O Evangelho Segundo Paulo
de T. Austin-Sparks
Prefácio
Estamos vivendo num tempo em que muitas grandes
mudanças de caráter estão ocorrendo em cada
área. Certamente não é tempo de estagnação. Não
apenas a aparência das coisas tem mudado
grandemente na metade de uma vida, mas há nesses
dias imediatos uma tremenda aceleração nesta
mudança, de modo que não sabemos qual pode ser a
situação do mundo de um dia para o outro.
O que se obtém no geral não é menos verdade
-talvez até mesmo mais verdadeiro- no
cristianismo. Tudo está num campo de dúvida e
incerteza, isto é, no que diz respeito à
moldura, à forma, à obra, à maneira e a
perspectiva terrena. Podemos ir mais além e
dizer que -muito provavelmente na soberania e
na providência de Deus- as condições (já
bastante avançadas no Leste) estão literalmente
compelindo os cristãos a reconsiderarem os seus
fundamentos, e levando pessoas responsáveis a
enfrentar toda essa questão de reorientação
exigida.
Se estamos próximos da consumação desta era,
então, isto é exatamente o que podemos esperar.
Somente a verdade em sua real essência irá
suportar o teste que será forçadamente lançado
sobre todas as coisas pelo próprio Deus, e este
“julgamento deve começar pela casa de Deus”.
Todos os acessórios, equipamentos,
acompanhamentos, parafernálias e ‘etc’ do
cristianismo será despojado, e somente a dura
realidade permanecerá no final. A Escritura fala
de uma "ardente prova que virá sobre todos os
habitantes da terra, para provar os seus
moradores”. A tragédia do nosso tempo é que
muitos líderes responsáveis ou estão tão
ocupados e preocupados com a obra, ou estão tão
superficialmente otimistas que não estão
conscientes da real emergência implícita no
progresso do mundo.
Há uma necessidade crescente para tal
suprimento
em muitas conexões, mas não menos na questão do
Evangelho em si. Apressemo-nos em deixar claro
que não estamos implicando que há qualquer
necessidade para uma reconsideração ou
reorientação da essência do Evangelho. Não,
enfaticamente não! Ele, em sua natureza e
constituição essencial, permanece “O Evangelho
Eterno”. Mas há uma necessidade real para uma
apreensão fresca de qual é esta realidade do
Evangelho. A própria palavra ou termo
‘Evangelho’ tem implicado algo menos do que
“todo o conselho de Deus”, e tem sido aplicado
quase que exclusivamente aos princípios da vida
cristã.
Quando o apóstolo que escreveu a carta aos
Hebreus demonstrou a grandeza transcendente de
Cristo, o Filho de Deus, em cada área, seja dos
patriarcas, profetas, anjos, ou qualquer outro,
ele resumiu tudo -algo vasto- numa única
frase: “tão grande salvação”; da qual salvação
ele declarou que até mesmo negligenciá-la -não
necessariamente se opor a ela, ou resisti-la-
envolveria uma condenação inevitável.
Nas páginas deste pequeno volume, temos buscado
suprir esta necessidade de recuperação, ou de
re-apresentação, alguma coisa -somente alguma
coisa- da grandeza do Evangelho, e mostrar que
tudo para a vida, serviço, progresso, e vitória
depende da real compreensão de sua grandeza.
Capítulo 1 - Em Sua Carta aos Romanos
“...o evangelho que prego...”(Gl.2.2)
“Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já
vos tenho anunciado ... “ (1 Co. 15.1)
“Mas faço-vos saber, irmãos, que o evangelho
que por mim foi anunciado não é segundo os
homens.” (Gl 1.11)
“O evangelho que prego”. “O evangelho que foi
pregado por mim”.
Há no Novo Testamento quatro principais
designações para o assunto básico com que ele
trata, a verdade vital com que ele se ocupa, e
essas quatro designações são O Evangelho, O
Caminho, A Fé, e O Testemunho. Isto que agora
tem se tornado conhecido como ‘cristianismo’
era, então, expresso por uma ou outra dessas
designações. Dessas quatro, a mais usada é a
primeira - O Evangelho. Este título, pela
mensagem inclusiva do Novo Testamento, ocorre lá
pelo menos cem vezes - isto é, na forma nominal,
‘O Evangelho’. Na forma verbal correspondente,
ocorre muito mais vezes, porém, irreconhecíveis
por nós, porque está traduzido por várias
palavras inglesas diferentes, mas em grego isto
é exatamente o que foi dito. Quando pregavam,
concebiam a si mesmos como anunciando boas
notícias a tudo e a todos. Pregar o evangelho
era simplesmente anunciar boas novas.
É impressionante que esta palavra, pequena,
para a fé cristã - ‘o evangelho’ - abunda em
vinte dos vinte e sete livros do Novo
Testamento. As exceções são: o Evangelho segundo
João, onde você não irá encontrá-la, nem irá
encontrá-la nas três cartas de João. Você não
irá encontrá-la na segunda carta de Pedro, nem
em Tiago, ou Judas. Mas estes escritores tinham
os seus próprios títulos para a mesma coisa.
Mencionamos entre quatro, ‘O Testemunho’: este é
o título peculiar de João para a fé cristã -
freqüentemente, com ele, ‘O Testemunho de
Jesus’. Com Tiago é ‘A Fé’. Porém você vê quão
preponderante é este título de ‘as boas novas’,
‘O Evangelho’.
A Extensão do Termo ‘O Evangelho’
Assim, temos que levar em consideração bem no
início de um fato muito importante. É que este
termo, as boas novas, cobre toda a extensão do
Novo Testamento, e abrange todo o conjunto
daquilo que contém o Novo Testamento. Não é
apenas essas certas verdades que se referem ao
início da vida cristã. O evangelho não está
confinado a verdades ou doutrinas ligadas à
conversão e, neste senso limitado, salvação - a
questão inicial de se tornar um cristão. O
evangelho vai muito mais além do que isto.
Repito, ele abrange tudo aquilo que o Novo
Testamento contém. Ele tanto é o evangelho nas
profundas cartas aos Efésios e aos Colossenses,
quanto é na carta aos Romanos - talvez um
documento não menos profundo, mas geralmente
tido como estando principalmente ligado com o
princípio da vida cristã.
Não, este termo, as ‘boas novas’, cobre todo o
terreno da vida cristã, do início ao fim. Possui
um vasto e diversificado conteúdo, que toca cada
aspecto e cada fase da vida cristã, do
relacionamento do homem com Deus, e do
relacionamento de Deus com o homem. Está tudo
incluído nas boas novas. O não salvo precisa das
boas novas, mas o salvo igualmente precisa
delas, e eles constantemente precisam das boas
novas. Os cristãos constantemente precisam de
algumas boas novas. Eles precisam dela como sua
mensagem, a substância de sua mensagem. Eles
precisam dela para seu encorajamento, e suporte.
Quão bastante os servos do Senhor precisam das
boas novas, para encorajá-los na obra, e
apoiá-los em todas as demandas e custos de suas
labutas! A Igreja necessita das boas novas para
a sua vida, para o seu crescimento, para a sua
força, para o seu testemunho. E assim, o
evangelho entra em cada ponto, toca cada fase.
Agora, quanto ao nosso presente método nas
páginas que seguem. Pediria a você para me
seguir cuidadosamente, e compreender aquilo que
estou tentando dizer realmente sobre o
fundamento desta palavra. Vamos perseguir o que
irei chamar de o método ‘resultante’: isto é,
extrair a conclusão da matéria toda, e não só o
aspecto particular de cada porção do Novo
Testamento.
Deixe-me ilustrar. Tome, por exemplo, a carta
aos Romanos, que iremos considerar por um
momento. Todos nós sabemos que esta carta é o
grande tratado da justificação pela fé. Mas a
justificação pela fé é mostrada como algo
infinitamente maior do que muitos de nós já tem
compreendido, ou entendido, e a justificação
pela fé tem uma conotação e relação muito ampla.
Tudo aquilo que está contido nesta carta aos
Romanos se esclarece em apenas uma gloriosa
questão, e isto é o porque ela começa com a
afirmação de que aquilo que ela contém é ‘o
evangelho’. “Paulo, servo de Jesus Cristo,
chamado para ser apóstolo, separado para o
evangelho de Deus... a respeito de Seu Filho”.
Agora, tudo o que segue é ‘o evangelho’ - mas
que tremendo evangelho está ali! E nós temos
que, de alguma forma, resumir tudo numa única
conclusão. Temos que perguntar a nós mesmos: ‘Afinal de contas, qual a conseqüência de nossa
leitura e de nossa consideração desta
maravilhosa carta?’ Como você vê, a justificação
não é o princípio das coisas, nem o fim delas, a
justificação é o ponto de encontro de um vasto
princípio e de um vasto fim. Isto é, é o ponto
no qual toda a eternidade passada e toda a
eternidade futura estão focadas. Isto é o que
esta carta revela.
O Deus de Esperança
Vamos agora olhar para ela um pouquinho mais de
perto, naquela luz em particular. Qual é o
assunto, qual é o resultado? Este resultado está
reunido em apenas uma única palavra. É algo
muito grande quando você pega um grande
documento como este e o coloca numa palavra.
Qual é a palavra? Bem, Você irá achá-la se for
para o final da carta. É significativo que ela
venha no ponto onde o apóstolo está resumindo.
Ele escreveu sua carta, e ele está agora a ponto
de fechá-la. Aqui está.
“Ora o Deus de esperança vos encha de todo o gozo e paz em crença, para que
abundeis em esperança pela virtude do Espírito
Santo.”
(Rm 15.13).
Se a sua anotação de margem é boa, ela lhe
dará referências a outras ocorrências desta
palavra nesta mesma carta. Você irá achá-la já
no capítulo 5, verso 4; você a encontra
novamente no capítulo 8, versos 24 e 25;
novamente no capítulo 12, verso 12; e, então, no
capítulo quinze - primeiro no verso 4, e
finalmente aqui em nossa passagem, verso 13. “O
Deus de esperança”. Esta é a palavra na qual o
apóstolo reúne o todo desta maravilhosa carta.
Este, então, é o evangelho do Deus de esperança;
mais literalmente, as ‘boas novas’, ou as ‘boas
notícias’, do Deus de esperança. De modo que o
que realmente está em vista nesta carta, do
começo ao fim, é esperança.
Uma Situação Sem Esperança
Agora, muito obviamente, esperança não tem
significado e não faz sentido, exceto à luz do
contrário - exceto se o contrário existir. O
método Divino nesta carta, portanto, em primeiro
caso, é colocar as boas novas em contraste com
uma situação desesperançosa, a fim de dar um
relevo claro a esta grande palavra - esta última
questão, esta conclusão, este resultado. Uma
situação realmente sem esperança é estabelecida.
Olhe para o método Divino nisto.
A situação é estabelecida em duas conexões.
(a) Na Questão de Herança
Primeiramente, está exposta em relação à raça
-
a questão toda de hereditariedade. Se olharmos o
capítulo 5, com o qual estamos tão familiarizados,
vemos lá que a raça está ligada a Adão -
‘como por um homem...’ (verso 12). Toda raça
humana está ligada à sua origem e fonte
principal no primeiro Adão. O que está claro
neste capítulo é isto. Houve um ato desobediente
por meio da incredulidade, o que resultou em
ruptura do relacionamento do homem com Deus.
“Por meio da desobediência de um só homem”
(verso 19), Paulo coloca isto - não apenas aqui,
mas em sua carta aos Coríntios (1Co. 15.21,22).
E, a partir de então, todos os homens
descendentes daquele homem, Adão, tornaram-se
envolvidos naquele ato de desobediência e suas
conseqüências - principalmente a ruptura do
relacionamento entre o homem e Deus.
Mas isto não é tudo. Aquilo que se seguiu
imediatamente, como o efeito daquele ato, foi
que o homem se tornou desobediente e incrédulo
em sua natureza. Não foi apenas um ato isolado
que ele cometeu, não apenas alguma coisa na qual
ele tinha caído por um momento. Algo saiu dele,
e algo também entrou nele, e o homem se tornou
uma criatura desobediente e incrédula. Ele não
apenas agiu daquela maneira, mas ele se
tornou aquilo; e a partir daquele momento, a
real natureza do homem é a incredulidade, a
natureza do homem é a desobediência. É a sua
constituição, e todos os homens herdaram isto.
Isto é algo que não pode ser ajustado, como
você vê. Quando você tem se tornado um certo
tipo de ser, faltando um certo fator, você não
pode ajustar. Você não pode se ajustar a algo que não está lá. Nenhum homem pode crer, a menos
que lhe seja dado por Deus a capacidade de crer.
A fé ‘não é de nós mesmos, é dom de Deus’ (Ef.
2.8). Nenhum homem pode ser obediente a Deus
separado de um poderoso agir de Deus nele,
fazendo com que ele seja de uma natureza ou
disposição obediente. Você não pode se ajustar a
algo que não existe. Assim, a situação é
bastante sem esperança, não é? Algo saiu, e
alguma outra coisa que é lhe oposta entrou e
tomou o seu lugar. Esta é a condição da raça
humana aqui. Que quadro de desesperança
desesperadora para toda a raça! Esta é a nossa
herança. Estamos nesse aperto.
Você naturalmente irá concordar que em outras
áreas, em outros departamentos da vida, a
hereditariedade é algo sem qualquer esperança.
Geralmente usamos a real desesperança como uma
linha de argumento pela qual possamos nos
escusar. Dizemos, ‘Eu sou assim: não adianta
você tentar me fazer isto - eu não sou assim’.
Você simplesmente está argumentando que possui
em sua constituição algo que torna a situação
completamente impossível. E deixe-me tomar esta
oportunidade para enfatizar que é totalmente sem
esperança para nós tentar achar em nós mesmos
aquilo que Deus requer. Iremos nos despir, e no
final, chegaremos a esta mesma posição que Deus
tem colocado, afirmado e estabelecido - é sem
esperança! Se você estiver lutando para ser um
tipo diferente de pessoa daquela que você é por
natureza, tentando se livrar daquilo que herdou
- bem, você está condenado ao desespero: e
ainda, quantos cristãos nunca aprenderam esta
lição fundamental! Para toda a raça, a
hereditariedade significa falta de esperança. Se
isto precisa de atenção, absolutamente, temos
apenas que considerar o conflito e a batalha que
para se crer em Deus, para se ter fé em Deus.
Você sabe que é uma obra profunda do Espírito de
Deus em você que o leva, tanto inicialmente como
progressivamente, a crer. É o ‘pecado que tão de
perto nos rodeia’ - incredulidade - seguida,
naturalmente, pela incapacidade de obedecer.
Somos aleijados de berço; nascemos condenados
nesta questão devido a nossa hereditariedade.
(b) Em Questão de Tradição Religiosa
Então o Senhor leva a coisa para um outro
campo. Espero que você reconheça o significado
do contexto, o escuro contexto, contra o qual
esta palavra ‘esperança’ é colocada. O Espírito
de Deus, através dos apóstolos, leva-a para o
campo da tradição religiosa, como exemplificado
pelos judeus. Tudo agora para eles está ligado a
Abraão e a Moisés. Quanto o apóstolo tem a dizer
sobre Abraão e sua fé - “Abraão creu” - e,
então, sobre Moisés, e a lei que veio. E aqui há
algo de tremendo significado e importância que
devemos observar, pois aqui vemos a função
particular que estava em vista na escolha
soberana de Deus da nação judaica. Você alguma
vez já pensou sobre isto desta maneira? Há
muitas coisas que poderiam ser ditas sobre a
nação judaica, seu passado, presente e futuro,
mas o que se sobressai aqui tão definitivamente
é a sua função na soberania de Deus. Era, e
ainda é, sua função, no que diz respeito ao
testemunho, isto é, o testemunho de sua
história. Ela foi apenas para mostrar uma única
coisa. Você pode ter um grande pai - eu
realmente quero dizer um grande pai! - E você
pode possuir a melhor tradição religiosa; porém,
nada disto é aproveitado em sua
hereditariedade, isto é, isto não é transmitido
para a sua natureza.
Que pai foi Abraão! Que sorte ter “Abraão como
o nosso pai!” Que espécie magnífica de fé e
obediência tinha Abraão! Eles eram todos
descendentes de Abraão; como nação, eles
procediam de Abraão. E que sistema era a
religião judaica, no que diz respeito ao padrão,
um padrão ético, moral e religioso. Não há nada
que possa ser aprimorada nela, baseando nas
religiões do mundo. Que magnífico sistema de
preceitos religiosos era a religião judaica, que
veio por Moisés! - não apenas os dez
mandamentos, mas todos os demais ensinamentos
que compunham a lei, abrangendo cada aspecto da
vida do homem. E eles eram os filhos daquilo:
contudo, o que você encontra aqui? Você não
encontra a fé de Abraão neles, e você não
encontra o reflexo daquele grande sistema neles,
em sua natureza. Estas mesmas pessoas, vindo de
uma pessoa como Abraão, e sendo os herdeiros de
todos aqueles oráculos do sistema de Moisés, em
suas naturezas estão destituídos de tudo que
está representado por Abraão e Moisés. Essas
pessoas ainda são caracterizadas por - O quê?
Incredulidade, apesar de Abraão; desobediência,
apesar de Moisés! O que poderia ser mais sem
esperança?
Algumas pessoas têm a idéia que, se eles têm um
bom pai e uma boa mãe, isto os coloca numa
posição muito segura, porém a natureza humana
não sustenta tal testemunho. Pode haver
vantagens em se ter tido bons pais - algumas
vantagens; mas não há qualquer garantia de que
você irá escapar de todas as dificuldades, e de
todos os conflitos, e de todos os sofrimentos
para conseguir sua própria fé. O fato é que os
pais podem ser totalmente separados para Deus,
podem ser os mais devotos, os mais piedosos, e,
contudo os seus filhos os mais renegados. Uma
coisa estranha, não é? A disposição à fé e à
obediência não está no sangue. A tradição
religiosa da melhor espécie não muda a nossa
natureza, por melhores que tenham sido os nossos
pais. Você pode ter orado desde o princípio por
uma amável criança, desde o tempo que ela era um
pequenino bebê; você pode ter procurado viver em
função disso diante de Deus: e mesmo assim aqui
está uma criança egoísta, desobediente - e tudo
mais.
Esperança Numa Situação Desesperadora
Quão desesperadamente sem esperança esta
situação é! Porém esta é a forma na qual o
Senhor estabelece um cenário para esta coisa
tremenda chamada esperança. E assim, chegamos à
uma solução transcendente, e eu uso esta palavra
cuidadosamente à esta altura, porque aqui está
algo muito grande. Esta é uma imensa montanha, a
montanha da hereditariedade: mas há algo que
transcende tudo, está acima de tudo; uma solução
que se levanta acima de toda falta de esperança
e desespero da situação natural; e isto é o que
é chamado de ‘evangelho’. Oh, isto deve ser boas
novas! De fato este é o porque ele é chamado
‘boas novas’! Boas Novas! O que ele é? Há
esperança na situação mais desesperadora.
O Evangelho No Passado Eterno
Agora, se olharmos para esta carta como um
todo, encontraremos que, as boas notícias ou as
boas novas, do evangelho não está apenas na cruz
do Senhor Jesus - embora ela seja o ponto focal
do evangelho, como veremos num instante. As boas
novas, ou o evangelho, é algo muito, muito maior
até que a cruz do Senhor Jesus! O que é isto?
São “as boas novas de Deus... concernentes a Seu
Filho...Jesus Cristo, nosso Senhor”. A cruz é
apenas um fragmento da significação do próprio
Jesus Cristo.
Assim, esta carta, o que ela faz? Ela nos leva
diretamente para dentro da eternidade do Filho
de Deus. Isto é maravilhoso, se você
compreender. Se este evangelho não salvar você,
eu não sei o que poderia salvar. Aqui somos
levados diretamente para a eternidade passada do
Filho. “Porque os que dantes conheceu também os
predestinou para serem conformes à imagem de seu
Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre
muitos irmãos.” Rom.8.29. Ele devia ter tido Seu
Filho, o Modelo Mestre, em vista lá antes que
qualquer homem fosse criado, o modelo eterno que
o Filho era: antes que houvesse qualquer
necessidade de redenção, expiação, a cruz, o
Filho era o modelo eterno de Deus para o homem.
E, observe, é tão positivo, tão definitivo. É
naquele tempo que significa um ato definitivo,
uma vez para sempre. “A quem dantes conheceu,
também preordenou”. É algo que foi feito antes
que houvesse tempo.
É aí que começa o evangelho.
Sim, vemos o Filho em Sua eternidade como o
modelo eterno de Deus; e, então, temos a
eternidade da soberana redenção. A soberana
redenção está incluída nele. ‘Ele preordenou,
chamou, justificou, glorificou’. Agora, estas
três últimas coisas não são subseqüentes. Todas
elas pertencem ao mesmo tempo - que não é tempo
propriamente dito; é eternidade. Não é dito que
Ele conheceu de antemão e preordenou, e,então,
no curso do tempo, Ele chamou, e justificou, e
glorificou. Você vê no que está engajado se
tomar isto em consideração. Muitos de nós temos
sido chamados e justificados, mas não estamos
glorificados ainda. Mas está dito ‘Ele
glorificou’, no tempo de uma vez por todas
(aoristo).
Isto deve significar, então, que quando Ele
tomou esta matéria em mão, em relação a seu modelo eterno, o Senhor Jesus, Ele terminou tudo
em propósito e intenção soberana. Foi consumado,
então, de modo que o vaso estragado é um
incidente no tempo; um terrível incidente, uma
tragédia, que o vaso foi estragado na mão do
oleiro; porém, por tudo isto, um incidente no
tempo. O conselho de Deus transcende a tudo o
que tem entrado no tempo. Caro amigo, quando o
Senhor projetou todo o plano da redenção, não
foi porque algo tinha acontecido, exigindo um
movimento de emergência para tentar solucionar a
situação. Ele já tinha antecipado a coisa toda,
e tinha tudo na mão para satisfazer a
contingência. O Cordeiro foi ‘morto antes da
fundação do mundo’ (Ap. 13.8). A cruz retrocede
acima do tempo, muito antes do pecado, antes da
queda, antes de Adão - diretamente ao Filho
eterno, antes dos tempos eternos. A cruz chega
lá - ao ‘Cordeiro morto antes da fundação do
mundo’.
Que grande esperança está aqui! Se isto é
verdade, se pudermos compreender, isto é boa
nova, não é? Nós causamos toda a situação em nós
mesmos, que é tão sem esperança; Deus
providencia tudo em Seu Filho para solucionar a
nossa desesperança. E Deus não está
experimentando porque algo saiu errado -
‘Precisamos encontrar algum tipo de remédio para
isto, devemos encontrar algo com o qual possamos
experimentar, a fim de ver se podemos satisfazer
esta emergência; o homem ficou doente, e
precisamos procurar um remédio’. Não; Deus já
cobriu isto desde a eternidade, já satisfez isto
desde a eternidade, em Seu Filho. É o evangelho,
as boas novas, de Deus ‘concernente a Seu
Filho’. Isto pode suscitar alguns problemas
mentais, mas aqui está a declaração deste livro.
A esperança, como você pode ver, não é destruída
por causa da queda de Adão: a esperança
retrocede muito aquém do pecado do homem.
Você diz, ‘Então, pra quê a
cruz?’ Bem, a
encarnação e a cruz estão apenas refletindo o
que fora estabelecido na eternidade - trazendo
da eternidade para o tempo numa forma prática,
tornando efetivo para o homem em sua condição de
necessidade desesperadora, aquele grande
propósito, intenção, desígnio de Deus
concernente a Seu Filho. A cruz é o instrumento
que leva o vale, do pecado e da falta do homem,
para o nível do eterno conselho de Deus, e
restaura o curso daquilo que no fim das contas
não é afetado por aquilo que aconteceu no tempo.
Tremendas boas novas, esta, não é? A cruz se
torna a ocasião de fé pela qual tudo isto
transcende - naturalmente, ela provê o campo
para a nossa fé - e, quando a fé age em relação
a cruz, o que acontece? Somos levados para
Cristo: não para o Jesus dos três anos e meio,
ou até mesmo dos trinta anos, mas levados para
Cristo como representando o eterno plano de Deus
para o homem. A fé nos traz para isto. Esta é a
boa nova, ‘as boas novas concernentes a Seu
Filho’; o evangelho, as boas novas do ‘Deus de
esperança’.
Como você vê, a esperança é encontrada na
eterna provisão de Deus, fora do tempo: e esta é
uma rocha muito segura sobre a qual pisar! Sim,
achados na rocha eterna da filiação de Cristo,
não sobre um plano posterior e uma medida de
emergência, para solucionar algo que não saiu
como o desejado. A esperança está fundada e
ancorada fora do tempo. O apóstolo, escrevendo
aos Hebreus, usa um quadro, uma metáfora. ‘A
esperança...
qual temos como âncora da alma, segura e firme,
e que penetra até ao interior do véu.’
(Heb.6.18,19); levando você para fora do tempo,
para fora desta vida, ancorando você lá na
eternidade. Quão grande é a cruz! Quão grande é
a mensagem de Romanos 6! Ela nos leva para muito
antes de Moisés, Abraão e Adão. Ela nos leva
para antes da queda e do pecado de Adão, e de
toda condição sem esperança da raça humana. A
cruz nos leva para antes de tudo isso, e lá, no
passado eterno, nos liga com aquilo que Deus
estabeleceu. A cruz garante isso. E, por outro
lado, a cruz alcança a eternidade que está por
vir, e diz: ‘A quem dantes conheceu...a este
também glorificou’ (Rom.8.29,30). A cruz garante
a glória da eternidade futura. Quão grande é a
cruz!
Esperança, então, repousa sobre a imensidão da
cruz. A esperança repousa sobre o fato de que
Cristo trilhou este caminho, tornando-se o último
Adão, fazendo-se pecado por nós, suportando
tudo, agora, ressuscitado por Deus, está
assentado à mão direita de Deus, é por isso que
nós, como ‘em Cristo’, fomos colocados além de
qualquer risco de uma outra queda. Sempre penso
que isto é um dos fatores mais abençoados no
evangelho - que Jesus, no céu agora, tendo
trilhado este caminho, e o caminho da sua cruz,
diz que este Adão jamais irá cair. Jamais irá
haver uma outra queda. Esta herança é segura,
firme, porque está ligada a Ele. Não há medo de
sermos envolvidos em mais nenhuma queda deste
tipo, não há medo absolutamente. É de fato uma
maravilhosa esperança, este evangelho do Deus de
esperança!
Você percebe quão vividamente o quadro de
desesperança é desenhado? Tenho apenas dado a
você o contorno, porém, você olha para os
detalhes - o terrível quadro dos gentios e
judeus desenhado nos primeiros capítulos desta
carta, e a desesperança da situação para
ambos. Sim, desespero realmente - e, então,
acima de tudo o que foi escrito, esperança! As
boas novas de esperança estão sobre tudo, apesar
de tudo, porque a esperança repousa em Deus ter,
antes de todas as coisas, determinado algo que
Ele irá realizar, e que Ele tem demonstrado pela
cruz de Seu Filho Jesus Cristo. Você e eu
sabemos que, quando a fé age em relação a cruz
do Senhor Jesus, algo começa em nós que inverte
totalmente o curso natural das coisas. Agora a
fé está crescendo, a fé está se desenvolvendo;
estamos aprendendo o caminho da fé, estamos
sendo capacitados a confiar em Deus mais e mais.
Tudo mudou: a obediência agora é possível.
E há uma outra vida, uma outra natureza, um
outro poder em nós, que foi posto para
esperança. Uma contradição da fé cristã é um
cristão desesperado, um cristão sem esperança;
um que não é marcado por esta grande coisa que é preeminentemente característico de Deus -
esperança. Ele é ‘o Deus de esperança’. O Senhor
tornou isto verdadeiro, para que fossemos
enchidos de esperança, ‘alegres na esperança’.
‘Paciente na tribulação’, mas ‘alegres na
esperança’ (Rom.12.12).
Capítulo 2 - Em Sua Carta Aos Coríntios
Nós, agora, passamos para as cartas aos
coríntios, e, novamente seguindo o nosso método,
buscamos encontrar aquilo que irá resumir tudo o
que essas cartas contêm. Após todos os detalhes,
tudo aquilo que compõe essas cartas - e é
bastante - perguntamos: ‘Isto resulta em que?
Qual é o resultado disso?’ E uma vez mais
encontraremos que é apenas o evangelho novamente
- perdoe-me colocar desta forma - é apenas uma
questão do evangelho novamente a partir de um
outro ângulo, um outro ponto de vista.
Podemos ficar surpresos ao aprender que a
palavra ‘evangelho’, ou, como seria no original,
o termo ‘boas novas’, ocorre nessas duas cartas
não menos do que vinte e duas vezes: de modo que
não estamos apenas tomando um pequeno fragmento
e atribuindo um peso indevido a ele. Precisamos
de algum fundamento absolutamente sólido sobre o
qual basear as nossas conclusões, e penso que
vinte e duas ocorrências de uma palavra especial
em tal espaço formam uma base bem sólida. Sejam
sobre o que mais essas cartas possam ser, elas
devem ser a respeito disto. Muito do que você lê
nessas cartas podem levá-lo a pensar que não se
trata disso absolutamente - parece tão ruim;
porém, o que buscamos é pelo resultado da
matéria.
A Síntese Das Cartas
Há uma sentença muito familiar que resume o
todo das duas cartas. Ela aparece, naturalmente,
no final da segunda carta.
‘A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo, seja com
todos’ (2 cor. 13.13).
Isto é algumas vezes chamado de ‘a ação de
graças’ ou ‘a benção’. Isto é, naturalmente, o
título humano para ela. Porém, ela não é apenas
um apêndice de um discurso - uma forma
convencional de terminar as coisas, um
pensamento agradável. Nem era ela usada por
Paulo como uma espécie de bom desejo ou
recomendação derradeira com a qual terminar a
reunião, como é normalmente usado hoje. Eu creio
que existe uma benção nela, mas você tem que
olhar muito mais profundamente do que apenas
para essas frases. Realmente era uma oração, e
uma oração na qual estava resumido o todo das
duas cartas que o apóstolo escreveu. A maneira
maravilhosa de Paulo em abranger muito em poucas
palavras, tudo o que ele tinha escrito através
dessas duas cartas é dessa forma reunida.
A Ordem da Síntese
É, talvez, importante observar a ordem dessas
três orações. A graça do Senhor Jesus, o amor de
Deus, e a comunhão do Espírito Santo. Esta não é
a ordem das Pessoas Divinas. Se fosse, teria que
ser mudada: ‘O amor de Deus, a graça do Senhor
Jesus, e a comunhão do Espírito Santo’. Mas nós
não temos necessidade de tentar colocar Deus
primeiro - em tentar aperfeiçoar a Palavra de
Deus e a ordem da ordem do Espírito Santo. Isto
não é a ordem das Pessoas Divinas. É a ordem do
processo Divino. Este é o caminho ao longo do qual
Deus se move para alcançar a Sua meta, e isto é
exatamente o resumo dessas duas cartas. Todo o
caminho ao longo do qual Deus está se movendo
rumo ao final, e esta oração de Paulo está de
acordo com o princípio, a ordem, do movimento
Divino.
Vamos agora chegar nas palavras em si, e ver se
podemos encontrar um pouco do evangelho - as
‘boas novas’ dessas duas cartas - reunidas
nessas três frases.
A Graça do Senhor Jesus
Qual foi a graça do Senhor Jesus? Bem, se você
olhar de volta nesta segunda carta, para o
capítulo 8, verso 9, você a tem:
‘Vós conheceis a graça de nosso Senhor Jesus
Cristo, que, embora sendo rico, contudo se fez
pobre por vossa causa, para que por meio de sua
pobreza vos torneis ricos’.
Há três
elementos muito simples nesta declaração. O
Senhor Jesus fez algo - Ele se tornou pobre; e o
que Ele fez foi voluntário - porque a graça
sempre carrega esta característica bem no seu início. É aquilo que é
perfeitamente voluntário; não forçado, não
exigido, sob obrigação, mas completamente livre.
A graça de nosso Senhor Jesus significou
primeiramente um ato voluntário. Isto é graça
muito simplesmente, mas ela vai ao coração das
coisas. Isto é o que Ele fez - Ele se tornou
pobre. E, então, o motivo, do por que Ele fez:
‘para que nós, através de sua pobreza pudéssemos
nos tornar ricos’.
Penso que esta é uma síntese simples e
maravilhosa da graça. Ele se tornou pobre - Ele
fez isto sem coação - e, em assim fazendo, Sua
intenção era que pudéssemos nos tornar ricos.
Agora, você vê, você tem aqui no Senhor Jesus
uma Pessoa e uma natureza completa e
absolutamente, plena e finalmente, diferente de
qualquer outro ser humano; uma natureza
completamente contrária à natureza do homem,
como conhecemos. A natureza humana, como
sabemos, é ser rico, fazer tudo para ficar rico,
e qualquer outra pessoa pode ser roubada se é
para nos fazer ricos. E para isto não é
necessário tomar uma pistola e colocá-la na
cabeça das pessoas. Há outras formas de tirar
vantagens para nós mesmos, à custa de outras
pessoas, ou coisa do tipo. Não há realmente
‘graça’ no homem, como o conhecemos. Porém, o
Senhor Jesus é tão diferente disto!
Cristo é completamente diferente - uma natureza
completamente diferente.
Agora toda a primeira carta aos coríntios está
abarrotada de egoísmo. Estou presumindo que você
esteja mais ou menos familiarizado com essas
cartas. Eu não posso levar você através de
página por página, verso por verso; mas estou
dando o resultado de uma leitura mais próxima,
e você pode verificar isto, se quiser. Repito:
toda a primeira carta está simplesmente cheia de
egoísmo - vindicação própria, de ir para a lei a
fim de obter os seus próprios direitos, uma
busca pelos seus próprios interesses, pelos seus
próprios méritos, pelos seus próprios desejos -
até mesmo à Mesa do Senhor - confiança própria,
complacência própria, glória pessoal, amor
próprio, seguro de si, e tudo mais. Você
encontra todas essas coisas nesta primeira
carta, e mais. ‘EU’ - um grande e imenso ‘EU’
permanece inscrito na primeira carta aos
coríntios. Esta é a natureza, a velha natureza,
que se mostra nos cristãos. Tudo o que é
contrário à ‘graça do Senhor Jesus’ vem para a
luz nesta carta, e o Senhor Jesus permanece em
tal contraste forte, claro e terrível ao que
encontramos aí.
Em nosso
último capítulo procuramos mostrar isto, a fim
de revelar a glória das boas novas do Deus de
esperança, o método Divino foi pintar um
quadro de desesperança como realmente era e é
para a natureza humana. Agora, a fim de alcançar
o objetivo Divino, o Espírito Santo
não encobre as faltas, a fraqueza - até mesmo
pecados, terríveis pecados - de cristãos. A
graça de Deus é qualificada pela contexto contra
o que ela se coloca. E assim, embora possamos
sentir: ‘Oh, que pena que esta carta foi
escrita! Que exposição, que revelação, de
cristãos! Que pena falar sempre disso - Por que
não esconder isto? - Ah, é justamente aí que as
boas novas encontram sua ocasião e valor real.
Você vê, são as boas novas de ações de graça.
As boas novas aqui são encontradas bem no
início da carta. Deus sabe tudo sobre essas
pessoas. Ele não está simplesmente decifrando -
Ele conhece o pior. Caro amigo, o Senhor conhece
o pior sobre você e eu; e Ele conhece tudo.
Agora, Ele conhecia tudo sobre esses coríntios,
e, contudo, sob Sua mão, este apóstolo tomou a
caneta e começou a sua carta com - O quê? ‘À
igreja em Corinto’, e, então: ‘santificados em
Cristo Jesus, chamados santos’. Agora, é isto
fingimento? É isto um jogo de faz de contas?
Está ele colocando óculos especiais e dizendo
coisas agradáveis sobre as pessoas? Nem um
pouco! Repito: Deus sabia de tudo, porém mesmo
assim disse: ‘santificados em Cristo Jesus...
santos’.
Você diz, ‘Oh, não consigo entender tudo
isto!’? Ah, mas isto é simplesmente a glória de
Sua graça, porque a graça do Senhor Jesus é
evidenciada aqui em chamar a tais pessoas de
santas. Agora, você não chama tais pessoas de
santas; você reserva esta palavra para pessoas
de um tipo diferente. Dizemos, ‘Oh, Ele é santo’
- distinguindo-o, não das pessoas que não são
salvas, mas entre pessoas boas. Agora, Deus
chegou exatamente a essas pessoas, sabendo toda
esta história negra, suja, e disse: ‘santos’; e
esta outra palavra, ‘santificados em Cristo
Jesus’ é apenas uma outra forma usada para
‘santos’. Significa ‘separados’ - separados em
Cristo Jesus. Você vê, a primeira coisa é a
posição na qual a graça do Senhor Jesus nos
coloca. É uma graça posicional. Se estivermos em
Cristo Jesus, todas essas coisas lamentáveis
podem ser verdadeiras sobre nós, mas Deus nos vê
em Cristo Jesus, e não em nós mesmos. Esta é a
boa notícia, isto é o evangelho. A maravilhosa
graça do Senhor Jesus! Somos vistos por Deus
como separados, santificados em Cristo. É aí
onde Deus começa Sua obra em nós, colocando-nos
numa posição em Seu Filho onde Ele atribui a nós
tudo aquilo que o Senhor Jesus é.
Agora, você pode registrar isto nesta carta:
‘Jesus Cristo, que foi feito por nós sabedoria
de Deus, justiça, santificação e redenção’ (1Co
1.30). Ele foi feito por nós justiça,
santificação e redenção. Temo que alguns
cristãos tenha receio de se apropriar demais de
sua graça posicional. Acham que será tirado algo
de sua vida cristã se fizerem isso, porque eles
dão uma ênfase tremenda em sua necessidade por
santificação, na verdade, como condição; e ficam
tão ocupados introspectivamente com esta questão
do que eles são em si mesmos, tentando lidar com
isso, que perdem toda a alegria de sua posição
em Cristo através da graça.
Precisamos manter o equilíbrio nesta questão. O
começo de tudo é que a graça do Senhor Jesus vem
a nós - muito embora possamos ser como os
coríntios - nos coloca e olha para nós como
num lugar de santidade, ‘santificados em Cristo
Jesus’. Você não pode descrevê-la. A graça vai
além de nossa capacidade de descrever, porém lá
está a maravilha da graça do Senhor Jesus. O
fato em questão é que nós realmente somente
descobrimos que terríveis criaturas somos, após
estar em Cristo Jesus, e após ter estado Nele
por um longo tempo. Penso que quanto mais tempo
estamos em Cristo, mais horríveis nos tornamos
aos nossos próprios olhos. Portanto, se estamos
em Cristo Jesus, o que somos em nós mesmos não
importa. A nossa posição não se apóia sobre se
somos realmente, literalmente, verdadeiramente
perfeitos. As boas novas, antes de tudo, têm a
ver com a nossa posição em Cristo.
Ah, mas isto não para aí. Ela não introduz
algum tipo de sombra, ou não deve introduzir.
Graças a Deus, é uma boa notícia além até mesmo
disso. A graça do Senhor Jesus pode fazer o
estado ser diferente - pode fazer com que o
nosso estado atual mude para um novo estado.
Esta é a graça do Senhor Jesus. Ela pode fazer o
nosso próprio estado atual corresponda à nossa
posição. A graça não apenas recebe na posição de
aceitação sem mérito: a graça é um poder que
trabalha para nos fazer corresponder à posição
na qual somos trazidos. A graça tem muitos
aspectos. Graça é aceitação, mas graça é poder
para operar. ‘A minha graça te basta’ (2 Co
12.9). Esta é a palavra mais poderosa na
necessidade. A graça do Senhor Jesus é, de fato,
boas novas - boas notícias para os cristãos.
O Amor De Deus
Após ‘a graça do Senhor Jesus’, ‘o Filho de
Deus’, veja como Deus está se movendo para o Seu
propósito final. Agora, a segunda carta aos
coríntios está tão cheia do amor de Deus quanto
a primeira está cheia da graça do Senhor Jesus.
É uma carta maravilhosa do amor de Deus, e de
Seu poderoso triunfo, Seu grandioso poder. O
amor de Deus é o método presente de mostrar o
Seu poder. Se isto não o fizer, nada mais o
fará. O que Deus está fazendo nesta dispensação,
Ele o faz por meio do Seu amor. Deixemos isto
ficar bem estabelecido. Não por julgamento, não
por condenação. O Senhor Jesus disse que Ele não
veio para condenar, mas sim para salvar (Jo
12.47; cf 2.17). Sim, é o amor de Deus que é o
método do Seu poder nesta dispensação. O método
irá mudar, mas este é o dia do amor de
Deus.
Agora, Paulo, ao final de sua primeira carta,
já deu esta definição clássica e análise do amor
de Deus - 1 Co 13. Não há nada comparado a isto
em toda a Bíblia como uma análise - não é o seu
amor, nem o meu amor; não estamos interessados
nisto - mas o amor de Deus. ‘O amor é sofredor,
é benigno; o amor não é invejoso; o amor não
trata com leviandade, não se ensoberbece. Não se
porta com indecência, ‘ e assim por diante. Aí
está o amor de Deus estabelecido. Iremos
perceber que não podemos resistir a ele. Nenhum
homem pode resistir a isto plenamente. ‘O amor
jamais falha’ - nunca desiste, é isto. Aqui está
a qualidade do amor Divino.
Agora, traga-o para a segunda carta aos
Coríntios, e veja o poderoso triunfo, o poder,
do amor de Deus. Antes de tudo, veja-o como
trabalhando triunfalmente no servo do Senhor.
Olhe novamente para a carta. Paulo tem dado, em
diferentes lugares em suas escritas, revelações
muito maravilhosas, muito gloriosas da graça de
Deus em sua própria vida; mas, considerando o
cenário, não penso que haja algo em algum lugar
no Novo Testamento que estabeleça tão
maravilhosamente o triunfo do amor de Deus em um
servo de Deus, como o faz esta segunda carta aos
coríntios. Se por acaso um homem tivesse razão
para desistir, para lavar as suas mãos, para se
desesperar, para ficar furiosamente zangado,
para ser qualquer outra coisa, menos amável,
Paulo teria sido este homem, em relação aos
coríntios. Ele poderia ter sido bem justificado
em encerrar a situação em Corinto, e dizer: ‘Fiz
tudo que podia por vocês, lavo as minhas mãos,
vocês são irremediáveis. Quanto mais eu os amo,
mais vocês me odeiam. Tudo bem, vão adiante com
isso; eu desisto de vocês’. Olhe para a segunda
carta: A emanação, o transbordamento, de amor
por aquelas pessoas - por essas pessoas -
superando aquela situação. Que triunfo de amor,
o amor de Deus, em um servo de Deus! É assim que
Deus alcança os Seus objetivos finais. Oh, Deus
nos dá mais amor, como Seus servos, para
suportar e ser indulgente, para ter paciência,
e nunca perder a esperança.
Sim, mas isto não foi deixado lá. Você pode ver
isto, mesmo se está apenas começando - e eu
penso que é mais do que isto - nos próprios
coríntios, como ele lhes fala sobre o resultado
de seu forte discurso, sua súplica, sua
reprovação, sua admoestação, sua correção. Os
termos que Paulo usa sobre os coríntios é a
tristeza deles, seu arrependimento, e assim por
diante. Valeu a pena, o amor de Deus triunfando
em um povo como aquele; e você sabe que isto é o
que tornou possível as coisas maravilhosas que
Paulo foi capaz de escrever a eles na segunda
carta. Paulo jamais poderia ter se empenhado em
escrever algumas das coisas que estão nesta
segunda carta se não fosse por alguma mudança
nessas pessoas, na atitude e na disposição
deles; se não fosse o fato de ele ter esta base
de amor triunfante.
Esta segunda carta tem a ver com ministério,
com testemunho, e Paulo seria a última pessoa no
mundo a sugerir que alguém pudesse ter um
ministério e um testemunho sem conhecer o amor
triunfante de Deus em sua própria vida. Paulo
não era este tipo de homem. Infelizmente é
possível pregar e ser um obreiro cristão sem
conhecer nada da graça do Senhor Jesus em sua
própria vida - o que é simplesmente uma
contradição. Há muito mais sobre isso. Paulo
jamais apoiaria qualquer coisa semelhante. Se
ele vai falar sobre ministério e sobre
testemunho no mundo, ele necessitará de uma
base, a graça terá feito sua obra pelo menos em
medida, para que desta forma o amor de Deus seja
agora manifestado. Há agora humilhação: ‘Oh, que
bendita tristeza’, ele diz, ‘que bendito
arrependimento!’ Onde está o ‘EU’? Onde está o
egoísmo? Alguma coisa se rompeu, algo foi
embora; há algo agora da graça do Senhor Jesus,
em esvaziamento próprio, em negação da vida
própria. Sim, estas coisas acabaram,
romperam-se. Este é o triunfo do amor Divino em
tais pessoas.
Isto é evangelho, as boas novas! São boas
novas, não são? O evangelho não é apenas alguma
coisa para trazer o pecador ao Salvador. É isto
- porém, o evangelho, as boas novas, é também
isto, que pessoas, cristãos como os coríntios,
podem ser transformados desta maneira por meio
do amor de Deus. As boas notícias! “A glória do
triunfo que se segue, em palavras que amamos
muito: ‘Graças a Deus que sempre nos conduz em
triunfo em Cristo” (2 Co 2.14), para celebrar
Sua vitória sobre os inimigos de Cristo. Esta é
a progressão de graça e amor. É um Paulo
diferente, não é? - um Paulo diferente da
primeira carta. Ele tem o vento a seu favor
agora, ele corre a favor do vento, ele está em
triunfo. Ele está falando sobre tudo ser um
processo triunfal em Cristo, uma constante
celebração de vitória. O que fez Paulo mudar? A
mudança neles! Sim, sempre foi desta maneira com
Paulo; sua vida estava atrelada ao estado dos
cristãos. ‘Agora eu vivo, se estais firmes no
Senhor’ (1 Te 3.8). ‘Isto é vida para mim’.
‘E o amor de Deus’. ‘Porque Deus, que disse que
das trevas resplandecesse a luz, é quem
resplandeceu em nossos corações, para iluminação
do conhecimento da glória de Deus, na face de
Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em
vasos de barro, para que a excelência do poder
seja de Deus, e não de nós.’ (2 Co 4.6,7).
‘Somos pobres criaturas, coríntios: Eu sou,
vocês são; mas Deus brilhou em nossos corações.
Algo foi feito em nossos corações. O amor de
Deus entrou. Vasos frágeis é o que somos em nós
mesmos, aquele amor se manifestou - a glória do
amor de Deus.’
A Comunhão do Espírito Santo
‘A comunhão do Espírito Santo’. Algumas outras
pessoas já tiveram a necessidade de conhecer o
significado de comunhão mais do que os
coríntios? Está Paulo tocando em um ponto que
era muito sensível? Comunhão? Ele escreveu:
‘Cada um de vós diz: Eu sou de Paulo; e eu sou
de Apolo, e eu sou de Cefas; e eu sou de Cristo’
(1 Co 1.12). Existe alguma irmandade nisto,
alguma comunhão? Não. Quando vocês permanecem na
carne, não há relacionamento, não há comunhão;
vocês ficam todos em pedaços, digladiando-se uns
contra os outros. E era desta forma. O que Deus
deseja? A comunhão entre os cristãos; e deve ser
a comunhão do Espírito Santo, isto é, uma
comunhão constituída, estabelecida e enriquecida
pelo Espírito Santo. Este é resultado da ‘graça
do Senhor Jesus e do amor de Deus’ - unidade.
Vamos claramente reconhecer que esta é a obra
mais profunda do Espírito Santo. Muito foi dito
anteriormente, na primeira carta de Paulo, sobre
o Espírito Santo. Eles tinham tido muito sucesso
com os dons; dons espirituais os havia atraído.
Eles estavam fascinados pelo poder para fazer
coisas, sinais, maravilhas, etc. Os corações
deles buscavam muito essas coisas; esses dons do
Espírito Santo, e muito mais coisas apenas
exteriores, traziam muita gratificação para as
suas almas.
Mas quando
você vem para a suprema e mais
profunda obra do Espírito Santo, você encontra
unidade entre os irmãos. É necessária a obra
mais profunda do Espírito Santo para fazer isto
acontecer, visto que nós ainda temos uma
natureza que é uma velha natureza. Nós podemos
ser cristãos, contudo, cristãos coríntios. Ainda
há coisas escondidas - e nem sempre em cantos
escondidos - o ‘Eu’, a vida egoísta de um forma
ou de outra. Visto que estas coisas estão lá, é
necessário uma obra poderosa do Espírito Santo
para unir indissoluvelmente até mesmo dois
cristãos; mas para unir uma igreja toda como
aquela (de Corinto) é algo estupendo.
A comunhão do Espírito Santo é nada mais e nada
menos do que isso. Algo disto parece ter
acontecido em Corinto. Oh, maravilhas de
maravilhas, a diferença entre essas duas cartas!
Sim, isto aconteceu. É um triunfo interior sobre
a natureza, e isto mostra um real progresso.
Esta é a comunhão do Espírito Santo. Quando
Paulo começou sua primeira carta, ele disse:
‘Quando cada um de vós diz, Eu, Eu, Eu, não sois
crianças? Não necessitais de leite?’ (1 Co
3.1-4) Crianças estão sempre discordando e
brigando. Assim eram os coríntios. Mas eles
deixaram pra trás a fase de criança, através da
‘graça do Senhor Jesus e do amor de Deus’.
As coisas mudaram; eles tinham crescido.
Leva tempo para que o Espírito Santo nos faça
crescer espiritualmente desta maneira. A medida
de nossa espiritualidade pode ser indicada muito
rapidamente e claramente pela medida do nosso
amor mútuo, da nossa comunhão. Seremos, afinal
de contas, pessoas pequenas espiritualmente se
formos sempre inconstantes. Somente grandes
pessoas podem viver com outras grandes pessoas
sem brigas. É necessária a graça do Senhor
Jesus, e o amor de Deus’, para levar à comunhão
do Espírito Santo’.
Esta comunhão do Espírito Santo, então, é
essencialmente corporativa. Talvez você tenha
pensado que esta última sentença, ‘a comunhão do
Espírito Santo’, significa a sua comunhão com o
Espírito Santo, e do Espírito Santo com você.
Mas não significa isto, absolutamente. Paulo
está, talvez, trazendo à memória a antiga
situação, a antiga condição. ‘O que vocês
coríntios precisavam mais do que qualquer outra
coisa era de comunhão; não havia comunhão. Agora
vocês progrediram pelo caminho da graça do
Senhor Jesus e do amor de Deus “e a comunhão do
Espírito Santo” é encontrada entre vós’. Este é
o significado. É corporativo, e isto é uma obra
poderosa do Espírito Santo. Esta comunhão tem
que estar em todos nós. Agora você,
naturalmente, pensa que ela tem que acontecer na
outra pessoa! Não, ela tem que acontecer em
todos nós, não apenas na outra pessoa. Tem que
ser em você e em mim - tem que estar em todos os
envolvidos. Bem, isto é evangelho: boas novas
para um povo numa condição muito má!
Que boas notícias!
Deixe-me finalizar com isto. Nunca chegaremos a
algum lugar apenas reconhecendo o deplorável
estado, porém continuar tratando as pessoas com
violência, empunhando a espada ou a marreta e
esmagar as coisas, trazer as pessoas sob
condenação. Nunca chegaremos a algum lugar. Se
Paulo tivesse agido desta maneira com os
coríntios, ele teria esmagado tudo, porém isso
seria o fim. Mas o amor encontrou um caminho, e,
embora houvesse constrição, não foi o fim. Algo,
‘a beleza das cinzas’, surgiu dali - porque ‘a
graça do Senhor Jesus, o amor de Deus, e a
comunhão do Espírito Santo’, era o princípio
sobre o qual o próprio Paulo vivia e pelo qual
trabalhava.
Você e eu devemos ser pessoas de boas novas.
Temos boas novas para qualquer situação, embora
ela seja tão ruim quanto a dos coríntios. Creia
nisto! Boas novas! Boas novas! Esta deve ser a
nossa atitude em relação a tudo, pela graça de
Deus; sem desesperar, sem desistir. Não, boas
novas! O Senhor faça de nós pessoas do
evangelho, as boas novas.
Capítulo 3 - Em Sua Carta aos Gálatas
Passemos agora para a carta aos Gálatas, onde
verdadeiramente temos a frase que é básica para
esta consideração - ‘o evangelho que prego’. A
frase é encontrada no segundo capítulo e no
segundo verso, e em uma outra forma no capítulo
um, versículo onze - ‘o evangelho que foi
pregado por mim’. Percebemos quantas vezes esta
palavra ‘evangelho’ ocorre nas cartas de Paulo.
A palavra é disseminada através de suas cartas,
indicando pela freqüência de sua ocorrência que
é sobre isto, afinal de contas, que ele
realmente está escrevendo. A mesma coisa é
verdadeira nesta pequena carta aos Gálatas. Na
forma nominal - isto é, onde todo o corpo de
verdade cristã é chamado de ‘o evangelho’ -
ocorre nesta carta oito vezes; e, então, na
forma verbal - que não pode ser traduzida para o
inglês corretamente, isto é, ‘evangelizar’, ou
‘anunciar as boas novas’, traduzido, para nossa
conveniência, para o inglês como ‘pregar’,
‘pregar o evangelho’, ‘trazer as boas novas’, e
assim por diante, porém, apenas uma palavra no
original - na forma verbal é encontrada nesta
carta seis vezes: de modo que temos aqui
quatorze ocorrências numa carta bastante curta.
Agora, se pudéssemos reconstruir a situação
apresentada por esta carta, ou se a
descobríssemos numa realidade atual, o que
poderíamos encontrar? Supondo que a situação
representada aqui existisse em algum lugar hoje,
e nós visitássemos aquele lugar onde isto
estivesse se passando, o que poderíamos
descobrir? Bem, poderíamos encontrar uma
controvérsia tremenda em progresso, com três
partes envolvidas. Por um lado, poderíamos
encontrar um grupo de homens que são extrema e
cruelmente anti-Paulo. Por outro lado,
poderíamos encontrar Paulo agitado e inquieto no
mais profundo de seu ser, como nós nunca o
encontramos em nenhuma parte em seus escritos,
ou em suas jornadas. E, entre essas duas partes,
haveria os cristãos que são a causa imediata
dessa tremenda batalha que está se travando.
Questões muito maiores do que o local e o
ocasional estão envolvidos, porque é uma questão
do longo-alcance e da natureza permanente do
evangelho. Agora Paulo, na batalha, engaja-se a
si mesmo à uma re-afirmação do ‘evangelho que
ele pregava’, contra aqueles que estavam
buscando minar, neutralizar e destruir
totalmente o seu ministério.
Do que tudo isto se tratava?
Bem, antes de tudo, tome o partido anti-Paulo.
Qual é o problema deles? O que é aquilo que eles
estão procurando estabelecer? Em resumo, em uma
palavra, o objetivo deles é estabelecer a antiga
tradição religiosa judaica. Eles se posicionam
veementemente a favor da permanência daquele
sistema. Eles estão argumentando que ele veio
diretamente de Deus, e o que vem diretamente de
Deus não pode ser mudado ou deixado de lado.
Esta coisa tem o apoio da antiguidade. É algo
que se obteve e que tem existido por muitos
séculos, e por isso, carrega o valor de ser algo
que não é, como o ensino de Paulo, algo muito
novo. Foi estabelecido nos tempos passados. Eles
não iriam mais além, e dizer que Jesus não
ab-rogou a lei de Moisés: Ele não disse nada
sobre a lei de Moisés sendo posta de lado. Bem,
há todo este argumento, e muitos outros além
desse. A posição deles é que o judaísmo, a lei
de Moisés, é obrigatório para os cristãos. ‘Seja
cristão, se quiser, mas você deve adicionar à
sua fé cristã a lei de Moisés, e você deve estar
sob o governo de todos os ‘deve e não deve’ daquela tradição e daquele sistema; você deve se conformar aos
ensinos e práticas do sistema judaico, da
tradição de Moisés’.
Esta é a posição deles em resumo.
Por outro lado, lá está Paulo. Ele não é
estranho a Moisés, não é estranho ao sistema
judaico. Nascido, criado, educado, treinado e
completamente ensinado em tudo isso, contudo,
aqui ele é encontrado direta e positivamente em
oposição a posição deles. Ele argumenta que a
lei foi dada por Deus, de fato, porém, somente
foi dada por Deus para revelar a fraqueza do
homem. O real valor e efeito da lei é mostrar
como é o homem - que ele simplesmente não
consegue guardá-la. Quão sem esperança o homem é
perante a exigência de Deus! Quão inútil ele é
diante de todo esse sistema de mandamentos -
‘deve e não deve’ ! E, embora Cristo não ab-rogasse a
lei, colocou-a de lado, e disse,
‘Está tudo consumado’, Cristo em Si mesmo foi o
único entre todos os seres humanos que já
caminhou sobre esta terra, que pode guardá-la; e
Ele realmente guardou-a. Ele satisfez a Deus em
cada detalhe da Lei Divina; e, tendo satisfeito
a Deus e cumprido a lei, Ele introduziu e
constituiu uma outra base de relacionamento com
Deus, e, assim a lei é desta forma colocada de
lado. Um outro fundamento de vida com Deus é
trazido por meio de Jesus Cristo.
Este é o argumento de Paulo, em resumo.
Naturalmente, há muitos detalhes nele, porém,
Paulo chega à uma conclusão oposta àquela a que
esses judaizantes tinham chegado. A lei mosaica
não mais é obrigatória aos cristãos da forma
como ela era para os judeus. O argumento de
Paulo é que em Cristo ficamos livres da lei. A
grande palavra nesta carta é liberdade em
relação a lei.
A partir dos fortes termos usados nesta carta,
podemos concluir quão intensos são as
impressões dessas coisas em questão.
Naturalmente, esses judaizantes são muito, muito
fortes. Eles perseguiam Paulo por onde quer que
ele ia. Eles procuravam por todos os meios, por
ataque pessoal e por argumento e persuasão,
desfazer sua obra e desviar os seus convertidos
dele, e trazê-los de volta para Moisés. Paulo é
encontrado aqui, como já disse, num estado de
perfeita veemência. Este Paulo, tão capaz de
suportar, e sofrer, e ter paciência, como vimos
em nosso último capítulo no caso dos coríntios,
onde todo tipo de provocação à ira foi
enfrentada por ele - a maravilhosa paciência e
indulgência de Paulo com essas pessoas - contudo
aqui o homem parece ter se tornado destituído de
tal paciência: aqui ele está literalmente
chamando essas pessoas de anátema. Duas vezes,
com ênfase dupla, ele diz: ‘Seja anátema.. e de
novo digo, seja anátema’ - amaldiçoado.
Agora, quando Paulo age desta maneira, deve
haver alguma coisa em jogo. Para um homem como
Paulo ficar alterado desta maneira, você deve
concluir que há algo sério envolvido. E de fato
há, e esta fúria do apóstolo indica quão séria
era a diferença entre essas duas posições.
A Resposta para a Situação
Agora, na carta, podemos sentir que há muito
material misterioso. Por exemplo, baseando-se em
tipos do Velho Testamento, Paulo usa como uma
alegoria o incidente de Agar e Ismael. Nós
conhecemos os detalhes; não iremos entrar neste
mérito, absolutamente. Parece haver muito
material misterioso que Paulo usa como seu
argumento. Mas, quando a lemos totalmente, e a
consideramos, e sentimos o seu impacto, o que
tudo isso quer dizer? Quando a estudamos e
ficamos impressionados com sua seriedade, o que
obtemos? Apenas uma conclusão sobre legalismo -
que a Lei não mais nos mantém em servidão, e que
estamos livres dela? Que uma dispensação de
liberdade neste sentido foi introduzida, e que
os princípios da lei não mais são obrigatórios a
nós? É esta apenas a posição? Que o cristianismo
é algo sem obrigações quanto à verdade e quanto
à prática? Que a graça irá ignorar todas as
nossas violações às leis e aos princípios? - Uma
falsa interpretação da graça, realmente! - mas é
isto? O que é?
Você vê, é possível compreender muito bem o
valor de uma carta como esta, e ela permanecer,
a final de contas, apenas uma questão teológica,
uma mera questão de doutrina. Sim, a carta aos
gálatas ensina que não estamos mais debaixo da
lei de Moisés, e que estamos livres como filhos
de Deus. Muito aprazível, maravilhoso! Mas aonde
isto irá levar você? A que ela leva?
Tudo isto é negativo.
Fico imaginando
- e esta é toda a questão agora
- fico imaginando quantos de nós estamos
realmente vivendo no gozo do segredo e do
coração do evangelho, como ele é apresentado
nesta carta. Paulo está dizendo muito aqui sobre
o evangelho, ou as boas novas. O que realmente é
o evangelho, ou as boas novas, da forma como é
encontrada aqui nesta carta, e nesta conexão
particular? Afinal de contas, não é apenas que
cristãos precisam ser ‘libertados’ - livres de
todas as restrições, de toda servidão e todas as
obrigações, para simplesmente poderem fazer o
que bem quiserem, seguirem as suas próprias
inclinações. Não é isto, absolutamente. Você e
eu precisamos saber algo mais positivo do que
isto.
Não podemos ficar satisfeitos com meras coisas
negativas.
Cristo Dentro
O que significa o evangelho aqui? Paulo diz:
‘Este é o evangelho’. Ele está resumido em um
fragmento desta carta, uma passagem da Escritura
muito bem conhecida, com a qual todos nos
regozijamos - Gálatas 2.20: ‘Já estou
crucificado com Cristo; e vivo não mais eu, mas
Cristo vive em mim’. Este é o evangelho, as boas
novas, do Cristo habitando dentro. Este é o
coração de todo a matéria, esta é a resposta a
todo argumento, isto responde a todas as
perguntas, isto trata de todas as dificuldades
- o evangelho, as boas novas, do Cristo
habitando dentro.
E, quando você pensa a respeito, este é o fator
mais vital e fundamental no cristianismo. Não é
maravilha que Paulo tenha visto que, se isto
fosse sacrificado, o cristianismo não serviria
para nada: os judaizantes teriam acabado com
tudo; o cristianismo teria se tornado
absolutamente sem qualquer significado. Ele
estava lutando, portanto, a favor do
cristianismo em apenas um ponto - porém um que
incluía o todo. O todo estava associado e ligado
a isto: ‘Cristo vive em mim’. Se isto for
verdade, você não precisa argumentar sobre
absolutamente nada; todo o argumento está
estabelecido.
‘Cristo vive em mim’ Cristo! O que é Cristo?
Quem é Cristo? O que significa Cristo? O que Ele
corporifica? Porque tudo que satisfaz a Deus é
encontrado em Cristo! Em Seu Filho Jesus Cristo,
Deus tem Sua plenitude, Seu final, resposta
completa. Cristo pode satisfazer a toda exigência
de Deus, e tem feito isto. Cristo pode trazer o
pleno e completo favor de Deus. Oh, poderíamos
nos estender bastante sobre isto - O que Cristo
é, quão grande Cristo é, quão maravilhoso Cristo
é! E ‘Cristo vive em mim’! Cristo, aquele Cristo
da glória eterna, aquele Cristo do
auto-esvaziamento, da humilhação, aquele Cristo
da vida triunfante, aquele Cristo da poderosa
cruz, da ressurreição, do retorno à glória, e
que está no trono agora, está em você e em mim!
O que mais necessitamos - o que mais poderíamos
ter - Que coisa seria maior do que esta?
O Poder de Cristo No Interior
Agora Cristo é uma Pessoa real, que vive: não
uma idéia abstrata, uma figura histórica, mas
uma Pessoa real, que vive. ‘Cristo vive em mim’.
Eu não uso um crucifixo de um Cristo morto
pendurado. Tenho um Cristo vivo no interior, as
boas novas de um Cristo que vive do lado de
dentro. Você pode ler isto, ou ouvir isto ser
dito, e você pode acenar com a cabeça e dizer,
‘Sim, Amém’: você concorda com isto! Porém,
tenho conhecido pessoas que ouvem isto por anos,
e concordam com todo coração, como você - e,
então, um dia acordam realmente para isto. ‘Você
sabe, a final de contas tenho ouvido sobre isto;
acabei de perceber que isto é verdade, que
Cristo realmente vive em mim!’. É algo mais do
que a doutrina de Cristo no interior - é a minha
experiência.
Paulo concentra toda a sua história como um
cristão e como um servo de Deus sobre esta única
coisa. ‘Deus brilhou em meu coração’ (2 Co 4.6).
‘Aprouve a Deus, que me separou desde o ventre,
a fim de revelar o Seu Filho em mim’ (Gál
1.11,12). Como isto aconteceu? Não apenas
objetivamente ou exteriormente, mas
interiormente. ‘Deus brilhou em mim’. Cristo
vive em mim’. A coisa mais surpreendente que já
aconteceu a um homem no curso da história humana
foi esta que aconteceu com Paulo de Tarso
naquele meio-dia, quando ele percebeu que Jesus
de Nazaré, que ele achava ter sido morto e
enterrado, estava vivo, vivo, realmente vivo.
Lembre-se de quão vivo Ele estava. E Paulo diz:
‘Ele vive - e não apenas na glória - Ele vive em
mim, em mim!’ Uma Pessoa viva, um real poder
vivo no interior, sim, um poder real dentro, é
Cristo.
A Inteligência de Cristo Dentro
Além do mais, Ele é uma Inteligência real, que
possui o pleno conhecimento de tudo aquilo que
Deus quer, e, possuindo isto, habitando dentro
de mim, é o repositório e o veículo da plena
vontade de Deus para minha vida. Plena
inteligência por Cristo no interior! Todo o
conhecimento que Cristo possui está dentro, e,
se isto é verdade, se Cristo está dentro - o
apóstolo, naturalmente, está falando aqui não
apenas de Cristo dentro, mas muito sobre o
Espírito Santo, a que iremos chegar daqui a
pouco, - se o Cristo que reside em nosso
interior tiver o Seu caminho, então, aquilo que
Ele é se torna real na vida do filho de Deus: o
fato de que Ele é uma Pessoa viva, o fato de que
Ele é o Todo Poderoso, o fato de que Ele é a plena
Inteligência Divina.
Cristo Dentro, o Conhecimento Da Vontade de Deus
Gostaríamos de ter toda compreensão em nossa
mente, todo conhecimento e inteligência em nossa
razão. Nós não temos, porém, temos um outro tipo
de inteligência. O verdadeiro filho de Deus tem
um outro tipo de inteligência, totalmente
diferente daquele que é da razão. Não sabemos
como explicar e interpretá-la, mas, de algum
modo, sabemos. Podemos apenas dizer, ‘sabemos’.
Sabemos o que o Senhor não quer no que diz
respeito a nós. Descobrimos ser impossível ficar
confortáveis ao longo de um caminho que o Senhor
não quer, e chegamos a esta posição muito
freqüentemente. Nós a colocamos de diferentes
maneiras, mas temos que dizer, ‘Eu sei que o
Senhor não quer que eu faça isto, que eu siga
por este caminho; isto é mais profundo dentro de
mim do que qualquer outra coisa. Fazê-lo seria
violar algo que se refere à minha própria vida
com Deus’.
Este é o lado negativo. E, no lado positivo, se
o Senhor realmente quer algo, nós o sabemos;
apesar de tudo, sabemos. Se apenas esperássemos
por isto, seria muito seguro. O problema é que
nós não podemos esperar pelo Senhor; fazemos uma
confusão sobre esses problemas de orientação.
Porém, quando o tempo do Senhor chega, não há
dúvida sobre a vontade do Senhor: nós a sabemos.
Como sabemos? Isto é conhecimento espiritual, é
inteligência espiritual. É Cristo habitando
dentro, que possui toda a mente de Deus.
Agora, aqui estão esses pobres
cristãos
gálatas, divididos entre os judaizantes e Paulo.
Eles não sabem o que fazer disto. Isto, por um
lado, é tão forte sobre a linha de coisas deles;
e, por outro lado, aqui está Paulo, dizendo que
eles estão todos errados! O que devem eles
fazer? A resposta chega: ’Se Cristo está em
vocês, vocês saberão - vocês saberão o que devem
fazer’. E esta é a única maneira real de saber o
que você deve fazer - o que é certo, e o que é
errado. Cristo em você. Mas você saberá.
Cristo Dentro, O Poder de Resistência
Agora você diz: ‘Não percebi isto, não sinto
isto, não vejo isto; não tenho toda esta
inteligência, não sinto todo este poder’. Você
vê, como Paulo está sempre tentando salientar,
há uma grande diferença entre o tipo humano de
conhecimento e o conhecimento espiritual. Temos
conhecimento deste tipo, não por informação, mas
por experiência.
Alguns de nós temos estado no caminho cristão
por muitos anos. Se isto tivesse sido tirado de
nós, poderíamos ainda continuar com o Senhor? Se
tivéssemos tido que continuar, esforçando-nos,
lutando, com nossos próprios recursos,
deveríamos nós ainda estar aqui? Penso que posso
dizer para você e para mim mesmo, certamente
não! Não estaríamos aqui hoje; não deveríamos
estar nos alegrando no Senhor, seguindo com o
Senhor. Se Satanás pudesse ter tido seu caminho,
não deveríamos estar aqui, pois tanto em nós
mesmos como em Satanás temos encontrado todas as
coisas concebíveis como inimigas de Cristo, o
que tornaria impossível para nós seguir com o
Senhor. Tudo em nós mesmos é contra nós,
espiritualmente. Tudo em Satanás é contra nós, e
tudo que ele pode usar é lançado na batalha para nos
destruir.
Porém estamos aqui, e esta é a prova de que
Cristo em nós é um poder vivo, e isto é
encontrado - embora não ainda em plenitude - na
experiência, em fato, e não simplesmente
senti-lo em nós. Gostaríamos de ter as sensações deste
grande poder, para senti-lo; mas não, este poder
está escondido, e somente se manifesta em fatos
- geralmente em fatos de longo prazo.
A Disposição de Cristo Dentro
Poder, inteligência, conhecimento: e, então,
disposição. Esta é uma das realidades da vida
cristã. Quando Cristo está dentro, temos uma
disposição completamente diferente. Estamos
dispostos a coisas novas, dispostos em novos
caminhos. Sim, nossa disposição mudou. As coisas
que uma vez achávamos ser nossa vida não mais
nos atraem a elas. Não mais estamos dispostos a
elas. Este é o problema do mundo com o cristão:
‘Por que você não faz isto, aquilo e aquilo
outro?’ E a única resposta que podemos dar, mas
que nunca os satisfaz, é: ‘Perdi toda
disposição por este tipo de coisa: Não mais
estou disposto desta forma: Tenho uma disposição
completamente numa outra direção’. É desta
forma: uma outra disposição - Cristo dentro.
Isto é cristianismo!
Você vê, Moisés diz: ‘Você tem que fazer isto,
e você tem que fazer aquilo, e você não deve
fazer isto, e você não deve fazer aquilo’; e a
minha disposição é completamente contra Moisés.
Moisés diz: ‘Você deve fazer isto’ - E eu não
quero fazê-lo; aquilo pode ser totalmente
correto, pode vir de Deus, mas simplesmente eu
não encontro disposição em minha natureza para
fazê-lo. Moisés diz: ‘Eu não devo fazer isto’, e
minha disposição diz: ‘Eu quero fazer isto -
isto é precisamente a coisa que eu quero fazer!’
De alguma forma ou de outra, em mim mesmo eu sou
contra Deus em todo caminho.
Qual é a solução para a
lei? Cristo em você. Se
Cristo está em você, então você estará disposto
para fazer o que Deus quer que você faça, e você
irá cumprir a lei. Se Cristo está em você, você
não terá disposição para nada que Deus não
queira que você faça, e novamente você irá
cumprir a lei. Porém, você vê, você cumpre a lei
numa base completamente diferente. Você não a
cumpre porque Moisés diz, mas porque Cristo está
em você; não porque você deve, mas porque Cristo
lhe dá uma outra disposição. Isto é evangelho,
as boas novas, de Cristo morando dentro.
A Obra do Espírito Santo Dentro
Agora, quando você se volta para o ensino sobre
o Espírito Santo nesta carta, você descobre que
ele chega à mesma coisa. Cristo em você é o
padrão do Espírito Santo e Ele está trabalhando
em você na base do Cristo morando dentro, a fim
de alinhar você com Cristo, de edificar você de
acordo com o Cristo que está em você. O Espírito
Santo é o poder de Cristo dentro, o poder de nos
fazer parecidos com Cristo, de nos capacitar a
sermos como Cristo, e, por isso, de sermos
cumpridores de tudo aquilo que é correto à vista
de Deus, e de evitarmos tudo aquilo que não é
correto diante de Deus. Há um poder pelo
Espírito Santo para fazer isto.
O apóstolo fala sobre o fruto do Espírito. ‘O
fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé,
mansidão e domínio próprio’. (Gl. 5.22,23) O
Espírito, você vê, está dentro, e Ele é o
Espírito de Cristo dentro para fazer com que
aqueles frutos de Cristo nasçam em nós, ou,
vamos dizer, o fruto de Cristo que mostra em si
mesmo em todas essas formas. O fruto de Cristo é
‘amor, alegria, paz, longanimidade, benignidade,
bondade, fé, mansidão, domínio próprio’, o fruto
do poder do Espírito de Cristo dentro.
E o que dizer a respeito da
lei? Sim, o
Espírito trabalha de acordo com a lei. O
apóstolo diz uma coisa tremenda: ‘Não vos
enganeis; Deus não se deixa escarnecer: pois
tudo o que o homem semear, isto ele também
ceifará. Pois aquele que semeia em sua carne, da
carne ceifará corrupção; mas aquele que semeia
no Espírito, do Espírito colherá a vida eterna’.
(Gl 6.7,8) A Lei do Espírito, você vê, é esta.
Semeie, e você colherá; aquilo que você semear
você irá colher. Semeie no Espírito, e você irá
colher vida eterna. Se você semear no Espírito -
isto é dito apenas em figura de linguagem, se
você se conformar ao poder do Espírito, à Lei do
Espírito, ao governo do Espírito, ou a Cristo
dentro de você - irá colher Cristo, irá colher
vida. Há uma lei aqui, e ‘livres da lei’ não
significa que não precisamos mais reconhecer que
Deus constituiu o Seu universo, os nossos corpos
e almas, sobre princípios; mas significa que
Cristo em nós nos torna possível obedecer aos
princípios, ao passo que, por outro lado,
estaríamos violando tais princípios o tempo
todo.
‘O evangelho que eu prego’, diz Paulo:
afinal
de contas, isto quer dizer que - após todos os
seus argumentos sobre legalismo e judaizantes, e
o resto, significa que: -’Cristo vive em mim’.
Estas são as boas novas, isto é esperança - tudo
é possível!
Capítulo 4 - Em Sua Carta Aos Efésios
“...a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação...’ (Ef. 1.13)
‘...os gentios são co-herdeiros, de um mesmo corpo, e participantes da
promessa em Cristo pelo evangelho; do qual fui
feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que
me foi dado segundo a operação do seu poder.’
(Ef.3.6,7)
‘...Tendo calçado os vossos pés com a preparação do evangelho da
paz...’ (Ef 6.15)
‘...E por mim; para que me seja dada, no abrir da minha boca, a
palavra com confiança, para fazer notório o
mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador
em cadeias; para que possa falar dele
livremente, como me convém falar.’ (Ef.6.19,20).
Quando chegamos a considerar ‘o Evangelho de
acordo com Paulo’ na carta aos Efésios,
encontramos que temos a palavra ‘evangelho’ na
forma nominal quatro vezes. Também a temos, em
uma ou duas outras ocasiões, na forma verbal,
como no capítulo 2.17
‘...E, vindo, ele evangelizou a paz, a vós que estáveis longe, e aos que estavam
perto;’
Você percebe que a nota de margem diz ‘pregou
as boas novas de paz’. Agora esta é apenas uma
forma inglesa de manusear uma palavra grega. A
palavra grega é o verbo do qual ‘o evangelho’ é
o nome; e, como tentei salientar anteriormente,
o que realmente é dito - que não pode ser
traduzido literalmente para o inglês - é: “veio
e ‘boas-novanciou’ paz”. Isto é
impossível em inglês, porém, é apenas o verbo do
nome ‘evangelho’. Isto ocorre novamente no
capítulo 3, verso 8 “...para pregar aos gentios
as riquezas insondáveis de Cristo...” - isto é,
‘boas-novanciou aos gentios’, “proclamar
para os gentios as boas novas de ...” É o verbo
novamente para ‘evangelho’. Penso que isto nos
dá terreno para dizer que esta carta é sobre o
evangelho.
Muitas pessoas têm a idéia de que quando você
chega na carta aos Efésios, você tem deixado o
evangelho para trás, você está mais adiante em
relação ao evangelho, você deve realmente agora
ter um longo caminho em direção ao evangelho.
Não creio que possamos conseguir mais do que
esta carta, no que diz respeito a Divina
revelação: como iremos ver, ela nos leva por um
longo caminho de fato em coisas Divinas; mas
ainda é o evangelho. O evangelho é algo muito
abrangente, muito distante de ser alcançado.
Uma Carta de Superlativos
Isto nos leva a perceber que a carta aos
Efésios é uma carta de superlativos. Um adjetivo
expressivo veio à voga em anos recentes, pelo
qual as pessoas tentam propagar a idéia de que
uma coisa é muito grande, ou de qualidade muito
elevada. Elas dizem que a coisa é ‘super’. Agora
aqui, nesta carta, tudo é - posso usar a
palavra? - ‘super’! A carta toda é escrita em
termos superlativos; e devo crer que você pode
recordar de algo daquilo que está aqui.
Os superlativos têm relação com quase tudo nesta
carta.
Há o superlativo de tempo. O tempo está
totalmente transcendido: somos levados para o
terreno do eterno. Por meio desta carta somos
levados de volta para a eternidade passada,
antes da fundação do mundo, e para a eternidade
futura, para os séculos dos séculos. É o
superlativo de tempo - transcendendo o tempo.
Há o
superlativo de espaço. Uma frase aparece através
desta carta - ‘nos lugares celestiais’. Quando
você entra nos lugares celestiais, você
simplesmente fica espantado com a
imensidão da extensão. No campo natural isto é
verdade, não é, até mesmo do limitado ‘céu
terreno’, representado pela atmosfera terrestre.
Se você viajar bastante pelo ar, você passa
pelos aeroportos e vê os aviões vindo e indo,
vindo e indo, em todos os poucos minutos, o dia
todo e a noite toda, e dia após dia - e,
contudo, quando você sobe para o céu, raramente
você vê um outro avião. É quase um evento passar
por um outro avião no ar, tão vastos são os céus
em sua expansão. E esta carta foi escrita no
campo dos superlativos de espaço, nos lugares
celestiais espirituais, completamente acima das
limitações da terra.
Novamente, a carta foi escrita em termos de
superlativo de poder. Há apenas uma sentença
aqui, muito familiar a nós, que fala disso:
‘sobreexcelente grandeza de Seu poder sobre nós
os que cremos’ (Ef.1.19). Há muito deste poder,
poder superlativo, e sua operação, nesta carta.
Além disso, esta carta é a carta do superlativo
em conteúdo. Como se aproximar e explicar isto é
muito difícil. Você vê, alguns de nós temos
falado, dado conferência, dado palestras, sobre
esta carta aos Efésios - e ela é apenas uma
pequena carta, no que se refere à quantidade de
capítulos e palavras - por mais de quarenta
anos, e nós ainda não chegamos perto dela. Eu
desafio você a exaurir o conteúdo desta carta.
Não importa quanto você tenha ido - sempre irá
sentir: ‘Ainda não comecei a me aproximar dela’.
Sei o que alguns de vocês pensam sobre mim em
relação a esta carta. Tenho até receio de
mencionar o próprio nome ‘Efésios’! Mesmo que eu
tenha meditado mais uma vez sobre esta carta no
tempo presente, tenho falado para mim mesmo:
‘Gostaria de começar agora a dar uma longa série
de mensagens sobre a carta aos Efésios, e eu não
deveria tocar muito no antigo terreno!’ É desta
maneira. Porém, quando você olha para ela e a
considera, você descobre que está num campo de
superlativos, no que se refere ao conteúdo, e
ela começa com ‘o qual nos abençoou com todas as
bênçãos espirituais nos lugares celestiais em
Cristo; ’ (Ef 1.3). Pode você ir acima ou fora
disto? Você não pode!
Novamente, ela está no terreno do
super-terreno. A terra se torna aqui uma coisa
muito pequena, e tudo aquilo que nela se dá.
Toda sua história e tudo o que está aqui se
torna realmente muito pequeno. A terra é
completamente transcendida. Ela é super-racial,
como veremos num instante. Ela não está lidando
apenas com uma raça ou duas. Nela tudo é uma
raça só.
Ela é super-natural.
Olhe novamente, e você descobre que tudo aqui está num plano que
está totalmente acima do natural. Você não pode
naturalmente compreendê-la, explicá-la. É Divina
revelação. É pelo Espírito de sabedoria e
revelação. ’ Isto é super-natural. O
conhecimento que está aqui é obtido de modo
super-natural.. E o que mais irei dizer sobre o
‘super’? A lista poderia ser facilmente
estendida. Será que falei o suficiente? Posso eu
continuar salientando em qual terreno isto está,
em que âmbito? Você vê, há várias grandes
palavras aqui. Dei a você três delas.
‘A mim, o mínimo de todos os santos, me foi dada
esta graça de anunciar entre os gentios, por
meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis
de Cristo, ’ (Ef 3.8)
Esta carta foi escrita em termos
incompreensíveis, insondáveis.
‘E conhecer o amor de Cristo, que excede todo o
entendimento, para que sejais cheios de toda a
plenitude de Deus. ’ (Ef 3.19)
‘O amor de Cristo, que excede todo
entendimento’. Aqui temos o incompreensível.
‘Ora, àquele que é poderoso para fazer tudo
muito mais abundantemente além daquilo que
pedimos ou pensamos, segundo o poder que em nós
opera, ’ (Ef 3.20)
Aqui está o transcendental. Essas são grandes
palavras, mas você precisa de grandes palavras
para esta carta, e eu estou procurando
impressioná-lo.
A
Maior Crise da História Religiosa
Agora, vamos entrar mais para o lado de dentro disto. Esta carta,
em seu conteúdo, representa talvez a maior crise
na história religiosa. Isto é dizer muito. Tem
havido muitas crises na história religiosa, e
grandes crises, mas esta carta representa a
maior de todas elas. Antes que o Senhor fosse
levantado da morte, e fosse para o céu, e o
Espírito Santo viesse no dia de Pentecoste,
havia apenas duas classes de pessoas na terra.
Toda a raça humana estava dividida em duas
classes de pessoas, os gentios e os judeus.
Quando o Espírito Santo veio, uma terceira
classe passou a existir, a qual do ponto de
vista de Deus não é nem gentio nem judeu: é a
Igreja de Deus. Eles são tirados das nações dos
gentios e do meio dos judeus, porém, no que diz
respeito a Deus, não são nem judeus nem gentios,
ou, como Paulo coloca: ‘nem judeu nem grego’
(Gal 3.28). ‘Grego’ era uma palavra
representativa, que compreendia os gentios.
Quando o Senhor Jesus vier novamente, como Ele
está vindo, e levar a Igreja, as outras duas
classes irão permanecer aqui. Haverá uma
inversão na terra ao que era antes. O mundo todo
ficará novamente dividido em gentios e judeus.
Assim, isto que aconteceu em Pentecoste, esta terceira classe de
pessoas espiritualmente separada, chamada de
Igreja, representa a maior de todas as crises na
história humana pela seguinte razão, e na
seguinte forma - que esta Igreja não é algo
apenas de história terrena. O apóstolo deixa
isto perfeitamente claro, bem no início desta
carta aos Efésios, que esta Igreja teve a sua
existência na presciência de Deus antes que o
mundo existisse. Esta Igreja é uma coisa
super-temporal, que transcende todo tempo e que
transcende a terra. Esta Igreja, o apóstolo
deixa claro, irá existir pelos séculos dos
séculos, ainda super-temporal, super-terrena,
quando os judeus e gentios se forem. Sim, haverá
nações salvas na terra: porém esta outra
continuará num relacionamento que é totalmente
fora deste mundo e fora do tempo; e é em relação
a esta classe particular, este povo, esta
Igreja, que todas estas coisas são ditas nesta
carta. É esta Igreja que leva a característica
de todos esses superlativos. Isto é por si só
algo superlativo, esta é a coisa suprema na
economia de Deus, esta é a coisa suprema em
todas as atividades soberanas de Deus de
eternidade a eternidade. Vivemos na dispensação
de algo absolutamente transcendente - Deus
tirando das nações, tanto de judeus como
gentios, este povo chamado de Igreja, que é ‘o
corpo de Cristo’.
Um Vaso e um Chamado Superlativo
Agora, este vaso superlativo, ou instrumento,
ou povo, tem uma chamada superlativa ou
transcendente. Os judeus tiveram uma chamada
terrena para servir a um propósito terreno, uma
vocação de tempo sobre esta terra. Muitos crêem
fortemente que eles ainda servem ao tal
propósito. Há outros, e entre eles notáveis
estudiosos da Bíblia, que crêem que o dia dos
judeus acabou, como na economia de Deus, e que
tudo foi transferido para a Igreja agora, devido
ao fracasso dos judeus. Eu não vou discutir
isto; isto não entra em nossa consideração
absolutamente. O fato permanece que os judeus
foram levantados para servir a um propósito
terreno e temporal na economia de Deus. Porém,
esta Igreja, salva eternamente - escolhida
eternamente, como o apóstolo diz, em Cristo
Jesus antes que o mundo existisse - ela tem uma
chamada superlativa para servir aos propósitos
de Deus no céu. É algo atemporal, superlativo em
chamada, em vocação. É uma coisa tremenda que
está aqui.
Geralmente colocamos isto desta forma, e de
fato é o que a carta aos Efésios ensina - temos
que abordar isto de outra maneira agora - que
este mundo, quanto à sua conduta, está
influenciado por toda uma hierarquia espiritual.
Até mesmo os homens que não têm muito
discernimento espiritual, homens dos quais
dificilmente pensaríamos deles como cristãos, no
sentido essencial de ser um filho de Deus
nascido de novo, até mesmo estes homens têm que
reconhecer e admitir isto: que por trás do
comportamento deste mundo há alguma força
sinistra, alguma força maligna, alguma
inteligência perversa. Eles podem hesitar em
nominá-la, chamá-la de Satanás, o Diabo, e assim
por diante, porém a Bíblia a chama exatamente
disto. Por trás do curso da história deste
mundo, como a conhecemos - por trás das guerras,
das rivalidades, do ódio, da amargura, da
crueldade, todo o conflito e clamor de
interesses, e tudo mais - há uma inteligência
maligna, um poder em serviço, todo um sistema
que procura destruir a glória de Deus em Sua
criação. E todo este sistema é dito aqui estar
no chamado ‘lugares celestiais’, isto é, alguma
coisa acima da terra; no ar, se você preferir,
na atmosfera. Algumas vezes você pode senti-lo:
algumas vezes você pode quase ‘cortar a
atmosfera com uma faca’, como dizemos; algumas
vezes você sabe que há algo no ar que é
perverso, maligno. Você não consegue mostrar
isto para as pessoas; há algo por trás das pessoas,
algo a respeito. É muito real - algumas vezes
quase tangível, você pode quase sentir - algo
maligno e perverso. É isto que está governando
este sistema e ordem mundial.
Agora, o que está aqui nesta carta é isto, que
a Igreja, concebida eternamente, conhecida de
antemão, escolhida, e trazida à existência em
seu começo no dia de Pentecoste, e crescendo
espiritualmente através dos séculos - esta
Igreja é para tomar o lugar deste governo
maligno acima desta terra. É para destituí-lo e
o lançar fora de seu domínio, e assumir aquele
lugar, a fim de ser a influência que governa
este mundo nos séculos que estão por vir. Este
é o ensino aqui: um chamado superlativo, uma
vocação superlativa, por causa de um povo
superlativo em sua própria natureza. Há algo
diferente sobre este povo em relação aos demais.
Este é o segredo da verdadeira vida cristã -
daqueles que verdadeiramente estão em Cristo: Há
algo sobre eles que é diferente. Para este
mundo, os cristãos são um problema e um enigma.
Você não pode colocá-los em nenhuma classe
terrena. Você não pode classificar um cristão.
De uma forma ou outra, eles iludem você o tempo
todo.
Você não pode decifrá-lo.
Agora, nesta carta Paulo fala primeiramente
desta chamada superlativa, e, então, diz que,
por causa da grandeza desse chamado, esta Igreja
deve se comportar de forma correspondente.
‘Rogo-vos, pois, eu, o preso do Senhor, que
andeis como é digno da vocação com que fostes
chamados, ’ (Ef. 4.1). A conduta tem que ser
ajustada à chamada. Oh, aquele povo cristão se
comportou de acordo com a sua chamada - com a
sua grande, eterna, celestial vocação! Porém,
por causa deste chamado, este destino, esta
vocação, esta posição, aquela hierarquia maligna
está posicionada até a sua última medida, para
destruir este vaso chamado de Igreja, e por
isso, há um imenso e terrível conflito em curso
no ar, e os cristãos enfrentam isto. Quanto mais
você procura viver de acordo com o seu chamado,
mais percebe quão difícil é, e o que está
colocado contra você. É um terrível e acirrado
conflito.
Recursos Superlativos
Agora, anote aí, isto é o que Paulo chama de
evangelho - tudo isto é o evangelho! Você
alguma vez já teve idéia do evangelho como este?
Você já pensou sobre o evangelho nesses termos?
Sim, ele ainda é o evangelho, o mesmo evangelho;
não outro, o mesmo. Agora, porque tudo isto é
verdade quanto ao evangelho, certamente as
exigências são muito grandes. A reação de
muitos, quando você diz coisas como esta, é:
‘Oh, eu não posso alcançar isto - isto está
completamente distante de mim, isto é muito para
mim, isto é esmagador, irresistível! Dê-me o
evangelho simples!’ Mas eu me pergunto se nós
percebemos no que nós mesmos estamos envolvidos
quando falamos desta forma. Pois é simplesmente
aí que a verdadeira natureza do evangelho entra,
em toda esta carta. Sim, o chamado é grande, é
imenso; a conduta deve estar à altura; o
conflito é feroz e amargo. E isto faz exigências
tremendas. Se isto é o evangelho, então, como
devemos nos posicionar a ele, como vamos
encará-lo, como vamos enfrentá-lo, como vamos
nos mostrar à sua altura, como vamos receber
aprovação?
Bem, voltamos à frase para qual estou juntando
o todo desta carta. Está aqui: ‘para evangelizar
as riquezas imensuráveis de Cristo’. Está
traduzido ‘pregar’ em nossas Bíblias, porém, é a
mesma palavra, como você sabe, na forma verbal.
‘Para evangelizar as riquezas imensuráveis de
Cristo’. As boas novas são as riquezas
imensuráveis! Oh, isto é algo para nós nos
regozijarmos, quando pressionados; sentindo que
nunca estaremos à altura, nunca iremos ser
aprovados. As riquezas superlativas são para uma
vocação superlativa e para um conflito
superlativo, e para uma conduta superlativa.
‘Riquezas imensuráveis’. Agora, esta é uma
palavra característica que você encontra
espalhada por esta carta. Riquezas! Riquezas! No
capítulo 1, verso 7, temos ‘as riquezas de Sua
graça’. Esta frase é ampliada em 2.7 - ‘as
abundantes riquezas de Sua graça’. E, então, e,
1.18 está a herança - ‘As riquezas da glória de
Sua herança nos santos’. Isto simplesmente
significa que os santos são a herança de Jesus
Cristo, é Ele quem deve suprir a riqueza, e é
‘conforme as riquezas de Sua graça’ que Ele irá
encontrar ‘as riquezas de Sua herança’ na
Igreja. Há muito mais coisa dita sobre isto. Em
3.16 a palavra é usada novamente - ‘as riquezas
de Sua glória’. Riquezas! Riquezas! Muito bem:
se as exigências são grandes, há uma grande
provisão. Se a necessidade é superlativa, os
recursos são superlativos. Tudo isto estabelece
e indica a base e os recursos da Igreja para a
sua chamada, para sua conduta, e para o seu
conflito.
Assim, o que é ‘o evangelho conforme Paulo’ na
carta aos Efésios? É o evangelho das ‘riquezas
insondáveis’ para exigências superlativas, e,
quando você disse isto, você é deixado a nadar
num imenso oceano. Vá para a carta novamente,
leia-a cuidadosamente, observe. Sim, há um
padrão elevado aqui, há grandes exigências aqui,
há coisas tremendas em vista aqui; mas também há
as riquezas de Sua graça, as riquezas
insondáveis de Sua graça para tudo. Lá estão as
riquezas de Sua glória: é colocada da seguinte
forma - ‘de acordo com as riquezas insondáveis
de Sua glória’. Agora, se você puder explorar,
medir, exaurir, as riquezas de Deus em glória,
então você coloca um certo limite sobre as
possibilidades e potencialidades. Porém, se,
após você ter dito tudo que você tentou dizer na
linguagem humana, como o apóstolo fez aqui, você
descobre que não conseguiu superlativos
suficientes às suas ordens quando está falando
sobre as riquezas que estão em Deus por meio de
Jesus Cristo, então, tudo é possível - conforme
as riquezas de Sua graça e de Sua glória.
Isto é evangelho, não é? Certamente estas são
boas novas, boas notícias! E, caros amigos, nós
iremos conseguir passar - e não devemos apenas
passar de arranhão. Se for desta forma, devemos
passar superlativamente. Que o Senhor nos traga
para os superlativos do evangelho, das boas
novas.
Capítulo 5 - Em Sua Carta Aos Filipenses
Continuando nossa investigação sobre o que o apóstolo quis
significar com suas palavras ‘o evangelho que
prego’, tomamos em nossas mãos a pequena carta
escrita por Paulo aos Filipenses. Embora esta
foi uma das últimas escritas de sua prisão em
Roma, um pouco antes de sua execução, ao final
de uma longa, plena vida de ministério e serviço
- descobrimos que ele ainda está falando de tudo
como ‘o evangelho’. Ele não deixou o evangelho,
ele não foi para além do evangelho. De fato, ao
final ele está mais do que nunca consciente das
riquezas do evangelho que está muito além dele.
Aqui estão as referências que ele faz nesta carta em relação ao
evangelho:
‘Dou graças ao meu Deus... Pela vossa
cooperação no evangelho desde o primeiro dia até
agora.’ (Fl 1.3,5)
‘Como tenho por
justo sentir isto de vós todos, porque vos
retenho em meu
coração, pois todos vós
fostes participantes da minha graça, tanto nas
minhas prisões como na minha defesa e
confirmação do evangelho.’ (1.7)
‘Uns, na verdade, anunciam a Cristo por contenção, não puramente,
julgando acrescentar aflição às minhas prisões.
Mas outros, por amor, sabendo que fui posto para
defesa do evangelho. Mas que importa? Contanto
que Cristo seja anunciado de toda a maneira, ou
com fingimento ou em verdade, nisto me regozijo,
e me regozijarei ainda.’ (1.16-18)
‘Mas bem sabeis qual a sua experiência, e que serviu comigo no
evangelho, como filho ao pai.’ (2.22)
‘E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro, que ajudes
essas mulheres que trabalharam comigo no
evangelho, e com Clemente, e com os outros
cooperadores, cujos nomes estão no livro da
vida.’ (4.3)
‘Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece. Todavia fizestes
bem em tomar parte na minha aflição. E bem
sabeis também, ó filipenses, que, no princípio
do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma
igreja comunicou comigo com respeito a dar e a
receber, senão vós somente;’ (4.13-15).
Você vê, há muito sobre o evangelho nesta carta. Digo ‘pequena’
carta. Esta carta é semelhante a uma linda jóia
na coroa de Jesus Cristo, ou como uma pérola
cujas cores são o resultado de excepcional dor
e sofrimento. É algo muito caro e muito
precioso. No que diz respeito aos presentes
capítulos e versículos, é uma carta pequena. É
uma das menores cartas de Paulo, porém, em seus
valores intrínsecos, ela é imensa; e como uma
real demonstração do que é o evangelho, há
poucas coisas no Novo Testamento a
ser comparado a ela. A que realmente chegamos
nesta carta não é apenas uma demonstração do que
o evangelho é em verdade, mas um exemplo do que
o evangelho é em efeito. Olhe para ela
novamente, discorra sobre ela com o coração
aberto, e penso que o seu veredicto será -
certamente deveria ser - ‘Bem, se isto é o
evangelho, dê-me o evangelho! Se isto é o
evangelho, é algo que vale a pena se ter!’ Este
certamente é o efeito de se ler esta carta. Ela
é um exemplo maravilhoso do evangelho em
expressão.
A Carta do Regozijo de Triunfo
Mas na medida que a lemos, descobrimos que ela
se reduz a isto: Ela é, talvez, mais do que
qualquer outra carta no Novo Testamento, a carta
do regozijo de triunfo. Regozijo flui através
desta carta. O apóstolo está repleto de alegria.
Parece que ele mal consegue se conter. No último
capítulo, falávamos de seus superlativos em
relação ao grande chamado da Igreja no
evangelho. Aqui o apóstolo está encontrando
dificuldade para expressar-se quanto à sua
alegria. Olhe você para isto. Olhe apenas para
as primeiras palavras, sua introdução, e veja.
Mas isto flui por toda a carta até o final. Ela
tem sido chamada de a carta do regozijo de Paulo
em Cristo, mas é uma alegria de triunfo, e
triunfo em três direções. O triunfo de Cristo;
triunfo em Paulo; e triunfo nos cristãos em
Filipos. Isto realmente resume toda a carta: o
triunfo tripartite com seu regozijo e exultação
transbordante.
O Triunfo De Cristo
Primeiramente, triunfo em Cristo e de Cristo.
É nesta carta que Paulo nos dá aquela
incomparável revelação do grande ciclo da
redenção - o curso sublime tomado pelo Senhor
Jesus em Sua obra Redentora. Nós O vemos, antes
de tudo, na posição de igualdade com Deus: igual
com Deus, e tudo o que isto significa - tudo o
que isto significa para Deus ser Deus. Quão
grande é isto! - quão pleno, quão elevado, quão
majestoso, quão glorioso! Paulo aqui diz que
Jesus existia em igualdade com Deus. E, então,
‘não tendo por usurpação ser igual a Deus,
esvaziou-se a Si mesmo’. Ele se esvaziou de tudo
aquilo, abriu mão, pôs de lado, desistiu daquilo. Apenas imagine sobre o que Ele iria
ter em troca. Esses são pensamentos quase
impossíveis de se imaginar: Deus, em toda a Sua
infinita plenitude de poder e majestade, em Seu
domínio de glória e plenitude eterna, permitindo
que homens de Sua própria criação, até mesmo os
mais desprezíveis deles, cuspissem Nele,
zombassem e escarnecessem Dele. Ele colocou isto
de lado; esvaziou-se a si mesmo, assumiu a forma
de homem; e não apenas isto, mas ainda sem
qualquer direitos pessoais; sem quaisquer
privilégios, sem títulos. A Ele não foi
permitido escolher por Si mesmo, seguir por seu
próprio caminho, e muito mais.
Paulo diz que Jesus assumiu a forma de servo.
E, então, ele continua e diz que ‘Ele Se
humilhou a Si mesmo, tornou-se obediente até a
morte’: e não uma morte gloriosa, não uma morte
da qual as pessoas falassem em termos de elogio
e admiração. ‘Sim’, diz o apóstolo, ‘morte de
cruz’ - a morte mais vergonhosa e infame, com
tudo que isto significa. Como você vê, o mundo
judaico, o mundo religioso daquele tempo, tinha
escrito em seu livro que maldito por Deus era
aquele que fosse pendurado no madeiro. Jesus foi
obediente a ponto de ser encontrado no lugar de
alguém amaldiçoado por Deus. Foi assim que eles
olharam para Ele - como um maldito de Deus. E,
quanto ao resto do mundo, o mundo gentio, toda a
sua concepção daquilo que devia ser adorado como
alguém que jamais pudesse ser vencido, alguém
que jamais pudesse ser achado numa situação que
pudesse causá-lo vergonha, alguém que pudesse se
apresentar ao mundo como um sucesso - esta era a
sua idéia de um deus. Porém aqui está este Homem
na cruz. É Ele um sucesso? Isto não é nenhum
sinal de sucesso. Isto não é indicação de força
humana. Isto é fraqueza. Não há nada honroso a
respeito disso - É uma desgraça.
Isto é humanidade no seu pior.
E, então, o ciclo muda, e o apóstolo irrompe
aqui e diz: ‘Por isso também, Deus soberanamente
o exaltou, e lhe deu um nome que está acima de
todo nome; para que ao nome de Jesus todo joelho
se dobre’ - mais cedo ou mais tarde; seja
reconhecê-Lo com alegria como Senhor, seja
reconhecê-Lo forçadamente; mais cedo ou mais
tarde, no determinado conselho do Deus
Altíssimo, isto acontecerá; ‘e toda língua
confessará que Jesus Cristo é o Senhor, para a
glória do Pai’. Que ciclo! Que triunfo! Você não
pode encontrar triunfo maior do que este: e
Paulo chama isto de evangelho. São as boas novas
do tremendo triunfo de Cristo. Ele triunfou
neste ciclo, e tudo isto que está incluído no
triunfo é evangelho. Nós não podemos discorrer
longamente sobre isto, quanto ao porquê Ele fez
isto, ou o que ele efetivou através disto, o que
Ele assegurou com isto. Tudo isto é evangelho.
Mas o fato é que desta forma Cristo realizou uma
tremenda vitória. Em todo o ciclo do céu e da
terra, das maiores alturas às maiores
profundezas, Ele triunfou. Paulo descobre uma
alegria indizível em contemplar isto. Isto é o
que ele chama de boas novas, o evangelho -
triunfo em Cristo.
Triunfo Na Própria História Espiritual De Paulo
Paulo, então, vem em si mesmo, e nos dá nesta
carta quase uma autobiografia. Ele nos fala algo
de sua própria história antes de sua conversão,
quanto a quem e o que ele era, e onde ele
estava, e o que ele tinha. Naturalmente, não foi
nada comparado ao que o seu Senhor tinha tido e
o que tinha renunciado. Mas o próprio Paulo,
como Saulo de Tarso, tinha muita coisa por
nascimento, por herança, por criação, por
educação, por estatus, por prestígio, e tudo
mais. Ele tinha muita coisa. Ele nos fala sobre
isso aqui. Tudo de que o homem poderia se gabar
- ele tinha. E, então, ele encontrou Jesus, ou
Jesus lhe encontrou; e a coisa toda, ele disse -
tudo o que ele tinha e possuía - tornou-se em
suas mãos como cinza, como escória!
‘Reputei como perda’.
Muitas pessoas têm esta falsa idéia sobre o
evangelho, que, se você abraçar o evangelho, se
você se tornar um cristão, se você se converter,
ou seja lá como você possa colocar isto, você
irá ter que perder ou desistir de algo, você tem
que desistir disso e de mais alguma coisa. Se
você se tornar um cristão, isto será apenas uma
longa história de renunciar, renunciar,
renunciar, até que mais cedo ou mais tarde você
esteja destituído de tudo. Ouça! Aqui está um
homem que tinha muito mais do que você tem ou já
teve. Não podemos nos comparar a este homem em
sua vida natural, em tudo o que ele foi e em
tudo o que ele tinha, e todas as perspectivas
que estavam diante dele, como um homem jovem.
Quase não há dúvida de que, se Paulo não tivesse
sido um cristão, o seu nome teria sido esquecido
na história, juntamente com alguns outros nomes
muito famosos de sua época. Porém ele diz - não
nessas palavras, mas em muitas outras além
dessas: ‘Quando encontrei o Senhor Jesus, tudo
para mim se tornou perda’. Renunciou? Quem irá
achar qualquer sacrifício em desistir de uma
vela quando encontrou o sol? Sacrifício em que?
Oh, não! ‘Em comparação a Cristo, considero tudo
como escória’.
Que vitória! Que triunfo! Como você vê, esta
renúncia - bem, vamos colocar assim, se você
quiser - porém, Paulo está muito feliz a
respeito. Este é o ponto. É a alegria de Paulo,
a alegria de uma vitória tremenda em si mesmo.
Triunfo No Ministério de Paulo
Porém mais, aqui está a história de uma grande vitória em seu
ministério, em sua obra. Recordamos a história
de como ele foi a Filipos. Ele tinha
estabelecido ir à Ásia, para pregar o evangelho
lá, e estava em seu caminho, quando, naquela
misteriosa providência de Deus que somente se
explica mais adiante, e nunca antes, ele foi
proibido, impedido, barrado. O dia se encerrou
com um caminho fechado, com uma viagem barrada.
Ele estava perplexo quanto ao significado
disso; ele não entendeu. Servindo ao Senhor
durante aquela noite, ele teve uma visão. Ele
viu um homem da Macedônia - Filipos fica na
Macedônia - dizendo: ‘Passa à Macedônia, e
ajuda-nos’ (At 16.9). E Paulo disse: ‘Procuramos
ir...concluindo que o Senhor tinha nos chamado
para pregar o evangelho a eles’. Assim,
desviando-se da Ásia, voltou-se ele para a
Europa, e foi para Filipos.
Algumas vezes, contratempos e mudanças de planos podem ser um bom
terreno de uma grande vitória. Deus pode obter
muito pondo de lado nossos queridos planos, e
mudar tudo para nós. - Mas continuando. Paulo
veio para Filipos. E o Diabo sabia que ele tinha
vindo, e se pôs à obra e disse, em efeito: ‘Não
se eu puder impedir, Paulo!’ Vou fazer este
lugar muito quente para você ficar aqui!’ E ele
se pôs a trabalhar, e, logo Paulo e seus
companheiros foram parar numa masmorra, com
seus pés amarrados, sangrando do açoite que
tinham recebido. Bem, isto não parece muito com
uma direção Divina! Onde está a vitória disto?
Mas espere. O próprio carcereiro e sua família
foram salvos naquela noite. Eles vieram para o
Senhor e foram batizados. E quando, anos mais
tarde, em outra prisão em Roma, Paulo escreveu
esta carta para os santos que tinha deixado em
Filipos, ele colocou numa frase como esta: ‘meus
amados e mui queridos irmãos’. (Fp 4.1).
Gostaria de pensar que o carcereiro e sua
família estavam incluídos nisto. ‘Amados e mui
queridos irmãos’. E na mesma carta ele diz: ‘E
quero, irmãos, que saibais que as coisas que me
aconteceram contribuíram para maior proveito do
evangelho;’ (Fp 1.12). É um quadro de triunfo,
não é? - o triunfo em sua vida e em seu
ministério.
Triunfo Nos Sofrimentos De Paulo
E ele triunfou em seus sofrimentos. Ele fala algo sobre seus
sofrimentos nesta carta, os sofrimentos que
estavam sobre ele, como ele escreveu; porém,
tudo isto está numa nota e espírito de triunfo.
Ele diz: ‘Cristo será, tanto agora como sempre,
engrandecido no meu corpo, seja pela vida, seja
pela morte.’ (1.20) Não há qualquer traço de
desespero aí, há? ‘Tanto agora, como sempre,
Cristo deve ser engrandecido em meu corpo, seja
pela vida ou pela morte’. Isto é triunfo. Sim,
isto é triunfo, isto é alegria.
Porém mais: ele disse: ‘Cristo manifestado em minhas cadeias’. Uma
coisa maravilhosa, esta! Trazido para Roma,
algemado por um soldado da guarda romana, nunca
permitido mais do que uma certa medida de
liberdade - e, contudo, você não pode calar este
homem! Ele tem uma coisa que ‘está livre’ o
tempo todo, e que percorreu por toda guarda
pretoriana (1.3). Se você soubesse algo sobre a
guarda pretoriana, você diria: ‘Isto é triunfo!’
No próprio quartel general de César, e um César
tal qual ele era, o evangelho é triunfante. Foi
falado a respeito do evangelho por toda guarda
pretoriana! Sim, há triunfo em seus sofrimentos,
em suas cadeias, em suas aflições. Isto não é
apenas palavra. É um triunfo glorioso; e isto é
o evangelho em ação, o evangelho em expressão.
Triunfo Nos cristãos de Filipos
E este triunfo não se deu apenas em Cristo e em Paulo, mas nos
filipenses. É uma linda carta de triunfo da
graça Divina nesses filipenses. Você pode ver
isto, primeiramente, em sua resposta; e você
realmente precisa saber algo sobre Filipos
naqueles dias. Você possui apenas uma pequena
idéia do que aconteceu a Paulo. Você sabe sobre
o templo pagão, com seu terrível sistema de
mulheres escravas, e tudo isto está ligado com
aquela coisa horrível. Assim que Paulo e seus
companheiros saíram pelas ruas de Filipos, uma
daquelas jovens mulheres, da qual se diz que
tinha um espírito de pitonisa, um demônio de
adivinhação, uma verdadeira possessão de
Satanás, persistentemente seguia e gritava após
eles.
Este é o tipo de cidade que Filipos era, e Paulo descobre que é
possível escrever uma carta como esta para
crentes numa cidade como aquela. Não é isto
triunfo? Penso que haver uma igreja
absolutamente em Filipos é uma coisa, porém, uma
igreja como esta é algo mais. E não é somente na
resposta deles ao evangelho, que tanto custou a
eles. Olhe novamente para a carta, e veja o amor
mútuo que eles tinham um pelo outro. Isto de
fato é uma jóia na coroa de Cristo. Esta carta
tem sido chamada de a carta do grande amor de
Paulo. Todas as coisas fluem com amor, e isto é
por causa do amor que eles tinham uns pelos outros.
Amor deste tipo não é natural. Esta é a obra da
Graça Divina nos corações humanos. Esta carta
fala de um grande triunfo. Se há algo a
acrescentar, podemos lembrar que, quando Paulo
estava em necessidade, foram essas pessoas que
se preocuparam com as suas necessidades e
enviaram-lhe ajuda. Eles se preocuparam com o
homem a quem eles deviam tanto pelo evangelho.
Bem, tudo isto constitui este tremendo triunfo. Esta é uma carta de
triunfo, não é? Provamos o nosso ponto de vista,
penso eu. Repito: Este é o evangelho! Mas Paulo
diz que essas pessoas de Filipos, esses crentes,
são modelo - são exemplo; e assim, o que temos
que fazer ao final desta revisão é perguntar: ‘o
que é o evangelho, no que diz respeito a esta
carta? Quais são as boas novas aqui? As boas
notícias? Como pode este tipo de coisa ser
repetida e reproduzida?’
O Segredo do Triunfo
Nós não estamos lidando com pessoas de virtudes peculiares, um
tipo especialmente fino de pessoa. É apenas
homem, pobre, humanidade frágil: a partir disso
pode tal coisa ser repetida, reproduzida?
Podemos nós esperar por alguma coisa como essa
hoje? Seriam boas novas se isto pudesse ser
provado para nós que há um caminho de se
reproduzir esta situação hoje, não seriam?
Como, então? Há nesta carta uma frase chave? Temos procurado em
nossos estudos nessas cartas reunir tudo em
alguma frase característica de cada. Há tal
frase nesta carta que nos dê a chave para isto
tudo, a chave para nós mesmos entrarmos na
grande vitória de Cristo e em todo o valor
disso? Podemos achar a chave para nos abrir a
porta para a posição que Paulo ocupava - de modo
que tudo o que este mundo possa oferecer e que
possa ser colocado à nossa disposição seja sem
gosto, insignificante, em comparação a Cristo?
Há uma chave que possa nos abrir a porta para
aquilo que os filipenses tinham alcançado?
Penso que há, e penso que você a encontra no primeiro capítulo, na
primeira sentença do verso 21: ‘Pois para mim o
viver é Cristo’. Esta é a boa notícia do
fascinante Cristo. Quando Cristo realmente
cativa, tudo acontece e tudo pode acontecer. Foi
assim com Paulo e com aquelas pessoas. Cristo
simplesmente tinha cativado a todos eles. Eles
não tinham outro propósito na vida além de
Cristo. Eles podem ter tido seus negócios, seus
comércios, suas profissões, diferentes ocupações
no mundo, porém eles tinham apenas um propósito,
preocupação e interesse dominante - Cristo. Para
eles Cristo estava acima de todas as coisas. Não
há outra palavra para isto.
Ele simplesmente os cativou.
E vejo, caros amigos, que isto - simples como possa soar - explica
tudo. Explica Paulo, explica esta Igreja,
explica esses crentes, explica o amor mútuo que
tinham. Isto resolveu todos os seus problemas,
removeu todas as suas dificuldades. Oh, isto é o
que nós precisamos! Se tão somente você e eu
fôssemos assim, se fôssemos, afinal de contas,
cativados por Cristo! Não posso transmitir isto
para você, porém, na medida que olhei para esta
verdade - olhado para ela, lido, pensado a
respeito - senti algo mover em mim, algo
inexplicável. Afinal de contas, nove de cada dez
de todos os nossos problemas podem ser ligados
ao fato de que temos outros interesses pessoais
nos influenciando, governando-nos,
controlando-nos - outros aspectos da vida que
não Cristo. Se apenas isto pudesse ser verdade,
que Cristo nos capturasse, nos cativasse, nos
governasse, e se tornasse - usarei a palavra -
uma obsessão, uma gloriosa obsessão! Penso que
isto é o que o escritor do hino quis significar
quando escreveu: ‘Jesus, Amor da minha alma’, e
quando mais adiante diz: ‘Mais do que tudo em Ti
eu encontro’. Quando for desta maneira,
estaremos cheios de alegria. Não há
arrependimentos em ter desistido de tudo.
Ficamos cheios de alegria, cheios de vitória.
Não há espírito de derrota absolutamente. É a
alegria de um grande triunfo. É o triunfo de
Cristo sobre a vida. Sim, tem sido, e porque tem
sido, pode ser novamente.
Porém isto precisa de algo mais do que apenas um tipo mental de
apreciação. Podemos tão facilmente esquecer o
ponto. Podemos admirar as palavras, as idéias;
podemos cair nelas como uma bonita apresentação;
mas, oh, precisamos que o nosso ego seja
varrido - nossas reputações, tudo que esteja
associado conosco e com a nossa própria glória -
que Aquele que cativa possa ser o Único em
vista, o único com reputação, e nós aos Seus
pés. Este é o evangelho, as boas novas - quando
Cristo realmente cativa, o tipo de coisa que
está nesta carta acontece, realmente acontece.
Vamos pedir ao Senhor por esta fascinação de
vida de Seu Filho amado?
Capítulo 6 - Em Sua Carta Aos Colossenses
Ao chegarmos a esta carta aos Colossenses, de
modo a lançar uma fundação, leremos alguns
versos do incomparável primeiro capítulo.
‘Por esta razão, nós também, desde o dia em que
o ouvimos, não cessamos de orar por vós, e de
pedir que sejais cheios do conhecimento da sua
vontade, em toda a sabedoria e inteligência
espiritual; Para que possais andar dignamente
diante do Senhor, agradando-lhe em tudo,
frutificando em toda a boa obra, e crescendo no
conhecimento de Deus; Corroborados em toda a
fortaleza, segundo a força da sua glória, em
toda a paciência, e longanimidade com gozo;
Dando graças ao Pai que nos fez idôneos para
participar da herança dos santos na luz; O qual
nos tirou da potestade das trevas, e nos
transportou para o reino do Filho do seu amor;
Em quem temos a redenção pelo seu sangue, a
saber, a remissão dos pecados; O qual é imagem
do Deus invisível, o primogênito de toda a
criação; Porque nele foram criadas todas as
coisas que há nos céus e na terra, visíveis e
invisíveis, sejam tronos, sejam dominações,
sejam principados, sejam potestades. Tudo foi
criado por ele e para ele. E ele é antes de
todas as coisas, e todas as coisas subsistem por
ele. E ele é a cabeça do corpo, da igreja; é o
princípio e o primogênito dentre os mortos, para
que em tudo tenha a preeminência. Porque foi do
agrado do Pai que toda a plenitude nele
habitasse, E que, havendo por ele feito a paz
pelo sangue da sua cruz, por meio dele
reconciliasse consigo mesmo todas as coisas,
tanto as que estão na terra, como as que estão
nos céus.’
(Cl 1.9-20)
Boas Notícias Numa Situação Emergencial
Agora, se alguma coisa é pra ser uma boa
notícia, deve haver uma situação para a qual ela
traga alívio, segurança, conforto ou
gratificação. Se ela não interessa, então não é
boa notícia. Por exemplo, suponha que alguém,
com quem a sua vida e coração esteja intimamente
ligada, seja acometido por uma séria e crítica
doença, e você busca ajuda médica. Você está sob
uma pesada carga de ansiedade: e é muito
importante para você onde isto termina; e você
espera pelo que parece ser uma eternidade para
que o médico venha e lhe dê um relatório. Quando
ele chega e diz: ‘Está tudo bem, não precisa se
preocupar; as coisas estão tudo bem, dará tudo
certo’, esta é de fato uma boa notícia. Se
houver uma grande decisão posta na balança, que
irá afetar de alguma maneira o seu futuro, sua
carreira, sua vida, e uma comissão está
analisando, e você espera do lado de fora com o
coração na boca (como dizemos), sentindo-se
muito ansioso quanto ao que está ocorrendo:
quando alguém chega e diz: ‘Tudo bem, o emprego
é seu, a nomeação’, isto é boa notícia. Isto lhe
traz um sentimento imenso de alívio. Se houver
uma batalha em curso, o assunto da maior
importância, e alguém sai do cenário da luta e
diz: ‘Está tudo bem, nós iremos ter êxito!’ -
isto é um tremendo alívio. Isto é boa notícia.
Aquilo nos toca, significa algo para nós. Tem
que haver realmente algo na natureza de uma
situação de emergência para dar lugar a boas
notícias.
A
Situação Emergencial Em Colossos
Agora, no caso de quase todas as cartas de Paulo, havia uma
situação emergencial. Algo tinha se levantado na
natureza de uma ameaça à vida cristã daqueles a
quem o seu coração estava ligado; algo tinha se
levantado que estava causando muita preocupação
e ansiedade por aqueles cristãos. Eles estavam em
real dificuldade; o futuro parecia incerto. Foi
a fim de suprir a tais emergências que Paulo
escreveu suas cartas, e em todas elas ele usa
esta palavra ‘evangelho’, ou ‘boas novas’ - boas
notícias para uma emergência, boa notícia para
esta situação crítica.
Nesta carta aos Colossenses é peculiarmente assim. Havia uma
emergência real entre os crentes de Colossos.
Mas era a mesma emergência que toma formas
diferentes em diferentes tempos - ela é presente
hoje em sua própria forma. Ela se referia ao
seguinte: que havia certas pessoas, que se
consideravam a si mesmos como sendo muito
conhecedores, sábios, inteligentes, pessoas
estudadas, que tinham ido a fundo em coisas
misteriosas, e que estavam trazendo as suas
idéias e teorias sobre aqueles cristãos. Tudo
tinha a ver com as grandes magnitudes da vida.
Primeiramente, o assunto em vista não era nada menos do que o real
significado do universo criado. Agora, isto pode
ser, naturalmente, um campo para especulação
filosófica; mas você sabe que, de certa maneira,
isto chega muito perto do coração do cristão. Há
um desenho para tudo, ou todas as coisas
simplesmente tomam um curso mecânico, ou são
levadas por alguns poderes misteriosos que são
inimigos do bem-estar humano? Há algum desenho
real por trás deste universo criado? Para levar
isto um passo mais adiante: Existe um propósito
para tudo? Mais cedo ou mais tarde, os cristãos
se deparam com estas questões. Sob ameaça,
prova, pressão e sofrimento, algumas vezes não
sabemos o que fazer com essas coisas. Este
parece ser um universo caótico, cheio de enigmas
e contradições, e paradoxos, e temos um mau
tempo sobre isto. Existe um plano no universo -
há realmente um controle Divino em tudo neste
universo, na história da humanidade e em tudo o
que acontece? Há, afinal de contas, para usar
uma palavra que penso não apreciarmos muito, uma
providência para tudo e em tudo? - Quer dizer,
está tudo sendo feito para funcionar conforme um
projeto e propósito, que resulte num grande,
Divino, final vantajoso?
Agora, essas pessoas estavam argumentando sobre isto, e os cristãos
de Colossos estavam sendo grandemente
perturbados com tudo isto.
E, então, isto chegou mais próximo de sua existência cristã. Isto
tocou em suas vidas como filhos de Deus. Agora,
se alguma pessoa no mundo deve estar bem segura
quanto a essas questões - de que há um plano
Divino, e um padrão Divino e uma Providência
Divina - é o cristão, no entanto, a vida de
muitos deles é afetada por isto, se é ou não
assim. A questão de nossa segurança, de nossa
confiança, de nosso descanso, de nossa força, de
nosso testemunho, depende de se ter uma resposta
para essas questões. O significado de todo este
universo, a ordem e o propósito nele, o desenho
e o controle dele, a providência sobre todos os
eventos e acontecimentos em curso na história da
humanidade - essas são as coisas que chegam bem
próximas dos cristãos. Se tivermos alguma dúvida
sobre isso, o nosso cristianismo não serve para
nada, os fundamentos são tirados de sob os
nossos pés, não sabemos onde estamos.
Esta foi a emergência em Colossos. A própria vida dos cristãos, da
Igreja, estava ameaçada. E, se esta vida está
ameaçada, seu crescimento também está ameaçado.
A questão toda do crescimento da Igreja e dos
cristãos estão em jogo - crescimento,
desenvolvimento e maturidade. Se isto estiver
ameaçado, então algo mais estará ameaçado: a
coisa toda irá se desintegrar, irá cair em
pedaços; sua unidade e coesão irão entrar em
colapso; a coisa toda será espalhada em
fragmentos. E assim, a própria esperança da
Igreja e dos cristãos estão em jogo; sua
esperança e seu destino. Essas não são questões
pequenas. Elas podem chegar muito próximo em
algum momento ou outro, e exigem uma resposta.
A Resposta À Situação
Agora, foi para suprir toda esta situação, para
responder todas essas sérias questões, que Paulo
escreveu esta carta: para confirmar os cristãos,
para fundamentá-los, sustentá-los, encorajá-los;
e ele chama isto de ‘boas novas’, e
realmente é. Se você puder responder a tudo
isto, de fato são boas novas, não são? Isto de
fato é ‘boas novas’! Como você vê, o evangelho
de nosso Senhor Jesus Cristo toca as mais
extremas fronteiras deste universo, e cobre tudo
dentro delas, incluindo a história da
humanidade, os acontecimentos humanos, os
eventos do mundo, os cursos das coisas, o
desenho das coisas, o fim das coisas.
O evangelho toca todas as coisas em cada ponto.
Assim, Paulo responde, e ele responde tudo numa
só palavra. Sua resposta é:
Cristo. Cristo é a resposta. Esta resposta é encontrada inclusivamente
naquelas palavras no capítulo 3, verso 11, a
última oração: ‘Cristo é tudo em todos’ .
E que imenso ‘tudo’ Cristo é se Ele cobre
todas as áreas! Se Ele alcança e abrange todas
aquelas grandes questões, que Cristo Ele é!
O fato que compreende tudo é enfática e
categoricamente afirmada pelo apóstolo nesta
carta. Ele afirma isto em muitas sentenças, mas
nesta ele resume tudo. A resposta para todas as
coisas está em Cristo. Cristo é a explicação
para todos os acontecimentos na história da
humanidade. Cristo explica este universo, Cristo
dá característica a este universo, Cristo está
por trás de todos os eventos neste universo.
Cristo é a Pessoa que integra tudo, Aquele em
quem todas as coisas subsistem.
‘Cristo é o fim, porque Cristo foi o começo;
Cristo é o começo, porque Cristo é o fim’.
A Evidência De Que A Resposta É Satisfatória
Mas talvez você possa dizer: ‘Está tudo
muito bem para Paulo fazer uma declaração como
esta, mas qual é a evidência?’ Bem, a evidência
é muito real. E deve ser dito que, se estivermos
pedindo evidência, algo está errado conosco! Nós
devemos ser a resposta, devemos ser a evidência:
pois o testemunho disto é primeiramente pessoal,
experiência espiritual do filho de Deus. Você
pode deixar o vasto universo por um instante, se
quiser, e vir para o pequeno universo de sua
própria vida - pois, afinal de contas, o que é
verdade no micro cosmo é sempre um reflexo do
que é verdade no grande campo cósmico. Deus traz
para aqui Sua evidência do circunferencial para
o exato centro da vida cristã individual, e a
resposta está aí. Qual é a experiência de um
filho de Deus verdadeiramente nascido de novo?
Agora você pode fazer um teste se você é
nascido de novo através disto, e, graças a Deus,
sei que muitos de vocês serão capazes de dizer:
‘Sim, isto é verdade em minha experiência’.
Mas deixe-me perguntar a você: Qual é sua
experiência como um filho de Deus
verdadeiramente nascido de novo? Quando você
realmente veio para o Senhor Jesus - não importa
como você possa colocar isto: quando você
permitiu a Jesus entrar em seu coração, ou em
sua vida, ou quando você entregou a sua vida a
Ele; quando houve uma troca com Ele, um novo
nascimento, pelo qual você se tornou um filho de
Deus - não por algum ‘sacramento’ aplicado a
você, mas por uma operação interior de Seu
Espírito: quando você se tornou um filho de Deus
de forma viva, consciente, qual foi a primeira
consciência que veio a você, e tem permanecido
com você desde então?
Não foi, e, não é, isto: ‘Há agora um
propósito na vida, que eu nunca conheci antes;
há um propósito nas coisas. Agora eu tenho a
compreensão - de fato eu sei - de que eu não
nasci e cresci neste mundo por acaso, mas havia
um propósito por trás de tudo. Há propósito
nas coisas; uma compreensão - você pode não ser
capaz de explicar tudo, o que tudo significa -
mas você tem uma compreensão agora de que
alcançou, ou pelo menos começou a perceber, o
real propósito de sua existência. É isto
verdade? Quando o Senhor Jesus finalmente tem o
Seu lugar em nossos corações, a grande pergunta
da vida é respondida - a grande questão como o
‘Por quê’ de nossa existência. Até então, você
vagueava ao redor, você fazia todos os tipos de
coisas, você preenchia o tempo, você aplicava
seu coração e mente, e mãos, porém, você não
sabia qual o objetivo de tudo. Você pode ter uma
vida bem cheia, uma vida realmente ocupada, fora
de Cristo, e, contudo, chegar no final sem ser
capaz de responder a pergunta,
‘Pra que serve
tudo?’
Um homem, que tinha gozado uma vida inteira,
que tinha se tornado famoso nas escolas do
saber, uma grande figura no campo intelectual,
no momento em que estava morrendo disse: ‘Estou
dando um terrível salto no escuro’. Ele não
tinha resposta para a questão. Porém, um simples
filho de Deus, imediatamente quando chega diante
do Senhor, tem a resposta na consciência, se não
em esclarecimento, em seu coração, é isto que é
chamado de ‘descansar’. ‘Vinde a Mim’,
disse Jesus, ‘e Eu vos darei descanso’
(Mt 11.28). O descanso está nisto: ‘Bem, eu fui
um peregrino, mas agora cheguei ao lar; estive à
procura - eu encontrei; estive à procura de algo
- Não sabia o que era - mas agora eu consegui’.
Há propósito em seu universo, e haverá propósito
no universo de qualquer outra pessoa, se tão
somente ela entrar por este caminho.
E não apenas propósito, porém mais
- controle.
O filho de Deus bem cedo começa a perceber que
está debaixo de um controle, de um senhorio; que
há uma lei de governo estabelecido na
consciência, que é diretiva: que, por um lado,
diz: ‘sim’, o glorioso ‘sim’ de muitas
liberdades; e por outro lado, ‘não -
cuidado, devagar, observe!’ Todos nós sabemos
isto. Não ouvimos estas palavras, mas sabemos
que é isto que está sendo dito aos nossos
corações. O Espírito de Cristo dentro de nós
está dizendo: ‘Olhe para os seus passos - seja
cuidadoso, seja vigilante’. Temos caminhado sob
controle. Isto é estendido de muitas formas ao
longo de toda a vida, mas é uma grande
realidade. Este universo está sob controle, está
sob governo. A evidência disto é encontrada
dentro de nossas próprias experiências quando
Cristo assume o Seu lugar. E você pode estender
isto para os tempos futuros, quando todo o
universo ficará desta forma, sob o controle de
Cristo.
E, então, novamente: ‘em quem todas as coisas
subsistem’. A coisa maravilhosa sobre a vida
cristã é a sua integração, ou, se você preferir
uma outra palavra, sua unificação. Quão
separados, quão divididos, estávamos antes que
Cristo assumisse o Seu lugar! Estávamos ‘em
vários lugares’, como dizemos - uma coisa após a
outra, olhando este caminho e aquele outro;
corações divididos, vidas divididas, um conflito
dentro de nossas próprias pessoas. Quando o
Senhor Jesus realmente assumiu o Seu lugar como
Senhor em nosso interior, a vida se unificou.
Fomos simplesmente reunidos, concentrados numa
única coisa. Temos apenas uma coisa em vista. O
que Paulo disse de si mesmo se torna verdade:
‘mas uma coisa faço...’ (Fp 3.13). Somos um povo
de ‘uma coisa só’. Cristo unifica a vida.
Que tal a vida em si, a vida do filho de Deus?
Quando o Senhor Jesus está em Seu próprio lugar,
a vida do filho de Deus fica segura, realizada,
confirmada, e cresce; há um crescimento e uma
maturidade espiritual. É uma coisa maravilhosa.
Se, na vida de alguns cristãos, isto não é
percebido como um fato, é por algum bom motivo -
ou por um mal motivo! - mas, se o Senhor
realmente é ‘tudo em todos’, na vida, se Ele ‘em
todas as coisas tem a preeminência’, é
maravilhoso ver o crescimento espiritual.
Aqueles que têm bastante associação com cristãos
jovens, ou têm muita experiência em lidar com
cristãos jovens, descobriram que esta é a coisa
mais impressionante - como, onde o Senhor Jesus
possui o Seu caminho, como eles avançam
espiritualmente, como crescem. Eles alcançam uma
compreensão e um conhecimento que muitos
estudiosos parecem ter perdido. Eles alcançam um
real conhecimento espiritual. Enquanto outras
pessoas estão tentando prosseguir por outros
caminhos - intelectualmente, e assim por diante
- esses jovens, os quais muitos deles não têm um
cabedal de treinamento intelectual ou escolar -
são pessoas simples - estão simplesmente pulando
na frente espiritualmente.
Este crescimento em inteligência e compreensão
espiritual não se apóia em nada natural. Ele
surge porque Jesus possui um lugar tão espaçoso,
e ele é a fonte e o centro e o resumo de todo
conhecimento espiritual. Em oposição a isto, é
possível ter grandes aquisições e qualificações
no campo acadêmico, estar fazendo grandes coisas
neste campo, e, contudo, achar que as coisas
simples do Senhor Jesus Cristo são para você
como uma língua estrangeira. Você não sabe a
respeito - você não pode acompanhar ou se juntar
absolutamente. Isto é triste, mas é verdade. Há
cristãos, sim, verdadeiros cristãos, que
simplesmente não conseguem conversar sobre as
coisas do Senhor. Se é pra haver crescimento,
ele só pode vir através do dar plenamente a
Jesus o Seu lugar, sem questionamento.
E, então, quanto ao destino. A afirmação é que
o destino do universo está com o Senhor Jesus, e
que este destino é a glória universal. Porém,
esta é apenas uma linda idéia, um encantar de
vista, não é? Como você irá provar isto? Em seu
próprio coração! Será igualmente verdade com as
outras questões que temos já considerado, que,
quando o Senhor Jesus realmente recebe o Seu
lugar, você tem um antegozo da glória? Ninguém
pode entender o cristão que não tem a
experiência cristã, mas ela está lá. Não é
simplesmente que estamos fingindo que estamos
bem. É algo que vem de dentro; é algo como um
antegozo da glória que está por vir. Temos a
resposta para todas essas imensas questões bem
dentro de nossas próprias experiências
espirituais.
O Testemunho da Igreja
Mas, então, o Apóstolo se volta para a Igreja e
fala sobre ela: ‘E Ele é a cabeça de...da
Igreja...o primogênito dentre os mortos’. (Cl
1.18). Como a Igreja dá testemunho do fato, este
grande fato, de que Jesus é a resposta a essas
imensas questões? Penso que a Igreja dá a
resposta tanto positivamente como negativamente.
Ela dá a resposta positivamente
- embora não
positivamente como devia ser dado - porém, ela
dá a resposta nisto, que, após tudo (e que
‘tudo’ desses dois mil anos!), a Igreja ainda
está em existência. Pense no avalanche de forças
antagônicas e ódio, e homicídios sobre a Igreja
em sua infância, com a determinação do grande
império que o mundo jamais conheceu para
varrê-la do mapa. Após tudo, foi aquele império
que se foi; a Igreja continua. Pense, também, em
tudo o que se foi ajustado durante os séculos,
para trazer a Igreja o fim, para destruí-la, e
ainda se ajusta sobre isto. Oh, aqueles homens
não estavam tão cegos de modo que leram mal a
história! Se apenas aqueles poderes no mundo de
hoje, grandes reinos, grandes impérios, lessem
corretamente a real história, veriam que estão
numa missão completamente vã, numa curta e tola
jornada de fato, a fim de tentar destruir o
testemunho de Jesus sobre a terra.
Eles é que serão destruídos.
Sim, a própria continuação e persistência da
Igreja é evidência de que isto é verdade - de
que Jesus Cristo é a chave do universo, de que
Ele é a resposta para todas as perguntas. Digo
eu, a Igreja não dá a resposta tão claramente
como devia. Se apenas ela tivesse seguido como
no início, que resposta ela seria!
Mas ela dá a resposta negativamente, tanto
quanto positivamente. Ela responde negativamente
pelo fato de que, embora já tenha se mantido
vitoriosamente no mundo, resistido às
tempestades vitoriosamente, ela agora moveu-se
de seu centro, o Senhor Jesus Cristo, e trouxe
substitutos para o Seu absoluto senhorio. Ela
tem feito com que outras coisas governem os seus
interesses. O resultado tem sido desintegração,
divisão, e tudo mais. Sim, a coisa é respondida
no negativo, e será sempre assim.
Vamos ser bem claros: não é que a verdade tenha
sido quebrada. Se estas coisas sempre se tornam
uma questão para você, não será porque elas
estão abertas à pergunta, mas porque algo tem
estado errado com você como tem estado errado
com a Igreja. Não é na verdade, mas naquilo que
se supõe representar a verdade, que a questão
permanece. Esses substitutos para o senhorio de
Jesus Cristo, sejam eles homens ou instituições,
ou interesses religiosos, ou atividades cristãs,
seja lá o que forem, se eles tomarem o lugar do
próprio Senhor Jesus, irá levar a lugar algum,
apenas à desunião e divisão. Para colocar isto
mais positivamente, se apenas os homens, líderes
e todo resto, dissessem: ‘Olhe aqui, todas as
nossas instituições, missões, organizações,
todos os nossos interesses no cristianismo, deve
ser subserviente ao absoluto senhorio de Jesus
Cristo’, você encontraria uma unidade. Devemos
todos fluir juntos neste campo. É a poderosa
maré do Seu senhorio que irá curar tudo.
Caminhe pela praia. A maré está baixa, e todos
os recifes estão expostos, dividindo toda linha
costeira, como se ela estivesse em seções. Mas,
na medida em que a maré sobe, os recifes, as
coisas que dividem, começam a desaparecer. Você
retorna à maré cheia, e você não vê mais, apesar
daqueles recifes. A maré cheia enterrou todos
eles. E, quando Cristo é tudo, e em todos, ‘em
todas as coisas tendo a preeminência’, todas
aquelas coisas que pertencem à maré baixa da
vida espiritual, simplesmente desaparecerão. A
prova está na Igreja.
Nós experimentamos um pouco disto durante a
visita recente a este país do Dr. Graham. Houve
uma única paixão consumidora a fim de trazer
Cristo ao Seu lugar; todas as diferentes seções
estavam envolvidas nisto. Onde estavam as
barreiras, onde estavam os ‘recifes’, onde
estavam as coisas departamentais? Por que deve
ser isto por apenas três meses? Por que deve
isto ser experimentado apenas durante a
convenção, alguns dias uma vez por ano? Não,
esta posição é o propósito de Deus para sempre.
A chave para isto é apenas isto - Cristo tudo em
todos.
Talvez possamos entender agora porquê a menção
do evangelho nesta carta está confinada à uma
ênfase - ‘a esperança do evangelho’. Sim, as
únicas ocorrências de ‘evangelho’ ou ‘boas
novas’ estão nesta conexão - ‘a esperança das
boas novas’. A esperança do evangelho está em
Jesus Cristo ser tudo em todos. Esperança é uma
Pessoa, não uma natureza abstrata em nós -
‘sendo esperançoso’ - que não resulta em nada
além de um período, um otimismo variável.
Esperança aqui é uma Pessoa. A esperança das
boas novas é: Ele em todas as coisas tendo a
preeminência. É aí que está a esperança para
você, para mim, para a Igreja, para o mundo,
para o universo. Esta é a esperança do
evangelho.
Capítulo 7 -Em Sua Carta aos Tessalonicenses
‘Porque o nosso evangelho não foi a vós somente
em palavras, mas também em poder,’ (1 Ts 1.5)
‘Mas, mesmo depois de termos antes padecido, e
sido agravados em Filipos, como sabeis,
tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos
falar o evangelho de Deus com grande combate.’
(1 Ts2.2)
‘Mas, como fomos aprovados de Deus para que o
evangelho nos fosse confiado,’ (1 Ts 2.4)
‘Assim nós, sendo-vos tão afeiçoados, de boa
vontade quiséramos comunicar-vos, não somente o
evangelho de Deus, mas ainda as nossas próprias
almas; porquanto nos éreis muito queridos.
Porque bem vos lembrais, irmãos, do nosso
trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e
dia, para não sermos pesados a nenhum de vós,
vos pregamos o evangelho de Deus.’ (1 Ts 2.8,9)
‘POR isso, não podendo esperar mais, achamos
por bem ficar sozinhos em Atenas; e enviamos
Timóteo, nosso irmão, e ministro de Deus, e
nosso cooperador no evangelho de Cristo, para
vos confortar e vos exortar acerca da vossa fé;’
(1 Ts 3.1,2)
‘Como labareda de fogo, tomando vingança dos
que não conhecem a Deus e dos que não obedecem
ao evangelho de nosso Senhor Jesus Cristo;’ (2
Ts 1.8)
‘O qual se opõe, e se levanta contra tudo o que
se chama Deus, ou se adora; de sorte que se
assentará, como Deus, no templo de Deus,
querendo parecer Deus.’ ( 2 Ts 2.4).
Vemos que o Evangelho tem um bom espaço nestas
cartas. Procuramos agora descobrir o real
significado do evangelho, isto é, o significado
essencial das boas novas, do ponto de vista
dessas cartas e dos crentes tessalônicos, e
seremos ajudados por este entendimento se dermos
uma olhada na história espiritual, na vida e
estado desses crentes em Tessalônica.
Os cristãos Tessalonicenses: Um Exemplo
Você verá num vislumbre que consideração
especial Paulo tinha por eles. Ele no geral usa
palavras como as seguintes: ‘Sempre damos graças
a Deus por todos vós’. Tanto na primeira como na
segunda carta ele fala desta maneira (1 Ts
1.2; 2.13). ‘Damos graças a Deus por vós’. E,
então, ele fala sobre eles uma coisa muito
maravilhosa, que nos dá uma direção definitiva
nesta consideração. Ele diz na primeira carta,
capítulo 1, verso 7: ‘De maneira que fostes
exemplo para todos os fiéis na Macedônia e Acaia.’ Isto é algo para dizer sobre uma
companhia do povo do Senhor, e isto nos leva
imediatamente a perguntar - Como foram eles um
exemplo?’ Evidentemente eles não foram exemplo
apenas para os da Macedônia e Acaia, pois essas
cartas permanecem até o dia de hoje, de modo que
eles foram exemplo para todo o povo do Senhor.
Se isto foi verdade sobre eles, então o
evangelho deve ter significado muito para eles.
O evangelho deve ter tido uma forma de expressão
especial neles, e, assim, procuramos responder a
pergunta: Como foram eles ‘um exemplo para todos
os que crêem’?
Um Espírito Puro e um Coração Limpo
Encontramos a resposta em primeiro lugar aqui
neste mesmo primeiro capítulo. Foi na recepção
real do evangelho. ‘Nosso evangelho não chegou a
vós somente em palavras, mas em poder, e no
Espírito Santo, e em muita certeza’. E
novamente: ‘havendo recebido de nós a palavra da
pregação de Deus, a recebestes, não como palavra
de homens, mas (segundo é, na verdade), como
palavra de Deus,’ (1 Ts 2.13). Agora, isto
representa um começo muito limpo; e, se é pra
chegarmos à posição desses crentes tessalônicos,
se o evangelho é pra ter esta expressão em nós,
como teve neles, se é pra ser verdade em nosso
caso de sermos exemplo para todos os que crêem,
então é muito importante que tenhamos um começo
limpo.
Para nós, naturalmente, se tivermos avançados
na vida cristã sem nos tornarmos crentes
exemplares, isto pode significar retroceder os
nossos passos, a fim de começarmos novamente em
algum ponto onde erramos; varrer um monte de
lixo e começar tudo novamente a partir de um
certo ponto. Porém, estou pensando também nos
cristãos jovens, que começaram recentemente.
Vocês realmente estão no começo, e nós estamos
bastante preocupados com vocês, porque vocês
podem encontrar muitos cristãos antigos que não
são de forma alguma um exemplo para todos os
crentes. Sinto muito por dizer isto, mas é
verdade, e não queremos que vocês sejam da mesma
forma. Queremos que vocês sejam cristãos
exemplares; aqueles dos quais o apóstolo Paulo,
se ele estivesse presente, pudesse dizer: ‘Dou
graças a Deus por vocês’. Seria uma grande
coisa, não seria, se isto pudesse ser dito de
nós? ‘Graças a Deus por ele! Graças a Deus por
ela! Graças a Deus por todas as vezes que
entramos em contato com esta pessoa, e com
aquela outra! Sempre agradeço a Deus por ele -
Eles são um exemplo de como os cristãos devem
ser!’
Agora, este é o desejo do Senhor, este é o
nosso desejo para você, e este deveria ser o
desejo de nossos corações para nós mesmos.
Embora possamos não ter tido bom êxito, não
vamos perder a esperança de que alguém possa
ainda dar graças a Deus por nós, que possamos
ser um exemplo, que em algumas coisas, de
qualquer forma, isto possa ser verdade de nós
como foi dos tessalonicenses. Paulo diz:
‘Tornaste-vos nossos imitadores’ (1 Ts 1.6). O
Senhor nos ajude a ser um exemplo tal, de modo
que possamos convidar outros, em alguns aspectos
pelo menos, a nos imitar, sem qualquer orgulho
espiritual.
Bem, se isto é pra ser assim, o começo deve ser
limpo. Você vê, muito evidentemente, como esses
tessalonicenses ouviram Paulo pregando as boas
novas, suas mentes e corações estavam livres de
qualquer preconceito. Eles não teriam chegado à
conclusão a que chegaram se tivesse havido
qualquer preconceito, se eles tivessem
obstruído o assunto em suas mentes, ou chegassem
à uma posição definida. Eles estavam abertos em
seus corações desde o início, prontos para tudo
o que viesse de Deus, e isto criou uma
capacidade para discernir o que era de Deus.
Você jamais irá saber se algo é de Deus se tiver
preconceito, se você já tiver feito o
julgamento, se você já chegou à uma posição
definida. Se você tiver uma opinião formada, coração
fechado, alimentando suspeitas e medos, você já
sabotou a obra do Espírito Santo, e jamais
saberá se aquilo é de Deus. Você deve ter o
coração aberto, mente aberta, livre de suspeitas
e preconceitos, e ficar firme nesta posição -
‘Agora, se houver alguma coisa do Senhor, alguma
coisa de Deus, eu estou pronto para ela’. Isto
cria uma disposição para que o Espírito Santo
possa dar testemunho, e fazer as coisas
possíveis para o Senhor.
Agora, como veremos, é exatamente assim que
eram esses tessalonicenses. Eles receberam uma
palavra, sim, em muita aflição, porém,
receberam-na como Palavra de Deus, e não palavra
de homem. Por causa de sua pureza de espírito,
eles tinham o senso - ‘Isto está correto, isto é
de Deus!’ Foi um bom começo. Como disse
anteriormente, pode ser que alguns de nós
tenhamos que voltar para algum ponto, a fim de
fazer este início novamente. Para quem estiver
lendo estas palavras, que possa estar na vida
cristã há muitos anos, eu diria: Caro amigo, se
você tiver algum ponto do caminho afetado,
infectado, pelo preconceito e suspeita, você
fechou a porta para qualquer acréscimo da parte
de Deus. Vamos entender isto claramente. É
verdade que - ‘O Senhor ainda tem mais luz e
verdade para mostrar em Sua Palavra’.
Nós ainda não esgotamos tudo o que o Senhor tem
para nos mostrar em Sua Palavra; mas Ele somente
irá revelar ao puro de coração. ‘O puro de
coração...verá a Deus’ (Mt 5.8)
Esses tessalonicenses, então, tinham um
espírito puro desde o início.
Mutualidade e Maturidade
A próxima coisa que percebemos sobre eles, após
seu realismo em recepção, foi sua mutualidade e
maturidade - duas coisas que sempre andam
juntas. Em ambas as cartas, isto de que o
apóstolo fala a respeito, talvez mais do que
qualquer outra coisa mais, é o maravilhoso amor
entre os crentes. ‘o amor de cada um de vós
aumenta de uns para com os outros’ (2 Ts 1.3).
Ele está falando o tempo todo sobre o amor mútuo
deles. E seguindo lado a lado a isso estava o
crescimento espiritual deles. Você vê, o amor
sempre edifica (1 Co 8.1). Este tipo de amor,
amor mútuo, sempre significa aumento espiritual.
Podemos ver quão verdade isto é se enxergarmos
isto do ponto de vista contrário. Indivíduos
cristãos mesquinhos, egoístas, separados, ou
companhias ou corpos de cristãos que são
exclusivos e fechados, e não têm o coração bem
aberto de amor para com todos os santos - quão
pequenos e limitados eles são. É verdade. E é
neste amor mútuo de um para com o outro, e
crescimento e aumento de amor de um para com o
outro, que o crescimento espiritual acontece.
Não se esqueça disso. Se você estiver
interessado no crescimento espiritual de seu
próprio coração, de sua própria vida, e dos
outros, isto irá ocorrer por meio do amor, do
amor mútuo, e deve começar por você.
Mutualidade e maturidade sempre caminham juntos.
Sofrimento e Serviço
E então, em terceiro lugar, você descobrirá que
eles eram caracterizados pelo sofrimento e
serviço, e isto é uma maravilhosa combinação
Divina. Isto é algo que não é natural. O
apóstolo tinha muito pra falar sobre isto, como
você verá, se você grifar a palavra ‘sofrimento’
nessas cartas, e observar suas referências aos
sofrimentos e aflições deles. Eles ‘receberam a
palavra em muita aflição’ (1 Ts 1.6). Ele fala a
respeito dos sofrimentos e aflições deles, e
descreve esses sofrimentos. Eles, em
Tessalônica, estavam sofrendo pelas mesmas
causas que seus irmãos na Judéia, disse ele
(2.14).
Agora, na Judéia, isto é, no país dos Judeus,
você sabe como os cristãos sofriam. O próprio
Cristo sofreu nas mãos dos judeus; Estevão foi
martirizado nas mãos dos judeus; a Igreja
conheceu sua primeira perseguição na Judéia, em
Jerusalém, e eles foram dispersos por todos os
lugares pelas perseguições que se levantaram lá
sobre Estevão; e Paulo diz: ‘Agora vocês
sofrendo do mesmo modo’. Evidentemente havia em
Tessalônica muita perseguição, muita oposição;
ameaças e todos os tipos de dificuldades - o
tipo de coisa, talvez, onde era muito difícil
para eles trabalhar e conseguir empregos, tudo
porque o negócio estava nas mãos daqueles que
não tinham lugar para este cristianismo e para
esses cristãos.
Porém, com todo este severo sofrimento, e com
toda a ‘muita aflição’ deles eles não se
tornaram introspectivos. Este é o perfil do
sofrimento. Se você estiver sofrendo frustração,
oposição, perseguição, ou, se os melhores
empregos são dados a outras pessoas, e assim por
diante, a coisa natural é voltar-se para si
mesmo, lamentar muito por si mesmo, começar a
cuidar do seu próprio problema e ficar
totalmente ocupado consigo mesmo.
Porém aqui, o sofrimento levou ao serviço.
O apóstolo diz que a Palavra partiu deles, não
somente por toda região da Macedônia e Acaia,
mas por todo o país (1.8). O sofrimento deles -
o que fez? Fez com que eles se voltassem para
fora, e dissessem: ‘Há outras pessoas em outros
lugares que estão em necessidade, em sofrimento,
assim como nós: vamos ver o que podemos fazer
por eles’. Esta é a maneira de se responder ao
evangelho, não é? Isto fala do glorioso
evangelho! O evangelho se tornou para eles as
boas novas tais que teve efeito sobre eles,
libertando-os completamente da auto-piedade
estando em profunda aflição. Vamos tomar isto em
nosso coração.
Paciência e Esperança
Além disso, o apóstolo fala da ‘paciência da
esperança’ (1.3), e isto simplesmente significa
que eles não desistiam facilmente. Isto fala de
algo, você sabe. Você está tendo um tempo
difícil; tudo e todos estão contra você. É tão
fácil desistir - apenas desistir; desistir da
luta, e dizer: ‘Não adianta - é melhor desistir
de tudo’. Mas não: esses cristãos tinham
paciência e esperança. Eles não desistiam,
‘agarravam-se firmemente’, e nós veremos que
eles tinham uma esperança que os mantinha
firmes.
Eles viveram desta maneira a tal ponto que
‘tornaram-se exemplo para todos os crentes’.
Neles vemos os componentes de cristãos
exemplares, e eles são as verdadeiras feições do
evangelho. Você vê, o evangelho é para cristãos
em dificuldade! Não é somente para os não
salvos, mas para os cristãos quando estão em
dificuldade ou em sofrimento. Ainda é boa nova.
Se perdermos o elemento de ‘boas novas’ no
evangelho, se o evangelho perder sua lâmina
afiada como ‘boas novas’, nós nos tornamos
estagnados; chegamos num ponto onde ‘sabemos
tudo’. Se perdermos aquele senso, então, quando
os problemas vêm nós desistimos; porém, se ter
chegado a um conhecimento salvífico do Senhor
Jesus ainda é para nós a maior coisa do mundo e
do universo, então teremos vitória.
Dificuldades Por Causa Do Temperamento
Agora, porque as dificuldades sempre
correspondem às nossas disposições, isto é,
aquilo que somos sempre dá origem a natureza das
nossas provas, assim era com os tessalonicenses.
Nada é uma prova para você a menos que você seja
constituído de certa maneira. Alguma coisa que é
uma prova para você poderia jamais ser uma prova
para mim absolutamente. Ou poderia ser o
contrário. O que poderia ser uma coisa terrível
para mim e me tirar do meu equilíbrio, outras
pessoas poderiam seguir muito calmamente, e se
admirarem do por que eu estou fazendo tamanho
estardalhaço com aquilo. Nossos problemas e
nossas lutas geralmente têm sua origem a partir
do modo como somos constituídos.
Agora quero que você acompanhe o seguinte. A
maturidade dos crentes tessalônicos levou-os
para testes peculiares. E este é sempre o caso.
Se você não é maduro, você não terá dificuldades
extremas. Você irá sobreviver mais ou menos com
certa facilidade. Se você for maduro, irá se
deparar com testes à altura. Eles surgem muito
naturalmente de sua própria atitude, ou de sua
própria disposição.
Agora, você sabe que a natureza e a
constituição humana são feitos de várias
maneiras. Você sabe, em geral, que nós não somos
todos iguais. Isto é justo também! Porém
podemos, até uma certa extensão, classificar a
natureza humana em diferentes categorias - O que
chamamos de temperamentos. No principal, há sete
diferentes temperamentos, ou categorias da
constituição humana. Não irei tratar disso em
detalhe, mas há um ponto muito importante sobre
esta matéria. Esses tessalonicenses eram muito
claramente de temperamento ‘prático’, e o ardor
de seus sofrimentos específicos era basicamente
encontrado devido a eles serem desse modo. Não
quero dizer, naturalmente, que outras pessoas
não sofrem, mas elas sofrem de outras maneiras.
Você vê, o padrão de vida de alguém que tem
temperamento prático é do lucro rápido e direto.
Devemos encontrar algo para o nosso dinheiro bem
rapidamente! É o temperamento de negócio, o
temperamento da vida comercial. O que governa
este temperamento é é o ‘sucesso’ rápido.
‘Sucesso’ é a grande palavra do temperamento
prático. Os bem sucedidos são os ídolos deste
tipo particular de temperamento.
Não há muito sentimento aqui. Essas pessoas não
podem parar para sentir. As coisas que não são
práticas, como eles dizem, são apenas
‘sentimentais’. Elas não são assim,
naturalmente, mas foi assim que Marta reagiu à
Maria. Maria não era sentimental, mas Marta
pensava que ela fosse, porque Marta era
preeminentemente prática. Novamente, há muito
pouca imaginação neste temperamento. Este
temperamento ignora qualquer sentimento. Ele não
para pra pensar em como as pessoas sentem sobre
o que é dito; simplesmente segue em frente.
E, então, isto algumas vezes causa terríveis
enganos - confunde as coisas. Por exemplo,
confunde curiosidade com profundidade, porque
sempre tem que estar fazendo perguntas
intermináveis. As pessoas ‘práticas’ estão
sempre fazendo perguntas, perguntas, perguntas;
elas detém você o tempo todo com perguntas,
pensando que isto é uma evidência de
profundidade espiritual. Elas pensam que não
estão apenas tomando as coisas superficialmente,
que estão sendo muito práticas, tanto quanto
profundas. Porém, há muita diferença entre
curiosidade e profundidade. É muito possível
confundir as coisas.
Agora queremos entender esses tessalonicenses e
o efeito do evangelho. Não podemos nós agora
pintá-los à luz do que temos dito? Eles
responderam rapidamente, e de uma forma muito
prática, e de uma forma madura. Um dos maiores
temas ao qual eles responderam foi sobre a vinda
do Senhor. Bem no início Paulo diz: ‘Vocês se
voltaram dos ídolos para Deus, a fim de servir o
Deus vivo e verdadeiro, e para aguardar por Seu
Filho do Céu’. (1.9,10). Isto era uma coisa
importante para eles, esta vinda do Senhor, e
eles tinham concluído que ela iria acontecer
durante o tempo de vida deles. Esta foi a reação
prática deles ao evangelho, e isto foi bom num
sentido. Porém, você sabe que essas duas cartas
de Paulo estão quase totalmente ocupadas em
corrigir um elemento falso nesta reação.
Agora você os encontra em problemas
-
problemas que surgem por causa do próprio
temperamento deles - nesta questão. Eles estavam
afirmando para si próprios algo como o seguinte:
‘O Senhor está vindo - foi nos dito que Ele está
vindo, e nós aceitamos que “a vinda do Senhor
está próxima” e nós aceitamos que isto pode
acontecer a qualquer dia; e nos foi dito que,
quando o Senhor viesse, todos os Seus seriam
arrebatados para se encontrar com Ele.
Concluímos que todos os crentes seriam
arrebatados, raptados, e entrariam na glória
desta maneira, juntos. Oh, que coisa maravilhosa
- todos indo juntos para a presença do Senhor!
Porém, alguns dos nossos amigos morreram, ontem,
na última semana, e as pessoas ainda estão
morrendo. Parece desarranjada toda esta questão
de todos sermos arrebatados juntos’. Eles foram
postos em confusão e consternação porque, ao
invés do Senhor voltar e reunir todos para Ele
mesmo, havia pessoas entre eles indo para a
sepultura. Foi uma frustração para o
temperamento prático deles, você sabe.
Agora, o apóstolo escreve para eles. Ele
escreve para eles o evangelho, as boas novas,
para as pessoas que estão em perplexidade e em
sofrimento devido ao desapontamento, e ele diz:
‘Quero que vocês saibam, caros irmãos, quero que
vocês compreendam, que isto não faz qualquer
diferença na questão final. Quando o Senhor
vier, eles não terão ido antes de nós; e nós não
iremos antes deles. Isto não faz qualquer
diferença. Aqueles que dormem em Jesus e nós que
permanecermos vivos seremos todos arrebatados
juntos. Não permitam que isto continue a
perturbá-los. Vocês não devem sofrer como
aqueles que não têm esperança, ou como aqueles
que perderam sua grande esperança - Não há
realmente lugar para qualquer elemento de
desapontamento sobre isto. São boas novas para
aqueles que perderam os seus entes queridos -
São boas novas a respeito desta questão de vida
e morte - todos nós iremos subir juntos ‘para
nos encontrarmos com o Senhor nos ares: e assim,
estaremos para sempre com o Senhor’. É
simplesmente maravilhoso!
Assim, vemos que aqui Paulo foi capaz de trazer
o evangelho - as boas novas, as boas notícias -
a fim de por fim numa certa dificuldade que
tinha surgido por causa do temperamento deles,
da disposição deles.
Uma Ajuda para Conhecer o Próprio Temperamento
Vamos pausar aqui por um instante. Você sabe,
poderíamos nos livrar de muitos dos nossos
problemas se conhecêssemos qual o nosso
temperamento. Se nos assentássemos por um minuto
- e isto não é introspecção, absolutamente - se
nos sentássemos por um minuto e disséssemos:
‘Agora, qual é minha disposição e temperamento
específico? O que é isto a que sou propenso por
constituição? Quais são os fatores, os
elementos, que formam o meu temperamento?’
Se você puder colocar seu dedo nisto, você tem
a chave para muitos de seus problemas. Asafe, o
salmista, estava tendo um tempo muito ruim em
uma ocasião. Ele olhou para os ímpios e os viu
prosperando. Ele viu os justos tendo dificuldade
- inclusive ele próprio - e ele ficou muito
desanimado com tudo aquilo. Mas, então, ele se
recompôs e disse: ‘Esta é minha enfermidade;
porém me lembrarei dos anos da destra do
Altíssimo’ (sl 77.10). ‘Esta é minha
enfermidade’! Isto não é o Senhor, esta não é a
verdade - isto é apenas eu, esta é minha
propensão ao desânimo em tempos de dificuldade.
É assim que sou constituído; é minha reação ao
problema’.
Agora, talvez isto possa soar como uma forma
muito natural de lidar com as coisas. Mas eu
ainda não terminei. Se você e eu compreendermos
isto - que muitos de nossos problemas vêm por
causa da forma como somos constituídos; está
realmente em nossa inclinação - iremos ter um
terreno sobre o qual ir ao Senhor. Seremos
capazes de ir ao Senhor e dizer: ‘Senhor, Tu
sabes como sou feito; Tu sabes como reajo
naturalmente às coisas. O Senhor sabe como,
devido a eu ser feito desta maneira, como sempre
estou sendo apanhado de certas maneiras; Tu
sabes como me comporto sob certas pressões. Tu
me conhece, Senhor. Agora, Senhor, Tu és
diferente daquilo que eu sou: onde sou fraco, Tu
és forte; onde sou falho, Tu és perfeito’.
Você não vê que o Senhor Jesus, o Homem
perfeito, é o perfeito equilíbrio de todas as
boas qualidades em todos os temperamentos, que
Nele não há qualquer das más qualidades de
qualquer temperamento, e que o Espírito Santo
pode fazer Cristo ser em nós aquilo que não
somos em nós mesmos? Esta é a grande maravilha,
o grande mistério, a grande glória, do
significado de Cristo como nosso mediador pelo
Espírito Santo. É a maravilha de Sua humanidade:
uma humanidade perfeita sem nada disto que nos
perturba. Olhe para Ele sem constrangimento: Ele
consegue. Mas Ele é homem. Ele não vence na base
de Sua Deidade. Ele vence na base de Sua
humanidade perfeita, e isto é para ser mediado a
nós.
Crescimento espiritual significa isto, que
estamos nos tornando uma outra pessoa diferente
daquela que somos naturalmente. Não é assim?
Naturalmente, podemos estar mais inclinados a
ser miseráveis - sempre tomando uma vista
miserável, sempre caindo no lixo. Agora, quando
o Espírito Santo assume o controle de nós, as
pessoas miseravelmente inclinadas tornam-se
alegres, embora não seja natural para elas serem
alegres. Este é o milagre da vida cristã.
Tornamo-nos algo que não somos naturalmente.
Naturalmente, iríamos cair muito rapidamente sob
alguns tipos de críticas e perseguições, e
afagaríamos os nossos problemas, mas o Senhor
Jesus está em nós, podemos crer nisto e
prosseguir. Não caímos, prosseguimos. Ele nos
faz ser diferente do que somos. Esta é a obra da
graça na vida do crente.
Esses tessalonicenses sofreram muito por causa
do temperamento prático deles. Eles esperavam
que aquilo que lhes fora dito no início iria
acontecer imediatamente. Estavam dizendo para si
mesmos: ‘O Senhor virá - ele pode vir hoje, a
qualquer dia - e isto será o fim de todos os
problemas. Porém o tempo está passando, e as
pessoas estão morrendo, e as coisas estão
ficando mais e mais difíceis. Não parece muito
que o Senhor está voltando...’ eles podem ter
quase chegado a ponto de desistir e se desviar.
E neste ponto uma nova apresentação do evangelho
do Senhor Jesus chega, trazendo a esperança de
algo diferente daquilo que eles eram
naturalmente.
Aquilo que é verdade no caso do temperamento
prático é verdade em todos os outros
temperamentos. Podemos tomar isto como
princípio. Se nós apenas compreendêssemos isto,
que o Senhor está tratando com cada um de nós
desta forma. Ele está tratando conosco de acordo
com o que somos. Não adianta tentar estereotipar
ou padronizar os tratamentos de Deus com as
pessoas. Os tratamentos de Deus comigo talvez
não fossem problemas para você, mas os
tratamentos de Deus com você pode muito bem
mexer comigo. Ele nos trata conforme somos, a
fim de que possa haver algo de Cristo em nós que
não é de nós mesmos. Digo novamente, esta é a
obra da graça. Esta é a mediação de Cristo -
este é o exato significado de ser conformado à
imagem de Cristo. Isto é participar de Sua
natureza - algo absolutamente diferente. Porém
isto é um processo doloroso. Agora, temos que
vencer como aquelas pessoas venceram.
É isto boas novas? Penso que sim. Penso que
este é o evangelho, ‘boas novas’. São boas novas
para o homem que está sempre pronto a desistir e
admitir a derrota, e ser miserável. São boas
novas para aqueles que, por causa de suas
próprias expectações e reações naturais, estão
desapontadas com o que realmente está
acontecendo. São boas novas que Cristo é uma
pessoa diferente daquilo que somos, e que
podemos ser salvos daquilo que somos por Cristo.
É muito prático, você entende.
Como somos salvos daquilo que somos? Por
Cristo! Não por apenas Cristo vir e estender
Suas mãos e nos erguer. Isto é tudo o que todos
queremos que Ele faça. Apelamos para que o
Senhor venha e faça alguma coisa, literalmente
nos levante de onde estamos. O que Ele está
fazendo é nos removendo, e colocando a Ele mesmo
em nosso lugar, interiormente. É um processo, um
processo profundo, e talvez, somente ao longo
dos anos você possa ver mais de Cristo. Esta
pessoa costumava ser alguém desse ou daquele
jeito, mas há uma diferença agora, você pode ver
Cristo; eles não mais são o que costumavam ser,
estão superando aquilo. Estão sendo
‘transformados à mesma imagem’. Isto é boa
notícia: boas novas para os tessalonicenses, e
boas novas para nós.
A Prova Final
Mas há uma outra coisa sobre esses
tessalonicenses. As coisas no mundo estavam
ficando cada vez mais difíceis; elas estavam
indo de mal a pior. Essas pessoas queridas viram
as coisas acontecendo, viram forças na obra, e
pensaram: ‘Não parece que o Senhor está vindo,
nem que Seu Reino esteja chegando. Parece que
Satanás está fazendo o seu próprio caminho. As
coisas estão de mal a pior; e, quanto as coisas
serem mudadas, quanto a haver ‘um novo Céu e uma
nova terra’, e um novo estado mundial, tudo isso
que pensávamos que viria com a vinda de Cristo e
de Seu Reino, não vemos nenhum sinal disso,
absolutamente. Muito pelo contrário: o mundo
está piorando, homens maus estão aumentando cada
vez mais. Parece haver cada vez mais do Diabo do
que jamais houve’.
Agora, o apóstolo escreveu sobre isto, e ele
disse: ‘Olhem aqui, isto não significa que as
coisas estão erradas; isto não significa
desapontamento para as suas expectativas. O
Senhor não virá até que essas coisas aconteçam e
cheguem à plenitude. ‘O mistério da iniqüidade
já opera’. Antes que o Senhor venha, duas coisas
devem acontecer.
‘Primeiramente, deve ocorrer uma grande
apostasia’. Uma grande apostasia? Cristãos
apóstatas? Cristãos professos apóstatas, se
apostatando do Senhor, voltando atrás? Isto não
é muito prático para essas pessoas! Sim, isto é
exatamente o que irá acontecer no final. Quanto
mais a vinda do Senhor se aproxima, mais a prova
encontrará pessoas afastadas. A peneira estará
em serviço. Haverá uma apostasia; haverá muitas
pessoas - professores - que dirão: ‘Não vamos
continuar com isto, não mais podemos continuar
com isto’. Eles irão desistir de seguir o
Senhor. Sempre foi assim. Foi assim nos dias que
o Senhor estava em carne. No final será da mesma
forma. ‘Oh, que desapontamento!’ Ah, sim, porém
entenda que é assim que será, e que isto não
significa que tudo saiu errado. Simplesmente
será desta maneira. Quando o Senhor realmente
tomar um povo, será um povo que caminhou com Ele
até o fim; e Ele está provando, provando.
‘Agora, vocês tessalonicenses, compreendam que o
que Ele está fazendo é provando vocês, para ver
se vocês irão seguir corretamente até o fim’.
Tem que ser manifestado se a raiz do assunto
está nos crentes, ou se é apenas uma profissão.
Assim, não entendam mal os sinais dos tempos.
E, então, a segunda coisa. O anticristo, aquele
homem do pecado, o Diabo, parece prosperar cada
vez mais em seu caminho, eles pensam. E isto foi
assim. ‘Porém’, disse o apóstolo, ‘o Dia do
Senhor não virá até que o homem do pecado, o
anticristo, seja revelado’. ‘Oh, pensávamos que
Cristo estava vindo, não o anticristo’. Ah, mas
Cristo não virá até que o anticristo venha.
Não entenda mal as coisas.
Se houver um poderoso movimento neste mundo por
meio de Satanás, o Diabo aparentemente
encarnado, uma grande encarnação dele - seja
através de um homem ou de um sistema, seja como
for - isto é, um ataque de morte por todos os
lados, ofuscando tudo o que pertence a Cristo,
isto não é um mal sinal - o Senhor está prestes
a vir! São as boas novas no dia quando o Diabo
parece estar acabando com tudo.
Isto é monumental. O Senhor está às portas.
‘Pois, quando essas coisas começarem a
acontecer, levantai, e erguei as vossas cabeças;
porque a vossa redenção está próxima’, disse
Jesus (Lc 21.28). Assim, se o sofrimento
aumenta, se a paciência é provada; se Satanás
parece prosperar, tomando o poder em suas mãos,
não se enganem - não permitam que vos digam:
‘Bem, nossa esperança não está sendo realizada’.
Pelo contrário, diga: ‘Estas são as coisas que
mostram que a nossa esperança está prestes a ser
realizada’. Esta é uma boa notícia para o dia da
adversidade, boa noticia para os cristãos que
sofrem, boas novas quando Satanás está fazendo o
seu pior. O Senhor está às portas!
O Resumo de Toda Matéria
Mas onde iremos resumir tudo isto? Sempre
buscamos encontrar um pequeno fragmento no qual
a matéria pudesse ser toda concluída, e penso
que o temos aqui:
‘Fiel é Aquele que vos chamou, o
qual também o fará’ (1 Ts 5.24)
Aqui está a conclusão e o resumo da matéria
toda. Sim, pessoas queridas estão morrendo, indo
para o Senhor. O tempo está se arrastando. O
Diabo está aparentemente ganhando poder e
fazendo o seu pior. Nós, povo de Deus, estamos
sofrendo: contudo, Deus é capaz de nos ver
completamente. ‘O qual também o fará’. O que
mais queremos? Acima de tudo e contra tudo mais
- ‘Ele também o fará’. Esta é a boa notícia!
Afinal de contas, e na conclusão, a boa notícia
é que isto não foi deixado para nós. Isto é um
assunto do Senhor. O que foi deixado para nós é
crer em Deus, buscar entender os Seus caminhos,
ficar firme, ter esperança até o fim, e, então,
o Senhor assume o controle. ‘Fiel é Aquele que
vos chama, o qual também o fará’.
Boas novas!
Capítulo 8 - Em Suas Cartas A Timóteo
‘...Conforme
o evangelho da glória de Deus bem-aventurado,
que me foi confiado’ (1Tm 1.11)
‘Portanto,
não te envergonhes do testemunho de nosso
Senhor, nem de mim, que sou prisioneiro seu;
antes participa das aflições do evangelho
segundo o poder de Deus,’ (1 Tm 1.8)
‘...E que
é manifesta agora pela aparição de nosso
Salvador Jesus Cristo, o qual aboliu a morte, e
trouxe à luz a vida e a incorrupção pelo
evangelho;’ (2 Tm 1.10).
‘Lembra-te
de que Jesus Cristo, que é da descendência de
Davi, ressuscitou dentre os mortos, segundo o
meu evangelho;’ (2 Tm 2.8)
Chegamos agora às nossas conclusões sobre aquilo que Paulo chamou
de ‘o evangelho que eu prego’. ‘O evangelho da
glória de Deus Bem-Aventurado’. Precisamos, em
primeiro lugar, observar a correta tradução
dessas palavras, porque as diferentes versões as
traduzem de diferentes maneiras. A Versão
Autorizada tem: ‘o glorioso evangelho do
Bem-Aventurado Deus’. Você irá observar quão
diferente isto é da Versão Revisada, da qual eu
citei acima. A carta - a Revisada - é a correta
tradução da sentença, e o ponto em colocá-la
correta é este. Paulo não está falando sobre o
que é o evangelho - o conteúdo do evangelho. Ele
está falando do evangelho que tem a ver com a
manifestação da glória de Deus. Isto pode soar
um pouco técnico, mas isto é muito importante.
Deixe-me repetir: O que Paulo tem em mente é o
evangelho, ou as boas novas, que se ocupa com a
manifestação da glória de Deus.
A glória de Deus em manifestação - isto é
evangelho.
Observe uma outra coisa: ‘o evangelho da glória do Bem-Aventurado
Deus’. Há uma tradução que muda esta palavra, e
usa a palavra ‘feliz’ no lugar de
‘Bem-Aventurado’: ‘o evangelho da glória do Deus
feliz’. Mas isto não soa muito correto aos
nossos ouvidos, soa? E ainda, se
compreendêssemos o real significado, poderíamos
perceber que esta não é uma palavra totalmente
inapropriada.
Há duas palavras gregas traduzidas como ‘bem-aventurado’ no Novo
Testamento. Uma, que é a mais comum,
literalmente significa apenas ‘bem falado’. Este
é o seu significado literal, porém, no Novo
Testamento, ela é quase que exclusivamente usada
no sentido de ‘abençoado’, e é assim traduzida.
Esta, contudo, não é a palavra que é usada aqui.
A palavra usada aqui - a segunda das duas
palavras as quais me referi - é uma que ocorre
com muito menos freqüência. É uma palavra que
expressa aquilo que, falando propriamente, é
verdadeiro somente em relação a Deus: isto é, a
singularidade de Deus quanto a que Ele é em Si
mesmo, completamente distinto daquilo que os
homens pensam sobre Ele, ou dizem sobre Ele.
Esta é a palavra aqui traduzida
‘bem-aventurado’. A palavra realmente significa
aquela alegria solene, tranqüila, perpétua, que
enche o coração de Deus. Se você puder obter o
sentimento desta definição, você, de alguma
forma, chega perto de entender o significado da
palavra aqui traduzida: ‘bem-aventurado’. É o
evangelho da glória da tranqüila e confiante
alegria do coração de Deus; as boas novas, a boa
notícia.
As Boas Novas da Glória de Deus
O que é esta glória de Deus que se torna o
evangelho, as boas novas? É a glória de Deus na
revelação de Si mesmo em Seu Filho Jesus Cristo.
A revelação dEle mesmo. No Velho Testamento, a
glória de Deus tinha forma simbólica, como
sabemos. Por exemplo, no Santíssimo Lugar do
tabernáculo, entre o querubim e o propiciatório,
a glória de Deus era encontrada. A glória cobria
o propiciatório. Ela era uma luz brilhando sobre
o propiciatório, sobre a arca do concerto;
brilhando e se focando aí. Era uma luz celeste.
Mas não passava de um símbolo. Aquilo que ela
simbolizava está aqui - a luz de Deus brilhando
sobre e através de Seu Filho Jesus Cristo. Esta
é a glória de Deus. Paulo, escrevendo aos
coríntios, coloca isto da seguinte forma: ‘a luz
do conhecimento da glória de Deus na face de
Jesus Cristo’. (2 Co 4.6). É aquilo que está no
Senhor Jesus do Deus perfeitamente tranqüilo,
sereno, de permanente satisfação.
A Glória de Deus em um Homem
Agora, aqui está uma coisa muito notável. Você
tem a glória de Deus. Muito é dito sobre a
glória, e você já ouviu dizer que a glória é
aquilo que você irá encontrar na Bíblia; que, se
você for para a Bíblia, lá irá encontrar muito
sobre a glória de Deus. Quando você começa a
estudar a Bíblia, procurando pela glória de
Deus, o que você encontra? Um Homem! Você
descobre que está confrontado com um Homem. Você
não consegue se desviar deste Homem: o Velho
Testamento está sempre apontando, através de
vários meios, métodos e formas, para um Homem; o
Novo Testamento, do começo ao fim, tem um Homem
em vista, um Homem sempre em vista. De modo que
você é obrigado a dizer: ‘Esta é a resposta para
a minha busca. Eu estou em busca do conhecimento
da glória de Deus, e a resposta de Deus para a
minha busca é um Homem’. Isto é apenas uma
exposição da seguinte frase: ‘o evangelho da
glória do Bendito Deus’, que é a revelação de
Deus em Seu Filho, Jesus Cristo.
Deus é aqui representado como estando num estado
de perfeita tranqüilidade, repouso, calma,
segurança, satisfação e alegria permanente, e
tudo aquilo que pode ser resumido na palavra
‘Bendito’. Deus é representado como estando
nesta condição. Qual é a base deste estado de
Deus? É simplesmente de que Deus encontrou uma
perfeito e completa expressão de Si mesmo em um
Homem. Sim, nós sabemos quem este Homem era. Não
estou desprezando, ou pondo de lado, a Sua
Deidade, Sua própria Divindade, é que não estou
pensando sobre isso nesse momento. Você vê,
Deus criou o homem com propósitos muito
elevados. De fato, o homem foi criado a fim de
responder e satisfazer o coração de Deus! Há
algumas pessoas que buscam muita satisfação. Na
verdade, elas nunca parecem satisfeitas. As
coisas nunca satisfazem aos seus padrões e
ideais. E você pode percorrer um longo caminho,
pode ir tão longe quanto for possível ir com
qualquer conceito humano de satisfação, e ainda
assim você estará longe, muito longe,
infinitamente longe, da idéia de Deus.
Deus é muito maior, muito mais maravilhoso.
Nós temos, na criação caída, apenas um fraco
reflexo do quão maravilhoso Deus é. E mesmo
quando vemos esta mesma criação como ela é, com
toda os seus defeitos e fraquezas, e variações,
e etc, temos que ficar assustados e adorar.
Podemos enxergar apenas uma pequena indicação de
que maravilhoso Deus Ele é, e de quanto é
necessário para satisfazê-Lo. Contudo aqui Ele
está num estado de absoluta satisfação,
tranqüilidade, repouso, serenidade, porque todos
os Seus pensamentos, todos os Seus desejos,
todas as Suas intenções, todos os Seus
empreendimentos, estão agora consumados e
aperfeiçoados - não na criação, mas num Homem.
Este Homem é a resposta de Deus. Quão grande
Cristo é! Deus encontra, portanto, Sua
felicidade, Sua bem aventurança, Sua satisfação,
Sua tranqüilidade, Nele.
Um Homem Representativo
Talvez você possa pensar: ‘Isto é uma coisa
bonita para se dizer; são pensamentos
maravilhosos para se expressar, porém, onde está
o valor prático disso?’ Ah, Isto é justamente o
evangelho, você vê. Você pensa que o Senhor
Jesus, o Filho de Deus, veio e assumiu a posição
humana, e foi tornado perfeito para a absoluta e
final satisfação de Deus apenas para que pudesse
ter isso em um único Homem? Não, o evangelho é
este: o Senhor Jesus é o representante de todos
os homens que Deus irá ter.
Ele é representativo e inclusivo. O velho e
bonito princípio do evangelho, que você e eu,
após longa familiaridade com ele, ainda
freqüentemente precisamos, para a nossa própria
tranqüilidade, para compreender mais
perfeitamente, é apenas este: que Jesus Cristo,
o Filho de Deus, é uma esfera para dentro da
qual somos chamados, requisitados, convidados a
entrar por meio da fé, de modo que estamos
escondidos Nele quanto aquilo que somos em nós
mesmos; Deus vê somente Ele, e não nós. Uma
coisa maravilhosa! Você tem que colocar de lado
todos os seus argumentos e todas os seus
questionamentos, e aceitar o fato de Deus. O
fato desta frase, ‘EM CRISTO’, ocorrer
duzentas vezes ou mais no Novo Testamento deve
seguramente significar alguma coisa.
Deus Nos Vê em Cristo
A primeira, e talvez a mais inclusiva, coisa que
esta frase significa é que, se você está em
Cristo, Deus vê Cristo ao invés de ver você. Eu
tenho um pedaço de papel aqui. Vamos supor que
ele represente você e eu, aquilo que somos. Eu
coloco este pedaço de papel dentro de um livro,
e este livro representa Cristo. Você não vê mais
o papel, mas apenas vê o livro. Esta é a nossa
posição “em Cristo”. Isto é o que Cristo
significa. Toda a Sua satisfação a Deus é
colocada em nossa conta. Isto é o evangelho:
quando você e eu estamos em Cristo, Deus está
satisfeito conosco - tranqüilo, alegre, feliz.
Oh, maravilhoso evangelho! Você não pode
entendê-lo, ou explicá-lo, mas há o fato
declarado.
Este é o evangelho da glória do Deus satisfeito.
Colocando novamente o teste que estávamos
aplicando em outras conexões nos capítulos
anteriores, é apenas isto: que, quando você e eu
realmente vamos a Cristo e descobrimos o nosso
lugar Nele, uma das primeiras coisas de que
ficamos conscientes é que todo o estresse vai
embora; encontramos o descanso. Uma maravilhosa
tranqüilidade; uma condição feliz, abençoada.
Agora, esta é a nossa experiência, mas qual é o
seu significado? É o Espírito do Deus feliz
dando testemunho dessa felicidade de Deus em
nossos corações. ‘O evangelho da glória do Deus
bendito’. O primeiro estágio disso é uma
posição.
Estamos EM CRISTO.
Cristo em Nós
O segundo estágio, ou segundo aspecto disso é
que Cristo está em nós.
Mas não devemos colocar isto segundo o mesmo raciocínio do último ponto.
Isto não significa que nós somos vistos e que
Cristo está escondido. Não, Cristo está em nós e
nós estamos em Cristo: uma coisa impossível de
se explicar, a menos que, talvez, possamos
colocar da seguinte forma: Dr Campbell Morgan
foi perguntado numa ocasião se o batismo era por
imersão ou por aspersão. Ele disse: ‘Meu caro
amigo, venha comigo às Quedas de Niagara, e
fique debaixo. Você está aspergido ou imerso?’
Bem, deixo que você responda. Mas é desta forma.
Cristo está em nós. Por que Ele está em nós? Ele
está em nós como aquela satisfação ao coração de
Deus, a fim de que o Espírito de Deus possa
trabalhar em nós, para nos conformar a Cristo.
E isto introduz um outro aspecto da vida cristã:
que, se você e eu prosseguirmos continuamente
sobre esta base de Cristo dentro, nossa alegria
aumenta. Isto pode ser posto à prova. Pare de
caminhar com o Senhor e veja o que acontece com
a nossa alegria. Afaste-se do Senhor e veja o
que acontece à nossa felicidade. Iremos começar
a lamentar então -‘Onde está a felicidade que eu
conheci quando vi o Senhor no princípio? Onde
está o refrigério da alma Do Senhor e de Sua
Palavra?’
Ah, Deus nos livre que devesse ser necessário
para qualquer um de nós cantar este hino. Não é
necessário. Continue com o Senhor Jesus na base
da satisfação de Deus com Ele, e a alegria
aumenta. A alegria de Deus aumenta em nosso
coração. Cristo está instalado dentro de nós
como um padrão, modelo, como uma base na qual
Deus trabalha.
Agora, aqui está algo fundamental. Oh, quanto
tempo demoramos em aprender isto! É simples, eu
sei, mas é fundamental e é algo no qual estamos
sempre fracassando. Se começarmos a tentar
prosseguir na base do que somos, Deus para. Se
prosseguirmos em nosso próprio terreno, aquilo
que somos em nós mesmos - nosso miserável e
desprezível ‘EU’, a quem Deus se refere como um
cadáver, um fétido cadáver - perdoe-me dizer
assim, pois ele tem estado morto por dois mil
anos (isto pode soar engraçado, mas realmente é
muito sério): se você sair do terreno do ‘Cristo
em você’ para aquilo que você é em você mesmo,
Deus diz: ‘Não irei adiante’. Todas as operações
Divinas cessam. Somente podemos continuar da
forma como começamos. Começamos em fé que Jesus
Cristo foi o nosso substituto, tomou o nosso
lugar e respondeu a Deus por nós. Esta era a
nossa fé que nos trouxe para Cristo. Temos que
continuar até o fim com a mesma fé no Senhor
Jesus, e não fé em nós mesmos, e Deus irá
prosseguir, se continuarmos em Seu terreno. A
Boa Nova é que Deus está pronto para prosseguir
em frente, aumentando a felicidade se tão
somente nos mantivermos sobre o Seu terreno. Sua
glória está em Seu Filho, e ele não tem glória
no homem separado de Seu Filho.
Assim, Cristo é nossa esfera, Cristo é o nosso
centro, e Cristo é o nosso modelo, e nós estamos
sendo conformados, diz o apóstolo, até que
Cristo esteja completamente formado em nós.
Simples, básico: A glória de Deus em Cristo
sendo manifestada nos crentes, na Igreja, porque
os crentes estão descansando sobre a satisfação
de Deus com Seu Filho. Este é o único caminho da
glória de Deus e a expressão do contentamento de
Deus, da alegria de Deus.
Isto é evangelho.
Você vê, tudo vem finalmente se focar nisto. O
que é evangelho? Quando você tiver dito tudo o
que você pode a respeito, tudo está incluído
nisto: a perfeita satisfação, descanso,
tranqüilidade de Deus em relação a Seu Filho,
tornado disponível a nós. Oh, que você e eu
possamos viver sem conflito com Deus, porque
habitamos em Cristo! Irmãos, irmãs, quando vocês
começarem a se sentir miseráveis em relação a
vocês mesmos, repudie isto. ‘Sim, eu sei tudo a
respeito disto. Se eu não souber tudo a respeito
disto agora, já é hora de saber. Eu sei tudo
sobre aquilo que sou; sei onde isto irá me levar
se começar a tomar isto em consideração. Ponho
isto de lado. É um fato - Deus tem feito isto -
que, a muito tempo atrás, EM Cristo eu fui
crucificado, EM Cristo eu morri, EM Cristo eu
fui sepultado, EM Cristo eu ressuscitei. É tudo
em Cristo. É aí que eu permaneço’. Mantenha esta
posição; permaneça em Cristo. Saia desta posição
para uma outra e a glória se vai, a alegria, a
felicidade, é aprisionada.
Boas Novas para os Jovens
Paulo estava falando a Timóteo sobre o
evangelho, e Timóteo precisava das boas novas.
Timóteo era um homem jovem. Um homem jovem
cristão tem seus próprios problemas pessoais -
ele tem muitos problemas e dificuldades em si
mesmo. Um jovem representa o resumo de uma vida
no seu início: todos os problemas da vida
residem aí. Timóteo era um jovem. A tal jovem o
apóstolo diz: ‘Está tudo bem, Timóteo: você pode
ser atacado por todos esses problemas e
dificuldades, você pode estar tendo todos estes
problemas espirituais de diferentes formas, mas
Jesus Cristo é a resposta para toda esta
situação!'
Lembrem, jovens, de que o Senhor Jesus é a
resposta de Deus para todos os problemas da
juventude.
É uma boa notícia, não é?
Timóteo não apenas era um jovem, mas era um
jovem com determinados tipos específicos de
dificuldades, em razão de sua posição na obra
cristã. As dificuldades estavam vindo a ele de
três direções. Primeiro, havia o mundo pagão.
Que desafio isto deve ter significado para um
jovem naqueles dias! Era um mundo que não tinha
lugar pra Deus, não tinha lugar para o Senhor,
não tinha lugar para as coisas de Deus, e todas
as forças opositoras daquele mundo pareciam
estar concentradas sobre este jovem. Segundo,
houve todas as dificuldades do mundo judeu.
Paulo faz referência a eles aqui. Aqueles
judaizantes estavam perseguindo Paulo por todo o
mundo, com uma determinação: ‘Este homem deve
ter um fim - a obra deste homem deve ser
eliminada!’ Por todos os meios esses judaizantes
estavam determinados em destruir Paulo e sua
obra, e seus convertidos, e Timóteo estava
ligado a Paulo. Paulo diz: ‘Não se envergonhe de
mim’. Esta associação criou muitas dificuldades
para Timóteo. A resposta é: ‘Tudo bem, Timóteo;
há boas novas para você! O Senhor Jesus é
suficiente para isto - Ele irá ajudá-lo a passar
por tudo isto’.
E, então, Timóteo era um jovem em grande
responsabilidade na obra de Deus - na Igreja de
Deus. Se você conhece alguma a respeito disto,
sabe que precisa de uma boa base de confiança.
Ele enfrentou muitas dificuldades cristãs.
Porém, Paulo disse: ‘Não despreze a tua
mocidade’. Havia certas pessoas pretensiosas -
pessoas que pensavam ser alguma coisa - que se
inclinavam a dizer: ‘Oh, Timóteo é apenas um
jovem, você sabe - você não deve dar muita
atenção a ele’. Essas pessoas estavam
desprezando a mocidade de Timóteo. Isto é uma
coisa difícil de suportar. Isto desanima o seu
coração caso você fique nesta posição. Eu me
lembro muito bem, quando comecei o ministério e
fiquei responsável por uma igreja, onde muitos
dos oficiais da igreja eram pessoas velhas, uma
delas ouviu dizer: ‘Ele é tão jovem, você
sabe!’ Mas eu tinha um defensor entre eles, e
ele dizia: ‘Não se preocupe com isto - ele está
superando isto a cada dia!’ Bem, isto é muito
bom e agradável: mas este tipo de atitude entre
os obreiros pode muito bem desanimar você,
quando você tem que levar a responsabilidade.
Timóteo estava nesta posição, mas este é o
evangelho para Timóteo: ‘Está tudo bem: O Senhor
Jesus é a resposta para esta situação - Ele irá
ajudá-lo a passar isto também’.
Afinal de contas, é realmente isto. É o que o
Senhor Jesus ‘foi feito para nós...para Deus’: A
satisfação de Deus. Oh, graças a Deus que o
Senhor Jesus cobre as nossas faltas e fraquezas,
e defeitos. Eu uma vez li uma história - creio
que era verdade - sobre um certo hotel no
continente, onde as pessoas costumavam ir e
ficar para descansar e se isolar. Um dia uma mãe
chegou com sua garotinha, e esta garotinha
estava apenas começando a aprender piano. Cada
manhã, a primeira coisa, ela ia ao piano e
tocava, tocava, tocava o dia inteiro. De manhã,
de tarde e de noite ela tocava, até que as
pessoas ficaram incomodadas, e se reuniram para
saber o que poderiam fazer, quando um pianista
famoso chegou e ficou no hotel. Ele
imediatamente sentiu a atmosfera, e se inteirou
da situação, e, quando a garotinha foi para o
piano, ele seguiu junto e sentou, e colocou as
suas mãos sobre as delas e as guiou, e aí surgiu
uma linda música. As pessoas vieram de seus
quartos para a sala onde estava o piano, e
sentaram-se para ouvir. Quando terminou o
recital, o pianista disse à garotinha: ‘Muito
obrigado, querida; apreciamos muito hoje’ - e
todos os problemas terminaram.
Sim, o Senhor Jesus apenas coloca as Suas mãos
sobre as nossas. Nós fazemos uma bagunça se as
coisas forem deixadas para nós mesmos. Nós
perturbamos, ofendemos; somos muito imperfeitos,
muito falhos: e, então, o Senhor Jesus vem, e de
forma bendita, e corrige nossas deficiências,
responde ao Pai por nós, supre as nossas
deficiências - como? Com Ele mesmo, apenas com
Ele mesmo.
Esta é a resposta; estas são as boas novas - ‘O
evangelho da glória do Bendito Deus’.
FIM
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineibr@gmail.com
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