Em Contato com o Trono
por T. Austin-Sparks
Capítulo 1 - A Base Divina de Toda Oração
Aceitável
Na medida em que contemplamos o grande
ministério da oração, penso que seria de muita
ajuda se de início fôssemos lembrados sobre a
base Divina de toda oração aceitável. Antes de
chegarmos ao que pode ser mais técnico,
precisamos reconhecer o fundamento espiritual da
oração, e isto tem a ver com as especiarias e a
sacralidade do incenso que devia ser queimado
sobre o altar referido em Êxodo 30, verso 34 em
diante.
Não é minha intenção tomar esses ingredientes
para exposição, mas simplesmente observar que o
Senhor estipulou certas coisas para o aroma da
composição, e, então, fez uma declaração muito
séria em relação a elas: “...não fareis para vós
mesmos conforme a composição do incenso; santo
será ao Senhor. Quem fizer composição
semelhante, com o mesmo aroma, será cortado
dentre o povo”. Esta é a base de toda oração
aceitável. Como sabemos os ingredientes
aromáticos, a composição do incenso tipifica as
excelências morais do Senhor Jesus: Sua graça,
Suas virtudes, Seus méritos e Sua dignidade. O
incenso não são as orações dos santos, mas é o
mérito e a dignidade do Senhor Jesus colocado
nelas, misturado às orações, fazendo com que as
orações se tornem eficazes e aceitáveis na
presença de Deus.
Há uma totalidade aqui, visto que os
ingredientes são quatro: a perfeição da graça e
as virtudes e excelências morais de Cristo. E,
então, como você observa, o sal (que sempre fala
da preservação das coisas na vida) é misturado a
esses outros ingredientes, e isto me parece
sugerir que até mesmo a apresentação das
excelências morais do Senhor Jesus é para estar
sempre livre de mera formalidade fria, que
significa morte, e precisa permanecer algo vivo.
É muito possível que uma contemplação do Senhor
Jesus se torne algo mecânico e formal, algo que
aceitamos em nossas mentes como necessário e
verdadeiro, de modo que chegamos mecanicamente
sobre os méritos do Senhor Jesus, quando o
Senhor quer que a coisa esteja continuamente
viva.
Com cada nova ida ao Senhor deveria haver uma
nova apreciação em vida do Senhor Jesus. O sal
preserva as coisas da morte, para mantê-las
vivas, para mantê-las frescas e ardentes, e nos
é requerido ter um entusiasmo de apreciação vivo
e permanente dessas excelências do Senhor Jesus.
Se for desta forma, então a oração é aceitável e
eficaz. O sal não é um dos ingredientes, mas é
algo adicionado a eles, e este algo é aquilo que
é incorruptível.
Então temos a própria condição de que nada disso
era para ser fabricado pelo homem para si
próprio. Não era para haver imitação, e não era
para haver nenhuma apropriação particular ou
pessoal por parte do homem. Era para ser
apresentado somente ao Senhor e ser santo ao
Senhor, e uma infração a esta regra significava
morte. Como sabemos, numa ocasião, a oferta de
fogo estranho resultou em julgamento e morte.
Assim, somos aqui avisados de que se esta
composição fosse fabricada pelo homem, uma
imitação dela feita para si próprio e para seus
interesses particulares, ele seria cortado de
entre o seu povo. As excelências morais do
Senhor Jesus não podem ser imitadas. O homem não
pode tê-las em si mesmo, e tudo que é fingido
não é aceito por Deus. Não há excelências, e não
há glória semelhante as do Senhor Jesus.
Aqui temos Deus muito definido e positivamente
dizendo em efeito que há uma singularidade, uma
exclusividade sobre o caráter do Senhor Jesus
que é inalcançável pelo homem e que está
completamente separada do melhor que o homem
possa fazer de si mesmo. Deus vê no Senhor Jesus
aquilo que não está em nenhum outro lugar, e,
para qualquer homem que se aproxime, imitando os
méritos do Senhor Jesus, isto significa morte
para este homem. Não há nenhum terreno de
aproximação a Deus em nossas próprias glórias
morais, e é uma blasfêmia terrível falar sobre o
sacrifício e entrega de vida do homem em favor
de seus iguais, separado do sacrifício do Senhor
Jesus. Isto é uma blasfêmia absoluta, e deve
sofrer o mais sério juízo de Deus. Não! Deus não
enxerga coisa alguma semelhante as excelências
morais de Seu Filho e nos proíbe de tentar
trazer qualquer coisa que seja uma imitação
delas, algo fabricado pelo homem, que não
reconhece a singularidade do Senhor Jesus.
Assim, a base de toda oração aceitável sobre a
qual nos aproximamos do Pai é aquela das
excelências, glórias, graça, virtudes, méritos e
dignidade do Senhor Jesus. Isto é muito simples,
mas é básico, e precisamos reconhecer isto antes
de podermos chegar a algum lugar em questão de
oração.
Os Cinco Aspectos da Oração
Agora estamos aptos para prosseguir com a
questão da oração propriamente dita. Em primeiro
lugar quero falar um pouco sobre a natureza da
oração, ou daquilo que a constitui, a partir de
seus diferentes pontos de vista. E, embora possa
haver muitos outros aspectos, penso que podemos
dizer que a oração possui cinco aspectos
principais: comunhão, submissão, petição,
cooperação e conflito. Oração é cada um deles, e
a oração, em sua plenitude, requer ou envolve
todos eles.
Oração como Comunhão
Primeiramente, oração é comunhão, é
companheirismo, é amor abrindo o coração a Deus,
e este é o fundamento de todas as formas
verdadeiras de oração. Podemos associá-la às
duas atividades principais do nosso corpo
humano. Quando falamos do corpo físico, falamos
de algo que é orgânico, e, então, do que é
funcional. Um problema orgânico é algo muito
sério, mas um problema funcional pode não ser
tão sério, e a oração, como comunhão, toma o
lugar daquilo que é orgânico em nosso corpo. Uma
parte de nossa constituição orgânica é o nosso
fôlego, que chamamos de respiração.
Agora, você nunca para a fim de pensar nisto!
Nunca questiona, dizendo: ‘Será que irei dar
outra respirada?’ 'Será que irei respirar?’ ou
'Quantas respiradas mais irei dar hoje?’ Você
pode fazer isto sobre uma refeição, pois isto é
algo funcional, mas jamais sobre a sua
respiração, pois é orgânico. Você pode discutir
se irá caminhar, ou falar, ou pensar, e pode
dizer a si mesmo que irá parar de pensar, ou
caminhar, ou falar. Isto é funcional. É
controlado e deliberado, mas você não faz isto
com a sua respiração. Ela continua. Mas, se a
sua respiração pudesse parar, o seu caminhar,
falar e pensar iria parar também, de modo que a
respiração é fundamental para o resto.
E a oração, como comunhão, é na vida espiritual
o mesmo que a respiração é na vida física. A
comunhão com Deus é algo sustentado, algo como a
respiração que prossegue, ou que deveria
prosseguir. Ela difere completamente das
atividades funcionais periódicas tais como a
alimentação. A respiração é completamente
involuntária; é algo não deliberado. Nós podemos
chamá-la de hábito, e um hábito é algo que
facilmente foge da consciência plena de alguém
que está viciado nele. Nós fazemos coisas
habitualmente sem estarmos conscientes no
momento em que as estamos fazendo. Quando um
hábito está plenamente formado, ele simplesmente
passa a fazer parte do nosso procedimento, e a
comunhão com Deus é isto – algo que prossegue.
Oração como comunhão é simplesmente isto: nós
estamos em contato com o Senhor e, de forma
espontânea e involuntária, abrimos o nosso
coração para Ele. Esta é a primeira coisa
fundamental em toda oração, e é algo na qual
precisamos prestar atenção. Embora nunca
discutamos se vamos respirar ou não, existe a
coisa semelhante a desenvolver uma respiração
correta, e neste sentido precisamos prestar
atenção em nossa respiração.
Penso que, de todas as pessoas que já conheci,
que tivesse exemplificado esta vida orgânica de
comunhão com Deus, o Dr. F. B. Meyer foi
notável. Não importava onde ele estivesse, ou
quais fossem as circunstâncias, ele parava de
repente, talvez ao estar ditando uma carta, ou
numa conversa, ou numa reunião de negócios, e
apenas dizia: ‘Pare um minuto!’ e orava. E este
era o seu hábito na vida. Ele parecia estar a
todo o momento em contato com o Senhor. Era como
a respiração para ele, e creio que isto
representou um dos segredos de sua vida
frutífera e do valor de seu julgamento nas
coisas do Senhor. Somente aqueles que tinham
contato íntimo com ele, especialmente nas
reuniões executivas difíceis, sabiam o valor
daquele julgamento espiritual que ele trazia
para suportar as situações, e parecia chegar a
ele simplesmente desta forma, como que do
Senhor.
Bem, isto é oração em sua base. É comunhão, é
companheirismo e abertura espontânea de coração
ao Senhor. Não é toda a variedade de oração, mas
é a vida vivida em suporte a todas as atividades
deliberadas, é vida em contato com o Senhor, e é
algo muito, muito valioso. Todas as demais
orações só são eficazes se tivermos esta. É
muito diferente daquele tipo de vida que apenas
ora devido a uma emergência, e as emergências
muito freqüentemente são mais críticas do que
precisariam ser porque precisamos encontrar o
nosso caminho de volta a Deus, ao invés de já
estarmos lá. Penso que muito freqüentemente o
Senhor permite que as emergências cheguem a nós,
a fim de restaurar a nossa comunhão com Ele,
comunhão esta que foi perdida, e, na mente do
Senhor, o fruto que fica de tal emergência é que
nós não possamos perder esta comunhão novamente.
Precisamos preservá-la.
Oração como Submissão
Então, em segundo lugar, oração é submissão, e
aqui precisamos estar conscientes da
possibilidade de uma contradição, em termos.
Oração é submissão. A inércia passiva, chamada
de confiança, não é oração. Temos ouvido pessoas
falarem sobre confiança, que para eles significa
apenas passividade e inação, porém, isto não é
oração. Submissão é sempre algo ativo, nunca
passivo. A submissão sempre envolve a vontade;
ela não descarta a vontade. Agora, preste muita
atenção nisto. Muitas pessoas pensam que apenas
se apoiar confiantemente no Senhor é submissão,
e suas palavras ao Senhor assumem suas
características a partir de tal estado, porém,
isto não é oração. Aquiescência cega às coisas
não é submissão. Submissão significa alinhar-se
ao propósito Divino. Isto pode significar
conflito, e irá, quase que invariavelmente,
significar ação, e irá trazer a vontade. A
oração, seja qual for o ponto de vista a que
você se referir a ela, é sempre positiva. Jamais
passiva. Confiança é uma outra coisa, e não
entra no campo da oração. A fé entra no campo da
oração, mas a fé é sempre algo ativo, nunca
passivo. A fé pode exigir uma batalha, e muito
freqüentemente exige, para se chegar a um lugar
de descanso, porém, o ‘descanso da fé’ não é o
que temos chamado de aquiescência cega. O
‘descanso da fé’ significa que o último estágio
de ajuste ao propósito Divino foi alcançado.
Submissão não é meramente a supressão do desejo,
mas o trazer o desejo alinhado à vontade de
Deus, e, se for necessário, mudar o desejo. O
desejo pode ser algo muito forte, uma poderosa
força propulsora, porém tal força precisa estar
totalmente sob controle, a fim de que possa se
ajustada na direção de outra força maior. Para
puxar um trem, uma tremenda quantidade de força
é exigida, porém, um trem moderno está tão
arranjado que uma poderosa força propulsora que
o leva adiante pode, num instante, ser
direcionada para os freios, a fim de pará-lo. Na
oração, onde a submissão está em vista, isto é o
que muito freqüentemente acontece. A força do
desejo tem que ser detida numa direção e ser
trazida para outra, talvez de nos impedir de
avançar, trazer-nos a uma parada na vontade de
Deus. Isto é submissão. Você sabe, submissão é
algo ativo, positivo.
Eu antecipo que haverá muitas questões em
relação a isso, mas é muito importante
reconhecer que a oração, em seu segundo aspecto,
é submissão, que é algo positivo. Não é apenas
se prostrar diante de Deus e dizer: ‘Bem, eu
creio que tudo irá sair bem. Eu apenas concordo
com as coisas do jeito que estão e as deixo com
o Senhor.’ Submissão é estar positivamente
alinhado à vontade de Deus, ao propósito de
Deus. Isto muito freqüentemente significa
profundo conflito, e, algumas vezes, pesar, mas
é necessário. Iremos falar sobre isto mais
adiante.
Oração como Petição
Em terceiro lugar, oração é petição,
solicitação, pedido. Tudo é a mesma coisa, seja
qual for a palavra que você preferir. Aqui nós
tocamos aquilo que é, talvez, o maior aspecto na
atividade da oração. Sem dúvida alguma, este
tipo de oração tem um espaço amplo na Escritura,
e define o significado da palavra ‘oração’.
Do ponto de vista escriturístico, a oração é
corretamente tomada como significando petição,
e, se você percorrer a Palavra de Deus, irá
descobrir que a oração representa petição numa
quantidade esmagadora. Talvez não precisemos de
muitos argumentos ao longo dessa linha para
provar ou persuadir que é desta forma, mas estou
muito convencido de que, antes de prosseguirmos,
iremos ver que uma nota de ênfase é necessária,
pois, afinal de contas, nossos maiores problemas
surgem na direção do pedir, no campo da petição.
Iremos continuar orando, naturalmente, e iremos
continuar pedindo, apesar de tudo. Acredito que
iremos, porém, é bom termos a base bem colocada
para a petição, reconhecermos claramente, e
estarmos totalmente certos de que há um objetivo
eficaz na oração. Eu não tenho dúvida de que
todos nós, em algum momento ou outro, temos
alcançado muito pouco com as nossas orações de
petições devido a um pouco de coisa mental que
entra e enfraquece a certeza. O que estou
falando é sobre a eficácia objetiva da oração,
isto é, oração que tem poder para mudar as
coisas objetivamente, e não meramente ter uma
influência sobre nós interiormente, a oração que
traz respostas exteriores a nós, petições,
pedidos estabelecidos contra todos falsos
argumentos, tais como: a onisciência Divina
torna a oração desnecessária; Deus conhece tudo;
sabe o que irá fazer, como irá fazer, e conhece
o fim de todas as coisas desde o início, assim,
para que orar? Ou, novamente: a bondade Divina
torna a oração supérflua. Deus é bom,
compassivo, misericordioso e longânimo. Ele
somente irá fazer o melhor, pois Ele é amor,
assim, a oração é supérflua. Por que pedir ao
Senhor para fazer o bem, para ser gracioso, para
mostrar benignidade e para fazer o melhor para
nós? Por que não confiar na bondade de Deus? A
oração é supérflua. Ou mais: a preordenação
Divina torna a oração inútil. Se Deus
estabeleceu as coisas eternamente, então é
inútil orar. Ou, seguindo esta linha da
soberania de Deus – o fato de Deus controlar e
governar, de estar no trono do governo e possuir
todas as coisas em Suas mãos e em Seu poder –
isto torna a oração em falta de fé. Por que
pedir, por que orar, quando todas as coisas
estão nas mãos de Deus e Ele está governando e
dirigindo tudo em Sua soberania? Mais ainda: a
vastidão da lei e do propósito de Deus torna a
oração presunçosa. É presunção pedir a Deus para
mudar as coisas quando Ele tem fixado todas as
coisas de acordo com as Suas leis eternas, e as
coisas estão se movendo conforme a ordem
estabelecida. É presunção esperar que o Senhor
saia de Sua ordem, ou pedir a Ele para assim
fazê-lo. (Ver capítulo 4).
Agora, você pode não ter colocado as coisas
dessa maneira, e essas questões podem nunca ter
surgido em sua mente desta forma, porém eu me
atrevo a sugerir que, tenham aquelas palavras
estado ou não em sua mente, tenha você colocado
ou não as coisas desta maneira, o que está
contido nelas têm, de tempos em tempos,
penetrado sutilmente em sua vida de oração, tem
afetado-a, tem tirado um pouco da sua força.
Quando você se coloca em oração, algo
indefinível tem entrado: 'Bem, o Senhor sabe o
que Ele irá fazer, então por que irei pedi-Lo? O
Senhor é bom e gracioso, assim, por que devo eu
pedir? O Senhor conhece o fim desde o princípio,
então, por que não deveria eu confiar nele? O
propósito do Senhor está estabelecido, então,
por que deveria eu começar a lutar com Ele para
mudar as coisas? Ele irá realizar o Seu
propósito, e a Sua mente está determinada,
então, quem pode mudá-la?’ A oração é afetada,
se não pela própria definição da linguagem
mental, por este senso de contradição que surge.
Todas essas coisas entram na mente, ou no
coração, e têm uma tendência de impedir ou
enfraquecer a oração, e nós temos que lidar com
elas mais plenamente na medida em que avançamos.
Precisamos reconhecer que o modernismo do nosso
tempo realmente põe de lado a eficácia objetiva
da oração, e apenas lhe dá um valor subjetivo,
isto é, sua influência salutar sobre aquele que
ora, fazendo uma troca de, talvez,
comportamento, mente, ou razão, por certas
qualidades de reverência e coisas semelhantes.
Antes de abordarmos algumas dessas coisas mais
plenamente, deixe-me dizer que há duas coisas
para sempre se ter em mente na oração peticional.
A primeira é a necessidade dos outros dois
aspectos, comunhão e submissão. Por oração
peticional, após tudo o que dissemos, creio eu,
e com o qual, afinal de contas, iremos
prosseguir, porém a necessidade básica é
comunhão com o Senhor de modo que a oração não
se reduz meramente a pedir coisas, mas é fruto
de um companheirismo sincero com Ele. E isto
requer submissão, de modo que as nossas petições
não são para os nossos próprios fins ou
interesses pessoais, mas, tendo sido trazidas
pela submissão em alinhamento à vontade de Deus,
estão baseadas na comunhão com a vontade de
Deus. Você irá ver que estou apenas colocando de
outra forma aquilo que está perfeitamente claro
na Palavra de Deus, a saber: ‘Se pedirdes alguma
coisa segundo a Sua vontade’. Isto é submissão.
Em seguida a outra coisa a se ter em mente na
oração peticional é que, à vista de todas as
dificuldades mentais que mencionei, torna-se
proeminentemente um ato de fé. São essas
dificuldades mentais que muito amplamente tornam
a oração peticional um ato de fé. Sim, decida se
você irá seguir ao longo dessas linhas, sobre a
soberania de Deus, e predestinação, e assim por
diante; contudo, cremos que Deus irá mudar as
coisas. Apesar de todos os argumentos que iriam
minar e enfraquecer a oração, iremos continuar
pedindo. Isto torna a oração peticional um ato
proeminentemente de fé. Você pode dizer que é
uma maneira muito barata de sair dela. Bem, nós
ainda não terminamos, mas esta é a conclusão a
que temos que chegar. Não queremos sair disto
facilmente.
Oração como Cooperação
Há ainda outros dois aspectos da oração, um dos
quais iremos tratar neste capítulo, e outro que
deixaremos para mais tarde.
O quarto aspecto é cooperação, e este é o
principal objetivo da oração. E fica por trás de
tudo mais e irá nos posicionar corretamente
quanto à oração em todos os seus aspectos.
Comunhão, submissão, petição e conflito são
todos ajustados quando reconhecemos que orar é
cooperação, pois todos esses outros aspectos e
fases da oração visam à cooperação. Cooperação é
o motivo, a verdade, a vida, a liberdade, o
poder e a glória da oração. O motivo da oração é
a cooperação com Deus. O que a oração é na
verdade é cooperação com Deus. Para termos vida
na oração precisamos reconhecer que ela é
cooperação com Deus, e obtemos vida quando a
oração entra em cooperação com Deus. Se não
estamos em cooperação com Deus, podemos estar
certos de que não temos vida na oração. Se
estivermos de fato cooperando com Deus,
saberemos que temos vida na oração.
A liberdade na oração vem ao longo da linha da
cooperação com Deus, e não será até que tenhamos
este ajuste, este estar alinhado ao propósito de
Deus, que nós ‘teremos êxito’, como dizemos.
Imediatamente ao nos alinharmos ao propósito de
Deus e ativamente cooperarmos com Ele, aí,
então, entramos em movimento e obtemos
liberdade.
De certa forma o poder da oração está
relacionado à cooperação com Deus. Cooperação
com Deus é poder na oração. Pense em Elias, e
outros, vindo em cooperação com Deus e da
eficácia resultante de suas orações. O que é
realizado!
E, então, a glória da oração. A oração se torna
algo glorioso quando é inteligente e
espiritualmente uma questão de cooperação com
Deus. Cooperação elimina o egoísmo e tudo o que
é meramente particular. Este é um de seus
principais valores, pois significa que a oração
deve nos trazer para o propósito Divino, para o
método Divino, para o tempo Divino, e para a
disposição de Deus. Todas essas coisas são
importantes – não apenas conhecer o plano, mas o
método de Deus para cumprir o Seu plano; não
apenas conhecer o plano e o método, mas entrar
no tempo de Deus; e, então, não apenas estar
neste lado executivo, mas estar num espírito
correto quando o tempo chegar, fazer a coisa no
Espírito, do modo do Senhor. Tudo isso é
cooperação. Podemos estar na coisa certa, no
modo correto, no tempo correto, e, contudo, não
estarmos ajudando o Senhor porque estamos numa
disposição errada, não na disposição(espírito)
do Senhor. Oração em cooperação com Deus é para
fazer um ajuste em todas essas questões.
Há três fatores que são essenciais à oração. Em
primeiro lugar, desejo; em segundo, fé; e em
terceiro, vontade. Acabei de fazer esta
declaração e a deixo como está.
Então, quando colocamos juntas a comunhão, a
submissão e a petição, temos cooperação. Quando
essas coisas seguem juntas e estão ajustadas
umas às outras, alinhadas umas às outras e à
vontade de Deus, então você tem cooperação.
Talvez, ao encerrarmos esta fase de coisas,
precisemos lembrar a nós mesmos de que muito
freqüentemente o Senhor nos chama para um
exercício inicial de nossa parte antes que Ele
venha para o nosso lado. Ele, muito
freqüentemente, requer de nós uma iniciativa na
questão do desejo, da fé e da volição. É como a
gota de água que tem que ser colocada na velha
bomba para produzir o fluxo de água, e você não
recebe o fluxo até que dê algo a bomba. E o
Senhor apenas pede isto de nossa parte o que
pode ser, em comparação, muito pouco, mas que
possibilita a Ele aparecer em Sua plenitude.
Muito freqüentemente a oração em seu início
representa exercício de vontade e de fé da nossa
parte, e, então, o Senhor responde a isso. Pode
ser que o Senhor não responda até que Ele veja o
desejo colocado em ação deliberada de fé para se
chegar a Ele. Muito freqüentemente há uma grande
quantidade de desencorajamento envolvido no
início da oração, e o perigo é que podemos
desistir muito cedo por parecer que não estamos
chegando a lugar algum. O Senhor está apenas
pedindo aquela gota de água a fim de começar a
fluir!
Até agora mencionamos apenas quatro aspectos da
oração, e mencionamos algumas dificuldades que
surgem em relação a elas, porém não esclarecemos
essas dificuldades. Vamos dar dois capítulos
inteiros ao quinto aspecto da oração, e, então,
continuaremos a tratar grandemente das
dificuldades visando buscar respostas a elas.
Essas dificuldades, contudo, estão realmente
somente no campo da mente, e, embora possam,
algumas vezes, atravessarem-se no caminho da fé,
a fé irá triunfar sobre elas, e irá deixar para
trás uma história de coisas poderosas, apesar
deles.
Capítulo 2 – Oração de Guerra
Ler: Neemias 4:9,17,20. Efésios 6:18.
A vida cristã muito freqüentemente tem sido
comparada a uma guerra, e o apelo tem sido feito
para se entrar e aderir às fileiras e entrar na
batalha do Senhor’. Mas há uma irregularidade a
respeito de tal apelo, porque, embora seja
verdade que exista tal batalha e tal companhia
militante, a real consciência dessa luta, dessa
batalha, não existe até que sejamos salvos e
estejamos ‘do lado do Senhor’. Quem não é
convertido não sabe nada sobre esta batalha.
Para eles ela é algo meramente relatado, algo
que se fala a respeito, algo objetivo – que está
fora deles, algo sobre o qual eles possuem
idéias completamente erradas. Não é até que
estejamos realmente em Cristo que passamos tanto
a conhecer a realidade da batalha como entender
a sua real natureza.
Mas não é somente com a guerra da vida cristã no
sentido geral e comum que estamos interessados
aqui neste momento. É com aquela guerra que está
especialmente ligada e relacionada ao pleno
testemunho do Senhor Jesus. A concepção geral da
guerra cristã é aquela que tem a ver com os
males, os erros, os vícios e as coisas neste
mundo, e com as condições humanas que deveriam
ser de outra maneira, e é aí que a concepção
equivocada de homens e mulheres inconvertidos é
encontrada. Eles pensam que entrar para o
exército cristão significa sair em batalha
contra as maldades, os erros, e os vícios que
abundam neste mundo. Mas quando você realmente
entra em contato com o pleno testemunho do
Senhor Jesus, logo desenvolve uma outra
consciência: aquela de que não é meramente
contra maldades, erros, e pecados que você tem
lutado, mas contra forças espirituais – forças
inteligentes, astutas, venenosas e maliciosas –
que estão por trás de tudo mais. É nesta guerra
que estamos interessados agora, aquela que está
relacionada ao pleno testemunho do Senhor Jesus,
ao Seu absoluto e perfeito senhorio neste
universo, e esta guerra não é contra coisas, mas
contra entidades espirituais chefiadas por um
grande personagem espiritual, o maligno.
Conflito Espiritual Implica uma Posição
Espiritual
Esta guerra está relacionada a uma posição. É
uma consciência que somente chega a nós em um
determinado campo. Você pode ser um cristão, e
como cristão pode perceber que há adversidades,
dificuldades, oposições e coisas que tornam a
vida cristã difícil e cheia de conflito,
desafiando todos os aspectos combativos da vida,
e, contudo, você pode ainda não ter entrado nas
últimas coisas do testemunho do Senhor Jesus e
no campo final da batalha dos santos. Mas, se
você, como crente, chegar à revelação da
plenitude de Cristo em Seu senhorio pessoal, à
grandeza da obra de Sua cruz em cada área, e à
luz da Igreja que é o Seu Corpo, então você
entra imediatamente em um novo campo de
conflito, a batalha muda a sua característica, e
você começa a desenvolver uma consciência, ou
uma nova consciência começa a crescer em você,
de que você está contra algo muito mais
sinistro, muito mais inteligentemente maligno do
que aqueles males que abundam no mundo. Você
fica cada vez mais consciente de que é
diretamente contra o maligno e suas forças que
você está lidando.
Mas esta consciência está ligada a uma posição
específica, e a experiência dos crentes é que
quanto mais eles avançam com o Senhor (o que
significa transcender do terreno para o
celestial, cada vez mais para longe da velha
criação para a nova vida criada, da carne para o
espírito) mais intimamente eles entram em
contato com as últimas forças espirituais do
universo, e o conflito assume novas formas e a
guerra assume uma nova característica. É uma
guerra associada a uma posição específica a que
o cristão chega, e à consciência que entra
somente num certo campo. É, em ampla medida, uma
guerra espiritual, e, sendo assim, ela pressupõe
um estado espiritual da parte do cristão.
Para colocar isto de outra maneira: quanto mais
espirituais nos tornamos, mais espiritual se
torna a guerra; e mais espiritual a guerra passa
a ser em nossa consciência, de modo que
poderemos perceber que temos nos tornado mais
espirituais. Quando somos carnais nossa guerra é
carnal, e eu me refiro a crentes, e não a
descrentes. O infiel não é chamado de carnal.
Ele é natural. Quando somos crentes carnais,
nossa guerra e nossas armas são carnais. Isto é,
enfrentamos os homens em seus próprios níveis e
respondemos as provocações deles com aquilo que
eles nos provocam. Se eles vêm com argumento,
nós respondemos com argumento; se eles vêm com a
razão, nós os enfrentamos com a razão; se eles
vêm com a força do temperamento, nós reagimos a
eles no calor da carne; e se eles vêm a nós com
críticas, bem, nós damos a eles aquilo que eles
dão a nós, enfrentando-os sempre em seus
próprios níveis.
Isto é guerra carnal, é usar armas carnais.
Quando cessamos de ser carnais e deixamos todo o
terreno carnal, tornando-nos completamente
espirituais, encontramos a nós mesmos num novo
terreno que está por detrás dos homens, lidando
diretamente com forças espirituais e não
meramente com forças carnais. Entramos em
contato com algo que está por trás do homem
carnal, e o homem carnal é completamente
impotente na presença de um homem espiritual
pela simples razão de ele não conseguir fazer
com que o homem espiritual desça para o seu
nível. Por isso ele fica desarmado e, mais cedo
ou mais tarde, terá que reconhecer que o homem
espiritual é seu superior. Mas a superioridade
não é apenas que o homem espiritual está em um
novo nível. É que ele não está enfrentando o
homem natural, mas as forças por detrás dele.
Agora é guerra espiritual. Cessamos de lutar
após a carne; cessamos de lutar contra o homem;
cessamos de batalhar contra a carne; nossa
guerra se dá num outro terreno. Isto representa
avanço espiritual, crescimento espiritual, e
representa espiritualidade. E quando nós
entramos na guerra espiritual, um novo estado é
pressuposto. Nesse terreno os recursos naturais
do homem são completamente inúteis. São
descartados porque para esta guerra somente
equipamento espiritual é admitido e eficaz. A
guerra, então, é com armas espirituais, recursos
espirituais. Assim Efésios 6 nos vê nos lugares
celestiais, lutando, não contra carne e sangue,
mas com os principados e potestades, porém
estamos equipados com a armadura espiritual, a
armadura de Deus.
A Vida de Oração – O Alvo do Inimigo
Isso tudo é preliminar. Aquilo a que estamos
chegando imediatamente como a coisa de
importância básica para nós, haja vista a
natureza da nossa guerra, é que o campo desta
batalha é a oração. Quando o Apóstolo Paulo nos
mostrou a completa armadura de Deus, em todas as
suas partes, e nos exortou a nos revestirmos
dela e a resistirmos, ele estende o terreno sob
os nossos pés e diz: “com toda oração e súplica
no Espírito, vigiando nisto com toda a
perseverança por todos os santos”. O campo de
batalha dessa luta é a oração. O que quero dizer
é o seguinte: que esta batalha é vencida no
terreno da oração, essas forças são enfrentadas
e derrotadas no campo da oração, e, sendo assim,
o principal objetivo do inimigo é a vida de
oração do cristão. Este é o ponto focal de toda
a atenção e estratégia do inimigo.
Agora, se não disséssemos mais nada, além disso,
esta é a coisa suprema para nossa compreensão e
reconhecimento. Dissemos a coisa mais importante
que podia ser dito nesse sentido. O ponto focal
de toda a atenção e estratégia do inimigo é a
vida de oração do cristão. Se ele puder destruir
isto de alguma maneira, ele ganhou o dia,
derrotou os santos e frustrou os propósitos de
Deus. O inimigo combate a oração persistente,
enérgica, violenta e astutamente, e ele combate
a vida de oração do cristão. Ele combate de
várias formas. Primeiro ele combate ao longo de
linhas preventivas, na direção da prevenção, e
tem que haver uma tremenda batalha e conflito
para começar a orar - não apenas orar, mas ter a
oração, começar a oração – e não há nada em toda
gama de sua perspicácia, de sua astúcia, de sua
artimanha, e de sua desenvoltura que o inimigo
não irá explorar para impedir a verdadeira
oração espiritual. Penso que provavelmente será
suficiente para nós se nos concentrarmos sobre
isso agora mesmo.
A Batalha da Oração
Estou muito certo de que tenho a concordância da
maioria do povo do Senhor quando digo que uma
das coisas mais difíceis, se não a mais difícil,
é ser capaz de chegar à oração, de nos dar à
oração. Quando contemplamos a oração,
encontramos uma hoste de dificuldades
inesperadas e imprevistas que de repente surgem
como forças de tocaia que se lançam sobre nós.
Tudo para impedir a oração! Não estou dizendo
algo que você não sabe, mas estou dizendo isto a
fim de que você o reconheça clara, definitiva e
deliberadamente, e enfrente o fato de que não
são apenas circunstâncias ordinárias, mas um
esquema intencional, bem colocado do inimigo
para impedir a oração. O inimigo, ao invés de se
opor, irá promover ocupação com mil e uma coisas
para o Senhor se por meio disso ele puder
impedir a oração. Ele não se importa com o quão
ocupados estejamos na obra do Senhor, nem com o
quão freqüentemente estejamos pregando,
conduzindo reuniões, e fazendo a obra do Senhor,
como podemos chamá-la. Ele sabe muito bem que
toda a obra para o Senhor que não é fundada na
oração espiritual triunfante irá valer muito
pouco, ou nada, na longa carreira e irá
sucumbir. Digo que ele não se importa com a sua
obra. Trabalhe para o Senhor tão duro quanto
possa, mas, se você deixar a oração, não irá ter
muito êxito. Uma das sutilezas do inimigo é nos
fazer ficar ocupados, tão ocupados, tão em
movimento e sobrecarregados com – como pensamos
– as coisas do Senhor e com a obra do Senhor que
nossa oração fica reduzida e limitada, se não
quase que inteiramente descartada; e o Senhor
jamais irá aceitar a desculpa: ‘Senhor, estou
muito envolvido em Teus negócios para orar’. O
Senhor jamais aceita uma atitude como essa’.
Você irá se lembrar que, quando os filhos de
Israel começaram a falar sobre seu êxodo do
Egito, e a contemplá-lo, a reação do inimigo foi
dobrar o serviço deles, isto é, fazê-los ficar
tão ocupados com o serviço que não haveria mais
tempo algum para contemplar um êxodo.
Imediatamente ao você começar a contemplar ou a
se propor a uma vida de oração mais plena, o
inimigo lança um novo esquema para mantê-lo mais
ocupado, acumulando o serviço e as demandas de
modo que você não tenha tempo ou oportunidade
para orar.
Penso que devemos enfrentar isto muito
decisivamente. Naturalmente há muitos argumentos
sobre o dever, a obrigação e a responsabilidade,
e isto às vezes parece como que, colocar algumas
coisas de lado para orar seria negligenciar o
dever, ou faltar com a obrigação, ou com a
responsabilidade, mas há um momento em que
devemos lançar essas questões sobre o Senhor, e
orar.
Agora, evidentemente, é muito difícil aplicar
isso. Há sempre riscos em dizer algo como isto,
porque sempre há pessoas que estão mais do que
prontas para abandonar as suas
responsabilidades, ou que não gostam de assumir
responsabilidades seriamente. Elas simplesmente
estariam prontas e felizes para transferir suas
tarefas domésticas para outra pessoa enquanto
cultivassem uma vida devocional. O Senhor
precisa salvaguardar esta palavra. Mas nós temos
que reconhecer o seguinte: que o inimigo irá
construir os seus melhores argumentos sobre
responsabilidade, sobre o dever para nos impedir
de orar, e há um momento em que, se virmos que a
oração está completamente descartada, ou
reduzida a ponto que seja completamente
inadequada para uma vida espiritual ascendente e
de vitória, temos que dizer: ‘Senhor, vou
entregar a responsabilidade a Ti enquanto oro,
confio que o Senhor não irá permitir que a minha
interrupção por este momento tenha resultados
danosos, e que o Senhor irá guardar esta hora de
oração – em que busco por Tua glória - da
invasão do inimigo’.
O princípio do dízimo realmente funciona, até
mesmo neste terreno. Dê a Deus a Sua porção, o
Seu espaço, e você irá descobrir que quando você
tiver dado ao Senhor o Seu décimo, você será
capaz de fazer mais com os nove décimos do que
poderia fazer com os dez. Este princípio
funciona. Mas há uma batalha para orar, e a
necessidade é de um forte, poderoso, deliberado
e determinado permanecer em Cristo, pela vitória
de Sua Cruz, para começar a orar, trazer o valor
pleno da vitória da cruz do Senhor Jesus para
garantir a oração e remover o inimigo do terreno
da oração, de modo que esteja guardado para a
oração. É como Samá, quando ficou no terreno
cheio de lentinhas com a espada em suas mãos e,
sozinho, lutou contra os Filisteus e salvou
aquele terreno de lentilhas, e o Senhor operou
um grande livramento. O terreno de lentilhas
pode representar o nosso terreno de oração, que
precisa ser defendido contra o inimigo na
plenitude da vitória do Calvário. Há uma luta
para orar. Temos, temo eu, muito freqüentemente
aceitado a situação de que não é possível orar
agora mesmo, ou que as coisas são tais que torna
quase que fora de questão orar. Sim, elas serão,
se o Diabo tiver o seu espaço; elas serão sempre
tais de modo a tornar a oração fora de questão.
Esta é uma de suas táticas. Temos que limpar o
terreno para a oração na vitória do Seu nome e
da Sua Cruz. A Cruz é tão eficaz em guardar o
momento da oração, se nós a aplicarmos, como é
em qualquer outra área.
Porém, temos que conduzir a oração no terreno da
vitória. Temos que assumir esta atitude, e
iremos achar mais e mais necessário assim fazer:
'Agora preciso orar. Tudo torna a oração
impossível no lado humano, mas, Senhor, suplico
na vitória do Calvário por um tempo de oração,
um espaço livre para oração’. Temos que
permanecer nesta vitória, o que pode significar
ter que perseverar antes de chegarmos lá. Não
são apenas as muitas coisas que podem nos
pressionar ao longo da linha das circunstâncias
e acontecimentos externos, para não deixar
nenhum espaço para a oração. Quão verdadeiro é
que, quando realmente caímos de joelhos a oração
é resistida! Pode não ser nada exterior. Pode
não ter campainha ou telefone tocando, nem
alguma pessoa chamando. Podemos estar confinados
no silêncio do nosso próprio quarto e estarmos
de joelhos, e, então, uma poderosa atividade
perturbadora começa. Pode não ser física.
Podemos subitamente desenvolver uma consciência
física que não estava ali momentos antes, e isto
irá ameaçar todo o nosso momento de oração, de
modo que descobrimos que fisicamente temos que
levantar um tremendo fardo, um fardo opressivo.
Podemos até desenvolver sintomas de doenças das
quais não tínhamos consciências antes. São
fatos. E, então, condições mentais podem
aparecer, as quais simplesmente não existiam
antes. Oh, imediatamente, uma invasão de mil e
uma coisas que não nos incomodavam até aquele
momento! A mente fica ocupada com reflexão e com
coisas que não nos incomodavam até então. E o
que dizer sobre aquele senso de dormência, de
frieza, de distância e irrealidade que desce
sobre você em alguns momentos? Se você orar
audivelmente, sua voz parece estranha e
distante, e você parece estar falando ao vento.
Todas essas coisas, e muitas outras, sobrevêm
quando nos propomos a orar. Elas surgem bem no
início, e por um momento nós enfrentamos todo
tipo de desencorajamento e restrição para orar,
e, se tomarmos os primeiros cinco, dez ou quinze
minutos como nosso critério, iremos desistir,
iremos parar e continuar com outra coisa.
Sim, o inimigo está pronto para impedir a
oração, e há uma fase da batalha que tem que ser
vencida a fim de se conseguir orar. Novamente
digo, isto não é nada novo para você – a menos,
naturalmente, que você nunca tenha tido uma vida
de oração, ou seja alguém que nunca assumiu
seriamente o negócio da oração. Mas não estou
falando tudo isto para informá-lo. Estou falando
isto para você e para mim mesmo, a fim de que
possamos reconhecer que isto é uma coisa que nos
chama para a batalha. Entrar na oração é a
batalha dos santos, e não apenas vencer na
oração. Há este aspecto da atividade do inimigo
que é o de impedir a oração, e conseguir isto é
uma batalha. Tem que haver um permanecer firme,
um assumir de posição, um resistir em oração em
favor da oração.
Espero que a menção de tudo isto, que é tão real
às suas experiências, venha a ter, contudo, o
efeito desejado de fazê-lo reconhecer que no
futuro a sua vida de oração não irá se
desenvolver se o inimigo puder impedi-la, e se
você for tê-la, e se ela for se desenvolver,
então você terá que agüentar firme. A coisa não
irá simplesmente vir. Você não irá achar que
simplesmente se lança nela. Você jamais irá
achar que é levado por uma poderosa vida de
oração, ou que você caminha com facilidade em
tal coisa. Você irá descobrir que há conflito e
batalha para consegui-la, que todo tipo de
coisas será utilizado pelo inimigo para
impedi-la, e tudo o que ele tem ao seu comando
de sobrenatural será usado. Você e eu, caro
amigo, temos que lutar pela nossa vida de
oração, e, quanto mais avançarmos com o Senhor
espiritualmente, mais descobriremos que a coisa
é dessa maneira. Não é que o inimigo esteja
pronto para nos impedir de ter uma vida pessoal
de oração. Não é contra isto que ele se opõe. É
o testemunho do Senhor Jesus que está muito
intimamente ligado à vida de oração do povo do
Senhor que ele procura destruir. Você e eu, como
indivíduos, como seres humanos, não significamos
nada para o inimigo. É aquilo que está associado
a nós, e aquilo com que estamos associados em
Cristo – Seu senhorio e Sua glória.
O que Está Envolvido na Oração
Agora, não ocorre a você, ou até mesmo não lhe
atinge com força considerável, que esta
resistência à vida de oração por parte do
inimigo implica, ou mais do que isto,
positivamente declara e proclama que a glória e
a honra do Senhor, Seu nome e Seu testemunho são
proeminentemente assegurados pela oração? Se
este é o ponto focal da atividade do inimigo,
então significa que os interesses mais elevados
do Senhor são servidos pela oração. Isto coloca
a oração em primeiro lugar. Isto, novamente, não
é novidade para você, mas sim uma ênfase a mais
sobre o fato de que o inimigo está sempre
tentando colocar a oração em último lugar. Ele
irá tentar apresentar qualquer outra coisa em
relação ao Senhor antes da oração, e colocar a
oração em último lugar. E não importa como você
coloca a questão, ou o que você diga para o povo
de Deus sobre isto, você não pode obter isto em
casa para eles. 'Oh, é apenas uma reunião de
oração esta noite!’ No domingo à noite, quando
há o ministério da Palavra e a pregação, você
terá uma presença maciça, mas na reunião noturna
de oração você vai para corredor lateral que
estará, talvez, com pouco mais da metade da
capacidade. E isto embora no domingo à noite
você tenha dito que o nosso principal ministério
é a oração e que tudo mais desaparece se a nossa
vida de oração fracassar! Você pode falar tudo o
que quiser ao longo desta linha, enfatizar e
acentuar isto, porém, isto não faz qualquer
diferença. Devo confessar que fico muitas vezes
perplexo com o fato de que muitas pessoas
realmente espirituais – e dou-lhes crédito por
serem – se espremam em reuniões de pregações e
conferências, mas sejam raramente vistas numa
reunião de oração e deixem tão poucos fazerem-na
na vida da oração coorporativa da assembléia.
Sim, é bem assim, como se ouvir uma pregação
fosse a coisa principal, e como se obter ensino
bíblico fosse mais do que tudo. Não, caro amigo!
Não absolutamente! Tudo isso pode se tornar
vital, vivo e eficaz desde que nossa vida de
oração, individualmente e coorporativamente,
seja mantida forte e em primeiro lugar. Assim,
suporte tudo o que possa ser de correção na
palavra, pois é verdade, não é? Oh, todos nós
temos sido culpados. Todos nós temos que dizer a
nós mesmos: 'Você é a pessoa!' Precisamos
realmente ter a mesma estimativa do Senhor sobre
o valor da oração, e, se você percorrer através
da Palavra, irá descobrir que Ele estima a
oração em valor maior do que qualquer outra
coisa em Seu povo. Olhe para a própria vida
Dele! Oh, espantoso que Ele na qualidade de
Filho de Deus, em tudo o que Ele era, pudesse
ainda manter tal vida de oração! "De manhã bem
cedo, quando ainda estava escuro," ou "continuou
durante toda a noite." Sim, Ele orava!
E tem ocorrido a você que algumas das revelações
mais gloriosas da verdade que temos na Bíblia
vieram em orações? Leia aquelas orações de Paulo
em Efésios e Colossenses! "Por esta causa eu me
ponho de joelhos diante do Pai…", e daí ele
prossegue dando-nos a sua oração, e nesta oração
você tem uma revelação que é incomparável. Veio
em oração, de modo que o ensino que você tem
está baseado na vida de oração de um homem. Sua
luz, em seu verdadeiro valor, vem da oração, e
não há nenhuma luz de real valor que não seja
nascida de oração. Todo o valor da verdade
depende da oração que está por trás dela, de
modo que nossas conferências, nossas reuniões,
nossas palestras, e toda a verdade que vem
apenas permanecem algo muito negativo se não
houver uma vida de oração proporcional da nossa
parte em relação a ela. Temos que orar antes e
orar depois, e sinto que após uma conferência a
coisa a fazer é começar a orar mais do que nunca
no terreno do que foi dito, e apresentar tudo ao
Senhor. Se fizéssemos isto, quanto mais fruto
haveria a partir de nossas conferências! Ao
invés de ter a verdade em nossos cadernos,
deveríamos tê-la em nossas vidas. Ao invés de
tanta verdade com a qual estamos agora
familiarizados, estaríamos entrando no poder
operante dessa verdade, se nos voltássemos ao
Senhor em oração. Ninguém está mais consciente
desta necessidade, de ter as coisas ditas a Ele
nesta questão, do que eu neste momento, mas nós
estamos falando juntos dessas coisas e creio que
todos nós estamos guardando-as no coração. Oh,
para o dia quando, não por causa de números
(pois não é uma questão de contra as cabeças),
mas por causa do reconhecimento do lugar
proeminente da oração, a reunião de oração ficar
tão lotada como qualquer conferência! Apenas é
necessária a compreensão do valor que Deus dá a
oração, e nós iremos nos referir a ela como
sendo pelo menos tão importante quanto qualquer
conferência. Que o Senhor queime isto em nossos
corações, pois esta é a obra proeminente – a
oração.
Não é muito o que foi dito, mas é muito
importante, e vamos nos lembrar da palavra em
relação a determinação do inimigo para impedir a
oração. Vamos prosseguir para mostrar a você
que, se o inimigo não puder impedi-la, ele irá
tentar interrompê-la; e, se ele não puder
interrompê-la, ele tentará destruí-la
posteriormente. Há outros aspectos, mas vimos,
talvez, o suficiente para nos colocar em alguma
posição muito definida em relação a nossa vida
de oração em assumi-la em nome do Senhor.
Capítulo 3 – Oração como Batalha
Ler: 1 Reis 18:30-32, 36-38, 42-45. Tiago
5:17-18. Efésios 6:18.
Observamos que aquilo que é verdadeiro sobre a
atividade do inimigo ao longo da linha da
prevenção da oração é, também, verdade ao longo
da linha de sua interrupção. Eu não apenas quero
dizer que enquanto você estiver orando você terá
interrupções, mas que o inimigo tem uma maneira
sutil de interferir na continuidade da vida de
oração. Você triunfalmente pode garantir
períodos de oração por talvez uma semana, ou
mais, e, então, algo é introduzido que
interrompe aquela continuidade, a ponto de você
perdê-la, e você descobre que, após um período
de tempo, uma batalha tremenda tem que ser
travada para se recuperar aquela vida de oração.
Para muitos de nós a nossa história é aquela de
uma vida irregular de oração, cheia de remendos,
uma história repleta da necessidade de
ocasionalmente recuperar o terreno perdido após
um revés – a interrupção do inimigo. Assim temos
que prestar atenção aí, e vigiar especialmente
contra reações a períodos de oração intensa,
afrouxando e sentindo que agora, após aquele
tempo ardoroso, podemos tomar um feriado
espiritual. Há sempre um perigo muito grande aí,
como provou Davi. Num tempo quando os reis saíam
para guerrear, ele subiu ao terraço. Então,
aquilo que o inimigo não pode prevenir ou
interromper, ele finalmente irá destruir. Isto
é, ele irá direcionar sua atenção para arruinar
a vida de oração. Nós podemos ter tempos fortes,
ou uma série de tempos fortes, mas, se o inimigo
não puder atacar diretamente a nossa vida de
oração, estará sempre pronto a arruiná-la por
outro ângulo que não pareça estar imediatamente
relacionado a ela, mas que indiretamente somos
mutilados. Nossa vida de oração pode ser muito
forte, boa e consistente, porém, algo acontece
em algum outro departamento de nossa vida,
talvez num relacionamento em alguma outra parte,
e, quando vamos orar, descobrimos que a coisa
representa um golpe direto em nossa vida de
oração, e não conseguimos prosseguir até que
aquilo seja tratado.
Precisamos reconhecer que todas essas coisas são
apenas esforços do inimigo, é um esquema
altamente organizado para destruir, seja direta
ou indiretamente, a nossa vida de oração, ou
para interferir nela. Assim, descobriremos que a
nossa vida de oração é o ponto focal de tudo.
É quando realmente chegamos para orar, ao real
negócio da oração, que descobrimos onde estamos
exatamente em todos os relacionamentos da nossa
vida. A iniqüidade que acolhemos em nossos
corações pode não ter nada a ver diretamente com
a nossa vida de oração, porém ela vem
indiretamente como um golpe terrível sobre nós.
Coisas que podem ser menos importantes podem
vencer a nossa vida de oração. O inimigo está
sempre colocando essas coisas ao nosso redor
para destruir a nossa vida de oração. Percebemos
o estado das coisas quando chegamos para orar.
Podemos não reconhecer no momento o que
determinada coisa significa, seja lá o que possa
ser. Pode ser um relacionamento interrompido, um
relacionamento hostil, um propósito alheio, ou
uma brecha em algum lugar, e podemos não
reconhecer exatamente o que aquilo significa até
que chegamos para assumir a nossa forte vida de
oração. Então descobrimos que aquela coisa
afetou a parte vital da oração e não podemos
prosseguir. A coisa está lá, e assim somos
roubados; e, então, descobrimos que tem havido
uma obra sutil na circunferência da nossa vida
que golpeia o próprio centro. O inimigo iria
destruir a nossa vida de oração, iria, por assim
dizer, jogar coisas nela a partir do exterior
para torná-la impossível. Penso que você é capaz
de entender aquilo que quero dizer, pois a
experiência confirma isto.
A Universalidade da Oração
Agora vamos nos estender um pouco mais neste
conflito espiritual. Essas passagens que lemos
nos mostram uma posição muito abrangente. Em 1
Reis 18 a história da batalha de Elias no monte
Carmelo é, sem dúvida alguma, uma ilustração do
Velho Testamento da verdade do Novo Testamento,
especialmente de Efésios 6. Essas duas coisas
caminham juntas como tipo e antítipo, como parte
e contraparte, e o que é comum a ambos é que a
esfera do conflito são os lugares celestiais. O
que Tiago diz conduz toda esta questão para os
céus: o abrir e fechar dos céus, o governo dos
céus. Os céus são o principal objetivo em vista
aqui, e este conflito se relaciona com o céu e
com os lugares celestiais: “Nossa luta está
..nos lugares celestiais.” O conflito de Elias
era de um modo muito real um conflito nos céus
onde as forças celestiais estavam envolvidas.
Isto, penso eu, é patente, e isto é um aspecto
comum nessas duas porções da Palavra.
Este particular conflito espiritual no qual você
e eu somos encontrados quando chegamos ao pleno
propósito e testemunho de Deus em Cristo está,
em sua última análise, relacionada ao governo
dos céus. Quem irá governar os céus? Há os
principados, as potestades, os dominadores deste
mundo tenebroso e as hostes espirituais da
maldade que têm assumido o lugar de governo.
Eles estão num lugar que foi usurpado, pois este
não é o propósito eterno de Deus, nem é Sua
vontade. Cristo é o Cabeça, e Sua Igreja com
Seus membros são, no propósito de Deus, chamados
para governar nos céus, para governar a partir
dos céus. É uma questão de saber o que são os
céus nesta questão, se eles são para ser
satânicos, ou para ser a expressão do absoluto
senhorio do Senhor Jesus na Igreja e por meio
dela, que é o Seu Corpo. São os lugares
celestiais, as realidades governantes, que estão
envolvidas, e é lá que se dá o nosso conflito.
Esta é a esfera desta batalha, e nossa vida de
oração tem a ver com isto. Não tem a ver
meramente com os incidentes de nossas vidas aqui
na terra. Oh, que o povo de Deus possa
reconhecer a imensidão disso, pois muito
freqüentemente a generalidade de nossa oração
está no campo de coisas meramente triviais, e
uma grande parte do tempo é tomada para se dizer
ao Senhor tudo sobre essas pequenas coisas de
nossa vida ordinária e terrena que, embora
possam ser importantes para nós, e possam ter
valor em nossa vida terrena, não tocam as coisas
mais importantes no propósito de Deus.
Há uma grande diferença entre orar pelas coisas
de baixo e orar contra as forças imensas do
universo, alcançando as coisas celestiais. O
povo do Senhor precisa ser levantado em oração
para onde o poderoso, celestial, eterno e
universal são afetados, tocados e obtidos. Há
uma grande necessidade de sermos levados à nossa
posição celestial em questão de oração, onde as
questões realmente espirituais que estão por
trás das outras sejam tocadas. Geralmente o
Senhor não permite que nossas orações sejam
eficazes em detalhes meramente terrenos de
nossas vidas porque Ele quer que enxerguemos que
há algo por trás dessas coisas que importam
muito mais. Você algumas vezes ora para que algo
aconteça, que uma mudança aconteça, ou que um
evento cesse, porém nada acontece. O Senhor
busca – após você ter se lançado tão plenamente
quanto possa sobre a questão – mostrar-lhe que
há uma chave espiritual para aquela situação, e
Ele não pode simplesmente fazer a coisa terrena
para você, pois aquilo não seria de modo algum
para o seu aumento espiritual de inteligência,
compreensão, conhecimento ou valor, e estaria
simplesmente fazendo coisas porque você pediu a
Ele. Ele está tentando lhe instruir e lhe
ensinar, para que você entre na possessão de
situações espirituais.
Bem, são os lugares celestiais que são a esfera
deste conflito.
A Igreja – a Ocasião do Conflito
Qual é a ocasião do conflito? Para que é o
conflito? Bem, a partir do contexto em ambas as
passagens, 1 Reis 18 e Efésios 6, você vê que a
ocasião do conflito é a Igreja. A Igreja é o
objeto imediato em vista. Em 1 Reis 18,
naturalmente, é o povo de Deus, e a questão da
oração de Elias é que os seus corações pudessem
voltar atrás. O povo do Senhor está em vista e a
sua oração é em favor deste povo, assim ele traz
todos eles para perto e os envolve nesta
questão, e os associa a isto, porque este é o
assunto deles. Sabemos que a coisa que está em
vista na carta aos Efésios é a Igreja que é o
Seu Corpo, e esta é a ocasião do conflito. É uma
batalha nos lugares celestiais em relação a
Igreja, o Corpo de Cristo.
Há duas coisas a serem ditas a respeito disso.
Primeiro, que não é meramente uma questão
pessoal, mas uma questão coletiva, coorporativa.
Este conflito diz respeito ao Corpo de Cristo, e
o conflito de cada indivíduo é um conflito
relacionado ao restante dos santos, de modo que
há aquela relatividade espiritual que significa
que, se um membro sofre, o Corpo como um todo
também sofre espiritualmente. Ele pode não saber
por que, nem estar consciente de seu sofrimento
particular, mas, em relação à Cabeça, há uma
perda a todo o Corpo quando um membro é vencido.
O conflito está relacionado; e assim, o inimigo
procura isolar os membros do Corpo e trazer tal
pressão sobre eles, a fim de esmagá-los, pois
ele sabe que não é apenas o valor de um membro
isolado, mas a relatividade de cada membro. É
por isso que há tanta ênfase espiritual por
parte da inteligência do Espírito Santo sobre a
necessidade de se orar por todos os santos, pela
oração coorporativa, pela oração de comunhão do
povo do Senhor. Há perda a Cristo, o Cabeça, se
não houver esta oração por todos os santos.
Cristo em Glória – o Objeto do Conflito
Outra coisa a ser dito sobre isto é que não é
nem mesmo a Igreja como o Corpo que é a coisa
mais importante, embora seja a ocasião imediata.
Não devemos colocar a Igreja, o Corpo de Cristo,
no lugar de preeminência. Ela é uma ocasião, mas
não é a coisa final. A Igreja, o Corpo de
Cristo, é o Seu instrumento, Seu vaso para o Seu
testemunho. Seu testemunho está depositado no
Corpo. E foi assim que em Sua ressurreição e no
Pentecoste o testemunho de Sua vitória, o
testemunho de Sua exaltação, o testemunho de Sua
glorificação e o testemunho de Sua autoridade
universal no céu e na terra foi depositado na
Igreja. Como o templo no Velho Testamento era o
relicário da glória de Deus, assim o Corpo de
Cristo no Novo Testamento é o relicário de Sua
glória, de Seu testemunho e de Seu Nome, e é
finalmente para atacar esta glória, este Nome, e
esta exaltação que o inimigo concentra sua
atenção no vaso eleito, na Igreja, o Corpo de
Cristo. E assim a Igreja se torna a ocasião do
conflito, embora não o fim, mas o inimigo chega
a Cristo, ao Nome e a glória através do Corpo.
Sabemos que isto era verdadeiro no Velho
Testamento.
Quando Israel estava em estado de declínio, a
glória a honra do Senhor, o Seu Nome e a Sua
majestade ficavam encobertos, anuviados e
perdidos de vista. Quando a vida espiritual de
Israel estava em ascendência, então o testemunho
de Jeová era mantido em plena força. No Novo
Testamento, e em nosso próprio tempo, nesta era
do Novo Testamento, a maneira de o inimigo
desonrar o Senhor é destruindo a vida de oração
do povo do Senhor, ou quebrando a comunhão dos
santos.
Assim a Igreja, o Corpo, torna-se a ocasião do
conflito por causa daquilo que está em sua
vocação divinamente ordenada, propósito e
objetivo. O ódio amargo do inimigo e a violenta
oposição estão direcionados contra a vida
coorporativa do povo do Senhor. Ele irá procurar
de qualquer maneira destruir isto, romper a
comunhão dos santos, colocar o povo do Senhor
uns contra os outros, e introduzir coisas
fragmentadas – mas, oh, quão sutil são os seus
caminhos nisto!
O Valor Estratégico da Vigilância
Aqui nós realmente sentimos, caro amigo, que
você e eu temos que fazer o que Neemias fez, e o
que o Apóstolo nesta mesma porção nos exorta a
fazer: "Vigiai”; "vigiai pois," porque como você
percebe em ambas as conexões, são as astúcias do
inimigo que estão em vista. São as atividades
sutis do inimigo, e vigiar contra as astúcias do
inimigo na prática irá, pelo menos numa direção,
significar o seguinte: que devemos nos
certificar de que os rumores que ouvimos e que
as informações que nos chegam são absolutamente
fidedignas. Devemos nos certificar – “provar
todas as coisas". Podemos nos dividir por um
rumor, e nos separar por uma informação. Podemos
ser colocados em discórdia ou nos separar por
causa de uma simples insinuação. Nesses dias,
quando a atmosfera está sobrecarregada de medo e
suspeita, você precisa apenas sugerir a
possibilidade de alguém estar ‘doente’ e uma
brecha espiritual de comunhão é criada e uma
fenda é feita. Se apenas vigiássemos e nos
certificássemos, descobriríamos que grande parte
daquilo foi desnecessário e injustificado, e
representou uma grande perda para o próprio
Senhor e para o Seu povo, pois quando chegamos
para pinçar e peneirar aquelas coisas,
descobrimos que não há nada nelas, ou, se há
alguma coisa, existe uma explicação e não
podemos falhar, em toda honestidade de coração,
em aceitar aquilo como sendo correto. É assim
que geralmente as coisas funcionam.
Mas, oh! Vigiar contra essas astúcias do Diabo!
Seus métodos de romper a vida coorporativa do
povo do Senhor estão além do nosso poder para
enumerar, e é aí que a oração e a vigilância são
necessários. A oração deve resultar em
inteligência sobre as astúcias do inimigo, e
‘vigiar em oração’ é vigiar e orar para que você
consiga descobrir em oração o que o inimigo
procura e como ele está trabalhando.
Não queremos ficar obcecado com o inimigo,
sempre ter os nossos olhos nele, mas precisamos
reconhecer os fatos como eles são, e esses fatos
são que durante todos esses quase dois milênios
o inimigo tem realizado seu grande negócio
incessantemente para destruir a comunhão do povo
de Deus. É isto verdade? É isto história? Se é
verdade, o que significa? Que você jamais pode
ter algo que realmente, em alguma medida,
represente aquilo que é precioso para o Senhor,
algo de característica espiritual, que incorpore
algum elemento precioso do Seu testemunho, mas
aquilo que é o objetivo da malignidade satânica
que tem a única intenção de rachar a coisa,
causando cismas e divisões de alguma forma, por
verdades ou por mentiras. Isto é história, e
certamente isto revela o segredo, que uma Igreja
em comunhão, um Corpo bem ajustado e ligado, que
se move junto na vontade de Deus, é uma grande
ameaça aos principados espirituais e dominadores
que há no universo.
Assim, é para isto que devemos voltar a nossa
atenção. Vamos nos dispor à comunhão espiritual!
Isto não significa se comprometer com coisas que
são contrárias à Palavra de Deus, e não
significa descer de nenhuma posição espiritual a
que o Senhor tem, por muito custo, nos trazido.
Devemos estar onde Neemias estava quando seus
inimigos diziam: ‘Desça e vamos discutir esta
questão. Precisamos conferenciar a respeito.'
Neemias disse: "Estou fazendo uma grande obra de
modo que não posso descer." Não pode haver
nenhuma descida para se discutir as coisas que
estão além do ponto da discussão quanto a
necessidade espiritual. Porém, caro amigo,
qualquer posição espiritual alcançada através de
muito custo e de profunda obra interior da cruz
deve ser assumida somente em relação a todos os
santos. Não pode estar dissociada da relação com
os santos, nem podem aqueles que possuem esta
posição serem tornados em alguma coisa separados
do resto. Não! Seja qual for a diferença de
posição espiritual em relação ao grau, a
comunhão com todos os santos precisa ser obtida
e mantida no que for possível, e deve ser
buscada. Eu realmente quero colocar isto a você
cada vez mais, da mesma forma como é colocado
sobre o meu próprio coração, porque o propósito
do Senhor em dar luz e verdade pode ser impedido
se a recepção desta posição constituir aqueles
que a tem como sendo algo separado do resto dos
santos. O Senhor tem dado isto para o Corpo; se
for mantido em separado, então o propósito para
o qual Ele deu foi perdido. Guarde isto no
coração definitivamente!
Assim a ocasião do conflito é a Igreja, pela
razão de sua chamada e vocação celestial. Isto
não é uma coisa particular, nem algo local: É
universal. O Corpo de Cristo é uma realidade
universal.
A Base da Vitória
Apenas uma palavra, ou duas, em relação à base
da vitória neste conflito. A base da vitória
aqui em 1 Reis 18 foi sem dúvida alguma o altar,
e em efésios é o mesmo. Antes de você alcançar
sua posição nos lugares celestiais para o
conflito celestial e triunfo, você precisa
passar pelos primeiros capítulos de Efésios e
reconhecer que uma morte aconteceu, que um altar
estava ali, e que, tendo morrido, você foi
‘vivificado e ressuscitado juntamente.' Todos os
aspectos da cruz, o altar, estão implícitos no
início da carta aos Efésios, de modo que tanto
na representação como naquilo que é representado
a base da vitória é a cruz, o altar. Elias pegou
doze pedras, e a constituição do altar com doze
pedras imediatamente traz o aspecto
administrativo em relação ao altar, pois doze é
o número da administração. O altar formado por
doze pedras torna-se o instrumento
administrativo, o princípio governamental neste
conflito nas mãos de Deus. O governo está na
cruz, e pela cruz, pois pela cruz Ele triunfou,
e em Sua cruz Ele despojou os principados e
potestades, e os expôs publicamente’. Eu me
pergunto se, ao ler esses fragmentos de 1 Reis
18, você ficou impressionado com os termos:
“…conforme o número das tribos dos filhos de
Jacó, a quem veio a palavra do Senhor, dizendo:
Israel será o teu nome”. O que significa isto?
Bem, Israel significa ‘um príncipe com Deus’,
assim, no verso 31 nós temos os filhos de um
príncipe de Deus representado no altar, na cruz.
Simbolicamente isto nos fala muito claramente da
base de nossa chegada a nossa posição de
príncipe, de nossa posição governamental em
Cristo, que é o Príncipe com Deus. Ele é maior
que Israel, pois Ele é o Príncipe com Deus, e
nós somos filhos Nele e participamos da Sua
Realeza. Isto nos traz para uma posição de
autoridade espiritual em Cristo nos lugares
celestiais, mas tudo está ligado ao altar, à
cruz. A cruz é a base da vitória, e isto é
confirmado novamente, não apenas pelo testemunho
do céu, a Palavra de Deus, mas pelo testemunho
do inferno. Satanás é uma testemunha não usual,
relutante – e às vezes eu me pergunto se ele é
uma testemunha inconsciente – da verdade neste
sentido, pois está perfeitamente claro que ele
odiava a cruz, e tentou num primeiro momento
manter o Senhor Jesus longe dela: “...isto de
modo algum acontecerá a Ti. Porém Jesus virou-se
e disse: Para trás de Mim Satanás." Este é
Satanás tentando manter o Senhor Jesus longe da
cruz, e então, tendo fracassado, ele tentou
tirá-Lo da cruz: “Se Tu és o Filho de Deus,
desça da cruz”. Aquelas sugestões sutis
"...deixe-O descer da cruz e iremos crer Nele.”
Foi para ser crido pelo mundo que Ele tinha
vindo, mas, não, o segundo método do inimigo não
teve êxito.
O inimigo, tendo fracassado ao longo dessas
linhas, e tendo a cruz sido efetivada apesar
dele, ele irá procurar agora mudar e alterar a
pregação da cruz, a fim de torná-la sem efeito.
Ele irá fazer com que as pessoas preguem-na, e
na própria pregação, torná-la vazia. Isto é
extraordinariamente sutil! É, também, para
reconhecer quão longe o inimigo irá. Ele irá
promover a pregação da cruz, e a cruz pregada
pela sua instigação e sob a sua influência é
tornada ineficaz. O Apóstolo nos fala disto em
sua primeira carta aos Coríntios, que a cruz
pregada na sabedoria dos homens torna-se sem
efeito, ou vazia. Homens pregando a cruz em sua
própria sabedoria estão simplesmente tirando o
verdadeiro significado e poder da cruz. Oh, sim,
você ouve muito sobre o caminho da cruz, mas não
é o caminho da cruz. O próprio poder da cruz
está em seu registro contra o inimigo e todas as
suas obras. Contra o pecado como um princípio, e
contra o mal como um estado, uma natureza. O
poder da cruz é retirado quando você fala sobre
os heróis da cruz, e sobre o caminho da cruz
como, bem, qualquer homem que negue a si mesmo e
renuncia a sua vida por seu País está na mesma
categoria que Jesus Cristo, que, afinal de
contas, renunciou a Sua vida como qualquer
soldado tem feito. Esta é a cruz no modernismo.
Outra coisa que o inimigo procura fazer em
relação a cruz é manter os cristãos ignorantes
de seu pleno significado. É um grande dia para o
Senhor, e um terrível dia para o inimigo, quando
um cristão recebe revelação do significado pleno
do Calvário. Este dia marca um novo pedaço da
história no campo do conflito. Você pode
enfrentar certo tipo de oposição no terreno da
obra substitutiva do Senhor Jesus, mas,
acredite, você irá enfrentar dez vezes mais
quando chegar no terreno da obra representativa
do Senhor Jesus, e quando você assumir o seu
lugar na identificação com Cristo na morte, no
sepultamento e na ressurreição no sentido
espiritual. Aí começa uma nova história de
conflito, de batalha e de antagonismo satânico,
porém, você entrou num campo novo e num lugar
novo, e você tem novos poderes ao seu dispor. O
inimigo perdeu seu terreno. Multidões crêem na
obra substitutiva e se alegram nela, mas ainda
estão se movendo na energia do homem natural,
mesmo como cristãos. Não representam uma ameaça
ao inimigo naqueles níveis mais elevados, mas,
quando a cruz é aceita desta maneira e plantada
em nossas vidas de modo que a vida natural é
colocada de lado - "Estou crucificado com Cristo
e vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim” –
então há um novo campo de significado para o
Senhor e de significado para o inimigo, e por
isso, um novo campo de conflito. O inimigo está
pronto para tirar este lado da cruz dos
cristãos, e dissemos anteriormente, e é verdade,
que você freqüentemente enfrenta mais oposição
nesta linha por parte de cristãos do que de
quaisquer outros. É algo estranho. Imediatamente
ao seguir com o Senhor em toda plenitude do
significado do Calvário, você descobre que a sua
principal dificuldade está no campo dos
cristãos, e, via de regra, cristãos ‘oficiais’.
Os líderes não aceitarão isto, e você descobre
que o seu caminho fica infinitamente mais
difícil. É verdade que o inimigo de fato odeia a
plenitude da cruz, e ele irá procurar de todos
os meios destruir o seu valor para os crentes,
ocultar o seu significado deles, e, se possível
fazê-los abandonar a posição e descer da cruz,
ou persuadi-los a não aceitá-la.
Bem, este é o seu testemunho do valor da cruz!
Ele é uma testemunha do seu significado. A cruz,
então é a base da vitória, e o inimigo sabe
disto muito bem.
Não irei mais longe por ora. Precisamos tomar
isto, pensar sobre isto e aplicá-lo, mas
lembre-se desta grande e conclusiva coisa:
Satanás é um inimigo derrotado para todo aquele
que realmente está crucificado com o Senhor
Jesus Cristo, porque o Calvário não significa a
Sua derrota, e, assim como fomos plantados na
morte de Cristo, assim também permanecemos com
Ele naquela derrota do inimigo, naquela vitória
do Senhor Jesus. Assim, embora ele possa rugir,
esbravejar, lutar, afligir, pressionar e
assediar, o fato que permanece é que para aquele
que é um com Cristo em Sua cruz, Satanás é um
inimigo derrotado.
Capítulo 4 – Algumas Dificuldades Mentais na
Oração
Tendo considerado as cinco fases da oração,
principalmente a comunhão, submissão, petição,
cooperação e o conflito, iremos agora avançar um
pouco mais, a fim de ver alguns dos problemas
que estão relacionados à oração. Como dissemos,
muito freqüentemente um senso indefinido de
contradição ou incerteza nos bastidores de
nossas mentes tem o efeito de mutilar, ou de
paralisar, a oração, e nós, algumas vezes, somos
estorvados por certas dificuldades mentais que
nunca nos propusemos seriamente a analisar ou
definir. Nosso objetivo agora é procurar definir
algumas delas, analisá-las, e resolve-las, de
modo a limpar o terreno para a oração em certeza
e confiança.
A Oração e a Vontade de Deus
Nesta conexão uma das principais dificuldades na
oração surge em relação a vontade de Deus. Isto,
naturalmente, é uma esfera muito ampla de
contemplação e consideração, e inclui um grande
número de diferentes fases, aspectos e pontos,
mas nós iremos procurar estreitá-la, e, na
medida em que avançarmos, veremos muito mais
envolvido naquilo que dizemos.
Quanto à vontade de Deus, a questão básica
parece-me ser esta: É ela absoluta ou relativa?
O que estamos tratando é aquela questão se a
vontade de Deus para nós é absoluta ou relativa.
Quando ela é colocada assim você pode não ser
ajudado muito. Soa muito acadêmico, mas irei
explicar o que quero dizer.
Será que Deus permite as coisas porque elas são
Sua vontade absoluta, ou porque Ele nos atrairia
por meio delas para uma determinada posição?
Neste último caso a vontade de Deus é relativa e
não absoluta, isto é, as coisas não representam
o que é absolutamente a vontade de Deus, mas Ele
as permite para outros propósitos, e assim, elas
representam a vontade relativa de Deus. Agora
você tem o fundamento e a base para uma
consideração mais abrangente da vontade de Deus
em relação à oração. Se estamos tratando com a
vontade relativa de Deus, a questão será se
essas coisas, tendo cumprido os seus propósitos,
são colocadas de lado e cessam de ter algum
espaço na vontade de Deus, ou é permitido que
elas permaneçam, ficando nós numa posição de
ascendência sobre elas e elas se tornam nossas
servas. Elas estão lá não porque Deus, na
plenitude de Sua vontade e propósito, deseja que
estejam, mas porque Ele vê que elas são coisas
necessárias para nos manter numa certa posição.
Se fôssemos criaturas perfeitas, a vontade de
Deus seria sempre absoluta. Não haveria lugar
para a vontade relativa de Deus, pois seria
desnecessário a Ele permiti-las para nos fazer
alcançar novas posições. Porém, sendo
imperfeitos, criaturas caídas, a vontade de Deus
para nós é muito mais freqüentemente relativa do
que absoluta.
Conflito entre Submissão e Importunidade
Assim, o problema surge a nós ao longo da linha
da submissão e da importunidade. Essas duas
coisas parecem ser antagônicas uma à outra,
parecem representar conflito e contradição. Como
você pode reconciliar importunidade com
submissão? A impertinência não exclui a
submissão? A submissão não exclui a
importunidade? Elas parecem mutuamente uma
contra a outra, e, contudo, isto não é assim. O
problema que surge na oração é o de se manter a
martelar na porta, continuar batendo, e,
contudo, ser submisso. A submissão não
enfraquece a força de sua batida à porta? A
força de sua batida não implica que você ainda
não aprendeu a submissão? Nem sempre isto pode
ser definido desta maneira em sua mente, mas
rasteja para dentro, permanecendo lá no fundo, e
muito freqüentemente tende a tirar aquela
positividade, aquela certeza e determinação da
oração de modo que você se descobre numa terra
de ninguém.
Bem, isto é um problema, e nós temos que
resolvê-lo tão definitivamente quanto for
possível. A resolução deste problema, penso eu,
está ao longo da linha de se reconhecer que
entra o elemento moral, e que Deus está muito
mais interessado nos elementos e questões
morais. Há algo a ser superado, ou a ser
realizado, em nós, e isto significa que na
vontade relativa de Deus existirão muitas coisas
que são apenas permitidas, ou que podem até
mesmo serem enviadas pelo Senhor, com o objetivo
de, e para o propósito de, comunicar certas
coisas em nós, ou nos fazer passar por certas
coisas em nós mesmos por que certos fatores
morais estão em vista. (Estou usando a palavra
‘moral’ no sentido amplo agora, e não mais no
sentido restrito) Precisamos reconhecer que a
nova criação é uma questão moral e não está
terminada em relação a nós. Ela está perfeita e
completa em si mesma, mas não está completa em
nós. A velha criação ainda existe. É objetiva e
externa à nova criação, mas tem grande
influência sobre ela. O pecado não está extinto
para o cristão, nem é o mundo algo hipotético. E
você não precisa que eu lhe diga que o mal não
está extinto para o cristão! Mas bem ao centro
da velha criação está a nova criação, que é uma
coisa moral. Mas é uma coisa moral – podemos
dizer – em sua infância, e todos os seus
elementos e fatores têm que ser desenvolvidos
para nos tornarmos criaturas morais, no sentido
pleno da palavra – isto é, criaturas
responsáveis, inteligentes, com uma nova
consciência, com um novo padrão de valores e um
novo reconhecimento de princípios. Um mundo
celestial completamente novo chegou, e seu
conhecimento e a sua sabedoria precisam ser
possuídos de forma inteligente. Seus segredos
têm que ser conhecidos e suas virtudes serem
trabalhadas em nosso interior. Pela regeneração
o Senhor não nos torna simples máquinas, a serem
acionadas sem qualquer consideração a nossa
vontade, sentimentos, desejos, razão e
inteligência, carregadas de cá para lá e
forçadas a fazerem coisas sem qualquer
referência a nós mesmos. Isto é completamente
contrário às Escrituras.
Mas o que Senhor nos constituiu foi em criaturas
morais segundo uma nova moralidade, um novo
sistema celestial e uma inteligência
completamente nova que não pertence ao homem
natural. Temos um sistema inteiramente novo de
julgamentos, valores e avaliações, e em todas as
coisas o Senhor irá agora se reportar a nós. Ele
irá nos chamar para exercitarmos a nós mesmos em
relação a nova impressão, consciência, convicção
do interior da nova criação. Assim, a nova
criação é algo moral, mas devido à velha criação
ainda estar circundando-a e envolvendo-a, a nova
criação irá crescer por meio da conquista, do
conflito, e do exercício árduo para vencer a
velha criação, sujeitando-a, triunfando sobre
ela, isto por meio de aplicação deliberada,
ardorosa, devotada e persistente. A vontade
renovada, energizada pelo Espírito Santo, não
será mecanicamente operada, mas irá ser
convidada a se exercitar no Senhor. Orar na
vontade de Deus não significa que o Espírito
Santo vem e toma posse de sua vontade e de sua
volição, e força você a falar coisas sem a sua
inteligência. Este é um terreno completamente
falso. Há muito disso hoje onde a inteligência
do homem é varrida de um lado e ele começa a
fluir com todo tipo de coisas que nem ele nem
ninguém mais consegue entender, porém a nova
criação não é assim. O Espírito Santo não
suspende a inteligência e compreensão de alguém
que Ele usa, mas Ele convida ao exercício do
entendimento. 'Orarei no espírito, mas também
orarei no entendimento’ disse o Apóstolo, e orar
no Espírito Santo não significa que nós cedemos
a Ele a ponto de perdermos a nossa própria vida
moral (usando esta palavra novamente em seu
sentido amplo).
Oração como Educação
Vendo, então, que as questões morais são
proeminentes no propósito do Senhor, em relação
a nós, a oração se torna uma educação, um
treinamento. Falamos da ‘escola da oração’, e
esta é uma designação muito correta. Educação e
treinamento não são coisas semelhantes. Educação
tem a ver com o obter conhecimento, e
treinamento tem a ver com o valor moral na
expressão prática. Guarde esta definição, pois
ela é muito importante. Falamos de uma ‘pessoa
educada’, e queremos nos referir a alguém que
conhece muito, porém, fale de ‘alguém bem
treinado’ e pensamos em alguém que representa
alguma coisa com valor prático. Há uma porção de
pessoas educadas que são perfeitamente inúteis.
Somos, portanto, levados à oração, e o Senhor
Jesus olha para isto que somos levados e nos
prolongamos em oração, e isto representa, de um
lado, a aquisição de conhecimento espiritual.
Nós não conseguimos este conhecimento espiritual
a menos que sejamos levados à oração. É notável
como, quando há uma expansão na oração,
aprendemos coisas, alcançamos segredos e
entramos no conhecimento de coisas. E, então,
por outro lado, esta atração para a oração tem o
efeito de treinamento, trazendo-nos para uma
posição moral e para um nível moral mais
elevado. Iremos ver o que isto significa
atualmente. Pessoas que não oram serão tanto
ignorantes quanto fracas, deseducadas e
destreinadas. Não irão conhecer o propósito de
Deus, nem serão capazes de fazer conforma a Sua
vontade.
Portanto, temos que reconhecer ainda que a
oração não é meramente uma vantagem pessoal, mas
é o tomar parte numa campanha. Há um esquema
Divino de coisas a ser descoberto. A oração não
é meramente para valor pessoal e subjetivo. É
objetivo, coletivo e relativo, mesmo em valores
morais que resultam de orações individuais.
A Natureza da Importunidade
Agora vamos procurar resumir um pouco as coisas.
Há três lados na oração impertinente – mas você
entende por que a impertinência é exigida, é
necessária e correta? E você entende que não há
contradição entre sujeição e impertinência?
Sujeição, como salientamos anteriormente, é algo
ativo, positivo, e não passivo. É estar alinhado
ao propósito Divino; e, então, a impertinência
busca o desenvolvimento dos aspectos morais.
As Excelências Morais de Cristo Trabalhadas
Como acabamos de dizer, há três lados na oração
de impertinência. Primeiro, há o lado moral, e
este tem os seus próprios dois aspectos. Falamos
dos ingredientes do incenso a ser oferecido
sobre o altar de ouro, e dissemos que esses
ingredientes representavam as virtudes morais de
Cristo. Por um lado, essas virtudes precisam ser
apreendidas e apropriadas pela fé, e este é um
aspecto do lado moral da oração de
impertinência: que a fé deliberada e
persistentemente apreende e se apropria das
virtudes morais e glórias do Senhor Jesus. Isto
é exercício, e freqüentemente significa colocar
para trás a intromissão daqueles argumentos que
surgem do nosso homem natural e que iriam
desencorajar a oração. Quando entramos na
presença do Senhor, deveríamos certamente entrar
com um senso de nossa própria indignidade, vazio
e fraqueza, mas este não é o terreno do nosso
exercício, pois a coisa precisa ser
estabelecida. Embora geralmente positiva, a
oração eficaz é interferida, paralisada e até
mesmo impedida pela obsessão persistente com os
nossos próprios pecados, fraquezas e impotência,
e há uma necessidade de um exercício positivo
nas virtudes morais e nas excelências de Cristo,
a fim de que possamos tê-las em nossas mãos para
nos achegarmos diante de Deus.
O inimigo irá fazer acusações e condenações
diante de Deus, mas precisamos nos agarrar com
ambas as mãos nas excelências do Senhor Jesus, e
até que façamos isto, não iremos conseguir
chegar até o trono, porque não podemos chegar lá
sem essas excelências. Tem que haver uma
resposta deliberada para por fim a acusação.
Sabemos de alguns cuja vida de oração tem se
tornado uma coisa distante, algo impossível,
porque imediatamente ao se porem em oração
sobrevém uma invasão de introspecção, de análise
própria, e consciência de si mesmo, de coisas
erradas sobre eles mesmos de modo que nunca
conseguem alcançar algo positivo absolutamente.
De um lado, então, há o exercício da fé, a
persistência da fé na apropriação daqueles
ingredientes, daquelas excelências e virtudes do
Senhor Jesus, para chegarmos diante de Deus.
Então há o outro lado do fator moral: Aquelas
excelências e virtudes precisam ser trabalhadas
em nossas próprias almas pelo Espírito Santo. O
Senhor Jesus na presença de Deus é o Homem
representante segundo o próprio coração de Deus,
porém Ele não é apenas o Homem representante,
Ele é o Homem de Quem todos os membros da nova
criação em Cristo precisam assumir o caráter, e
Seu conteúdo pleno de virtudes e excelências
como Homem perfeito tem que ser distribuído a
todos os Seus membros, de modo que eles tomem
seus caracteres a partir do Dele e se tornem
participantes de Sua natureza em suas próprias
almas. Essas virtudes de Cristo foram virtudes
provadas, testadas, são triunfantes, e são agora
virtudes poderosas, e não simplesmente virtudes
passivas. O Senhor Jesus (eu posso dizer isto
reverentemente) não foi colocado num museu como
um modelo, a espécime supremo apenas para ser
olhado e admirado, mas há uma força e uma
realidade Nele. Ele vive. Ele não é um modelo,
ou uma estátua. Ele é o Cristo vivo que comunica
a Si próprio, que é ministrado pelo Espírito
Santo a nós, Seus membros. Sua fé não é apenas
algo que foi completada, aperfeiçoada e polida,
algo para ser observado como um espécime bonito.
É uma fé pela qual nós devemos viver. Sua
paciência é a mesma coisa. Somos chamados para
sermos companheiros e participantes da paciência
de Cristo. Como acabamos de mencionar, essas
coisas você terá uma porção de Escrituras
passando em sua mente: "Acrescentai a vossa
fé...” Acrescentai, acrescentai, acrescentai – e
essas virtudes de Cristo sendo acrescentadas em
nós.
Somos chamados, diz o Apóstolo, para sermos
“participantes de Cristo”. Assim, Sua fé, Sua
paciência, Sua devoção, Sua obediência, Seu
sofrimento e Seu amor foram todos provados, e
triunfaram, mas não como coisas separadas de
nós, mas ligadas a nós. "Ele nos tem concedido
grandíssimas e preciosas promessas, para que por
elas fiqueis participantes da natureza
divina...”
O lado moral da oração impertinente, então, é
que as virtudes e excelências de Cristo são
trabalhadas em nós. Quando a impertinência
representa a necessidade de paciência por Deus
não responder de imediato, hoje, amanhã, por uma
semana, um mês, ou um ano, o que está Ele
fazendo? Ele está trabalhando em nós as
excelências morais de Seu Filho, uma fé
aperfeiçoada e triunfante, uma paciência
aperfeiçoada e triunfante, uma devoção
aperfeiçoada e triunfante e uma obediência a Ele
que não tem nenhum outro fundamento senão aquele
que Ele tem requerido. A oração é um treinamento
escolar de fato! Essas virtudes vêm por meio de
exercício. Vamos nos lembrar de que Deus tem um
propósito em vista, e que nossa participação com
Cristo a que somos chamados finalmente será
moral. Terá a ver com caráter; daí a vontade
relativa de Deus. O pecado não é a vontade
absoluta de Deus, mas Ele o tem permitido. Ah,
sim, mas o relacionamento é por meio de
conquista nossa, e do desenvolvimento da vida
moral da nova criação. O sofrimento não é a
vontade absoluta de Deus, mas Ele o tem
permitido, e Ele realmente permite. É, portanto,
Sua vontade relativa, que significa que Sua
permissão e consentimento têm um propósito.
Quando este propósito é alcançado, o sofrimento
pode ir embora, ou pode ser permitido que
continue para nos manter numa certa posição, mas
a posição para a qual a pessoa foi permitida foi
alcançada, de modo que a vontade relativa de
Deus foi feita. E isto se aplica a tudo mais. As
circunstâncias, por exemplo. Muitas
circunstâncias que chegam às nossas vidas não
são a vontade absoluta de Deus. Um acidente não
é a vontade absoluta de Deus, mas como nada pode
acontecer a qualquer filho Seu sem o Seu
consentimento, é Sua vontade permissiva.
Entendimento Espiritual Assegurado
Agora, isto suscita a nós a questão toda do
buscar, em oração, conhecer o que Deus quer
significar com as coisas. Esta é a nossa
educação. Vir a conhecer o que Deus quer
significar com as coisas através do exercício
profundo no coração e provas este é o nosso
treinamento. Alcançamos um padrão mais elevado
de vida. Assim, a segunda coisa na oração de
importunidade é o conhecimento. Em primeiro
lugar a vida moral, e o conhecimento em segundo
lugar. Há aqueles que se colocam inteiramente
nas mãos de Deus, e são levados a experiências
estranhas de aparente contradição. Pode haver um
senso claro do que o Senhor deseja fazer, mas
uma impossibilidade absoluta para fazê-lo!
Nenhum caminho é aberto e todas as portas são
fechadas. É demora após demora! O que o Senhor
está fazendo? O primeiro efeito seria nos levar
para a oração, nos estender na impertinência.
Não podemos deixá-la ir. Podemos decidir deixar
tudo com o Senhor, mas encontramos a nós mesmos
voltando ao assunto vez após vez, e o Senhor não
irá permitir-nos ficar indiferente. Bem, Ele
busca um conhecimento mais pleno da nossa parte.
Isto está associado com todos os caminhos do
Senhor para conosco, e uma coisa, que,
naturalmente, conhecemos por experiência, mas
que talvez seja melhor termos mais claramente
definido em nossas mentes, é que não podemos
aprender princípios Divinos, ou obter
conhecimento espiritual a partir de livros ou
palestras. Eles apenas podem ser conhecidos na
medida em que seguirem o processo de geração.
Acima de tudo precisa haver a concepção, que é
algo interior; então, deve haver a formação, e,
então, tem que haver o trabalho de parto. É o
processo da vida. Não podemos aprender coisas
Divinas e espirituais a partir de manuais, nem
mesmo da Bíblia. Podemos apenas aprender o que
está na Bíblia ao longo da linha da experiência
viva. A Bíblia não é um gramofone; é um
microfone. Qual é a diferença? Um gramafone é
algo armazenado em si mesmo. Um microfone é
aquilo que transmite algo adiante. A Bíblia não
é um gramophone. Tem que vir através da nossa
leitura da Palavra algo que está além da nossa
compreensão. Podemos ter o conhecimento da
Bíblia do tipo gramophone, isto é, podemos
conhecer a Bíblia como um livro de ponta a
ponta, podemos ter as análises e diagramas mais
maravilhosos, e ainda ser – para todos os
propósitos práticos e espirituais de forma viva
- de muito pouco uso para o Senhor.
Porém, se tivermos uma compreensão da Palavra
tipo microfone, temos as Escrituras, sim, porém
mais do que isto, Deus nos fala através das
Escrituras e temos algo vivo. Temos todos nós,
como crianças na praia, apanhado conchas e as
colocado na orelha para ouvir o rumor do mar.
Trazemos as conchas para as nossas casas na
cidade e as colocamos aos nossos ouvidos, e
ainda ouvimos o barulho do mar. É isto algo
real? É uma desilusão infantil. Pensamos da
mesma forma quando éramos crianças e tínhamos a
concha na cidade e ouvíamos o barulho do mar,
que o barulho do mar está todo contido dentro da
concha e precisamos apenas colocá-la aos ouvidos
e lá está – nós ouvimos. Este é um pensamento
infantil sobre a concha, mas a coisa não
funciona desta maneira. Aquela concha está
apenas agindo como um funil que coleta as
vibrações dos sons atmosféricos e nos faz ouvir
aquilo que não ouviríamos somente com os
ouvidos. A concha não passa de um transmissor de
algo maior.
A Palavra de Deus tomada como um livro é
exatamente como aquela concha. Se estivermos no
Espírito ela irá nos trazer a mente do Senhor,
mas, separados da operação do Espírito em nós, a
Bíblia pode ser livro qualquer e nós podemos
lê-la e não obter nenhuma luz dela mais do que
qualquer outro livro. A necessidade é de
conhecimento espiritual, porém muitos fazem da
Bíblia apenas um manual.
Agora, o que estamos querendo dizer é que não
podemos conhecer princípios Divinos ou obter
conhecimento espiritual a partir de livros ou
palestras. Esses princípios somente vêm a nós ao
longo da linha da vida e da experiência. Algo de
caráter vivo é realizado em nós, uma vida é
formada em nós e desenvolvida, e, então, ela nos
traz as provas para sua obra plena. É assim que
obtemos conhecimento espiritual. Isto vem por
meio de oração persistente, e este é o porquê de
Deus exigir e tornar a oração persistente
necessária. Começamos a conhecer coisas
espirituais a partir das provas de nossas almas
diante de Deus, ao longo da experiência de
angústia. Muitas vezes a pressa apenas significa
perda de tempo, e somos obrigados a voltar a fim
de obter conhecimento mais pleno porque
estávamos com muita pressa. O Senhor tem que
trazer muitas pessoas de volta para trás e
amarrá-las a ponto de não poderem se mexer, e
mantê-las lá em exercício profundo por um longo
período. Então, elas aprendem aquilo que na
mente do Senhor era indispensável. Há aqueles
que aprendem antes de saírem, mas, seja antes de
você ir, ou seja, em você voltar atrás, a mesma
coisa está em vista pelo Senhor _ que você possa
conhecer.
Assim, a demora do Senhor é o Seu tempo de nos
arrastar para a oração persistente por causa do
conhecimento espiritual.
Assumindo Responsabilidade na Oração
Então, em terceiro, há o aspecto coletivo.
Neemias falou da oração que ele fez dia e noite,
mas aquela oração era relativa, pois ela tinha a
ver com o povo do Senhor. As orações de Cristo
tinham o mesmo caráter. Elas não eram somente em
favor de Si mesmo, mas estavam relacionadas a Si
próprio e foram estendidas dia e noite por eles.
As orações de Paulo claramente eram da mesma
ordem: “não cesso de orar por vós”; "orando
sempre com toda oração e súplica... por todos os
santos”. Há persistência e impertinência, mas é
coletiva, algo relativo. Aquela mulher da qual
falamos e que está em nossa lembrança, como
usamos a palavra ‘importunar’, ou
‘impertinência’, é a pessoa que confronta o juiz
injusto, e ela representa a Igreja. O comentário
de Cristo sobre esta palavra foi: “E não fará
Deus justiça aos Seus eleitos, que clamam a Ele
de dia e de noite...”
Qual é a justiça a favor dos santos em suas
adversidades? Bem, é a grande coisa coletiva ao
final, a grande questão quando o acusador dos
irmãos for expulso, aquele que os acusava de dia
e de noite diante de Deus. O grande Juiz irá
fazer justiça em relação ao acusador, o
atormentador da Igreja, e isto têm o seu aspecto
coletivo. O incidente do amigo à meia noite era
novamente uma coisa relativa, não apenas algo
pessoal. O homem levantou-se porque seu amigo
iria continuar batendo. O homem foi tirado da
cama pela impertinência do seu amigo, mas isto
estava relacionado a outras pessoas. Tudo isto
representa um esquema, um plano, uma campanha,
na qual todo o povo do Senhor está envolvido.
Deus não está apenas nos colocando
individualmente numa posição, mas está nos
colocando nessa posição relativa junto com todo
o Seu povo: “até que todos cheguem...” Nossa
labuta, ou treinamento moral, essas contradições
e demoras que nos arrastam e se estendem sobre
nós estão operando em nós em relação ao Corpo.
Torna-se algo relativo, pois é do interesse do
Corpo.
O Senhor está procurando aperfeiçoar todo o Seu
Corpo, e cada parte deve ter uma justa operação
em relação ao todo. Um dia o efeito cumulativo
de nossas provas, dificuldades e perplexidades
serão vistas no Corpo aperfeiçoado, e nós,
então, iremos ver que, quando sofremos, não
sofremos isoladamente, que os nossos sofrimentos
não eram coisas isoladas, mas coletivas,
relacionadas, uma parte do todo, e eles
contribuíram para algo maior do que os nossos
próprios interesses. Precisamos permitir que o
pleno propósito de Deus dê um colorido às nossas
experiências pessoais. Isto pelo qual passamos
não é simplesmente porque o Senhor nos marcou
para sermos sofredores apenas, mas porque o
Corpo todo é o Seu objetivo e nós sofremos em
relação ao Corpo. Por causa do Corpo nós
preenchemos aquilo que está faltando dos
sofrimentos de Cristo. Os sofrimentos são
relativos, você sabe. Eles não são a vontade
absoluta de Deus, mas relativa neste sentido
mais amplo que eles estão se movendo para um
propósito maior de Deus. Quando este propósito
maior for alcançado, então, esta vontade
relativa de Deus nos sofrimentos irá
desaparecer, e não haverá mais dor, nem
sofrimento. Precisamos enxergar o plano maior de
Deus e descobrir a nossa persistência e
impertinência em oração afeta essas três coisas.
A vida moral pessoal do cristão baseado num
padrão celestial, e o aumento do conhecimento
espiritual estão por trás das demoras que nos
levam à oração impertinente. Há algo que iremos
conhecer que ainda não conhecemos. Iremos
aprender algo sobre o qual nada sabemos, e esta
força que nos arrasta é a maneira pela qual
chegamos a conhecer o que ainda não conhecemos.
Este exercício, esta labuta, está relacionado ao
pleno propósito de Deus e tem seu lugar em
relação a todos os Seus santos. Não há tal coisa
de coerção na vontade de Deus. Isto é estranho
ao pensamento de impertinência. Impertinência é
– embora possa não parecer isso – cooperação com
Deus. Podemos achar que o seu efeito é o de
coagir Deus e persuadi-Lo a fazer as coisas, mas
Deus tem apenas nos atraído desta forma para nos
fazer cooperar com a Sua vontade. Isto é o que
eu quis dizer quando disse que havia coisas a
serem vencidas em nós, e todos os tipos de
coisas da velha criação têm que ser vencidas –
nossos desejos, nossos sentimentos, nossas
preferências, nossos julgamentos, nossas
concepções, nossas estimativas. No exercício,
atividade e labuta da oração temos entrado em
cooperação com Deus, e temos visto que, ao longo
da carreira, aquilo que achávamos que estávamos
tentando persuadir o Senhor a fazer coisas era o
Seu modo de nos fazer chegar à posição onde Ele
pudesse fazer o que Ele queria. O Senhor tem
caminhos estranhos, porém, no final Ele é
justificado, e “a sabedoria é justificada por
todos os seus filhos".
Capítulo 5 – A Espada da Palavra, e Oração
Ler: Juizes 7:1-7. 1 Samuel 13:2-7, 19-23.
Efésios 6:17-18.
Chegamos ao final de nossa meditação sobre
oração, apenas há uma, ou duas, coisas que
precisam ser ditas, e estão bastante
relacionadas às passagens da Escritura dadas
acima.
Juntando o conteúdo dos capítulos 13 e 14 de I
Samuel, a situação é simplesmente esta: Saul,
que oficialmente representa o povo, está numa
posição onde a fé em Deus está quase negativa. O
resultado é o domínio do medo, e em toda a parte
há uma trágica ausência de coesão e unidade. O
inimigo está em ascendência. O povo é incapaz de
fazer alguma coisa, porque, por um movimento
estratégico do inimigo, todas as armas de guerra
foram removidas e as forjas destruídas. No meio
de tal situação há pelo menos um homem que tem
fé em Deus, e cuja fé coloca-o em oposição às
condições predominantes. Jonatas ainda crê
profundamente em Deus, e, portanto, não apenas
denuncia o estado de coisas, mas repudia este
estado ao colocar a si próprio positiva e
ativamente contra ele. Assim ele se torna o
pequeno instrumento de Deus para derrotar o
poder do inimigo numa época de declínio quase
universal. Ele ergue um testemunho no meio de
muita fraqueza espiritual. Tais exemplos são
encontrados espalhados nas Escrituras, e através
da história da Igreja desde os tempos bíblicos.
Há duas coisas que são significantes
principalmente para serem observadas nesta
história. Uma é:
A Estratégia do Inimigo
Esta estratégia significava que o povo do Senhor
estava virtualmente derrotado antes que houvesse
qualquer guerra. As armas tinham sido
confiscadas e os meios para se produzi-las
tinham sido removidos e destruídos.
Este foi um movimento astuto, e realmente uma
das astuciais geniais do inimigo. Não podemos
nós ver que neste incidente na história literal
do povo de Deus há uma indicação de como o
inimigo do testemunho de Deus está sempre
tentando trabalhar? E não é esta a mesma coisa
que acontece hoje? Vimos em nossa meditação
anterior que as armas do povo de Deus são
principalmente a oração e a Palavra. Trazendo
isto para o nosso caso, imediatamente fica claro
que o golpe de mestre do inimigo é impedir-nos
nesta direção dupla. Não é de pouca importância
lembrarmos que o nosso adversário não espera até
a hora da batalha para colocar suas forças em
ação, mas está sempre a postos bem à frente em
antecipação daquela hora. Para ele, fazer
diferente seria fatal. O mesmo se aplica a nós.
Temos descoberto muito freqüentemente que,
quando temos realmente chegado a lidar com uma
situação, estamos desequipados, pois o
equipamento essencial foi nos tirado com
antecedência. Naquela hora de emergência não há
meios de se conseguir equipamento, e aprendemos
lições amargas de impotência numa hora de grande
necessidade ou de oportunidade. A exigência é
que devemos manter uma vida firme e forte de
oração e na Palavra quando não haja nenhuma
necessidade, pois somente assim estaremos no
lugar certo e espiritualmente equipados quando a
necessidade especial aparecer.
Esta condição despreparada significa desonra
espiritual e perda de posição diante de Deus.
Ficou você comovido com a mudança de título dado
ao povo do Senhor nesses capítulos? Algumas
vezes eles eram chamados de ‘os Hebreus’; outras
vezes de ‘Israel’. Se você olhar mais de perto,
irá descobrir que o Espírito do Senhor chama-os
de ‘Hebreus’ quando estão do lado dos Filisteus,
e ‘Israel’ quando não estão. Eles perdiam a
dignidade do nome ‘Israel’ – um príncipe com
Deus – quando estavam do lado dos Filisteus.
Quando eles não estão do lado do Senhor, em
graça, ainda os chama de ‘Israel’, embora possam
estar em condição de fraqueza, e muito longe do
que o Senhor queria que eles estivessem. Porém,
os Filisteus sempre os chamava de ‘Hebreus’, e o
Senhor permite que este título permaneça quando
eles estão nas mãos dos Filisteus. A dignidade
deles como ‘um príncipe com Deus’ tinha
desaparecido. O que é isto que nos trona
príncipes com Deus? É aquela vida de oração e
aquela vida na Palavra. Nós perdemos nossa
dignidade, nossa posição e nossa ascendência se
o inimigo roubar a nossa vida de oração e a
nossa vida na Palavra. Não é isto verdade na
experiência? Naturalmente! Provavelmente fomos
ensinados sobre isto quando éramos novos
convertidos, mas há uma atividade e determinação
especial e particular do inimigo para que não
oremos nem cheguemos à Palavra de Deus naquele
terreno mais amplo do conflito e batalha
espiritual onde o testemunho do Senhor esteja
envolvido, naquela ‘posição avançada’ do povo de
Deus onde ele saia do campo terreno, como
cristãos, e entrem nos lugares celestiais, como
membros do Corpo de Cristo. Prevenindo,
impedindo, frustrando e destruindo a vida de
oração e a vida na Palavra, o inimigo irá logo
desmoralizar a Igreja e seus membros
espiritualmente, e irá roubar sua ascendência.
Que o Senhor possa novamente trazer aos nossos
corações a força e a ênfase da necessidade de se
permanecer contra as astúcias do Diabo! Pois
elas estão voltadas, não somente para se opor à
vida de oração que temos, mas para nos impedir
de ter mais vida de oração e vida na Palavra.
Por favor suporte esta repetição, pois estou
certo de que ela é necessária. Você percebe que,
se o inimigo puder ter o seu espaço, você não
irá ter uma vida de oração. Ele irá colocar
qualquer coisa concebível, natural e
sobrenatural, no caminho da oração, a fim de
impedi-la, e no caminho de sua vida na Palavra
de Deus. Essas são as duas armas mais poderosas
da nossa batalha. Precisa haver um despertamento
em relação aos ardis do inimigo que nos coloque
também na posição de sermos capaz de nos
antecipar. O Apóstolo disse: "Nós não ignoramos
os seus ardis”, e estar consciente do que o
inimigo está para fazer é metade da batalha. Oh!
As coisas vêm muito frequentemente para impedir
a oração e a vida na Palavra! Vêm de maneira tão
natural, de maneira tão simples e despretensiosa
que parecem apenas ser o tipo de coisa que
naturalmente iria acontecer e, talvez, fossem
até mesmo esperadas em nossas vidas, porém,
quando caminhamos por algumas semanas,
descobrimos que a nossa vida de oração se foi.
Como se foi? O inimigo não fez uma demonstração,
nem veio de alguma maneira óbvia para anunciar
que ele iria destruir nossa vida de oração com
isto ou aquilo, mas simplesmente a coisa
aconteceu.
Vigiando em Oração
Vigiar em oração! Vigiai e orai neste sentido é
vigiar para que você possa orar, é vigiar contra
as coisas que impediriam você de orar. E deve
haver um ‘para que’ em nós: "para que Satanás
não leve vantagem”. Você vê, uma antecipação,
prevenção, de nossa parte, um permanecer contra
as astúcias do inimigo. Precisamos ter um
questionamento fresco a respeito das ocorrências
naturais, ordinárias, para ver se não há alguma
arma nelas, alguma estratégia sutil do inimigo
para nos furtar da oração. O que é isto que
impede a vida de oração necessária, essencial?
Vamos perguntar se, afinal de contas, trata-se
de algo a respeito do qual temos que tomar uma
posição. Vamos interrogar a coisa. Tem que haver
uma grande vigilância de nossa parte contra
movimentos estratégicos do inimigo nesta
direção, para que nossas armas não sejam
roubadas, ou inutilizadas. Bem, estou certo de
que esta é uma nota que precisa ser tocada cada
vez mais. Vigie contra as astúcias do inimigo
que são direcionadas para levar as suas armas, a
sua vida de oração, a sua vida na Palavra!
O Lugar da Palavra na Oração
Essas duas coisas estão ligadas pelo Espírito
Santo: “a espada do Espírito que é a Palavra de
Deus; orando...” O Espírito Santo ligou essas
duas coisas intimamente. Ele poderia ter
colocado a espada no início, ou poderia tê-la
colocada em qualquer outro lugar. Você teria
achado que o Apóstolo, baseando-se no soldado
romano, vendo a espada presa à cinta, teria
colocado a espada junto à cinta e dito: 'Tomando
o cinto da verdade e a espada do Espírito’. Mas,
não, ele tomou o cinto separado da espada, e
prossegue com as outras partes da armadura que
são protetivas e defensivas, e, então, ele traz
as duas coisas ofensivas juntas no final: a
Palavra e a oração. Ambas são básicas para a
vida, não somente de serem capazes de resistir e
ter a defesa, mas de uma vitória real, de
conquista, uma vida que é progressivamente
agressiva. É isto o que se depreende de 1 Samuel
14. Havia uma espada com Jonatas, e havia um
movimento em suas mãos e pés. Havia de sua parte
a atividade da fé com as armas da guerra, e ele
vencia. Dissemos que é algo tremendo ser capaz
de chegar com a Palavra de Deus sustentando a
sua oração e dizer ao Senhor: "...segundo a Tua
Palavra." É uma grande força ser capaz de dar ao
Senhor a Sua Palavra.
Tomemos o salmo 119 como ilustração e vamos
salientar quão frequentemente o salmista usava
esta mesma frase: “Vivifica-me segundo a Tua
Palavra" ... "Fortalece-me segundo a Tua
Palavra" (versos 25, 28). Então prossigamos para
completar a palavra que corresponde à petição:
"Mas se o Espírito Daquele que ressuscitou Jesus
da morte habita em vós, Aquele que ressuscitou a
Cristo da morte também vivificará os vossos
corpos mortais pelo Seu Espírito que habita em
vós" (Rom. 8:11). Esta é a Palavra de Deus. É
uma grande coisa ter a Palavra de Deus com você
na oração, de modo que você pode apresentá-la
diante do Senhor. Ela lhe dá uma posição de
força. E também é uma grande coisa ser capaz de
enfrentar o inimigo com a Palavra de Deus. O
próprio Senhor foi para o deserto e foi tentado
pelo inimigo por quarenta dias. Como ele
enfrentou o Diabo? Apenas com a Palavra de Deus!
A Palavra de Deus era a Sua arma, e no final Ele
venceu com esta arma. Não é que você enfrenta o
inimigo objetivamente e começa a citar a
Escritura audivelmente para ele. Isto pode ser
necessário algumas vezes, e pode algumas vezes
ser um bom exercício enfrentar o inimigo com uma
declaração audível daquilo que Deus disse, mas,
caro amigo, é necessário ter a Palavra de Deus
em nossos corações para que permaneçamos nas
promessas em todos os momentos de tentação e
pressão e de assalto espiritual interior. Não
podemos permanecer nelas se não as conhecemos.
Há um grande fortalecimento de posição quando
você caminha na Palavra de Deus. Uma vida na
Palavra é algo muito importante para a oração
eficaz, e estas duas coisas caminham juntas numa
positive e agressiva vitória sobre o inimigo.
A Oração e os Vencedores
Então esta última coisa aparece nesta porção:
Que é uma pequena companhia que está lá nesta
posição. Jonatas diz: “porque para com o SENHOR
nenhum impedimento há de livrar com muitos ou
com poucos. " (1 Samuel 14:6). É uma companhia
comparativamente pequena, mas ela representa a
chave para a situação toda para o Senhor. Eles
representam os demais numa posição relativa, e o
Senhor sabe que os demais dificilmente se
lançariam nisto se não fosse por esta pequena
companhia. O Senhor precisa deles por causa dos
demais. No final da questão os demais entram no
benefício que esta pequena companhia tem
assegurado a eles. É o que muito frequentemente
chamamos de ‘a companhia de vencedores’, um
pequeno grupo – comparativamente falando – que
permanece firme na posição e mantém sua vida de
oração e sua vida na Palavra. Esses representam
a esperança do povo do Senhor, e o povo do
Senhor não tem qualquer esperança separado
deles. Eles são a chave do Senhor para a
situação, e Ele precisa tê-los por causa dos
demais. É Benjamin, o elo entre os irmãos
alienados e distantes e aquele que está no
trono. É o pequeno que é a ocasião para eles
serem trazidos para dentro da benção plena. É
uma posição de privilégio, embora seja difícil,
custosa e cheia de luta e sofrimento. Preciso
dizer mais a mim mesmo, e você precisa dizer
mais para si mesmo, sobre o privilégio de ser um
vencedor. Temo que fiquemos muito impressionados
com o sofrimento e o custo disto, mas é um
privilégio estar numa posição que irá significar
muito para o Senhor numa grande quantidade de
outros que pode não estar nesta posição no
momento que poderia nos impressionar.
Se o Senhor está para trazê-los, Ele não faz
isto, nem pode fazê-lo, diretamente. Ele faz
isto através da ministração daqueles que estão
nesta comunhão íntima com Ele que representa uma
poderosa vitória sobre a estratégia do inimigo.
É uma posição de privilégio, e é por isto que
aqueles que estão seguindo este caminho com o
Senhor tornam-se o objeto central do ódio e
malicia do Diabo, e porque é uma batalha para
eles manter a posição para a qual o Senhor os
tem chamado. Muito depende deles por causa de
suas responsabilidades em virtude do elo, e o
valor deste elo, entre eles e – talvez –
multidões de pessoas. Assim Jonatas e seu
escudeiro (e esta é a parte da história que
gosto muito) tinham um entendimento secreto.
Havia aqueles dois maciços e ameaçadores
penhascos de ambos os lados, e os Filisteus
estavam em lugar de vantagem. O entendimento
secreto deles era este: 'Se eles disserem que
irão descer a nós, tudo bem, iremos esperar por
eles. Mas se disserem: "Venham a nós," então
saberemos que o Senhor os tem entregado em
nossas mãos.' Você teria pensado que eles teriam
colocado a coisa de outra maneira, pois, então,
eles teriam tido todas as vantagens e teria sido
comparativamente mais fácil. Mas crer que ser
chamado para escalar aquelas dificuldades,
aqueles penhascos ameaçadores era o sinal do
Senhor da vitória, bem, torna a situação muito
forte, não torna? E os Filisteus disseram:
'Subam a nós!” Assim Jonatas disse: “O Senhor os
tinha entregue na mão de Israel”, e, enquanto
avançavam com as mãos e com os pés, pois era uma
subida muito difícil, eles diziam: “A vitória é
nossa.” Eles subiam em vitória, e não para uma
vitória. Eles tinham suas armas, eles tinham fé
em Deus, eles permaneciam numa vitória e
prosseguiam nela. E Jonatas derrotou os
Filisteus. Eles caíram diante dele e de seu
escudeiro. Então o Senhor mandou um terremoto.
Quando a fé tinha ido tão longe quanto podia,
Deus cooperou e enviou consternação entre os
Filisteus. Então os pobres e fracos Hebreus
viram a sua chance e atacaram os Filisteus. Isto
não foi muito nobre, nem muito honroso, mas
Jonatas foi o instrumento para tirar força da
fraqueza deles, um claro testemunho da falta de
distinção deles, e, do lugar onde o testemunho
havia se perdido proporcionando agora um lugar
onde eles podiam se apoiar. E muitas pessoas
simplesmente precisam de um Jonatas para
trazê-los para um lugar desembaraçado. Eles irão
entrar se o Senhor tiver um instrumento forte o
suficiente para enfrentar o inimigo em favor
deles, mas eles não entrarão até que haja alguma
coisa que comece a golpear os Filisteus para
eles. Irá você ser um desses?
A Companhia Peneirada
Preciso encerrar, porém quero dizer apenas uma
palavra sobre o Senhor passar a peneira até
conseguir algo parecido com isto, sobre a
necessidade de obter efetividade. Jonatas, seu
escudeiro e uma pequena companhia representava
um povo selecionado. Eles foram peneirados nesta
questão de fé no Senhor, e eles foram peneirados
para que a oração e a Palavra fossem a própria
vida deles. A companhia de Gideão representou
isto: uma companhia peneirada trazida para uma
posição de absoluta fé em Deus, pois isto é o
que Deus buscava - "Para que Israel não se
glorie contra Mim dizendo: ‘Minha mão me livrou.
(Juízes 7:2). Eles tinham que estar numa
situação onde Deus fosse o único bem deles, e a
fé Nele fosse o terreno onde eles permanecessem.
Então cada homem tinha que colocar sua espada ao
seu lado e permanecer a postos. Você tem um belo
quadro nos trezentos de Gideão que formavam uma
companhia selecionada que permaneciam na oração
e na Palavra de Deus. “A Espada do Senhor" – a
Palavra do Senhor. O Senhor viu que todos os
medrosos voltaram para casa, pois um coração
medroso é inútil. A fé é necessária aqui. Um
coração dividido é inútil e desqualifica o seu
dono. Um coração medroso foi o primeiro teste, e
uma grande turma voltou para casa porque tinham
o coração temeroso. Um coração dividido foi o
primeiro teste, e aqueles que se ajoelharam para
beber água mostraram que não estavam totalmente
preparados para este negócio. Aqueles que
lamberam a água estavam ansiosos, pois
permaneceram sobre seus pés, e apenas beberam
água porque era necessário.
Aqueles que lamberam a água tinham o coração
determinado e estavam completamente neste
negócio. Um coração dividido desqualifica, e o
Senhor olha para isto e o descarta. No final o
Senhor tem a Sua companhia, e eles estão todos
com Ele na fé do Filho de Deus, tendo uma vida
de profunda comunhão com Ele em oração e na
Palavra. Será sempre uma companhia peneirada, e
nós não deveríamos nos desencorajar ou pensar
que uma coisa estranha tenha acontecido quando o
Senhor começa a passar a peneira e muitos voltam
para casa. Esta é a maneira de o Senhor obter
efetividade. Ele precisa peneirar. Ele próprio,
quando esteve aqui na terra, nos deu bastante em
Seu ensino pessoal nesse mesmo sentido. Ele
chama, e as reações a Sua chamada são: “Senhor,
permite primeiro enterrar o meu pai”. Então há
outros interesses: “Comprei cinco juntas de boi
e preciso experimentá-las”; "Casei”; "Adquiri
uma propriedade, e preciso ir vê-la”. Este é um
coração dividido! E, então, temos a Sua palavra:
“Se alguém vem após Mim e não aborrecer seu pai,
e sua mãe, e filhos, e irmãos e irmãs, e ainda,
a sua própria vida, não pode ser Meu discípulo;
"Aquele, pois, que não toma a sua cruz e vem
após Mim não pode ser Meu discípulo”. Isto é,
nada de coração tímido! O Senhor chama para
isto, e por trezentos Ele entregou os Midianitas
em nossas mãos, e Ele salva Israel. Eles são a
salvação dos demais.
FIM
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineinascimento@uol.com.br
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