A FIGUEIRA SECA, JESUS PURIFICA O TEMPLO

Marcos 11:11-17

 

            Naquela ocasião o Senhor foi recebido com honras próprias do Prometido, o filho de Davi. A multidão o aclamou, muitos estendiam os seus vestidos ou ramos de árvores no chão para que passasse por cima. Os que iam à frente e os que seguiam, clamavam: bendito o que vem em nome do Senhor; bendito o rei/reino do nosso pai Davi, que vem em nome do Senhor”. Aparentemente os judeus, entre os quais muitos peregrinos que ali estavam, pela ocasião da páscoa, o reconheceram como o Messias.           

Interessante notar que Ele vinha montado em um jumentinho que nunca fora montado. Seria mais lógico que fosse num imponente cavalo árabe, todo enfeitado, ou em um carro puxado por cavalos, como seria próprio de um príncipe ou rei. Mas um jumentinho não tinha aparência. Outro detalhe era que o jumento ainda não fora montado, indicando que apenas o Senhor poderia servir-se dele, nenhum outro. 

Dentro de Jerusalém, Jesus se dirige ao templo, local próprio para a comunhão. Lá ele viu tudo como era em redor, depois partiu para Betânia, pois já era tarde. No dia seguinte, tendo fome ao sair de Betânia, foi procurar fruto numa figueira que tinha folhas, mas nada achou, pois não era tempo de frutos. Então, disse àquela árvore: “nunca mais coma alguém fruto de ti”. 

Necessário era que o jumentinho nunca fora montado por outro. Necessário seria que nunca mais alguém comesse do fruto da figueira cheia de folhas. O Senhor, como Senhor que é, tem o direito à exclusividade em servir-se de nós. Que glória foi a vida daquele jumentinho, que pôde carregar sobre si o Senhor dos Senhores, o Filho de Deus!

Sejamos como o jumentinho, preparado para ser utilizado pelo Senhor, e que nenhum outro cavalgue sobre nós. Sejamos sem aparência, desprezados pelo mundo, mas sirvamos ao Senhor. Sejamos como a figueira, pois não podemos mais dar fruto por nós mesmos, mas também não podemos mais ter simples aparência, viver cheios de folhas, sem fruto para o Senhor.

O Senhor não obteve o que queria, outros não poderiam mais tarde, no tempo dos frutos, obterem o que era próprio do Senhor. A religião é cheia de aparência, mas serve a outro senhor, não é o Senhor Jesus que está montado sobre seus adeptos. A religião tem muitas folhas, quem vê de longe pensa que ali vai saciar sua fome, mas ela não dá fruto para o Senhor Jesus. Israel não servia ao Senhor, outros estavam sobre eles, Israel não dava fruto para o Senhor, mas para os homens.  

Então, o Senhor vai ao templo. Local sagrado para a comunhão do povo com o Senhor. Local onde o Senhor se reúne com os seus, onde os recebe através do sacrifício de sangue. Local próprio para a satisfação de quem vai ali, o homem, e de quem está ali, o Senhor. A satisfação do ser humano é ser perdoado e ser recebido; a satisfação do Senhor é perdoar e receber seus filhos. Mas, o que se vê? Comércio, cambistas, pessoas que vendiam animais para o sacrifício, pessoas que levavam vasos pelo templo.

O Senhor usa de violência, o Senhor se ira contra isso e expulsa a todos aqueles do templo. A religião tem sido um comércio, o ser humano tem feito coisas para viver à custa do povo de Deus. Muitos estão nas igrejas dando algo para receber o que buscam de Deus. Muitos estão trocando favores visando o lucro. Muitos estão vendendo o perdão que é gratuito. Muitos estão comprando o perdão, que miséria é a religião.

Muitos estão levando vasos pelo templo, isto é, estão conduzindo outros como se fossem o Senhor, dominando sobre a Casa de Deus, movendo os vasos. O Senhor não quer o nosso trabalho em sua Casa, o Senhor quer antes a nossa pessoa totalmente voltada para Ele, sem mover nem ser movido por ninguém, pois quem coloca e usa os vasos é o Senhor. Ele, então, declara: “a minha casa será chamada por todas as nações casa de oração. Mas vós a tendes feito covil de ladrões”.  

Tudo na religião é aparência. A primeira obra humana após o pecado foi cobrir-se de folhas, como a figueira estava coberta de folhas. O Senhor substituiu os aventais de folhas de videira por pele, cobrindo a vergonha de Adão e de Eva. Para tanto um animal foi sacrificado, derramando o seu sangue inocente. A religião quer cobrir nossa nudez com obras, escondendo a nossa natureza perversa. Serpentes fazendo caridade? Assim é a religião, cheia de folhas, cheia de aparência, sem fruto, sem verdade, sem vida.

Não basta fazer as coisas próprias dos filhos de Deus, sem que o Senhor faça em nós. Ele não aceita nossas obras em lugar do sacrifício, em lugar do sangue derramado. Ele não troca nada conosco, Ele não aceita nada que é nosso: “Nem todo que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos nós em seu nome? E em teu nome não expulsamos demônios? E em teu nome não fizemos muitas maravilhas? E então lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (Mateus 7:21-23).

Assim, olhemos também para o que o Senhor que diz em Mateus 10:42 “E qualquer que tiver dado só que seja um copo d'água fria a um destes pequenos, em nome de discípulo, em verdade vos digo que de modo algum perderá o seu galardão”. O Senhor não se impressiona com nossas obras, mas reconhecerá tudo que tivermos feito por Ele, na direção dEle, por capacitação dEle, até mesmo um copo d’água fria.

A religião só cobra de nós obras ou recursos, mas o Senhor nos capacita e opera em nós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade, e depois nos recompensa conforme a fidelidade, obediência, sujeição exclusiva a Ele, o Senhor. 

A Casa de Deus será chamada por todas as nações, Casa de Oração. Em Jeremias 1:9-16 o Senhor levanta o profeta para derrubar, arrancar, destruir e arruinar, mas também para plantar e para edificar. O povo de Israel havia deixado o Senhor e se voltado às obras de suas mãos, por isso a destruição, a ruína, a rejeição, a queda. Tudo por deixarem ao Senhor.

A religião ensina que há mediadores, que há intercessores entre Deus e o homem, mas só o Senhor Jesus pode ocupar tal lugar, ninguém mais pode obter o fruto que pertence ao Senhor – amor do ser humano em resposta à misericórdia divina. Oração não é meras palavras, mas ter o coração aberto e voltado total e exclusivamente para o Senhor. Oração é confissão de nossa dependência total, confissão de que somos necessitados, de que somos incapazes, de que somos cegos e de que estamos nus. A Casa de Deus é assim, totalmente voltada para o Senhor Deus, querendo ansiosamente a sua presença, se submetendo ao seu senhorio. 

Para chegar a dar fruto do Espírito para Deus, a figueira precisava ser secada para não produzir por si e nem para os homens. Assim é conosco. É preciso a operação da cruz, nos tirando a vida própria, nos fazendo morrer, não dando mais fruto visível, não tendo mais aparência de que vivemos. Em Jeremias 33:3 o Senhor fala pelo profeta: “Clama a mim, e responder-te-ei, anunciar-te-ei coisas grandes e ocultas que não sabes”.

Para dar fruto para Deus, para ser a Casa de Deus, precisamos ir a Ele, invocá-Lo de todo o coração, clamando por Ele e em resposta Ele nos diz grandes coisas, as quais olhos não viram, ouvidos não ouviram e nem subiram ao coração do homem, mas que Deus preparou para os que o amam (I Coríntios 2:9), e nos revela pelo Seu Espírito.

Sim, para os que o amam, isto é, que o buscam acima de tudo e de todos, que necessitam dEle acima dos próprios interesses. Temos e precisamos da mente de Cristo (I Coríntios 2:16), para viver para o Senhor, servir ao Senhor, dar fruto para o Senhor, isto é ser espiritual e não carnal.

Graças ao Senhor pelo chicote que nos purifica de nossas práticas perversas, graças ao Senhor pela maldição da morte, morte de cruz, secando a nossa vida humana e a nossa idolatria para com as nossas obras e frutos. Amém!

 

IRMÃOS EM PARANAVAÍ

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