A Glória de Deus
de T. Austin-Sparks
CAPÍTULO 1 – COMO VER A GLÓRIA DE DEUS
Ler: João 11.
Neste capítulo iremos apenas destacar dois
versos.
"Jesus,
porém, ao ouvir isto, disse: Esta enfermidade
não é para a morte, mas para glória de Deus,
para que o Filho de Deus seja glorificado por
ela" (verso 4).
"Respondeu-lhe
Jesus: Não te disse que, se creres, verás a
glória de Deus? " (verso 40).
"Para a glória de Deus… verás a glória de Deus."
Você provavelmente sabe que os capítulos de 11 a
17 deste evangelho são capítulos de soma, de
consumação, isto é, uma síntese de todas as
coisas em finalidade, e o que resulta com grande
claridade desta parte consumada do Evangelho é a
prioridade que governou toda a vida, o ensino e
a obra do Senhor Jesus. Parece que é isto que
João tinha em mente quando escrevia, vez que ele
colocou esta prioridade bem no início de seu
Evangelho, trabalhou firmemente ao longo desta
linha, e então apresentou tudo de forma plena e
conclusiva no final. Embora o Senhor Jesus
tivesse sido governado por esta prioridade por
trinta anos ou mais, lá veio um ponto de crise
em Sua vida ao qual Ele fez um completo ajuste
de tudo baseado nesta única coisa que estamos
chamando de ‘prioridade’, onde Ele
determinou que tudo tinha que estar focado sobre
isto, e que não deveria haver qualquer desvio em
nenhum momento.
E qual era a Sua prioridade que abrangia todas
as coisas?
Como dissemos, João colocou esta nota principal
já no início quando começou a dizer: ”e vimos a
sua glória, como a glória do unigênito do Pai”.
(1:14). Isto é trazer o Pai imediatamente à
vista, em questão de glória. Então João
continuou escrevendo o Evangelho, como uma
grande harmonia ou sinfonia afinado a esta nota
principal, e durante todo o caminho ele se
manteve fiel a isto: à glória de Deus.
E creio, caros amigos, que esta é a nota
principal que o Senhor quer que eu aborde neste
momento. Isto tem sido um encargo considerável
para mim nestes dias.
O COMETIMENTO DO SENHOR JESUS PARA COM A GLÓRIA
DE SEU PAI
Vamos nos voltar para o próprio Senhor Jesus
nesta questão. Houve em Sua vida aquela hora do
seu grande compromisso, que aconteceu no seu
batismo. Ele lá, então, comprometeu-se
COMPLETAMENTE com a glória de Deus Pai. Ele
reuniu cada detalhe de sua vida a partir daquele
momento e centralizou-o nisto, como se estivesse
dizendo: ‘A partir deste momento não deve haver
nenhum desvio deste motivo e objetivo. A glória
de meu Pai irá governar tudo’. E foi desta
maneira:
1. Em sua vida interior
Primeiramente, o cometimento estava em sua
própria pessoa, em sua própria vida interior, em
seu caminhar secreto com o Pai. Esta é a coisa
mais impressionante quando você lê o Evangelho.
Você descobre ao longo de todo o caminho que
tudo procede de sua vida pessoal, de sua vida
secreta com seu Pai. "O Filho”, Ele disse,
“nada pode fazer de si mesmo, mas o que Ele vê o
Pai fazer” (5:19). Linguagem misteriosa, mas
aqueles que conhecem algo sobre vida no Espírito
sabem o que isto significa. "Pois o que Ele
faz, o Filho faz de igual forma", e não de sua
própria maneira, mas “da mesma maneira que o
Pai". Quão meticuloso e quão exato! Seu
compromisso em relação ao seu próprio
relacionamento com Deus, seu Pai, significava
que não havia nada Dele mesmo, mas somente
aquilo que Ele conhecia em seu próprio coração,
e de sua história secreta com Deus, aquilo que o
Pai queria que Ele fizesse ou dissesse. O pano
de fundo, a vida no santuário interior com o Pai
era mantida intacta.
2. Em sua conduta
Quanto à sua conduta, Ele se comportava nesta
base: “Como eu me comporto, como eu me conduzo,
será completamente uma questão de como a coisa
atinge a glória de meu Pai. A impressão que
tenho das pessoas e o que elas vêem em mim,
jamais deve encobrir por um instante sequer a
glória de meu Pai, nem ocultá-la, ou escondê-la,
ou afetá-la danosamente. Meu comportamento deve
visar sempre à glória de meu Pai”. Era desta
forma a conduta de Jesus, de sua caminhada. Você
sabe, João fez uma nota especial da caminhada de
Jesus, pois isto não era apenas um progresso
externo. João disse: “Aquele que diz estar nele
deve andar também como Ele andou" (1 João 2:6).
Havia algo sobre seus próprios movimentos que
era governado, e sua caminhada, seus movimentos,
seu comportamento, eram sempre para a glória de
seu Pai.
3. Em suas obras
Quanto às suas obras, nós já citamos: “O Filho
não pode fazer coisa alguma de si mesmo, mas o
que Ele vê o Pai fazer, assim o Filho faz
igualmente”. E suas palavras: “A palavra que
ouvis não é minha, mas do Pai que me enviou”.
(João 14:24).
4. Em seu tempo
Então, seu tempo para fazer as coisas.
Freqüentemente lemos que Ele rejeitava as
sugestões dos outros de que Ele devia fazer
coisas em determinado momento. Quando algo
parecia estar sendo cobrado Dele, quando as
pessoas esperavam que Ele fizesse a coisa
naquela mesma hora, Ele rejeitava: "A minha hora
ainda não é chegada”. (João 2:4), mas Ele fazia
bem rapidamente depois. Ele estava esperando, e
em seu espírito Ele dizia: “Pai, é esta a tua
hora?” Você sabe, caro amigo, você pode
fazer uma coisa certa numa hora errada, e a
coisa não funciona. Nós fazemos uma porção de
coisas, e elas fracassam porque não é a hora
certa.
Você se lembra do grande incidente na vida do
apóstolo Paulo: “Eles queriam ir para Bitínia,
mas o Espírito de Jesus não permitiu” (Atos
16:7). Eles foram “proibidos pelo Espírito Santo
de pregar na Ásia” (Atos 16:6). Paulo foi
advertido, pois aquela não era a hora. Mas eles
acabaram indo para a Ásia e Bitínia
posteriormente, no tempo de Deus, e, quando o
tempo de Deus é observado as coisas são muito
mais produtivas, pois você não desperdiça tempo.
Quando fazemos as coisas em nosso próprio tempo,
realmente as estamos tirando do tempo de Deus,
pois nada acontece até que Deus queira. É desta
forma que Jesus trabalhava: ‘A minha hora ainda
não é chegada’, e, então, a hora parecia chegar
tão rapidamente, logo em seguida.
5. Em seu relacionamento familiar
Aqui está Ele, se movendo, falando, trabalhando,
controlando o tempo, por sua comunhão com o Pai.
Ele trouxe todas as coisas para este terreno.
Ele trouxe a sua família para este terreno da
glória de seu Pai. Alguns vieram a Ele, após ter
Ele falado em uma casa, e disseram: “Tua mãe e
teus irmãos está lá fora, e procuram falar-te"
(Mateus 12:47). É um apelo natural. Pode ser um
tipo de apelo sentimental muito correto, mas
espere um instante. Ele responde: "Quem é minha
mãe? E quem são meus irmãos? ...qualquer que
fizer a vontade de meu Pai que está no céu, este
é meu irmão, irmã e mãe.” Ele coloca a coisa
numa outra base. ‘Até onde meus
relacionamentos familiares refletem a glória de
Deus?’
6. Em sua atitude para com os homens
Ele era governado da mesma forma em sua atitude
em relação aos homens. Em relação ao mundo
religioso, Ele aprovava o que era sincero e
externava a sua aprovação até onde podia. Um
jovem se aproximou e lhe disse que guardava
todos os mandamentos desde a sua infância, e
Jesus "olhando para ele, amou-o" (Marcos
10:17-20). Ele não o condenou. Ele era simpático
com os sinceros, porém, se trouxessem os
hipócritas em sua presença, sua aprovação mudava
para condenação! Não havia nada que trouxesse
mais a sua indignação do que a hipocrisia na
religião, porque era algo que roubava a glória
de Deus.
7. Em seus julgamentos
Essas são as coisas que constituem a vida do
Senhor Jesus, e, como você vê, a sua prioridade
governava tudo e estava acima de tudo. Estava
acima dos julgamentos naturais – nem sempre
julgamentos pecaminosos ou malignos, mas apenas
julgamentos naturais, quando sugestões eram
dadas a Ele, quando tentavam persuadi-lo, e
quando os homens projetavam as suas opiniões.
Mas Ele conhecia a verdade: ‘Meus pensamentos
não são os vossos pensamentos. Os meus caminhos
não são os vossos caminhos. Há dois mundos. Eu
vivo em um mundo e vocês noutro’. E assim, o seu
interesse pela glória do Pai frequentemente
colocava os julgamentos naturais de lado,
buscando o julgamento do Pai sobre o assunto.
8. Em seus sentimentos
Sentimentos naturais frequentemente tinham que
ser colocados de lado. Ele os compreendia muito
bem. Iremos chegar a isto neste capítulo 11 de
João, com Lázaro e suas irmãs. Ele era muito
compassivo e compreendia como eles estavam se
sentindo. Ele verdadeiramente entrou na vida
humana deles, porém, quando eles procuraram
persuadi-lo e influenciá-lo a agir meramente na
base dos sentimentos naturais, Ele rejeitava.
Jesus permaneceu dois dias fora, e não se moveu
até o quarto dia, quando, humanamente falando,
era muito tarde. A tristeza tinha tomado conta.
Jesus não era insensível, como mostra o
capítulo, contudo, porque Ele tinha algo maior
em vista, não podia ceder ao humano, aos
sentimentos naturais. Ele tinha grandes
princípios que O estavam governando.
9. Em seus interesses pessoais
Quanto aos seus interesses pessoais, naturais,
Ele os rejeitava o tempo todo. Teria sido grande
para os seus interesses pessoais ter aceitado a
oferta do Diabo quanto aos reinos e a glória,
porém, Ele repudiou a coisa toda. Em relação a
sua cruz, poderia ter sido vantajoso para Ele se
tivesse ouvido a Pedro quando disse: ‘Longe de
Ti tal coisa´(Mateus 16:22). Mas Ele disse a
Simão Pedro: ”Para traz de mim, Satanás!" Como
você vê, os interesses pessoais devem ser postos
de lado: Jesus não era governado por essas
coisas, pois a sua motivação constante era a
glória de seu Pai.
O QUE SIGNIFICA GLÓRIA?
Agora, antes que eu possa seguir um pouco mais
adiante, devo fazê-lo retornar à definição da
palavra ‘glória’. Pode ser que você já tenha me
ouvido dar esta definição antes, mas eu não
conheço uma definição melhor. O que significa
glória em relação a Deus? Qual é o significado
desta palavra ‘glória’ quando se refere a Deus?
Ela simplesmente significa a recuperação da
completa satisfação de Deus. Quando as coisas
correspondem a sua natureza, ao seu propósito,
quando Ele se deleita, quando fica satisfeito,
contente, então aí surge algo de sua própria
satisfação, de seu prazer. Você pode submeter
isto ao teste em sua própria vida.
Pegue a sua Bíblia e comece lá no princípio.
Quando Deus tinha criado todas as coisas para o
seu prazer, para a sua glória, e todas as coisas
estavam de acordo com o planejado, e tudo era
governado por: ‘E assim foi … e assim foi … e
assim foi como o Senhor ordenou e disse que
deveria ser’, e o final daquilo foi: ‘E viu Deus
tudo o que tinha feito, e eis que era muito bom’
(Gênesis 1:31). Eu gostaria de ter estado
naquela atmosfera, no campo onde tudo satisfazia
a Deus, emanava dEle, e havia este senso de sua
completa satisfação e prazer. Isto é glória!
Quando entramos na nova criação, quando nascemos
do alto, no terreno de nosso reconhecimento e
aceitação da obra perfeita, acabada do Senhor
Jesus por nossos pecados, para a nossa salvação
(e muito geralmente somos melhores crentes no
início do que posteriormente!), quando avançamos
naquele terreno da nova criação em Cristo onde
tudo responde ao prazer de Deus, não temos nós o
senso de glória? O início da vida cristã é muito
frequentemente desta forma. Embora não
pudéssemos explicá-la teologicamente ou
doutrinariamente, nós a sentíamos!’
‘É maravilhoso ser salvo!’ Isto é glorioso!’ É
algo que simplesmente brota em nosso interior. E
o que é isto? É o Espírito Santo dando
testemunho da satisfação de Deus com o Seu Filho
que recebemos com todo o conhecimento e
compreensão dEle que temos. Aceitamos a sua
perfeição e a sua obra, e há um reflexo, uma
emanação, de sua glória, da satisfação de Deus
em nossos corações. Quando nos desviamos desta
confiança no Senhor Jesus, a glória murcha – mas
eu não irei abordar isto no momento.
Percorra a Bíblia e você terá o propósito de
Deus completa e perfeitamente revelada em tipo
na criação do tabernáculo no deserto. Ele foi
prescrito meticulosamente em detalhes, de um
alfinete a uma linha, de uma cor a uma posição,
a uma medida, e tudo foi dado por Deus. E o
último capítulo diz: ‘E Moisés fez tudo conforme
o Senhor ordenou’. A coisa tornou-se quase
monótona! Foi feita conforme o Senhor ordenou a
Moisés, e a glória encheu o tabernáculo. Deus
estava satisfeito! E você e eu sabemos que o
tabernáculo era apenas uma previsão em tipo do
Senhor Jesus.
Vamos para o templo e, novamente, a prescrição,
o modelo, foi dado a Davi, e tudo foi concluído
por Salomão. Quando tudo foi concluído conforme
o modelo celestial, a glória encheu o templo, e
até mesmo os sacerdotes não podiam entrar nele.
Deus encheu tudo com a sua satisfação.
O Senhor Jesus veio para ser batizado e para
receber a sua grande missão, e, ao ter Ele saído
das águas, o céu se abriu e a voz do Pai disse:
‘Este é o meu Filho amado em quem me comprazo’
(Mateus 3:17). Deus estava muito
satisfeito. Este de fato era uma boa fundação
para Jesus começar a obra da sua vida! A
satisfação de Deus é a glória, e João diz: "E
vimos a Sua glória".
Então chegamos à perfeição de sua obra na cruz.
Não há mais nada a ser feito após o calvário.
Tudo está consumado. Oh, creia nisto, e creia
com todo o seu coração: não restou mais nada
para ser feito em relação à sua eterna salvação.
Se você tentar adicionar algo, você perderá a
glória e sairá do lugar da satisfação de Deus.
Quando a obra na cruz foi concluída, quando a
obra da redenção foi terminada, e o sacrifício
estava agradando a Deus totalmente. O calvário
estava terminado, o Filho tinha sido levantado
da morte, e não demoraria muito para que o
templo recebesse a glória no dia de Pentecoste
- e, então, que glória encheu a casa de Deus!
Por quê? Porque Jesus estava glorificado. Até
então o Espírito não fora dado, porque Jesus não
havia ainda sido glorificado (João 7:39). Porém,
quando Ele foi glorificado, o Espírito foi dado.
Aí você tem o pano de fundo da Bíblia. Ao final
esta glória é vista descendo na nova Jerusalém:
"A santa cidade de Jerusalém, descendo de Deus,
tendo a glória de Deus" (Apocalipse 21:11). É a
obra perfeita na Igreja, tendo a glória de Deus.
Está tudo terminado, acabado, a batalha está
vencida, o tempo da provação, do sofrimento e da
disciplina do cristão acabou, e a glória coroa
tudo finalmente porque Deus está satisfeito.
Será que eu consegui, por parte da Escritura,
provar que a definição de glória é a expressão
da perfeita satisfação de Deus?
POR QUE NÃO HÁ GLÓRIA EM NOSSAS VIDAS?
Eu disse que você poderia colocar isto à prova
em sua própria experiência. Alguns de nós
tivemos que passar por esta experiência a fim de
aprender essas coisas, pois elas não são apenas
teorias. Qual foi a hora mais miserável em sua
vida? Bem, eu posso dizer a você qual foi o
tempo mais miserável em minha vida. Foi quando
permiti que o diabo, por meio de acusação,
tivesse êxito em me colocar de fora desta obra
acabada de Cristo. 'O Senhor não está
satisfeito com você. Ele está contra você. O
Senhor realmente não está contente com você, por
causa desta aflição, deste sofrimento, desta
prova, desta dor’.
Fique debaixo dessa acusação e a glória irá
embora. E, enquanto você permanecer aí, não há
glória, simplesmente porque o terreno de Deus é
o terreno da finalidade absoluta da obra de seu
Filho por nossa redenção. Saia deste campo, por
qualquer acusação ou condenação do diabo, saia
do terreno de Cristo, e a glória irá embora e
não voltará novamente enquanto você permanecer
aí.
Não se engane quanto a isso! Se você está
ocupado consigo mesmo, quanto tempo irá levar
pra você aprender que este não é o terreno de
glória? Bem, irá levar o tempo que você
permanecer neste miserável e pobre terreno do
EU, terreno este que Deus acabou com ele na cruz
de seu Filho. Se nos movermos para o terreno de
Cristo, para o terreno da sua perfeição, e por
fé colocarmos os pés neste terreno, então a
glória virá.
Temos apenas aberto à porta em relação a este
assunto, mas temos que realmente aplicar tudo
isto, pois não quero dar a você um monte de
ensinamento para que você ponha em sua cabeça.
Tenho orado para que o Senhor use a sua palavra
como uma lâmina para cortar e realmente fazer
algo.
É PARA DEUS SER GLORIFICADO EM NOSSAS VIDAS?
Caro amigo, queremos nós, eu e você, realmente
que Deus seja glorificado em nossas vidas? Você
diz: ‘Sim! Mas há alguns que dizem: Bem, vamos
ver o que significa e, então, direi sim’.
Acima de tudo, significa exatamente o mesmo para
nós que significou para o Senhor Jesus, pois Ele
estava aqui como nosso Homem representativo
diante de Deus. Portanto significa a grande e
absoluta crise: compromisso. Oh, deixemos
que esta palavra tome conta de nós! Há
cristãos, e há cristãos comprometidos – e eu
devo deixar isto com você.
A grande experiência de crise na vida do Senhor
Jesus foi quando Ele aceitou a grande comissão
para a glória de seu Pai e disse: ‘Tudo a partir
deste dia será julgado pelo valor de quanta
glória há nele para o meu Pai’. Isto foi uma
crise, tudo realmente caía nesta linha em
relação a Ele. Ele via que sua conduta, sua
própria vida com seu Pai, sua vida secreta que
ninguém via ou conhecia, e sua vida perante o
mundo, perante as pessoas e os discípulos, era
governado apenas por esta única coisa - Seu Pai
recebendo a glória.
O seu comportamento, a maneira como Ele falava e
agia eram governados apenas por isto. Se ele
tivesse sido um homem de negócio, isto teria
governado as suas transações de negócio. Eram
elas para a glória de Deus? Caso contrário Ele
não teria nada a ver com elas. A sua família, os
seus irmãos, irmãs, mãe – ‘É minha família para
a glória de Deus?’ É o comportamento em nossas
famílias, em nós, em nossos filhos, em nossa
relação de marido e esposa, em como andamos como
família, para a glória de Deus? Como as pessoas
vêem a coisa?
Mas, se você chega a uma posição como esta, onde
você realmente tem uma transação com o Senhor,
não pense que isto será uma vida de perda. Não,
você irá ver a glória de Deus. Este é o desfecho
deste décimo primeiro capítulo de João sobre
Lázaro e suas irmãs em Betânia. Difícil como o
quadro estava para eles, a última cena é de uma
emanação da glória de Deus. Que cena deliciosa
aquela do capítulo doze! Jesus chega a Betânia,
onde Lázaro, a quem Ele tinha ressuscitado,
morava, e eles prepararam um jantar para Jesus.
Marta servia, com um novo espírito de serviço, e
Maria e Lázaro sentaram com os discípulos.
Deve ter sido uma hora maravilhosa – glória real
na vida de ressurreição. Mas eles tiveram que
passar por algo a fim de chegar naquilo! Tiveram
que ser provados na seguinte questão: ‘Não te
hei dito que, se creres, VERÁS a glória de
Deus?" Você quer ver a glória de Deus em sua
própria vida? Não significará uma vida de perda,
pois, se você tiver a glória de Deus, você não
poderá obter nada além disso, ou melhor do que
isso.
Capítulo 2 – Glória Somente na Nova Vida da
Ressurreição
Ler:João11
Voltamos novamente ao capítulo 11 do Evangelho
de João, e eu lembro você de que este capítulo
representa o ápice da vida, do ensino do Senhor
Jesus durante os dias da sua carne. Isto é muito
evidente, pois você observa que o verso 47 diz:
"O chefe dos sacerdotes e os fariseus formaram
um conselho, e disseram, o que faremos?” O resto
do capítulo mostra que este foi o último dentre
os vários conselhos tais como este, e foi neste
último conselho que eles definitiva e finalmente
decidiram que este Jesus devia morrer. Assim,
aqui temos aquilo que marca a culminação de Sua
vida e obra naquele tempo. O caráter decisivo
não é o ato em si, mas é a plenitude do próprio
objetivo pelo qual Ele veio, e, mais do que
isto, é a plenitude dos conselhos de Deus.
Por traz deste capítulo há duas coisas. Há os
eternos conselhos de Deus chegando à sua
conclusão em Seu Filho naquela hora, e, então,
há os conselhos contrários a Deus que estão
procurando trazer este Filho a um fim, para
destruí-lo. Os conselhos divinos são resumidos
naquilo que está neste capítulo. Não há dúvida
de que você já o leu muitas vezes, e, talvez,
pense que o conheça. Se fosse perguntado a você
a respeito do que trata o capítulo onze de João,
você diria: “Bem, naturalmente, é o capítulo
sobre a ressurreição de Lázaro”, e, talvez, isto
fosse tudo o que você teria para dizer sobre
ele. Em assim dizendo (perdoe-me se isto soa um
pouco como uma crítica sobre a sua compreensão)
você mostra como realmente tem perdido o
caminho. Naturalmente, todos nós dissemos isto
em tempo passado, porém, na medida em que temos
prosseguido, chegamos a enxergar algo mais, isto
é, que este capítulo contém todos os fatores e
aspectos maiores dos caminhos de Deus para a
glória. Você entendeu isto? O fim de todos os
caminhos e obras de Deus é a glória, Sua própria
glória.
Às vezes parece um caminho tortuoso, como
aquelas irmãs sentiram enquanto durava a coisa
toda. Às vezes parece ser tudo, menos glória, e
você pode muito bem decidir, como talvez aquelas
irmãs também decidiram, que o fim não é a
glória. Você poderia sentir que toda aquela
tristeza, toda aquela aflição, todo aquele
desapontamento e desespero não podiam levar à
glória, mas, do ponto de vista de Deus, aquele
era o caminho da glória e para a glória.
Deixe-me repetir: quando Deus toma alguma coisa
em sua mão – e você pode crer nisto! - o fim
será a Sua glória. Você não deve se equivocar
quanto a isto! O fim dos caminhos de Deus é a
sua glória. Leia a sua Bíblia à luz disto, e
você terá a Bíblia toda em apenas um capítulo –
o capítulo onze de João.
FATORES NOS CAMINHOS DE DEUS PARA A GLÓRIA
Dissemos que este capítulo contém os fatores e
marcas principais nos caminhos de Deus para a
glória. Quais são alguns desses principais
fatores?
Um dos maiores é a encarnação do Filho de Deus;
o Filho de Deus assumindo a carne; Deus se
manifestou na carne. Não é este um grande fator?
O próprio propósito e objetivo da encarnação, de
Deus assumindo a carne, tornando-se carne, são
encontrados neste capítulo. Fique com isto por
enquanto.
Então há o método de Deus na redenção. A
redenção é outro grande fator, não é? Ninguém
irá discordar disto! Nos eternos conselhos de
Deus a redenção é um grande fator, e o método da
redenção é a substância deste capítulo onze de
João.
Outra coisa – e eu estou muito certo de que, da
mesma forma como você concordou com os dois
fatores acima, se realmente você conhece algo
dos caminhos de Deus, também irá concordar com
este – os caminhos de Deus são muito
estranhos, e estão além da explicação e da
compreensão humana. Enquanto Deus está se
movendo em direção ao seu objetivo, é muito
difícil segui-Lo. O apóstolo Paulo, que conhecia
muito sobre o Senhor, falou de sua experiência:
"oprimidos além da medida" (2 Coríntios 1:8),
ou, como em outra tradução, "além da nossa
medida". O Senhor está sempre um pouco à frente
de nós. Não seria diferente conosco, seria? Do
contrário estaríamos ocupando o lugar do Senhor!
Se estivéssemos à frente do Senhor, nossa
dependência dEle logo cessaria. Assim, o Senhor
vai adiante de nós, além da nossa medida, e nos
tira de nossa profundidade a fim de ampliar a
nossa capacidade. Jamais cresceríamos se isto
não fosse verdade.
A maneira simples na qual o Evangelho de João
ilustra isto está no capítulo 10:4 "Depois de
conduzir para fora todas as que lhe pertencem,
vai adiante delas". Bem, naturalmente, você
algumas vezes tem tomado isto como uma
declaração confortadora, porém há profundidade
em cada frase da Palavra Divina, e este
Evangelho em particular revela isto. "Depois de
conduzir para fora todas as que lhe pertencem,
vai adiante delas" – Ele sempre está à
frente delas, e elas sempre um pouco atrás dEle.
De certa maneira, Ele é demais para elas. Elas
têm que se mover, e se mover, se quiserem chegar
onde o Senhor está, e, quando chegam lá,
descobrem que Ele está na frente novamente. Elas
têm que se manter andando, correndo o tempo
todo.
O apóstolo Paulo explica isto quando disse ao
final de sua vida: "Para que possa
conhecê-lo" (Filipenses 3:10). 'Eu ainda não
O alcancei’. Ele ainda está adiante de mim. 'O
mistério dos caminhos de Deus, a esquisitice
daquilo que chamamos de 'providência', é o maior
fator dos caminhos de Deus, e isto também está
aqui neste capítulo.
Outra coisa, que de modo algum é algo pequeno, é
a visão de longo alcance de Deus. Quanto além de
nós Ele enxerga! Ou, deixe-me entrar neste
capítulo – quão distante o Senhor Jesus
enxergava além daquelas irmãs e dos discípulos!
Eles simplesmente não podiam enxergar além da
experiência e do evento presente. A coisa que
estava imediatamente diante dos seus olhos,
aquilo era o horizonte deles. Mas Deus, em
Cristo, estava se movendo aqui pelo princípio da
visão de longo alcance, além do incidente, além
do presente. Embora isto fosse grande para eles,
Jesus estava muito além disso. O seu horizonte
estava fora do alcance do evento, e Ele agia em
conformidade. A visão de longo alcance de Deus
não é um fator pequeno nos caminhos e nas obras
do Senhor, e está tudo aqui neste único
capítulo.
Quão insondáveis são os caminhos e as obras de
Deus!
O SENHOR NO CONTROLE
Agora, tendo dito isto, deixe-me retroceder um
momento, a fim de lembrá-lo de algo aqui que
devemos agarrar. Creia caro amigo, quando eu
digo isto não é apenas o ENSINO do Evangelho de
João em um ou em todos os capítulos com os quais
tenho me ocupado. Isto tem que vir diretamente
para dentro de nossa própria história. Tem que
ser tirada da Bíblia, da história de Jesus
durante o seu tempo nesta terra, e colocado
exatamente dentro da nossa própria história,
pois jamais chegaremos a lugar algum se isto não
for verdade. É verdade aplicada, e não verdade
teórica que temos aqui.
Assim, deixe-me dizer o seguinte: Aquilo que
resulta para nós, enquanto discorremos calma e
atentamente neste capítulo, é que o Senhor Jesus
tem a situação em suas mãos. Deixe-me colocar
isto de outra forma. Se este é o Deus encarnado,
então é com Deus que estamos tratando aqui.
Quando você chega a este capítulo, você vê como
o Senhor Jesus tem tudo em suas mãos, e Ele não
deixa que nada saia de suas mãos durante todo o
caminho.
Olhe para os vários aspectos! Ele disse que iria
voltar para a Judéia. Os discípulos
imediatamente reagiram: 'Não, os judeus
recentemente buscavam matá-lo lá. Você não deve
voltar lá!’ Você observa o movimento para se
tirar as coisas das suas mãos, para governar os
seus movimentos, os seus julgamentos, as suas
decisões, mas Ele não permite. Ele toma o
negócio em sua mão e avança. Há algo que Ele
procura, com o qual Ele se ocupa. Mensageiros
foram enviados a Ele, a fim de lhe falar sobre
Lázaro, quando Ele está em algum lugar distante,
e sem dúvida alguma, a mensagem significa o
seguinte, embora não esteja registrado: 'Lázaro
está morrendo. Venha, por favor! Venha rápido!
Venha o mais rápido que puder!’
As irmãs amadas teriam dito isto, porém, fazer o
que elas queriam teria tirado o assunto de suas
mãos e teria governado o seu julgamento,
controlado os seus sentimentos, governado os
seus movimentos, e estabelecido um tempo que Ele
não havia estabelecido. Não, Jesus permaneceu
onde estava. Ele tinha a situação em suas mãos e
não iria deixá-la sair de sua mão, embora o
apelo fosse da parte daqueles a quem Ele amava.
Está declarado que foi desta maneira. A situação
era tal que podia apelar para qualquer coração
solidário, porém isto não iria decidir o
negócio. A coisa estava em suas mãos e Ele
estava para decidir o terreno sobre o qual
trabalhava, o tempo em que trabalhava, e quando
Ele iria se mover, e nada iria alterar a sua
decisão.
Os judeus, naturalmente, sempre prontos para
criticá-lo e desacreditá-lo, e colocá-lo em má
situação, disseram: "Não poderia ele, que abriu
os olhos dos cegos, ter impedido que este homem
morresse?” Todas estas forças estavam em ação,
do centro à circunferência dos seus discípulos,
a fim de controlá-lo, mas Ele não cedeu. Ele
tinha o assunto em suas mãos, e isto é uma coisa
muito importante. Por quê? Ele disse o seguinte:
'Esta enfermidade não é para morte, mas para
a glória de Deus’. E o que mais? "E eu
me alegro por vossa causa de que eu lá não
estivesse."
Oh! O que você faria a respeito? Coloque-se na
posição daquelas irmãs com um único e amado
irmão à beira da morte, aparentemente preso a
uma doença fatal. Os corações delas estavam
apertados por causa da aflição e da angústia;
estavam quebrados, e os discípulos tinham olhado
para a situação e visto que Jesus sabia de tudo
– e esta foi a sua atitude: "Me alegro por vossa
causa de que Eu lá não estivesse."
Bem, como você vê, Ele toma conta da situação.
Nós estamos lidando com Deus. Ele está no
controle, e, se Ele está trabalhando para um
determinado objetivo, você não pode apressá-lo,
você não pode assumir o controle e obrigá-lo a
fazer o que você quer. Ele vai alcançar o seu
objetivo, e isto pode ser um caminho de muita
prova para a nossa carne, mas Ele irá chegar lá,
pois está no comando.
A LEI DO TRABALHO
Nós geralmente cantamos, um pouco
superficialmente e sem observar nossas palavras
mais cuidadosamente: ‘Como desejo subir nas
maiores alturas!’ Pergunto-me se nós
percebemos, na medida em que cantamos isto, que
as maiores alturas apenas são alcançadas através
das maiores profundidades! Você e eu, caro
amigo, jamais iremos alcançar o propósito de
Deus exceto ao longo do caminho onde sejamos
quebrados. É isto que diz este capítulo.
Enquanto estivermos inteiros, sólidos, bem
costurados, auto-confiantes, nunca iremos
alcançar o objetivo de Deus.
Como você vê, Deus, bem no início da Bíblia e da
história da humanidade, plantou algo na
experiência humana que se tornou a LEI de todo
conhecimento verdadeiro de Deus a partir daquele
momento. A grande questão no jardim era o
‘conhecimento’ do bem e do mal. O homem arriscou
pelo conhecimento, sob a instigação e inspiração
do diabo, e Deus diante daquela recusa, daquele
rompimento, estabeleceu uma lei, pelo que disse:
'Você jamais irá obter conhecimento exceto
através desta lei. Tudo o que será verdade e
real no futuro não será obtido assim tão
facilmente como você imagina’.
A lei do trabalho foi plantada no coração da
humanidade. O trabalho foi introduzido como uma
lei para o futuro, e você e eu conhecemos muito
bem que o verdadeiro amor só vem pelo trabalho.
Ponha isto de outra forma: Nós nunca
valorizamos algo que não nos custa nada.
Podemos abrir mão dele muito facilmente se não
tivermos pago algum preço por ele, mas se
tivermos pago um preço, se o objeto foi custoso,
se ele significa algo para nós de real
sofrimento, ou dor, ou grande prova, isto nos é
infinitamente precioso, e não abrimos mão dele
facilmente.
Da mesma forma Deus entrou logo neste ponto e
colocou esta lei do trabalho no coração do homem
e na história humana, e disse: 'Você tentou
obter tudo de forma muito barata, mas não irá
conseguir nada que tenha valor sem nenhum custo
no futuro’. E a partir daquele ponto, você
observa esta lei ao longo de toda a Bíblia, até
que chega ao ‘fruto do trabalho de sua alma’,
o trabalho do jardim, o trabalho da cruz, de que
falou Isaías: "Ele verá o fruto do trabalho
de sua alma e ficará satisfeito"; no
trabalho está a preciosidade. É a lei, você vê,
de que não há como alcançar o coração de Deus e
obter conhecimento verdadeiro sem custo.
Pedro aprendeu isto de uma maneira profunda. Ele
tentou obter as coisas facilmente. "É bom
estarmos aqui, Senhor, permita-nos construir
três tendas, uma para ti, outra para Moisés, e
outra para Elias”, e suponho, embora ele não
tenha dito isto, que ele quis dizer: 'Nós também
teremos algumas tendas. Permaneceremos aqui’.
Pedro agiu assim, mas entrou num caminho de
profunda devastação através cruz do Senhor
Jesus, e anos mais tarde ele escreveu: "Para
vós os que credes é a preciosidade" (1 Pedro
2:7).
O último quadro da Igreja é o da cidade, e os
seus portões são de pérola, que é o símbolo de
agonia, de sangue, de lágrimas. É desta maneira
que ela é produzida. A pérola é de grande valor
e é muito preciosa por causa do seu custo.
Eu disse que este é um capítulo abrangente, não
disse? Bem, iremos voltar a ele. Aqui estão
àquelas caras irmãs, e como foram elas batizadas
na paixão, na agonia da cruz, e como elas
tiveram que experimentar o sabor da morte, a fim
de poderem conhecer a preciosidade da vida da
ressurreição! Não há outra forma.
"Eu me alegro por vossa causa de que não
estivesse lá”. Jesus havia previsto que,
embora Ele estivesse correndo o risco de ser mal
compreendido – pois todos, as irmãs e todos,
estavam compreendendo-o mal e eram incapazes de
compreendê-lo – Ele devia aceitar o risco. Ele
viu adiante, lá no fim. E o que é o fim?
"Não vos disse que se crerdes vereis a glória de
Deus?”
O fim de todos os caminhos de Deus é a glória.
Quão rico e quão pleno é tudo isto! Nós estamos
na presença de Deus, e, quando estamos aí,
estamos diante das realidades mais profundas.
Oh, que possamos ter graça, quando o Senhor nos
tiver em suas mãos e estiver tratando de nós,
não para nos tirar de suas mãos, mas para
permanecer lá em glória inevitável!
A BATALHA DO COMPROMISSO
Estou um tanto hesitante, caro amigo, em
acrescentar mais palavras. Mas quero me
assegurar de que aquilo que estou dizendo vá
mais a fundo do que há apenas em sua cabeça, do
que uma teoria e doutrina cristã.
Primeiramente, como dissemos da última vez, tem
que haver um absoluto compromisso com o Senhor.
Agora, naturalmente, suponho que alguns de
vocês, se houver algum, não diriam que renderam
suas vidas ao Senhor, e talvez você diga
que se entregou completamente ao Senhor. Mas
você não sabe o que está dizendo! Sinto muito
dizer isto, mas esta rendição é fruto de uma
longa experiência. Nós jamais iremos chegar a um
ponto onde não haja mais batalha para ficar
perfeitamente ajustado ao propósito do Senhor.
Não importa quanto você viva aqui. Se você
estiver caminhando com o Senhor, haverá, bem no
final, ocasiões nas quais você descobrirá que
não é fácil aceitar algumas novas revelações do
propósito de Deus para você.
De fato, você terá uma nova batalha em todo
tempo neste sentido, e é isto o que eu quero
significar quando disse: 'Você não sabe o que
está dizendo!' Isto não é, naturalmente, para
desencorajar ou diminuir qualquer consagração
que você tenha feito, mas tem que haver um
compromisso inicial e fundamental, quando
dizemos: 'Agora, Senhor, eu não sei tudo o que
isto irá significar, ou como isto irá funcionar,
ou o que isto irá custar, mas eu me coloco em
tuas mãos. Sou teu. Comprometo-me. Tu és o meu
Mestre, e quero que tu tenhas o controle
absoluto do meu ser. Se em algum momento se
tornar difícil para mim se render ao teu
domínio, irei buscar graça para me ajustar a
ele.' Deve ser uma atitude de completo
compromisso.
Eu te pergunto - não como a soma total que isto
significa – tem o Senhor o senhorio do seu ser,
da sua vida? Como já falamos, isto toca cada
ponto e aspecto. Ele tem o senhorio dos seus
negócios, de suas relações de negócio, de suas
transações de negócio? Você está fazendo
negócios que não esteja alinhado com a glória de
Deus, isto é, você está fazendo negócios que é
uma contradição à glória de Deus?
Uma vez conheci um jovem que tinha se saído
muito bem nos negócios e tinha perspectivas
tremendas, porém ele pertencia a uma das maiores
empresas de tabaco da Europa. Ele tinha uma boa
posição, com grandes perspectivas – e ele se
deparou com esta questão de estar ou não o
Senhor sendo glorificado naquilo que ele estava
fazendo. Ele finalmente decidiu que aquele tipo
de negócio não era para a glória de Deus.
Quando percebeu o resultado daquele negócio,
descobriu que era contrário à glória de Deus na
vida das pessoas, assim, abandonou a sua posição
e saiu da empresa. Por um tempo ele foi provado
por causa de sua atitude e pela posição que
tinha tomado de fidelidade a Deus. O Senhor
cuidou dele no final, mas eu não estou lançando
isto para dizer que você irá receber uma
recompensa, ou terá uma compensação.
O ponto é: não política, mas princípio. O mundo
é governado por política, por aquilo que é
político, que é diplomático. Este é todo o
espírito e a lei deste mundo, mas o Senhor Jesus
não é nem político nem diplomático - o princípio
é a glória de Deus. É isto o que significa estar
comprometido. O seu lar está comprometido com a
glória de Deus, as suas relações domésticas, a
sua vida e relações sociais?
E assim podemos prosseguir. Não é uma questão de
se ajoelhar e dizer: ‘Senhor, eu sou teu.
Entrego-me a mim mesmo para ti de forma
absoluta', e, então, quando o Senhor chega no
dia seguinte e diz: ‘Que tal isto?’ e então você
responde: 'Oh, eu não quis dizer isto!’ O Senhor
é muito prático!
Perdoe-me por falar assim, mas devemos, pois
estamos em tempos muito sérios, e Deus está
próximo em vir, a fim de passar a peneira. O fim
irá ser um tempo tremendo de peneiramento entre
o povo do Senhor. Pedro diz, falando sobre o
tempo do fim: “O tempo de o juízo começar
pela cada de Deus é chegado" (1 Pedro 4:17),
e, se começa por nós, onde irá comparecer o
ímpio pecador? Nós seremos peneirados no
seguinte: A sua prioridade está na vida
realmente estabelecida, e é esta prioridade a
glória de Deus? Se assim for, aconteça o que
acontecer, você conseguirá passar no teste e
alcançará o objetivo de Deus, a glória. "É com
Deus que temos que nos haver!"
A ATITUDE DE DEUS PARA A VIDA HUMANA
Neste capítulo iremos tratar com as coisas
finais, as coisas primárias e as coisas eternas.
Vou dizer algo que pode talvez ser uma coisa
muito difícil para você aceitar, mas isto grita
para nós e não podemos escapar dele, muito nos
machuca e nós não gostamos. Neste capítulo você
encontra a vida humana representada por inúmeros
aspectos diferentes. Você tem os judeus, os
escribas e os fariseus. Bem, você, talvez, não
fique surpreso com a atitude de Deus em relação
a eles, mas entre no coração do capítulo.
Aqui estão aquelas irmãs, e aqui Lázaro, todos
tão distantes, humanamente falando, dos escribas
e fariseus e dos principais. Você diria que eles
eram pessoas amáveis, mas qual foi a atitude do
Senhor Jesus? Ele fica indiferente, mantendo
certa reserva. É dito que Ele permaneceu onde
estava por dois dias, e que quando Ele chegou
Lázaro já estava morto há quatro dias. Quatro
dias tinham se passado entre o recebimento da
notícia e a chegada lá, e, como você sabe, eles
mencionaram a Jesus o estado de coisas que
naturalmente tinha prevalecido. Por que Ele
deixou Lázaro morrer? Ele poderia tê-lo
ressuscitado, pois tinha curado muitas pessoas e
ressuscitado outros. Por que este que era tão
amado? Por que Jesus permitiu que os corações
das irmãs fossem quebrados, rasgados com este
pesar e angústia? Por que esta atitude?
Esta é a atitude de Deus para com a humanidade,
desde o seu melhor em Adão ao seu pior. Esta
humanidade em seu melhor é algo que em Adão foi
colocada de lado, e Jesus não vai remendá-lo.
Ele não vai dar um remédio para curá-lo. Ele
diz: 'Deve morrer!' A única coisa possível é a
ressurreição, uma vida completamente nova, algo
diferente do natural e terreno, mesmo em seu
melhor.
Você pensa que estou exagerando, ou indo muito
longe? Quero que você apanhe este Evangelho e o
leia do começo ao fim. Por que o casamento em
Caná da Galiléia? Por que Ele foi lá, por que o
vinho acabou e por que aquela situação
desagradável surgiu? "Eles não têm vinho", diz
sua mãe, num tipo de apelo e expectativa que Ele
iria fazer alguma coisa. Consternação está sobre
a coisa toda. Não sobrou nada. É um fim da
própria coisa que faz a vida. "Mulher, que
tenho eu contigo? Meu tempo ainda não é
chegado”.
Tinha sido o apelo numa situação difícil, o
apelo de uma oportunidade, o apelo do coração de
uma mãe, mas, não, Ele não teria nada disso,
pois há algo mais do que apenas remendar esta
festa. Tem que haver algo que esteja acima do
natural, e isto é a novidade de vida, e não a
velha coisa remendada. Esta coisa velha DEVE
morrer, e, então, apenas a ressurreição será a
resposta. Esta é a explicação – algo diferente.
A atitude de Deus é que a velha criação está
arruinada, e a única perspectiva é a vida da
nova criação. "Jesus principiou assim os seus
sinais em Caná da Galiléia, e manifestou a sua
glória" (João 2:11). Glória é o fim dos caminhos
de Deus. Como? Em algo que está além de qualquer
possibilidade natural. Caná é o começo e Lázaro
é o fim da história.
No meio – Eu não posso me estender com eles, mas
apenas irei relembrá-lo de algumas coisas – lá
está Nicodemos, com toda a sua religião e com
todo o seu conhecimento, a quem Jesus disse: "Tu
és mestre em Israel e não compreende estas
coisas?" (João 3:10). Todo o conhecimento,
aprendizado, posição e tradição religiosa estão
falidas. 'Você precisa nascer do alto. Esta sua
vida natural não irá fazer você chegar lá’.
Lá está o pobre homem no tanque de Betesda. Ele
estava há trinta e oito anos jazendo naquela
posição, lutando todo dia para conseguir ficar
em pé e entrar na água. Tente isto, talvez umas
doze vezes por dia por trinta e oito anos e veja
se você tem muita esperança no final! Sem o uso
do tanque e sem qualquer ajuda artificial, Jesus
que é a ressurreição e a vida entra em cena e há
outro sinal, outra demonstração de quão sem
esperança é a vida natural até Jesus chegar, mas
Ele vem com outro tipo, com outra ordem de vida.
Então chegamos à mulher de Samaria em Sicar. Que
história de bancarrota moral é aquela! "Vá
chamar o seu marido… Eu não tenho marido…
Disseste bem, não tenho marido, pois já tivestes
cinco maridos, e o que tem agora não é seu
marido”. Tudo se exaure neste terreno, "mas a
água que te darei tornar-se-á uma fonte de água
que salta para a vida eterna”... "Senhor, dá-me
desta água" (João 4:14-15).
Assim João prossegue com seu Evangelho até que
chegamos a Lázaro, e aí neste capítulo tudo isto
é reunido, mostrando que a glória de Deus é o
fim - "Vereis a glória de Deus”. A glória de
Deus não é algo que Deus pode fazer na vida
humana, pois Ele não irá por remendo. Os homens
podem fazer isto. Você chama os médicos e eles
podem ajudar a manter a coisa viva por um tempo,
mas Deus diz: ‘Não, deixe morrer. A glória não
está neste tipo de coisas. É algo completamente
diferente’.
O fim de todos os caminhos de Deus é desta
maneira. Eu realmente creio que você irá
interpretar tudo à luz disto. Você tem sofrido?
Você tem apanhado muito? O que você está fazendo
a respeito? Você está colocando a coisa
meramente e somente dentro da categoria de
coisas comuns ao homem? Não, o fim é glória, e,
quando você passa a experiência, você vê a
glória de Deus na nova vida da ressurreição.
Capítulo 3 – O Pai da Glória... O Senhor da
Glória... O Espírito dA Glória
Perseguindo a material que tem estado diante de
nós, quero chamar à sua lembrança três
fragmentos da Palavra:
"Por esta causa eu também, tendo ouvido sobre a
fé no Senhor Jesus que há entre vós, e o vosso
amor para com todos os santos, não cesso de dar
graças por vós, fazendo menção de vós em minhas
orações; para que o Deus de nosso Senhor Jesus
Cristo, o Pai da glória, possa vos dar um
espírito de sabedoria e de revelação no
conhecimento dEle”.
(Efésios 1:15).
"Meus
irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus
Cristo, o Senhor da glória, em acepção de
pessoas." (Tiago 2:1).
"Amados, não estranheis a ardente prova
que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa
estranha vos acontecesse; mas alegrai-vos no
fato de serdes participantes das aflições de
Cristo, para que também na revelação da sua
glória vos regozijeis e alegreis. Se pelo
nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados
sois, porque sobre vós repousa o Espírito da
glória ..." (1 Pedro 4:12-14).
Permita-me apenas lembrá-lo de que temos estado
ocupados com a verdade de que o fim de todos os
caminhos de Deus é glória. Definimos glória como
sendo a expressão da plena e final satisfação de
Deus, Deus dando de Si mesmo. Seu prazer, seu
deleite, e, como um contágio celestial, aqueles
que estão dentro de seu alcance ficam muito
conscientes de que Ele está contente,
satisfeito. Num lugar Ele é chamado de “o Deus
bem-aventurado” (1 Timóteo 1:11), mas o original
diz 'o Deus alegre'.
Você sabe que, se você entra na presença de
pessoas que estão realmente alegres, você é
afetado e infectado por elas. É possível
estarmos entre pessoas que estão rindo bastante
e começarmos a rir também, mesmo sem saber do
que estamos rindo! A atmosfera influencia você.
Agora, se Deus está feliz, satisfeito, bem
contente, e você entrar em contato com Ele, você
recebe algo vindo Dele e sente aquela alegria. É
exatamente este o significado de glória: Deus
estando completamente contente com a situação,
com uma vida, com uma pessoa, e, se você puder
ser esta pessoa, você simplesmente recebe Dele
contentamento, satisfação, bem-aventurança.
Assim, o fim de tudo aquilo que é realmente de
Deus é este maravilhoso poder de seu prazer
pessoal. Penso que não haja nada em todo o
universo tão abençoado como o ter o senso de que
o Senhor está satisfeito. Deve ter sido um
grande dia para Abraão, um maravilhoso,
inexpressível dia, quando Deus o chamou de seu
amigo, e para Daniel, também, quando o
mensageiro de Deus disse: "Ó, Daniel, homem
muito amado". O que você quer mais do que isto
de Deus? Isto é glória, não é? Bem, Deus está
trabalhando nessa direção em todas as suas obras
no universo, na criação e nos remidos.
Você terá notado a partir dessas três passagens
que o Deus trino, as três pessoas da trindade,
estão pessoalmente relacionadas com a glória.
Primeiro, o Pai da glória; segundo, o Senhor da
Glória; e terceiro, o Espírito da glória. Cada
membro da Divindade assume o caráter dessa
palavra ‘glória’, e cada pessoa da trindade está
supremamente interessada na glória. Isto abre
uma grande porta, mas não irei muito longe
através dessa porta neste momento. Apenas irei
mencionar que você pode ver em toda a Bíblia
como Deus, como Pai, a primeira Pessoa da
trindade, está sempre interessada com a glória;
como o Senhor Jesus, a segunda Pessoa da
trindade, está sempre trabalhando na linha da
glória; e, então, como o Espírito Santo, ao
longo de todo o caminho, está operando na
direção da glória, sendo a glória o interesse
governante.
Vou parar por aqui, pois é uma longa, longa
linha de revelação muito abençoada. O meu ponto
neste momento é que a Divindade está unida, é
uma nisto. Os três estão unidos a respeito de
glória, e o interesse dos três é apenas um único
interesse. Como já dissemos, esta é a prioridade
deles. Assim, a prioridade do Deus trino é a
glória.
Tudo o que vou fazer agora é dizer algumas
palavras sobre cada uma dessas designações – o
Pai da Glória, o Senhor da Glória, e o Espírito
da Glória – e que o Senhor nos dê algo em nossos
corações a partir desta breve meditação!
O PAI DA GLÓRIA
O que isto significa? Bem, significa que Deus é
a fonte da glória, e esta glória emana dEle. O
princípio da paternidade é que o Pai é a fonte,
o início e o idealizador, de modo que tudo que
realmente emana de Deus tem, como seu propósito
e destino, a glória. Nós somos filhos de Deus, e
o próprio objetivo de nós sermos seus filhos em
sua mente é que possamos chegar à glória, isto
é, que possamos finalmente ser trazidos a esta
posição - oh, maravilhoso pensamento! Muito
maravilhoso para se entender! – Deus diz: 'Estou
perfeitamente satisfeito e contente’. Você pode
imaginar Deus dizendo isto a seu respeito? Pode
você crer que o Deus Todo-Poderoso, Eterno,
Perfeito, Santo, grande Deus, possa olhar para
nós e dizer: ‘Estou muito satisfeito. Entre no
gozo do seu Senhor, na própria satisfação do
coração de meu Pai?’.
Isto é muito para nós entendermos por ora, não
é? Mas este é o significado de sua paternidade.
Ele nos gerou, nos trouxe à existência como seus
filhos, é o responsável por nós existirmos como
seus filhos, tem assumido responsabilidade
conosco como seus filhos, e tudo com esta única
finalidade de nos trazer ao longo do caminho
para o propósito que é o de entrar nessa
indizível consciência de que Ele não tem
absolutamente nada contra nós, mas que está
satisfeito ao máximo.
Tudo o que procede de Deus, sejam os seus
filhos, seja a sua criação, vem destinado a esta
glória de sua perfeita satisfação. As coisas são
assim no final da Bíblia. Há um estado de
glória, uma gloriosa condição, que significa o
resultado, a emanação da própria e perfeita
satisfação de Deus. Paulo coloca isto da
seguinte forma: "Predestinados para serem
conforme a imagem de seu Filho’. (Romanos 9:29).
O que significa isto? Seu FILHO! - "Meu Filho
amado, em quem tenho todo o prazer” (Mateus
3:17).
E nós seremos conformados a isto! Iremos herdar
a própria atitude de Deus em relação ao seu
Filho, chegar a esta posição e condição que seu
Filho ocupa da perfeita satisfação do Pai.
Como você vê, os mesmos procedimentos que o Pai
tinha para com o seu Filho também tem para
conosco. "Filho meu, não desprezes a correção do
Senhor, nem te desanimes quando por ele és
repreendido; pois o Senhor corrige ao que ama, e
açoita a todo o que recebe por filho". (Hebreus
12:5,6). Para que é esta correção? "Na
verdade, nenhuma correção parece no momento ser
motivo de gozo, porém de tristeza; mas depois
produz um fruto pacífico de justiça nos que por
ele têm sido exercitados." (Hebreus 12:11).
O que é justiça? É aquela paz completa no
coração no sentido de que o senso de retidão de
Deus está satisfeito.
O SENHOR DA GLÓRIA
"Nosso Senhor Jesus Cristo, o Senhor da glória"
é como Tiago o chama, e isto é uma grande coisa
que Tiago, o seu próprio irmão na carne, poderia
dizer dEle! Houve um tempo quando Tiago não cria
em Jesus. "Pois até mesmo os seus irmãos não
criam nele" (João 7:5), era o que tinha sido
dito sobre Tiago anteriormente. Naturalmente,
temos uma idéia bastante perspicaz do porque
disto. Naqueles primeiros dias, Tiago e os
demais irmãos de Jesus eram um bocado mundanos e
tinham os olhos para o negócio, para o sucesso,
para a aceitação popular, e eles desejaram
especialmente ficar bem com as autoridades.
Isto é mundanismo, não é? É o espírito do mundo
desejando ficar bem com as autoridades. O irmão
mais velho deles estava tomando uma direção que
estava deixando-os em dificuldade em relação às
pessoas que tinham poder para tirar tudo dEle, e
eles pertenciam a sua família, o que significava
que eles iriam sofrer por Jesus ter tomado
aquela linha. Bem, iremos parar por aqui, mas
penso que é um julgamento justo daquela
afirmação: “Mesmo os seus irmãos não criam
nele”. Eles não podiam aceitar o caminho que Ele
estava tomando, pois não traria popularidade.
Agora aqui está este irmão de Jesus, muitos anos
depois, chamando-o de ‘o Senhor da glória’. Algo
tinha acontecido! Tiago está dizendo que seu
próprio irmão é “o Senhor da glória”! Uma vez
ele não cria nEle, mas agora o chama de “o
Senhor da glória”. Isto realmente é algo
maravilhoso! Mas o que ele quis dizer, e o que
significa chamá-lo de ‘o Senhor da glória’?
Bem, você sabe, se alguém é o senhor, ele tem
tudo debaixo de seu controle. Se você pudesse
ser um ‘senhor’, então, as coisas estariam sob o
seu controle e poder. Você dita como serão as
coisas. Sim, você é senhor desta situação, e, na
verdade, em todas as situações. Jesus é Senhor,
e, como Senhor da glória, Ele está numa posição
de autoridade.
Pedro, que uma vez o negou veementemente, mais
tarde disse: “Este é o Senhor de todos" (Atos
10:36). Algo grande tinha acontecido em Pedro,
também, tanto como em Tiago. De fato, tinha
acontecido em todos eles, pois todos o chamavam
de ‘Senhor’. Sabemos do próprio contexto das
palavras de Pedro que ele estava naquele momento
tendo que reconhecer a autoridade absoluta do
Senhor Jesus. Pedro estava argüindo um pouco.
Era muito estranho que ele pudesse estar
argüindo com o Senhor Jesus naquele momento:
“Não, Senhor, pois nunca comi coisa alguma
imunda ou impura”, mas ele teve que sucumbir à
autoridade do Senhor Jesus, e ele assim o fez.
Então, disse: "Ele é o Senhor de todos”,
querendo dizer que Ele estava no comando de
Pedro e de toda situação, e, estando no comando,
aquela situação iria ter o fim que Ele havia
planejado. Assim, quando Tiago diz, “o Senhor da
glória”, isto significa que o Senhor Jesus está
no comando de todas as coisas, a fim de fazê-las
resultar em glória.
Você tem apenas que ler através do livro de Atos
dos apóstolos, como é chamado, e, na medida em
que você segue, você vê o Senhor da glória
dominando as situações. Sim, fase após fase,
estágio após estágio. Precisamos apenas dar um
ou dois exemplos.
Pedro na prisão, com seus pés amarrados e quatro
guarnições de soldados para guardá-lo, e as
portas interiores e exteriores da prisão
firmemente trancadas. Herodes tinha se
assegurado de que aquele homem não iria escapar!
Esta parece uma proposição um tanto difícil, não
parece? Eu duvido se teria sido possível para
qualquer homem ter libertado Pedro aquela noite.
A todo custo, todas as forças deste mundo
estavam determinadas no sentido de que ele não
pudesse escapar. Ele é o homem chave,
estratégico naquele movimento, assim, ele deve
ser mantido em segurança. Muito bem, tomem toda
precaução, toda medida, a fim de tornar tudo
seguro. Porém, o Senhor da glória tem outros
caminhos, e assim, um anjo chega e toca em
Pedro, que estava dormindo.
É maravilhoso que, quando o Senhor da glória
está no comando, você pode ir dormir, mesmo em
situações onde você será levado à execução no
dia seguinte! Você está numa cela individual, e
sabe que amanhã terá o mesmo destino que Tiago,
e será executado, mas pode ir dormir durante a
noite toda. Bem, é necessário o Senhor da glória
para permitir que você faça isso, de modo a
poder dizer: ’O Senhor tem a coisa em sua mão,
então eu vou dormir’.
Lembro-me de um homem que esteve aqui no oeste
nos tempos selvagens, muito tempo atrás. Ele
estava viajando e chegou a uma cabana, que
ficava num lugar perigoso onde ursos
perambulavam por toda a parte. Ele estava muito
cansado depois de ter viajado o dia todo, mas
achou que não podia entrar na cabana, que podia
apenas descansar debaixo do toldo do lado de
fora, assim, deitou ali. Ele pertencia ao Senhor
e, antes de descer, leu o salmo: “Eis que não
tosquenejará nem dormirá o guarda de Israel".
Disse: 'Bem, Senhor, não adianta nós dois
ficarmos acordados. Se Tu dizes que irá ficar
acordado a noite inteira, então eu vou dormir!'
E assim, ele foi dormir e teve uma ótima noite.
Isto é confiar no Senhor!
Pedro foi dormir e um anjo o despertou, quebrou
as suas cadeias e os seus grilhões, e disse:
'Levante-se e siga-me'. Eles deixaram os
guardas, a cela e as cadeias, e saíram pela
primeira porta, então pela próxima, até chegarem
fora dos portões, os quais se abriram por si
mesmos, e Pedro estava livre. Esta
circunstância, aparentemente tão adversa e
impossível, estava nas mãos do Senhor da glória.
E o que dizer sobre glória? Temos as cartas de
Pedro, escritas anos mais tarde, e são cartas
maravilhosas, não são? A vida de Pedro foi
maravilhosa, e muita riqueza chega até nós
através do ministério de Pedro nessas cartas.
Só mais uma coisa daquele livro de Atos. Estamos
em Filipos. Paulo e Silas chegaram, porque o
Senhor os tinha enviado para lá. 'Eles queriam
ir para a Ásia, mas foram impedidos pelo
Espírito Santo, e intentaram ir para a Bitinia,
mas o Espírito de Jesus não o permitiu’. Então,
imaginando o que significava aquilo - 'Por que
não nos foi permitido ir por este caminho, ou
por aquele?’ - Paulo, numa visão, viu um homem
macedônio e o ouviu dizer: “Passa à Macedônia e
nos ajuda." "E", disse Lucas, "concluindo que
Deus nos havia chamado para lhes anunciarmos o
evangelho" (Atos 16:10), navegaram e chegaram a
Filipos, muito certos de que o Senhor os tinha
enviado para lá – e a próxima coisa que souberam
foi que estavam num calabouço, com os pés
amarrados e com as costas sangrando após as
chicotadas.
Agora, o que você diz sobre isto? O que você irá
fazer sobre isto? Parece uma tremenda
contradição, e que um terrível engano havia sido
cometido. Estão eles dizendo: ‘Entramos em
confusão em relação à nossa orientação?’ Não!
Nem um pouco. Naquela condição eles estavam
cantando e louvando a Deus à meia-noite. O
Senhor da glória tem a situação nas mãos, e isto
é provado antes da manhã. Há um terremoto, os
prisioneiros são libertos, o carcereiro e sua
família foram batizados, e a igreja em Filipos
foi estabelecida.
O carcereiro e sua família estavam entre os
primeiros membros e eu não acredito que os
membros de sua família eram infantes! É dito:
"Eles lhes falaram a palavra do Senhor”, e você
não coloca um bebê inocente numa cadeira e prega
o evangelho para ele, ou ensina as coisas de
Cristo a ele. Eram pessoas inteligentes e
suficientemente adultas para entender o ensino e
a pregação de Paulo, e para aceitá-la, de modo
que foram todos batizados como pessoas
responsáveis.
Eles estavam entre os primeiros membros daquela
igreja; e nós temos esta linda carta vinda da
própria prisão de Paulo, escrita anos mais
tarde, quando ele estava em Roma. Nós não
iríamos sacrificar esta carta aos filipenses por
nada, iríamos? Ela é muito preciosa. Há o Senhor
da glória, como você vê. É o Livro dos Atos do
Espírito Santo, os atos do Senhor da glória,
pois Ele está no comando.
Penso se poderíamos crer nisto quando estivermos
em prisões, amarrados, com todas as coisas
contra nós, e estivermos tendo um tempo difícil!
Se pudéssemos sempre dizer: ‘O Senhor é o Senhor
da glória. Ele tem o controle disto e o fim será
glória!’ Bem, a coisa funciona desta maneira,
muito embora Ele tenha que nos dizer mais
adiante: ‘Ó, homem de pouca fé! Por que
duvidastes?’ Embora nós, diante da prova,
algumas vezes sentimos que não há nada de glória
na situação, ou em nossa condição, no final Ele
é fiel, e descobrimos que a glória é o fim dos
caminhos estranhos do Senhor. Ele é o Senhor da
glória, o que significa que Ele controla tudo
com glória à vista.
O ESPÍRITO DA GLÓRIA
Pedro chama o Espírito Santo de ‘Espírito da
glória’. Agora, o contexto é necessário como
pano de fundo deste título do Espírito Santo. Se
você ler a primeira carta de Pedro, irá ver que,
em grande parte, é sobre os sofrimentos do povo
do Senhor para quem ele está escrevendo. É dito
que ele está escrevendo “aos estrangeiros
dispersos no Ponto, Galácia, Capadócia, Ásia e
Bitinia, eleitos de acordo com a presciência do
Deus Pai”. Então, ele abre esta questão dos
sofrimentos dessas pessoas: “Amados, não
estranheis a ardente provação que vem sobre
vós para vos experimentar, como se coisa
estranha vos acontecesse”.
Há muito sobre sofrimentos do povo do Senhor
nesta carta de Pedro, e, quando mencionou os
sofrimentos, há duas coisas que ele associa a
isto: primeiro graça, e, então, glória; graça
resultando em glória. É de muita ajuda observar
como Pedro fala de graça, mas, infelizmente, em
nossa tradução, há lugares onde a palavra é
mudada, e a palavra ‘agradável’ é usada. No
capítulo 2:19 e 20 lemos: “Porque é coisa
agradável, que alguém, por causa da consciência
para com Deus, sofra agravos, padecendo
injustamente. Porque, que glória será essa, se,
pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se,
fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso
é agradável a Deus”. Porém, colocando isto
corretamente temos algo muito rico: "Porque isto
é GRAÇA, que alguém, por causa da consciência
para com Deus, sofra agravos, padecendo
injustamente. Porque, que glória será essa, se,
pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se,
fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso
é GRAÇA para com Deus". Graça, então glória.
No capítulo 5:10 Pedro diz: “E o Deus de toda a
graça, que em Cristo Jesus vos chamou à sua
eterna glória, depois de haverdes padecido um
pouco, Ele mesmo vos aperfeiçoará, confirmará,
fortificará e fortalecerá”. Através do
sofrimento por um pouco de tempo haverá graça
suficiente para nos fazer triunfantes. Graça
triunfante no sofrimento, isto significa glória.
Algumas vezes cantamos:
Jesus, Tua vida é minha, habite sempre em mim; e
me deixe ver que nada pode tirar a sua vida de
mim.
Isto veio da cama de um inválido! É alguma
coisa, não é? Bem, isto é o que Pedro está
falando a respeito – os sofrimentos, a ardente
prova, e, então, ele diz: 'Graça nisto significa
glória'. O Espírito da glória.
O Senhor nos ajude! Podemos dizer estas coisas,
e dizê-las cuidadosamente, com cautela, pois
podemos, assim, ser submetidos ao teste nestas
coisas que falamos. O Espírito da glória pode
pegar as coisas que poderiam nos destruir, que
poderiam ser a nossa ruína caso tivéssemos a
reação errada a elas, e transformá-las em
glória. Este sofrimento, esta reação, esta prova
pode significar glória. Paulo disse: "E, para
que me não exaltasse demais pela excelência das
revelações, foi-me dado um espinho na carne, a
saber, um mensageiro de Satanás para me
esbofetear, a fim de que eu não me exalte
demais; acerca do qual três vezes roguei ao
Senhor que o afastasse de mim; e ele me disse: A
minha graça te basta, porque o meu poder se
aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade
antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim
de que repouse sobre mim o poder de
Cristo.
Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas
injúrias, nas necessidades, nas perseguições,
nas angústias por amor de
Cristo.
Porque quando estou fraco, então é que sou
forte. Tornei-me insensato; vós a isso me
obrigastes; porque eu devia ser louvado por vós,
visto que em nada fui inferior aos demais
excelentes apóstolos, ainda que nada sou. Os
sinais do meu apostolado foram, de fato,
operados entre vós com toda a paciência, por
sinais, prodígios e milagres" (2 Corinthians
12:7-10).
O Espírito da glória pode pegar as nossas
provas, e fará isso, se confiarmos nEle, e
transformará as coisas das trevas, as coisas
difíceis, as coisas dolorosas, em glória. Isto
é, naquelas coisas que Ele irá nos levar para
encontrar o prazer de Deus, a satisfação de
Deus, e que coisa mais gloriosa poderíamos
desejar do que isto , do que ouvi-lo dizer:
“Feito está, servo bom e fiel. Entra no gozo do
teu Senhor”?
O Pai da glória, o Senhor da glória e o Espírito
da glória. Que o Senhor coloque estas palavras
em nossos corações!
FIM
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineibr@gmail.com
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