Testemunho - A Plenitude de Cristo
Em nossa meditação anterior, estávamos falando
sobre a forma deste candelabro, e há algumas
outras coisas que precisam ser ditas a respeito
disso. Aqueles que têm estado conosco através
dos anos, irão reconhecer essas coisas como
tendo sido trazidas a diferentes estágios,
particularmente à nossa vista. Eu penso que há
três fases representadas por três linhas de
consideração deste candelabro. Concernente à
história espiritual, aquilo que foi terceiro
para nós chegou a ser visto como primeiro pelo
Senhor. O Senhor não começou conosco no Seu
próprio início, mas Ele nos levou para o Seu
início. Chegamos finalmente a duas linhas
distintas, por meio de duas fases distintas,
àquele início. Não irei mencionar os outros dois
agora, mas falarei sucintamente a respeito do
aspecto primário e dominante do testemunho de
nosso Senhor Jesus Cristo – a plenitude de
Cristo.
(a)
O Cristo é Todo de Deus
Numa meditação anterior, dissemos que o fato de
o candelabro ser todo de ouro significa que ele
representa algo que é todo de Deus; e,
considerando este candelabro com Cristo, a
primeira coisa com que temos que ficar
impressionados é quão absolutamente de Deus Ele
era e é; todo de Deus _ plenitude, a plenitude
de Deus.
Há primariamente dois números neste candelabro,
e eles são os números ‘três’ e ‘sete’, os
números da plenitude Divina e da plenitude
espiritual, respectivamente. Há três braços de
cada lado da haste, e com a haste eles formam
sete. Aí está a plenitude de Deus e a plenitude
do que é espiritual. Isto é uma chave para a
vida de nosso Senhor Jesus. Ele esteve aqui em
Seus dias de Sua carne entre os homens como o
candelabro de Deus, revelando como por uma chama
viva o que significa ser todo de Deus. Você sabe
que na descrição do candelabro, ele era para
estar em sua própria luz, que a luz era pra
brilhar sobre ele mesmo - "as
quais se acenderão para iluminar sobre si"
(Ex. 25:37); sobre as outras coisas, sim, mas
sobre si mesmo. Ele era pra permanecer em sua
própria luz, e sua luz era pra se derramar sobre
si mesmo; e o Senhor Jesus era encontrado, de
tempo em tempo, dizendo coisas que correspondiam
a isso. O testemunho podia ser visto como nEle
mesmo, dava testemunho dEle. Ele,
consistentemente, podia caminhar na luz de Deus;
no que dizia respeito a Ele, não havia
absolutamente nada a ser encoberto da luz
Divina. O testemunho era verdadeiro nEle, por
que nEle tudo era de Deus, como podia ser visto
nos incontáveis detalhes. Você tem que estudar
bem de perto a Sua vida interior e exterior,
para ver como ela era toda de Deus, como Ele
estava constantemente rejeitando tudo aquilo que
poderia ser dEle mesmo, ou para Ele mesmo,
qualquer coisa que podia vir de qualquer outra
fonte, que podia ministrar a qualquer outro
objeto. Era tudo de Deus, completamente.
O que é o testemunho de Jesus? Oh, novamente
vamos nos livrar de todas aquelas idéias falsas
que pertencem a algum sistema particular de
ensino. Não, o testemunho de Jesus o qual é pra
estar aqui, o qual Deus teria em Sua casa, no
meio do Seu povo, no meio das nações em razão do
Seu povo _ em primeiríssimo lugar é que aqui
está algo que é completa e absolutamente livre
de qualquer consideração e interesse, e objeto,
e ambição, que não seja o próprio Deus. Jamais
alguém pode ser capaz de explicar corretamente e
verdadeiramente alguma coisa no terreno do
homem, ou em qualquer outro terreno, seja o que
for, a não ser Deus. Foi dito: ‘Isto é de Deus;
isto é todo de Deus; isto é do Senhor’.
Como dizíamos anteriormente, o fogo produz este
ouro. Oh, que obra este fogo realiza para
eliminar a impureza, a mistura, a escória, para
que finalmente possa ser dito: ‘Isto é todo de
Deus, não há nada de humano nisto, nada pode
realizar isso a não ser o Senhor’. Estou muito
certo de que à luz de uma afirmação como esta
você pode entender o significado dos caminhos de
Deus. O que Ele está fazendo? Ele está buscando
produzir um testemunho no qual a força, a
sabedoria, a resistência, a capacidade de
prosseguir, de toda maneira, é de Deus e não do
homem. Toda de Deus _ sim, a plenitude de Cristo
é isto.
Oh, as nossas idéias sobre a plenitude de
Cristo! 'Oh, para a plenitude de Cristo!' Nós
dizemos. Isto possivelmente não pode acontecer
sem que haja um absoluto vazio. Se for pra Ele
encher todas as coisas, tudo tem que sair. Não
será ‘todas as coisas’, e não será ‘tudo em
todos’ se ainda houver algo. A plenitude de
Cristo exige o espaço todo. Mas o ponto é este:
a plenitude de Cristo é algo para envolver, para
ser experimentada. Que plenitude! Tenho visto a
face de Jesus, não me fale nada além disso. - O
que você quer dizer? Sentimentos, hinos, poemas!
Você está certo que eles são verdadeiros? Ah,
nós somos provados nisso _ o que queremos além
dEle. Não conhecemos os nossos próprios
corações. Contudo, o testemunho verdadeiro é
todo de Deus. Foi assim no caso do Senhor Jesus,
e é o Senhor Jesus quem está sendo contemplado.
(b)
Universal : A Satisfação do Céu e da Terra
A próxima coisa é a plenitude de Cristo na
questão da universalidade. Isto é apenas dizer a
mesma coisa de uma outra maneira. Você tem este
candelabro representado assim em dois lugares.
Em Êxodo ele está no santuário, no santo lugar.
O que representa o santo lugar do tabernáculo? É
o lugar entre o céu e a terra. Do lado externo
do santo lugar está o mundo, o lado exterior do
testemunho. É o mundo que traz você para o santo
lugar. Diante do santo lugar está o santo dos
santos, que é o próprio céu; “no próprio céu”
(Heb 9.24), como disse o apóstolo. O santo
lugar é o elo entre o céu e a terra, as
fronteiras da terra e do céu ali se encontram. A
pessoa do Senhor Jesus os une. Ele permanece
como o Filho do homem entre o céu e a terra, e
os une, e os abrange em sua totalidade. A
plenitude, celestial e terrena, é encontrada
nEle em um lugar que não é totalmente de um nem
de outro, mas que une a ambos, que satisfaz a
ambos.
Ele não é totalmente desta terra, deste mundo;
Ele é separado; e, contudo, por assim dizer, Ele
tem a Sua mão sobre a terra. Ele está
representativamente relacionado a ela, ela se
une a Ele, se completa nEle - Ele está no ponto
onde todas as nações encontram a sua plenitude.
O mundo encontra no Senhor Jesus a resposta para
todas as coisas. Não existe nenhuma nação,
nenhuma tribo, nenhum povo, nenhuma língua,
nenhuma constituição, nacional ou temperamental,
em toda esta criação, em todos os tempos, que
não possa encontrar a resposta para sua
necessidade, sua real necessidade, nEle. Ele
está fora do tempo, Ele está acima do tempo, Ele
é tão bom para o século vinte quanto para o
primeiro século, e para todos os séculos
compreendidos entre eles - igualmente
apropriado, igualmente adequado. Todas as
condições de todas as eras deste mundo são
preenchidas nEle.
Por outro lado, o Céu está satisfeito com Ele,
toda plenitude do Céu é encontrada nEle. O céu
tinha uma necessidade em um ponto; o céu esperou
ansiosamente enquanto algo era realizado sobre o
qual, num certo sentido, sua própria existência
parecia depender. O céu estava tremendamente e
solenemente interessado naquele drama da Cruz;
muito mais do que isso, no completo drama de Sua
vida terrena. O céu está sempre acompanhando,
interessado; os anjos estão atentos. O céu se
reuniu nEle, e agora todo o céu está satisfeito
por causa dEle.
Assim, o Senhor Jesus está exatamente lá, entre
o céu e a terra, satisfazendo a todas as
necessidades. Quão universal é o testemunho de
Jesus para responder a toda necessidade!
Encontramos o candelabro mencionado novamente na
Escritura _ no livro de Apocalipse; e
descobrimos lá uma confirmação daquilo que tenho
acabado de dizer. Se você quisesse mostrar dois
quadros do candelabro, como em Êxodo e em
Apocalipse respectivamente, você colocaria o
primeiro no lugar santo do tabernáculo. Onde
você colocaria o segundo? Você teria que ter um
mapa de toda área, então conhecida como Ásia,
como representante da criação, o mundo, as
nações, e lá você colocaria um candelabro em
Eféso, e outro em Esmirna, e outro em Tiatira, e
em Pérgamo, e assim por diante; e ainda você
veria um Homem cobrindo toda aquela área _ os
candelabros, por assim dizer, sendo trazidos
dentro daquele único Homem. É Cristo em
testemunho em todas as nações. Agora não mais
centralizado em um único lugar, no lugar santo;
está agora em todas as nações. O primeiro está
no lugar santo _ tudo está nEle. Mas, quando Ele
é visto como os sete candelabros nas nações, é
Ele em tudo - um quadro da última intenção de
Deus, para que a plenitude que está nEle seja
encontrada em todo lugar, nas nações, em toda
criação. Paulo diz: “Porque
a ardente expectação da criatura espera a
manifestação dos filhos de Deus.
Porque a criação ficou sujeita à vaidade, não
por sua vontade, mas por causa do que a
sujeitou,
Na esperança de que também a mesma criatura será
libertada da servidão da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus.
Porque sabemos que toda a criação geme e está
juntamente com dores de parto até agora.
(Rom. 8:19-22).
A criação geme. Sobre o que ela está gemendo?
Por que nós gememos? Porque, de alguma forma,
queremos algo que não temos. Se estamos em dor,
gememos porque queremos ficar livres da dor. Nós
gememos se as coisas saem erradas _ queremos
que elas fiquem corretas. A criação está gemendo
porque ela não possui algo que é necessário para
ela. O que ela precisa? - Cristo, isto é tudo.
Ele preenche a necessidade da criação. Cristo em
todas as nações _ esta é a última visão. A
universalidade de Cristo _ este é o testemunho.
Todas as necessidades do céu, todas as
necessidades da terra, todas as necessidades do
homem, todas as necessidades da criação, são
satisfeitas na plenitude de Cristo Jesus. Esta é
uma declaração abrangente, mas ela é um desafio
para nós. É este o testemunho que do qual
estamos falando?
UM IMPACTO VITAL DE CRISTO, NÃO UM ENSINO
O que queremos dizer por testemunho? É Cristo em
plenitude conhecido desta forma por nós? Você
diz: ‘Bem, o que há de particularmente diferente
sobre isso no que diz respeito a este vaso? Não
é assim que é pra ser todo o Cristianismo? Não
está todo ele centralizado em Cristo? Não é seu
testemunho de que Cristo é tudo, para ser tudo,
e que Cristo supre todas as necessidades?’ Sim,
é muito verdadeiro quanto à linguagem, muito
verdadeiro quanto a termos do Cristianismo; mas
há muita coisa fora de Cristo no cristianismo _
quanto não sabemos. Muitos de nós fortemente
afirmaríamos que, em relação a nós, Cristo é
tudo, porém nós não conhecemos os nossos
próprios corações. O Senhor tem apenas que
colocar o Seu dedo sobre algo muito precioso
para nós e uma grande batalha ocorre; não é tão
fácil, então, dizer: ‘Cristo é mais do que isto
para mim’. A questão se torna muito prática e
pessoal. Mas você pode colocar isso numa área
maior _ todas as coisas fora de Cristo que há no
cristianismo do centro à circunferência; e
somente o fogo de Deus pode descobrir quais são
essas coisas que nós, cristãos e o cristianismo,
podemos ter. Oh, olhe para o cristianismo de
hoje como o conhecemos neste mundo! Não temos
que dizer que há muita coisa que é chamada de
cristianismo que não é Cristo? Há muita coisa
adicionada. Não há esta obra de fogo de
separação entre o puro ouro e a escória. É um
testemunho do puro ouro trabalhado no fogo que
Deus procura, e somente os Seus olhos conhecem o
que precisa ser tratado com o fogo. Há uma
diferença entre o geral e ostensivo testemunho
cristão acerca do Senhor Jesus e o testemunho
espiritual efetivo _ uma grande diferença. Eu
não sei se nesta vida nós iremos alcançar o
ponto onde o testemunho seja absolutamente
Cristo, de modo que não haja absolutamente mais
nada, porém Deus está trabalhando neste sentido.
Todo de Deus; todo espiritual, nada carnal; todo
celestial, nada terreno. O que está em vista não
é um movimento, uma missão, uma obra, uma seita,
uma ‘irmandade’ como uma instituição, algo aqui
sobre esta terra. É algo que está por trás da
própria pessoa que constitui o corpo físico de
tudo, algo intangível, porém muito real. Há algo
a respeito desse candelabro que é mais do que
ele próprio. É sua natureza espiritual e
celestial. Numa palavra, você não precisa de uma
coisa absolutamente, você precisa do Senhor.
Você não fica impressionado com uma coisa, com a
organização, com a companhia das pessoas, ou com
o lugar, ou com qualquer coisa parecida; você
simplesmente precisa do Senhor. 'O Senhor está
aqui’ - este é o testemunho de Jesus. Você não
deseja isso para você mesmo? Certamente se as
pessoas fossem capazes de dizer de nossa
passagem desta maneira _ um caminho que
passaremos apenas uma vez _ que trouxéssemos a
presença do Senhor conosco, que houvesse algo da
fragrância de Cristo em nós, algo que sugerisse
o Senhor, não seria isso a maior coisa que
possivelmente seria dito? Não seria isso a
resposta para os desejos mais profundos do nosso
coração? Se, pelo nosso estar juntos como povo
do Senhor, qualquer pessoa que entrasse em
contato conosco pudesse dizer: ‘Não é o povo,
nem a fraseologia, nem o peculiar ensino, mas de
uma forma ou outra, é o Senhor que você encontra
ali’ - Bem, não há final maior do que este. Para
que o Senhor faça isso é necessário um profundo
trabalho de fogo. Este é o candelabro todo de
ouro. É o Senhor Jesus. O Senhor nos dá graça
para buscar, que seja assim, que a nossa
presença aqui seja a Sua presença.
CAPÍTULO 4 – A IGREJA COMO O VASO DO TESTEMUNHO
Em nossa meditação anterior, estávamos ocupado
com o último significado e natureza daquele
testemunho que no pensamento de Deus é principal
e fundamental, mas, no que diz respeito à
igreja, é aquele no qual o Senhor está
trabalhando _ principalmente a plenitude de
Cristo.
Agora tomamos a próxima coisa em relação a esse
assunto que, naturalmente, tem estado em vista o
tempo todo, e ao qual se tem referido; mas
desejamos antes de tudo ter o próprio Cristo em
contemplação, como que ofuscando a todo o resto.
Agora, havendo estabelecido e reconhecido isto,
somos trazidos ao vaso que Deus escolheu, no
qual o testemunho do Senhor Jesus é pra ser
depositado e incorporado _ a igreja como o vaso
de testemunho do Senhor nesta dispensação.
Naturalmente, isto segue as mesmas linhas que a
plenitude de Cristo. Você se lembra que, em
falando de plenitude de Cristo, vimos como Ele
era e é todo de Deus. A plenitude Divina e a
plenitude espiritual estão reunidos nEle como
todo de Deus. Então, quanto ao Seu lugar (como o
lugar do candelabro no lugar santo, entre o céu
e a terra) havia aquela particularidade sobre
Ele que, por um lado, satisfazia todo
tipo de necessidade de toda raça, de toda
posição, de todo nível social, do mais pobre ao
mais distinto entre os homens; todas as nações,
todos os níveis, cada aspecto da vida deste
mundo como representado pela humanidade,
encontrou nEle a resposta para a sua
necessidade. Por outro lado, o céu
encontra a sua satisfação nEle; Deus
encontra a Sua total satisfação no Senhor Jesus.
A universalidade de Sua plenitude para o céu e
para a terra era o assunto em vista.
Agora a igreja segue a mesma linha que o Senhor
Jesus. O vaso do testemunho percorre ao longo do
mesmo curso que Ele percorreu. Ele disse aos
Seus discípulos, o núcleo de Sua igreja:
“Segue-Me”. Porém eles chegaram a perceber que
aquilo significava algo mais do que caminhar
pelos mesmos lugares que Ele caminhava sobre a
terra. Era algo muito profundo. "Segue-Me." Oh,
que significado! E a história espiritual da
igreja como o vaso de Seu testemunho é, num
sentido mais profundo e pleno, um seguir a
Cristo. É seguir a Ele num significado
espiritual de cada passo e estágio de Sua vida
quando Ele estava aqui.
NASCIDO DO ESPÍRITO SANTO
Primeiramente,
Ele nasceu, e nasceu do Espírito Santo, e
qualquer vaso para o testemunho de Jesus no
sentido em que estamos falando, no sentido em
que Deus o tem incorporado neste simbolismo _ um
candelabro todo de ouro _ qualquer instrumento
ou vaso como esse tem que nascer, e nascer do
Espírito Santo. Não é algo que você pode fazer
ou causar, não é algo que pode ser organizado ou
arranjado, não é algo que as pessoas podem
decidir ter _ “iremos formar algo, iremos
organizar algo, para o serviço do Senhor” _ não
é dessa forma absolutamente. Tem que nascer, e
nascer como Ele nasceu _ do Espírito Santo. Tem
que vir diretamente de Deus. Se você fizer comum
o nascimento do Senhor Jesus, como todos os
outros nascimentos, e tirar dele o elemento
absolutamente sobrenatural e miraculoso, então
você
destrói todo o conceito de Deus como um
testemunho celestial. Se você fizer alguma
coisa, você mesmo, similar a isso, não há
garantia de que haverá a chama divina nele. Isso
tem que nascer. Você não pode repeti-lo. Isto,
naturalmente, traz um grande significado
consigo. Vamos tomar isso como contendo muito
mais do que somos capazes de dizer e explicar
neste momento. Por toda obra de Deus, lembre-se
de que você não pode duplicar ou multiplicar o
original. O original é de Deus, não do homem, e
tudo que é de Deus tem que nascer como tal; não
do homem, não da vontade da carne, mas de Deus.
Este é apenas o primeiro passo, mas é um passo
bem radical. Não vá por aí dizendo: ‘Vamos ter
algo semelhante a isso no lugar onde estamos’.
Não tenha a idéia de que pode repetir em
qualquer lugar alguma coisa que você pensa ser
bom. Se Deus não o fizer, irá quebrar o seu
coração se você tentar fazê-lo.
TESTE PARA O APERFEIÇOAMENTO
Então, tendo nascido, ele deve ser colocado
sobre uma superfície de teste, da mesma forma
como Jesus foi _ uma prova de aperfeiçoamento.
Isto não permite qualquer espaço para o pecado,
no caso do Senhor Jesus. O fato de a Escritura
distintamente dizer que Ele foi aperfeiçoado
através do sofrimento (Heb. 2:10) e que “embora
fosse Filho, contudo aprendeu a obediência pelas
coisas que sofreu” (Heb. 5:8) – isso não
admite qualquer pecado em Sua natureza. Apenas
significa que Ele foi colocado no mesmo nível da
humanidade, e, numa forma representativa, passou
por aquilo que nós temos que passar. Ele era sem
pecado, nós com pecado. O princípio é que
governa. É a prova em relação à inclinação da
vontade. “Tua vontade, não a minha”. Por
todos os meios concebíveis _ e concebíveis pela
ingenuidade mais diabólica do inferno, toda
astúcia e engano da serpente é mais profunda do
que a sabedoria humana _ Ele foi atacado no
campo da vontade, no sentido de se Ele
divergiria, ou poderia divergir um pouquinho da
vontade de Seu Pai. Por atração, por fascinação,
por suborno, por prêmios oferecidos, por sérias
dificuldades, por ataques terríveis, por traição
_ Oh, tudo foi usado para tentá-Lo! Porém a Sua
vontade permaneceu firme no Pai. Ele foi testado
nesse campo, e nós somos testados exatamente da
mesma maneira. A igreja tem que seguir esse
curso de teste rumo à perfeição. A perfeição, no
caso de Jesus, foi simplesmente que Ele levou
aquela firmeza até o fim, àquela fidelidade até
o final, sem desvio ou perda.
Agora, pela graça de Deus, pela força do
Espírito de Deus no interior, Deus está nos
chamando a reconhecer que não há contradição com
Ele, não há contradição nesse campo. Ele
depositou no homem o dom mais sagrado, a
liberdade de vontade _ liberdade para fazer
escolha, para fazer decisão. Este é um dom
sagrado que Ele dá muito valor, para o exercício
que Ele sempre chama; e o destino depende do
exercício dessa confiança na decisão, na
escolha. Deus focaliza atenção sobre isto que é
o Seu mais sagrado dom, fazendo o homem um ser
moralmente responsável. A contradição seria se,
agora que pertencemos ao Senhor, nós nos
sentássemos e esperássemos que o Senhor tomasse
as decisões por nós, fazer algo que decidiria a
questão toda ao nosso respeito, sem que
tivéssemos nada a dizer a respeito. Isto seria
uma contradição; Deus estaria em contradição
consigo mesmo _ contando com a nossa vontade, e,
contudo, agindo independentemente dela. Não
estou dizendo que não há momentos e questões
onde Deus simplesmente intervém e age, mas isto
não é normal. O normal é que Deus está
procurando ter a nossa vontade cooperando com
Ele. Sobre esta base, por meio de todo teste
imaginável, o Senhor Jesus foi aperfeiçoado.
Nesta direção, você e eu estamos seguindo o
Senhor Jesus; nesta linha a Igreja tem que ir,
tendo uma só vontade com Deus. Algumas vezes
isto significa bastante repúdio à nossa própria
vontade, algumas vezes um tremendo ato de
decisão que usualmente está focalizada numa
crise, a qual chamamos de a vontade de Deus.
Isto não é algo passivo, é ativo.
Somos, então, colocados sobre uma base de teste.
O vaso tem que ser aperfeiçoado dessa maneira.
Oh, não há nenhum caminho de realeza para esse
real serviço de Deus, nenhum caminho fácil de
entregar tudo ao Senhor, para que Ele faça tudo,
de modo que você não precise se preocupar, ou
ter algo a dizer, ou a fazer na questão. Isto
seria fácil, mas este não é o caminho do Senhor.
Cuidado com as armadilhas.
O ATESTADO DE DEUS
Através da prova, vem o atestado. Creio que o
batismo do Senhor Jesus representou o extremo de
Sua renúncia para Deus. Foi uma previsão da
sepultura e da ressurreição - imediatamente
seguida pelo atestado de Deus “Este é o meu
Filho amado, em quem me comprazo”. O batismo
prefigurou, resumiu toda a Sua vida desde a
consagração até o momento de Sua morte, e, por
isso, o atestado de Deus vindo do Céu era um
testemunho público de que Ele tinha provado a
morte, e se entregado a vontade de Deus, e que
estava inteiramente morto para a Sua própria
vontade, isto é, como uma outra vontade, uma
vontade independente, separada de Deus. O ponto
é que Deus atraiu a atenção para aquilo que era
inteiramente de Si mesmo. Deus jamais chama a
atenção para o homem como tal, nem para as
nossas obras como tais, ainda que sejam para
Ele. Deus chama a atenção para aquilo que é
inteiramente de Si mesmo, e Ele poderia chamar a
atenção para o Seu Filho durante todo o caminho,
e dizer, 'Olhem, prestem atenção, vejam!' E tal
instrumento como a vontade tem o testemunho de
Jesus nela, seja ela individual ou corporativa,
será dessa forma _ que Deus está procurando o
tempo todo trabalhar no vaso, para que Ele possa
dizer, ‘Eis aí onde estou, isto é o que procuro.
Olhem aqui e vocês irão Me encontrar’. Não é
glorificando algo, a pessoa, ou qualquer coisa
do tipo, mas é chamando atenção para aquilo que
é Dele mesmo. Se o Senhor estiver acrescentando
à Igreja, você pode ficar muito certo de que Ele
não irá edificar algo que não seja Dele mesmo,
no qual Ele não esteja inteiramente presente.
Era quando a Igreja estava cheia do Espírito
Santo, e Cristo reinava no meio, que o Senhor
acrescentava à Igreja. Este é o segredo do
crescimento, este é o segredo do reavivamento,
que Deus tem algo que, dentro dele, Cristo está
em tal medida que Ele pode dizer: “Eu vou
prosseguir com isso; posso atestar isso; posso
acrescentar a isso; posso edificar isso”.
Atestado através da prova; aprovado.
E do Senhor Jesus é dito que foi ‘aperfeiçoado
ao terceiro dia’ (Luc. 13:32), aperfeiçoado
através do sofrimento, e, estando aperfeiçoado,
foi recebido na glória.
Nada que não
esteja aperfeiçoado foi alguma vez recebido na
glória. Não pense na glória como sendo apenas um
lugar. Pode ser um lugar, mas também é um
estado; um estado de glória. É estar
glorificado. Jesus, foi provado e atestado, foi
glorificado; e a Igreja, o vaso do Seu
testemunho, ao longo da mesma linha, seguindo-O,
pode ser glorificada e aperfeiçoada, e perfeição
significa simplesmente que tudo que não é do
Senhor foi tirado, e tudo que está presente é do
Senhor. É o Senhor quem é glorificado nos Seus
santos.
É a Sua glória, não a nossa.
UMA CONTRADIÇÃO PARA O MUNDO
Isto é muito simples, porém você vê qual é a
natureza das coisas. Este vaso, este
instrumento, este candelabro, tem que significar
uma total contradição a tudo aquilo que existe e
que não é de Deus; isto significa uma total
contradição ao mundo. O que eu quero dizer por
mundo? Penso que podemos resumir o mundo, da
forma como ele está referido nas Escrituras, em
duas palavras _ ganho e orgulho: isto é, a
glória que não é a glória de Deus. Não é verdade
que o espírito deste mundo é o lucro? Como você
pode explicar, ou interpretar, as coisas neste
mundo de outra forma, que não seja este _ o
lucro? Para ter _ seja território, riqueza,
conhecimento, seja lá o que for _ em toda
associação o objetivo é o ter, o possuir, o
ganhar vantagem, e assim, através do ganho,
chegar à sua própria glória. É muito sutil, isto
trabalha em todos nós. Podemos pensar que está
no mundo, porém está aqui, em nossos corações –
para ter alguma gratificação em chegar a uma
posição; ficar satisfeito em obter certa
eminência, certa influência, algum lugar de
poder, alguma possessão. Este é o espírito deste
mundo, e que agora está absolutamente contrário
a Deus. Cristo é uma contradição a todo esse
espírito, e Sua Igreja, este candelabro,
instrumento de testemunho, deve ser a corporação
dessa contradição _ contrário ao espírito e ao
princípio deste mundo; não obter, mas dar; não
ser glorificado em si mesmo, mas para que Ele
seja glorificado em tudo. O Senhor Jesus não
buscou a Sua própria glória, mas a glória
daquele que o enviou. Ele disse: “Eu não busco a
minha própria glória” (Jo. 8:50), e, pelo
contexto, era uma reflexão sobre aqueles ao Seu
redor _ até mesmo os líderes religiosos _ que
buscavam glória por meio da possessão, da
posição, e assim por diante. Não, este é um
instrumento que contradiz a tudo, em espírito e
em princípio.
Uma Contradição às obras de Satanás
Isto contradiz toda obra de Satanás. Podemos
resumir as obras de Satanás em uma palavra?
Penso que sim. É a independência. Você traça a
história de Satanás nas Escrituras. Você volta
lá atrás e descobre que ele se tornou adversário
de Deus ao procurar independência. Ele fez com
que Adão se tornasse uma tragédia ao imprimir
nele o mesmo espírito de independência.
"Sereis..." (Gên. 3:5). Independência; isto é
nato em nós. Você pode ver isso numa criança
mais novinha - como a criança gosta de ser o
centro da atenção. Este espírito está lá, e ele
está em todos nós. Não pode haver um testemunho
verdadeiro de Jesus onde as coisas estão
centralizadas em algum homem, ou grupo de
homens, ou em qualquer coisa parecida. Oh, como
Satanás tem estragado aquilo que, por outro
lado, teria sido uma coisa muito preciosa para
Deus, colocando algum indivíduo como o foco
central de tudo, e fazendo com que tudo gire em
torno desse indivíduo; ou fazendo de uma coisa
(seja o que for) um instrumento em si mesmo,
chamando a atenção para aquilo, a fim de desviar
sutilmente a atenção do Senhor. As pessoas,
assim, ficam obcecadas por uma coisa, pela obra,
um instrumento.
O egoísmo tem muitas maneiras de expressar a si
mesmo na obra de Deus; e certamente a tragédia é
que as pessoas têm ostentado a si mesmo na obra,
têm lucrado, ou buscado por reputação, nome,
espaço, reconhecimento e título. Tudo isso tem
entrado imperceptivelmente, o Senhor Jesus sendo
ocultado por trás de homens e coisas. Não, esse
vaso deve ser todo de ouro, e esse testemunho
deve ser em sua própria essência, uma
contradição a toda obra de Satanás.
Novamente em relação a divisões. Não são uma das
maiores obras de Satanás produzir divisões,
cismas, conflitos, partidos, facções? Oh, que
longa e terrível história da obra de Satanás,
que tem estado a dividir o povo de Deus, não
cessando até que ele os tenha feito indivíduos
fragmentados; nem mesmo permitindo que duas
pessoas permaneçam juntas num relacionamento
espiritual, se puder tirar proveito daquilo! A
batalha por unidade espiritual é uma batalha
real contra Satanás e todas as suas forças
espirituais. Porém este candelabro é um todo.
Não é uma coisa divisível. Não foi feito de
pedaços colocados juntos, encaixados na mesma
haste. Foi feito para ser uma única peça, todo
batido formando uma só peça. Não há emendas
aqui, nem lugares dos quais você pode dizer _
‘aqui é onde um começa e o outro termina; se
você for dividi-lo, é aqui que você deve começar
o serviço’. Você não pode achar uma fenda, uma
rachadura, ou uma junta nisso. Ele é todo, uma
única peça, forjada no fogo, forjada pelo
martelo. É uma contradição a toda obra de
divisão de Satanás. Reconheçamos isto _ que a
divisão é obra de Satanás. O testemunho de Jesus
contradiz a divisão. É a unidade do grande amor
Divino. Não é aí que toda independência é uma
coisa perniciosa, perigosa e prejudicial - nossa
vida, nossos cursos e decisões independentes?
Pode ser que seja nessa mesma relação que temos
luz lançada sobre o Senhor Jesus em Sua escolha
de amigos. “Tenho-vos chamado amigos”. (Jo.
15:15). "Eu vos escolhi” (Jo. 15:16). "Ele
escolheu os doze, para que estivessem com Ele.”
(Mar. 3:14). "...
havia amado os seus, que estavam no mundo,
amou-os até o fim."
(Jo. 13:1). Teria sido, em muitos aspectos,
muito mais fácil se Ele tivesse ficado sem eles,
e seguido sozinho. Conhecendo tudo o que estava
envolvido em escolher aqueles homens, por que
Ele deliberadamente fez aquilo? Ele passou uma
noite em oração antes de fazer aquela escolha,
evidentemente não apenas por causa da direção,
mas eu deveria dizer por graça. Por quê? Porque
ele tinha que desfazer as obras do Diabo em toda
aquela força desintegradora na vida humana. Ele
podia ter largado mão de um ou de outro dos Seus
discípulos a qualquer dia; Ele poderia ter
lavado as Suas mãos em relação a eles; porém Ele
os amou até o fim. Quando finalmente, como
resultado de toda a Sua paciência, misericórdia
e amor, você tem aqueles homens intactos _ com a
exceção de um que nunca realmente foi parte
integrante do todo desde o princípio – e Ele é
capaz de dizer: “Guardei-os em Teu nome... e
nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da
perdição” (Jo. 17:12). A obra maligna havia sido
desfeita. Há algo mais profundo nisso do que
apenas o Senhor ter mantido aquele tipo de
fraternidade até o fim. Algo muito profundo foi
realizado. É o testemunho de Jesus. É uma
contradição à obra de divisão de Satanás, e Deus
está querendo um instrumento, um vaso como esse
_ um candelabro para manter aquele testemunho; e
isto é algo que se deve procurar
minuciosamente.
O TESTEMUNHO ANTES DA OBRA
Não é verdade _ embora triste _ que muito
frequentemente a obra do Senhor fica ofuscada,
ou prejudicada pelos próprios trabalhadores? É
uma coisa muito terrível de se dizer, mas é
verdade. Os problemas muitas vezes estão
relacionados não tanto à obra, mas aos
trabalhadores. Eles não conseguem caminhar
juntos; não conseguem viver uns com os outros;
precisam se mudar de uma parte do campo para
outra, devido a incompatibilidade. Por que isso?
Você diz naturalmente: isto ocorre porque a obra
da Cruz não foi feita neles. Bem verdade; mas
também não pode ser igualmente verdade que isto
se dá porque a obra tem sido colocada antes do
testemunho, ou no lugar do testemunho - que eles
tem se lançado por causa da obra, mas não por
causa do testemunho? Imagine que eles parassem _
e conferissem, e orassem juntos, e dissessem:
‘Olhe aqui, isto não é testemunho, isto é uma
contradição do testemunho de Jesus. Para que
estamos aqui? Temos nós percorrido todo este
caminho e feito todo este sacrifício meramente
para fazer uma obra, porém não ter o testemunho
para o Senhor? Pela nossa estada aqui, fazendo
tudo isto (ou tentando fazer tudo isto) somos
uma contradição direta ao próprio Senhor’.
Penso que eles ou iriam sumir e voltar pra casa,
ou iriam resolver toda essa questão e dizer: ‘O
testemunho vem antes da obra, porque a obra deve
ser fruto do testemunho: não deve ser algo a
parte. Precisamos encontrar um espaço para
caminharmos juntos de uma maneira que glorifique
a Deus’. Qual a finalidade, na condição de
cristãos, de estarmos aqui na terra? Estamos
aqui para fazer uma obra, ou para ser um
testemunho? Sim, muitas pessoas estão
interessadas na Obra do Senhor, e (em sua
fraseologia), preocupadas com o testemunho do
Senhor, mas são pessoas muito difíceis de
caminhar com elas. Constantemente você se depara
com tais casos, e você tem que dizer, 'Bem, eles
estão muito preocupados com a obra do Senhor,
mas não sei quanto ao testemunho’.
Agora vamos enfrentar isso bem francamente. Nós
estamos tremendamente preocupados com o
testemunho do Senhor. O testemunho de Jesus é
absolutamente abnegado, é o contrário da
centralização do ego, de qualquer forma de
egoísmo. Isto é o testemunho de Jesus _ não uma
obra feita, uma doutrina ensinada, mas Cristo
aqui expresso. Mas somos nós pessoas inclinadas
a discutir em casa? É difícil para os outros de
casa, na família, conviver conosco? Estamos nós
sempre gerando dificuldade, tensão e conflito?
Esta é a obra de Satanás, e não testemunho. Os
cristãos estão aqui nesta terra para o
testemunho, e este testemunho deve ser mostrado
em nossa capacidade de conviver com os outros.
As únicas pessoas que não conseguiram conviver
com o Senhor Jesus foram as egoístas. –
religiosas ou coisa do tipo. Qualquer outra
pessoa achou Ele uma pessoa maravilhosamente
fácil de conviver. Oh, não vamos fazer desta
palavra ‘testemunho’ alguma coisa diferente
disto: o próprio Senhor achado em nós; não
coisas de verdade que queremos que as pessoas
tenham, mas primeiramente o próprio Senhor.
O Senhor deve, portanto, saber quando Ele já tem
aquilo que quer, e é capaz de colocar a Sua mão
sobre isso e colocá-lo no lugar onde Ele deseja
que esteja. O cristianismo tem se tornado um
sistema de coisas. Você possui uma idéia de que
foi chamado para a obra do Senhor, e então diz:
‘Agora eu preciso estar preparado para a obra do
Senhor', e vai fazer um curso de treinamento em
um instituto. Então, quando termina, você diz:
‘Agora estou preparado’. O que você quer dizer
com estar preparado? Você quer dizer
intelectualmente, teologicamente? Bem, eu não
sei até onde isso poderá levá-lo. Só o Senhor
sabe quando é que você está preparado. Poderia
ser muito bom se, após isso, você voltasse para
os seus negócios e esperasse o Senhor confirmar
a sua chamada, dizendo a você: ‘'Sim, Eu já
tenho o que quero, no que diz respeito a você, e
agora irei lhe mostrar o lugar onde Eu quero
você’. Você pode confiar no Senhor. Se Ele tem
lhe chamado para o Seu serviço, você pode ficar
bem certo de que mais cedo ou mais tarde Ele irá
confirmar a sua chamada, até mesmo se tiver que
voltar para os seus próprios negócios por um
tempo. Os discípulos foram chamados, e então
eles voltaram para a pesca, e o Senhor veio e
lhes confirmou a chamada. Saulo de Tarso foi
chamado no caminho de Damasco, mas Ele foi e
esperou em Antioquia até que o Senhor viesse e
confirmasse a sua chamada, e dissesse: ‘Agora
você está pronto, agora Eu tenho o que quero,
agora chegou à hora’. Você tem medo disso? Você
confia no Senhor a esse respeito? Afinal de
contas, é o testemunho que o Senhor deseja, e
pode ser que esse testemunho seja produzido
naquelas áreas e esferas que você não escolheu.
Você pensa que será muito mais fácil para você
dar o testemunho se estiver em tempo integral no
trabalho espiritual. Você está enganado se
pensar assim. Ouça aqui alguém que não é novato
nem imaturo hoje. Posso dizer a você que, com
todas as exigências da obra espiritual, com
todas as oportunidades e exigências para um
ministério espiritual com o qual uma pessoa não
pode lidar, a coisa mais difícil em todo o mundo
é manter o testemunho à altura em relação à
exigência; e temos que confessar que é aí que
frequentemente falhamos. Aquilo que estamos
chamando de testemunho não é o nosso ministério,
nosso ensino, nossa obra, os artigos que
escrevemos, o discurso que damos; isso não é o
testemunho. Isso não vale nada se não houver
algo por trás que seja aprovado por Deus. Deus
tomaria muitas dores para nos manter a altura do
ministério em testemunho. Ele quase interrompeu
a trajetória de Moisés, mesmo após tê-lo
chamado, e procurou matá-lo. O Senhor tinha
comissionado Moisés, porém, contudo está
escrito: ‘aconteceu que no caminho... que o
Senhor o encontrou, e procurou matá-lo’. (Ex.
4:24). Estava faltando algo na experiência. Você
sabe o que era; tinha que atender à exigência. É
aquilo que está por trás que é o testemunho, e o
Senhor sabe quando Ele tem esse testemunho, e
Ele somente pode nos usar quando e onde
estivermos prontos para sermos usados. Temos que
ser aquilo que o Senhor precisa ter reproduzido
em outros lugares, e é a obra do Espírito Santo
saber onde está a necessidade e onde está a
provisão, e juntar os dois. Havia evidentemente
uma necessidade em Antioquia quando Barnabé foi
para lá (Atos 11:20-26) e ele, sendo cheio do
Espírito Santo, disse: ‘Eu conheço o homem
através do qual esta necessidade pode ser
satisfeita’, e Ele foi para Tarsos, para trazer
Paulo para Antioquia.
O Senhor sabe se você está lá naquela casa com
toda a sua monotonia e enfado, e falta de
incentivo e interesse; naquele serviço com suas
obrigações nada inspiradoras; naquele ambiente
de profunda prova. Você está lá para ser
aprovado no teste, e, quando o Senhor ver que
você está aprovado, Ele dirá: ‘Venha, você é a
pessoa que eu quero; há algo mais para você;
venha mais para cima’. Permita que seja assim
com o teu serviço.
Aquilo tudo está focalizado nisto, que o Senhor
quer mais um testemunho do que uma obra. Se
colocarmos a obra no lugar do testemunho,
teremos confusão. Estamos nesta terra para um
testemunho, e isto é o porquê, até mesmo os
maiores e mais usados servos, de o Senhor nunca
permitir que a obra fique sem nova disciplina,
novo sofrimento. Parece uma contradição. A obra
parece necessitar do homem; ele não é capaz de
fazê-la porque está atravessando tal prova e
sofrimento. Que contradição! Mas o Senhor está
mais interessado em ter uma medida espiritual no
vaso do que ter um monte de obra feita.
Que o Senhor nos ajude nisto, e nos dê graça
para aceitá-lo. Sei que não é fácil, mas veja
que o Senhor procura um candelabro todo de ouro,
para levar um testemunho, não para ser um
ornamento, uma peça para ser mostrada, algo que
atrai atenção para si mesmo, mas um testemunho
para o próprio Senhor.
CAPÍTULO 5 – A CRUZ EM RELAÇÃO AO TESTEMUNHO
Temos nos ocupado até aqui com uma reafirmação
daquele testemunho para o qual nós cremos que o
Senhor levantou esta instrumentalidade e este
ministério desde o início, já há muitos anos
atrás. Para nós, o propósito do Senhor no
ministério e no instrumento corporativo o qual
Ele reuniu nesta representação simbólica do
candelabro todo de ouro, o qual tem sido a
figura e símbolo através dos anos. Porém muitos
têm vindo, e muitos têm ido, e não tem ficado
sempre claro a todos os recém chegados o que
exatamente é isto que tem permanecido entre nós;
e, embora o ministério, em termos bem distintos,
tem prosseguido, não tem sido aquilo que temos
buscado, reunir todo conhecimento num pequeno
espaço, para reapresentá-lo. O Senhor parece ter
lançado sobre nós recentemente a necessidade
disso.
Dissemos anteriormente que há três principais
aspectos do testemunho, representados por meio
de três linhas de consideração a respeito do
candelabro. O primeiro desses foi a plenitude de
Cristo; o segundo, a Igreja como o vaso do
testemunho do Senhor. Esses nós já temos
considerado. Agora passamos ao terceiro _ que é
a necessidade da Cruz como base de tudo.
"Um candelabro todo de ouro." Antes de
prosseguir adiante, penso que devo dizer aqui
que a palavra impressa à margem é melhor do que
aquela que está no texto. Temos aqui
‘candelabro’, e também em outro lugar onde o
simbolismo é usado, mas à margem está escrito
‘lamparina.' ‘Lamparina’ realmente é melhor,
porque um candelabro dá luz consumindo o seu
próprio combustível, enquanto a representação
plena da lamparina, como a temos em Zacarias, é
um desenho da fonte viva e inesgotável da
oliveira, algo muito melhor do que um candelabro
(ou um castiçal de vela) que queima de si mesmo.
Nós não estamos provendo de nós mesmos o
combustível para o testemunho _ nem fomos
chamados para fazer isto. O Espírito Santo é o
combustível do testemunho; e quando ele vem para
dar resistência, poder e real eficácia, há toda
a diferença entre o que podemos suprir como
velas, e o que Ele pode suprir. Alguém citou
para um certo incansável trabalhador que ele não
poderia queimar a vela em ambos as
extremidades. A resposta foi, naturalmente, Eu
posso; apenas depende do comprimento da vela’!
Pegue uma vela mais comprida, ela se extinguirá
mais cedo ou mais tarde; mas a fonte viva, o
Espírito de Deus, é inesgotável.
A LAMPARINA CONSTITUÍDA SOBRE A BASE DA CRUZ
Toda esta lamparina, ou candelabro, foi
constituído sobre a base da morte e ressurreição
de Cristo. É um fato muito impressionante. Como
o candelabro traz isto em evidência! Se você
abordasse o objeto real, como ele foi feito, de
acordo com as instruções Divinas, e fechasse os
seus olhos e pusesse a sua mão na base da haste
central, do qual os braços saíam para ambos os
lados, e, então, movesse a sua mão da base até
em cima dessa haste central, num certo ponto
você chegaria sobre algo _ o que é chamado aqui
de botão, e não poderia passar dali, aquilo lhe
impediria; o deslizar suave para cima seria
obstruído. Encontramos algo, alguma coisa
planejada para impedir o nosso progresso, que
permanece em nosso caminho e nos desafia, algo
que nos faz reavaliar o nosso movimento. Porém,
havendo considerado isso, você continua se
movendo para cima, após o botão, e sente algo
mais. O que é? Você sente uma curvatura. Oh,
esta é a forma de uma flor com as suas folhas
abertas. E, tendo observado isso, você, então,
descobre que esta flor é na verdade um copo, um
receptáculo, um vaso, um reservatório. Após
isso, você se move novamente. Vai mais adiante
sem se deparar com nada. Porém aqui a coisa se
repete, a mesma coisa novamente _ um botão, uma
flor e um copo. E em cima da haste você encontra
essa coisa tripartida, não menos do que quatro
vezes. Quatro vezes ele interrompe o seu
progresso. Então você chega e sente os braços;
há três em cada lado. Você pega o braço mais
abaixo, examina-o, você chega uma obstrução
tripartida semelhante; e, então, um pouco mais
adiante, uma repetição disso, e então novamente
outra repetição; e, sobre cada um dos seis
braços, você encontrará isto repetido três
vezes. Quatro vezes sobre a haste e três vezes
sobre cada braço. O número preciso de
ocorrências, a presença em tal plenitude disso,
é algo de que você tem que tomar nota. Não
seria suficiente ter uma dessas coisas na
própria base, lá no início, e, então, toda parte
lisa seguir após isto? Não. Ela é repetida
através de todo caminho. Todo o curso deste
instrumento, este vaso de testemunho, é marcado
por essas três coisas.
A CRUZ – MORTE, RESSURREIÇÃO, PLENITUDE DE VIDA
O que a maçaneta (observação do tradutor: em
algumas versões traz ‘botão’, em outras
‘maçaneta’ _ maçaneta se encaixa melhor)
representaria, um impedimento, uma obstrução?
Você não apenas deixa de seguir adiante, você é
preso. Não diz ele: ‘Aqui você deve prestar
atenção em alguma coisa de importância. Aqui
está a morte do Senhor Jesus, aqui está a Cruz
no seu lado da morte _ aquilo que faz você
refletir um pouco, aquilo pelo qual você não
pode passar sem considerar o seu significado
solene.’ Você não pode passar pela Cruz sem
considerá-la, você não pode passar por ela e
ignorá-la. Quando o Senhor traz a Cruz para o
seu caminho, você é levado a refletir, você tem
que considerar aquilo em seu coração - o
significado da morte do Senhor Jesus.
Mas, então _ e graças a Deus _ no topo está a
flor, e é uma flor de amêndoa. Você sabe que a
amêndoa é o tipo da ressurreição. A flor da
amêndoa _ nova vida, nova esperança, nova
perspectiva, ressurreição; a flor da amêndoa _
uma nova estação começa, pois ela é a primeira a
florescer na primavera. Ela chega primeiro, como
o corredor número um de todas as demais flores,
de tudo mais, e ela é profética. Ela diz que a
ressurreição é chegada, um novo ano, uma nova
primavera, uma nova plenitude. Aqui está a morte
e a ressurreição.
E, então, um copo. Aqui está um recipiente, um
vaso. O que significa? Bem, certamente ele fala
daquilo que contém o fruto da morte e
ressurreição _ a nova vida. O Espírito, o
Espírito de Vida. "Agora, pois, (por causa da
ressurreição) nenhuma condenação há para aquele
que está em Cristo Jesus. Porque o Espírito de
vida em Cristo Jesus nos livrou da lei do pecado
e da morte." (Rom. 8:1-2). Morte, ressurreição,
e uma nova vida no vaso em todo lugar.
E, então, acima de tudo, está a lamparina do
testemunho, dando luz sobre a morte, a
ressurreição e a vida do Espírito, mantendo-os
sempre em vista, de modo que na luz que vem de
cima você vê que o testemunho de Jesus se
relaciona com a sua morte, que diz ‘NÃO’ a todo
um reino; e à Sua ressurreição diz ‘SIM’ para
um novo reino; e para o poder de uma nova vida,
para viver naquele reino que Deus aceita; a luz
de cima lança luz sobre isso.
Quatro vezes nós o encontramos na haste _ e
quatro é o número da criação. Se alguém está em
Cristo, é uma nova criação. (2 Cor. 5:17) –
através da morte e da ressurreição. Em Cristo
estão os galhos, o todo constituindo uma nova
criação. Três vezes em cada galho (braço) nós o
encontramos. Três é o número da plenitude
Divina. Também é o número da morte e
ressurreição. "Assim como Jonas esteve três
dias e três noites no ventre de uma baleia,
assim o Filho do homem estará três dias e três
noites no seio da terra”. (Mat. 12:40).
"Destruí este templo, e em três dias eu o
erguerei”. (João 2:19). "É agora o terceiro dia
desde que essas coisas se sucederam”. (Luc
24:21). Três _ morte e ressurreição _
nascimento em todos os galhos daquele
testemunho. Isto parece fantasioso? Você deve
considerar o simbolismo bíblico. Essas coisas
não são sem significado. Deus escreveu os
pensamentos Divinos em toda a Sua criação.
Assim, dizemos que o vaso do testemunho está
constituído sobre o princípio da morte e
ressurreição de Cristo.
A CRUZ – UMA EXPERIÊNCIA PRODUZIDA NO INTERIOR
Volte para o livro do Apocalipse, e em seu
inicio somos apresentados a “um semelhante ao
Filho do homem” Que diz "Eu sou... aquele que
vive; eis que estive morto, mas estou vivo para
todo sempre" (Apoc. 1:18). E vemos os sete
castiçais, e entre eles aquele que vive _ O
testemunho de Jesus nos castiçais. E o
testemunho é a morte e a ressurreição do Senhor
Jesus em cada castiçal, trabalhada dentro da
própria substância desse vaso, em puro ouro.
Aqueles homens hábeis que foram chamados para
fazer este candelabro _ você pode vê-los com
suas ferramentas, suas ferramentas agudas e
duras, martelando, cortando, trabalhando
dolorosamente sobre o ouro, fazendo esses
símbolos frequentemente repetidos. Não é algo
muito forte dizer que se você e eu, e o povo do
Senhor temos que de alguma maneira dar a Ele um
vaso de tal testemunho, o testemunho de Jesus,
ele será cortado em nós, será martelado e
trabalhado em nós. É o resultado de uma profunda
e dolorosa obra _ a morte e a ressurreição do
Senhor Jesus.
O TESTEMUNHO – A PRESENÇA DO CRISTO RESSURRETO
Eu me pergunto se não foi este o real
significado do desafio para as igrejas na Ásia.
Quando tudo é dito sobre essas igrejas _ o que
estava errado e o que estava certo com elas _
não estava o Senhor, afinal de contas, apenas
trazendo-as de volta para o testemunho original?
Quando a Igreja começou, como registrado nos
primeiros capítulos do livro de Atos, a mensagem
e a pregação apostólica não era muito mais do
que de Jesus morto e ressuscitado; que Aquele
que fora morto tinha ressuscitado; que Ele que
fora crucificado, Deus o havia ressuscitado.
Esta era a coisa que eles estavam dizendo por
toda parte. Tudo foi construído sobre isso, tudo
foi desenhado a partir disso, esta é a coisa
básica _ Cristo crucificado e ressuscitado. Era
isto que causava todos os problemas. Nada igual
tinha jamais sido conhecido antes, era uma coisa
que nunca se ouviu. Um homem crucificado _ não
havia dúvida de que ele estar morto _ e, sem
qualquer toque das mãos humanas ou intervenção
de qualquer força física, aquela pessoa
ressuscitou da morte e viveu! A afirmação foi
que Deus tinha feito aquilo, e, em fazendo
aquilo, tinha declarado que tudo naquela pessoa
ressuscitada estava de acordo com a Sua própria
vontade. Deus não estava identificando a Si
mesmo com algo que era apenas parcialmente de Si
mesmo. Ele demonstrou o Seu poder na
ressurreição porque a situação estava
absolutamente de acordo com a Sua vontade. Jesus
Cristo está absolutamente de acordo com a
vontade de Deus _ todo de Deus. Este foi o
testemunho que causou todo o problema; sim,
tanto na terra como no inferno.
Agora, por assim falar, no final da dispensação,
o Senhor Ressurreto vem para a Igreja e a coloca
sobre a primeira base. Ele diria, com efeito:
‘Você tem muitas obras, há muitas coisas boas
sobre você, também há alguma coisas más; mas,
sejam elas boas ou más, a única pergunta é _
Está com você e dentro de você o poderoso
impacto de Minha morte e ressurreição? "Eu
sou... o que vive; e estive morto, mas eis que
estou vivo pelos séculos dos séculos”. É este o
testemunho que nasce _ não em palavra, mas em
poder _ pela sua presença aqui nas nações?
”Penso que é assim que o desafio para as igrejas
pode ser verdadeiramente e corretamente
resumido, desde o início até o final; como o fim
corresponde com o início”. Esta é a base de
tudo, e você não pode menosprezar isso.
A IGREJA REPETIDAMENTE TRAZIDA DE VOLTA PARA A
CRUZ
Eu não penso que esteja exagerando a aplicação
quando digo isto, uma vez que este candelabro,
ou candeeiro (ou lamparina) tem em sua
construção a constante repetição deste
testemunho, a Igreja (e o indivíduo, o filho de
Deus também) é repetidamente trazida de volta
para a sua fundação e lembrada de que ela não
pode esquecer disso. Você não vai longe na vida
cristã afastando-se da sua fundação, que é a
cruz. A cruz, em ambos os seus lados _ morte e
ressurreição _ está sempre presente na história
da igreja. Você não pode caminhar como caminhava
antes da cruz; como se você pudesse dizer que
agora você deixou a cruz para trás, e que chegou
a algo que está adiante da cruz. Não, jamais! A
verdadeira história espiritual é que você será
sempre levado para a cruz. Tem que haver uma
aplicação fresca dela. A maçaneta (do
candelabro) é encontrada e você não consegue
passar adiante, para a vida da ressurreição e
para a plenitude do copo (também figura do
candelabro) até que permita que o significado da
cruz toque tudo que deva ser tocado da velha
criação; e isso irá acontecer sempre. É assim
que acontece na história espiritual, e deve ser
assim.
A Cruz, o Caminho para a Plenitude.
Porém, na medida em que você prossegue _ e você
percebe que está se movendo para cima o tempo
todo, e, sendo um movimento para cima, é um
movimento celestial _ você se aproxima da
plenitude celestial, a plenitude da Sua glória;
mais próximo daquilo que está no topo _
plenitude espiritual de luz, de testemunho. De
glória. Vamos sempre lembrar de que a aplicação
da Cruz do Senhor Jesus (seja ela feita
inicialmente numa crise básica, ou
posteriormente, em tempos diferentes para
diferentes propósitos), jamais significa ser
outra que não para uma plenitude maior. Oh, não
fique erroneamente obcecado com o aspecto de
morte de cruz. Muitas pessoas estão tão ocupadas
com sua morte e com a necessidade de morrerem
que isto acaba sufocando a sua vida espiritual;
você não encontra vida espiritual nessas pessoas
porque estão muito ocupadas com a sua morte com
Cristo. Embora o aspecto da morte seja
necessário, ela é apenas o caminho para a flor
da amêndoa, (simbolismo) e para o copo da
plenitude maior, e é um movimento para cima, um
movimento de ressurreição, em direção à
plenitude espiritual.
A Cruz, o Caminho da Glória Divina na Igreja.
Naquilo que temos sucintamente dito está contido
toda obra espiritual de Deus para garantir para
Si mesmo um povo no qual não haja meramente um
testemunho verbal dos fatos e da doutrina da
morte e da ressurreição do Senhor Jesus, mas
pelo Espírito, há uma chama viva, um poder vivo
de testemunho, do que realmente aquela morte e
ressurreição significa. Quando tudo já foi dito
(e eu não vou acrescentar palavras e tentar
trazer todo o conteúdo disso), então, o que isso
significa, isso equivale a que? Apenas isso _
Deus quer mostrar que Ele é o Deus do
impossível, o Deus dos milagres, o Deus que
transcende a natureza. Como pode Ele fazer isso
melhor? Ele pode fazer isso melhor trazendo-nos,
por um lado, a conhecer a morte do Senhor Jesus
Cristo para a nossa própria vida, para a nossa
própria força, para os nossos próprios recursos,
para as nossas próprias habilidades, para a
nossa própria auto-suficiência, e tudo isso _ e
acabar com tudo na morte, para que sejamos
compelidos a dizer: ‘Eu não consigo seguir
adiante, eu não posso fazer mais nada, cheguei
ao fim’ _ e, então, descobri-Lo como o Deus de
um novo início, um miraculoso novo começo, o
Deus da ressurreição. O testemunho é _ ‘Se não
fosse o Senhor, onde estaríamos? Isto não pode
ser explicado de outra maneira senão que é o
Senhor fazendo, este é o milagre da ressurreição
de Deus. É Deus, e somente Deus’. Este é o
testemunho de Jesus. Podemos dizer essas coisas,
e provavelmente abraçá-las como verdade, mas,
estamos nós preparados para que a Cruz remova
todo o chão debaixo dos nossos pés, que nos
traga repetidamente para um beco sem saída, que
ponha fim a todos os nossos recursos, a toda
esperança, como disse Paulo: ‘desesperamo-nos
até da vida ...para que não confiássemos em nós
mesmos, mas em Deus que ressuscita os mortos” (2
Cor. 1:8-9)? Você está preparado para aceitar
isso como base de sua vida? Esta é a base da
glória. Este é o testemunho. Você não pode
produzir isto meramente por meio do ensino que
recebe. Este é o perigo _ que possa haver alguém
aceitando o ensino, mas não experimentar a vida
e o seu poder.
Como estamos terminando estas meditações, penso
que seja necessário e correto nos ajoelharmos
calmamente na presença do Senhor e ter uma
compreensão, uma transação, com Ele, para que
não tenhamos meramente um testemunho de
palavras, de doutrinas, de informações, mas que
possamos verdadeiramente corporificar o
testemunho de Jesus no poder do Espírito Santo
através da obra interior de Sua morte e
ressurreição. FIM.
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineibr@gmail.com
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