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MATURIDADE ESPIRITUAL
T. Austin-Sparks
Capítulo 1 - O Fundamento que é colocado
Ler: Rm 8.19,29; 1Co 3.1-3; 2Co
3.18; Gal 3.26,27; 4.6,19; Ef 1.5, 18-19;
3.18,19; 4.13; Fp 3.12-14; Cl 1.28; Hb 5.12-14;
6.1
Esta seleção de passagens é
suficiente para mostrar que o objetivo dominante
do Senhor para o Seu povo é o crescimento
completo, a medida completa de Cristo. Toda
carta apostólica tem em vista este objetivo, e
cada uma dessas cartas apostólicas trata com
algum fator relacionado ao crescimento pleno. Se
isto é verdade, então certamente cabe a nós,
como povo do Senhor, ter o Seu objetivo diante
de nós, e ser encontrado no mesmo espírito que o
apóstolo que disse: “… para que eu possa
alcançar aquilo para o qual fui alcançado por
Jesus Cristo”. A força desta declaração pode
não ter chegado aos nossos corações.
O apóstolo disse numa linguagem
clara e precisa que, quando o Senhor Jesus
lançou mão dele, foi para algo mais do que
apenas fazer dele um homem salvo. Foi em relação
a um objetivo com o qual estava associado a um
prêmio, e para isso devia haver uma conquista.
Ele disse que para ele todas as coisas apenas
tinham valor se o ajudassem a alcançar aquele
objetivo, e absolutamente nada tinha valor se de
alguma forma contribuísse para aquele fim. Assim
deveria ser o povo do Senhor, em todos os
tempos, plenamente voltado para o propósito para
o qual foram alcançados.
Em todo lugar na Palavra de
Deus, Sua vontade para o Seu povo é declarada
como sendo este: que eles deviam chegar à medida
completa, ao pleno crescimento, à medida de
Cristo.
Um Fato de Grande Significado
A mim me parece que o Novo
Testamento presume este crescimento, ao longo da
linha da expansão, isto é, o acrescentamento à
Igreja vem por meio do aumento espiritual na
Igreja ao longo da linha do crescimento
espiritual entre o povo do Senhor. Digo, parece
ser presumido, pois é uma coisa muito
impressionante que o Novo Testamento esteja tão
amplamente ocupado com isto. O fato de que todas
essas cartas - cada uma delas - foram
endereçadas aos cristãos com um objetivo, o do
crescimento espiritual, e muitos deles
incorporaram a atual palavra ‘pleno crescimento’
(freqüentemente traduzido na Versão Autorizada
como ‘perfeição’ ou ‘perfeito’), não significa
que a igreja cessou de ser um instrumento de
evangelismo. Eles prosseguiram com a sua obra em
relação aos não salvos, porém, o fato é que
muito pouco é realmente dito sobre isto, e o
que temos aqui como registro tem tudo a ver com
o próprio crescimento espiritual da igreja.
Isto é tremendamente
significante, e sua significação é de grande
importância para o povo do Senhor. Parece que a
igreja quase esqueceu disso. Num círculo muito
considerável há uma grande preocupação com o
lado evangelístico da vida e da obra da igreja -
uma preocupação justa e própria, e jamais
deveria ser menos do que isso, talvez sempre
mais - porém, muito freqüentemente e tão
largamente o pano de fundo daquela obra é
desprezada, principalmente, o ministério da
edificação e do ensino. O resultado é que a
igreja está buscando se mover para fora, a fim
de suprir a situação do mundo com fontes
espirituais inadequadas, e é muito fraco em face
das dificuldades, e os resultados são de tal
caráter que dificilmente são uma expressão do
real poder de Deus e da plenitude de Cristo.
É para que você e eu possamos
chegar a reconhecer isto que o Senhor colocou
diante de nós em Sua Palavra uma quantidade
esmagadora de evidências e provas de que o Seu
objetivo principal para os Seus filhos é o
crescimento pleno, e que cada filho de Deus
devesse ter isto sempre diante de si. Deveríamos
estar preocupados com a maturidade espiritual, e
deveríamos dar a ela o seu lugar em nossos
corações, em nossas considerações, tal qual ela
evidentemente ocupa no coração do próprio
Senhor. Nós nos referimos a fragmentos nas
cartas de Paulo, que apóiam esta questão do
pleno crescimento espiritual, mostrando que esta
é a vontade do Senhor para o Seu povo. Dissemos
que cada uma daquelas cartas apostólicas trata
de algum fator que está diretamente relacionado
com aquele Divino propósito, o pleno
crescimento. Não iremos tentar percorrer todas
as cartas neste momento, mas iremos dar um
início, na medida em que o Senhor nos capacita.
Iremos sentir algo daquilo que Paulo sentia
quando escreveu essas cartas, ‘... admoestando a
todo homem, e ensinando a todo homem, para que
possamos apresentar todo homem perfeito
(crescido plenamente, completo) em Cristo.’
Cristo é a Nossa Justiça
Vamos olhar por um instante para
a carta aos Romanos neste mesmo sentido.
Lembramos das palavras que estão no capítulo 8,
versos 19 e 29. Esta carta aos romanos coloca o
fundamento para toda a obra do Senhor em Seu
próprio povo, e em relação a este fim que Ele
tem em vista, e que está governando tudo o que
Ele tem pra dizer a eles, e para fazer com eles.
Esta carta providencia o fundamento sobre o qual
o Senhor pode seguir adiante com Sua obra, no
aperfeiçoamento dos Seus santos. Perguntamos:
Qual é este fundamento? Sabemos qual é o tema da
carta aos Romanos, o objetivo para o qual o
apóstolo a escreveu. Sabemos que a sua
extraordinária verdade é aquela da justiça pela
fé, ou, como é algumas vezes chamada,
justificação pela fé.
Qual, então, é o assunto de tal
fé? Nesta carta a fé é colocada como aquilo
através do qual somos trazidos para o terreno
que o Senhor está na ressurreição. Ele
‘ressuscitou para a nossa justificação’. Cristo
na ressurreição providencia a base da nossa
justificação e justiça. Na morte Ele tratou de
toda a injustiça, e conseqüentemente de tudo
aquilo que estava alienado e separado de Deus,
que significava condenação, julgamento e morte.
Tendo tratado com tudo isto na morte, na
ressurreição o terreno está limpo de tudo
aquilo. Foi tratado o pecado e de todas as suas
conseqüências, até o fim, e na ressurreição, o
caminho de Deus é aberto, e há justiça onde
havia injustiça, comunhão onde havia alienação,
companheirismo onde havia distância. Cristo na
ressurreição é a base da nossa justiça, e a fé
no Senhor Jesus é aqui mostrada para ser aquilo
pelo qual somos trazidos para o terreno que
Cristo está: a ressurreição, e, assim, a relação
com Deus é estabelecida no Cristo Ressurreto, e
é estabelecida inabalavelmente. Este é o
glorioso assunto deste capítulo, como você
observa.
Queremos obter a força total das
palavras no final do capítulo 8. Os versos 35 a
39 devem ser considerados em conjunto com os
versos 31 a 34. Agora, você vê que esta base
inabalável, esta união inseparável, esta vida
indestrutível é por causa do que o Senhor Jesus
realizou em Sua morte e ressurreição, e daquilo
que Ele é à mão direita de Deus. Penso que pode
haver tempos quando ficamos hesitantes em citar
essas palavras ao final de Romanos 8. Tivemos um
pouco de tremor interior quando ensaiamos dizer
essas palavras e seguintes> ‘...nem a morte, nem
a vida...’ imaginando se estávamos sendo um
pouco impertinentes, um pouco ousados; ou ao
mesmo tempo não poderíamos ser colocados à prova
e descobrir que, afinal de contas, que o nosso
uso das palavras não era diferente da afirmação
confiante de Pedro - ‘Seguir-te-ei até a morte’
- teríamos dificuldade na declaração. Confesso
que isto foi verdadeiro quanto a mim, porém hoje
estou alegre em dizer que não há necessidade de
hesitação. Há um fundamento que foi colocado e
fixado, inabalável na morte e ressurreição do
Senhor Jesus. Este fundamento é a expressão do
amor de Deus em Cristo Jesus para mim; não o meu
amor por Ele, não alguma coisa que eu tenha
feito ou possa fazer, não é algo que está em
mim, ou que eu possa produzir, mas é tudo aquilo
que Ele é, que Ele fez, que Ele tem dado, e que
Ele tem estabelecido em Sua própria Pessoa à
destra de Deus.
Isto é amor Divino, e isto foi
feito para ser colocado sobre você e sobre mim
‘a quem Ele conheceu de antemão...’. Ele fez
tudo isso em relação a nós, a coisa está
terminada, e não há qualquer poder no universo
de Deus que possa alterar isto, que possa
mudá-lo, que possa abalá-lo. É algo que Deus
fez. É uma manifestação do Seu próprio amor em
Cristo, o qual nada na criação pode tocar, e
isto está ligado com a eleição de Deus. Por
isso: ‘Quem intentará acusação contra os eleitos
de Deus?’ Este capítulo alcança o ponto onde
temos colocado fé em Deus neste terreno. Esta fé
nos traz para o terreno do Cristo Ressuscitado,
e isto significa que não há um ser que possa
nos acusar. Que posição!
Você pode encontrar muitas faltas
em mim. Eu posso encontrar algumas faltas em
você. Podemos ver muitas coisas que ainda são
nossas imperfeições, porém, você não pode me
condenar e me separar do fundamento de minha
justificação. Você pode encontrar todas as
faltas que possam ser encontradas, e pode
continuar a fazer isto para o resto de sua vida,
porém, você não pode abalar o fundamento da
minha justificação diante de Deus, você não pode
tocar aquela posição de minha experiência com
Ele. O sangue de Jesus Cristo estabeleceu e
ratificou isto para sempre. Se você puder
remover Jesus Cristo de Seu lugar à destra de
Deus, então você pode destruir o fundamento da
minha salvação, da minha justificação, mas você
não pode fazer isto. Está fixado no Céu, Nele.
Estar Firmemente Arraigado No
Fundamento Essencial para o Pleno Crescimento
O Senhor coloca isto como nosso
fundamento. É uma garantia que é nossa através
da fé pela graça de Deus. Esta é a mensagem da
carta aos Romanos. A graça de Deus para nós em
Jesus Cristo provê tal fundamento que ninguém
pode nos acusar, ninguém pode nos condenar. Não
há qualquer poder neste universo que possa
causar distúrbio naquilo que Deus fez para nós
em Cristo. A Palavra nos diz para assumirmos o
nosso lugar em fé em relação a isto. Não diga:
‘Oh, as provas, as dificuldades, as
adversidades, os sofrimentos; a vida, a morte,
os principados, e todas essas coisas!
Elas realmente fazem tal
diferença para nós. Elas vêm sobre nós. Elas nos
afetam, e nos perturbam, e chegamos a sentir que
não amamos tanto ao Senhor como O amávamos
antes, que não estamos mais em comunhão com o
Senhor como uma vez já estivemos, e sentimos que
as coisas mudaram. Mas isso não é verdade. Você
e eu devemos chegar confiantemente ao lugar onde
reconhecemos que Deus não muda, é sem variação,
e que na obra de sua Cruz a nossa salvação não
irá se mover um milímetro; ela está tão firme
quanto o Seu trono.
A nossa salvação descansa neste
fundamento, e a fé deve se agarrar a isto.
Então, somos capazes de dizer: ‘Se Deus é por
nós...’ e Ele é por nós desta forma. Oh, a
maravilha daquela palavra, ‘...Deus...por nós!’
Ele entregou o Seu Filho por nós, e com Ele nos
deu todas as coisas. Através da Sua Cruz Ele nos
justificou de todos os nossos pecados, nossas
iniqüidades, e em Seu Filho Ele nos vê sem
pecado, perfeitos! Ele diz: Agora, se tão
somente você deixar a sua fé descansar nisto, e
não se mover da sua fé para o seu próprio
fundamento do que você é em si mesmo, mas
permanecer firme, o poder de Satanás é destruído
em sua vida, e não há nada neste universo que
possa impedir você de alcançar o Meu objetivo.
Nada que se levante, seja a vida,
ou seja, a morte, ou as coisas presentes, ou as
coisas futuras, ou a altura, ou a profundidade,
ou sejam os principados, ou qualquer outra
criatura - nada neste universo pode impedir você
de alcançar o Meu objetivo, se você mantiver os
seus pés neste fundamento pela fé. Isto é um
fundamento para Deus, e Ele jamais poderá nos
levar para algum lugar até que tenhamos chegado
à esta posição.
Você sabe quão verdade isto é,
que, se houver alguma questão, alguma incerteza,
alguma variação em qualquer um de nós em algum
momento, nós estagnamos, e Deus para, o Espírito
de Deus não pode seguir em frente. Enquanto
cremos em Deus Ele prossegue, não importa com o
que Ele precise lidar. Isto equivale a dizer o
seguinte: Nós iremos crer em Deus ou não? Se
não, então podemos abandonar tudo, pois tudo
depende disso, se vamos crer em Deus.
Agora aí está o fundamento para a
fé. O crescimento pleno repousa sobre este
fundamento. Você não faz nenhum progresso em
direção ao propósito de Deus até que o
fundamento seja colocado. É importante
permanecermos sobre o firme fundamento de Deus.
Vamos buscar alcançar esta posição. É uma
palavra para crentes, e mais do que nunca uma
palavra para hoje, que possamos chegar ao lugar
onde reconheçamos que Deus é totalmente isento
de variação. Naturalmente, há algumas pessoas
que não variam muito, mas há outras que conhecem
todas as variações de sua vida natural; as
variações dos sentimentos, as variações dos
pensamentos, as variações que chegam através das
circunstâncias ao redor deles.
Encontramos a nós mesmos
grandemente influenciados pela maneira como
somos fisicamente, ou pelas circunstâncias, ou
por qualquer outro motivo; em variação de humor,
em diferentes estados, pela forma como pensamos
espiritualmente. Variamos, algumas vezes de dia
para dia, senão de hora para hora. Deus não é
assim. A obra de Deus não é assim. O que Deus
realizou em Seu Filho por meio da Cruz e da
ressurreição não é objeto de influências de
mudança; ela permanece, ela está firme. Deus
tomou esta atitude. Ele não varia. Se tão
somente voltássemos e reconhecêssemos que Deus é
um Deus de graça infinita, que a graça foi
demonstrada até ao extremo, e ela é imutável! Se
a deixarmos, isto não faz nenhuma diferença para
ela. Ela é a mesma. Nós voltamos e encontramos
Deus simplesmente lá onde O deixamos. Ele não se
moveu nem um pouquinho.
Isto não é dito para justificar a
fraqueza, mas para nos trazer a certa posição
estabelecida em relação à graça de Deus. Tudo é
por meio de Sua graça, por causa de Sua graça, o
amor de Deus que está em Cristo Jesus nosso
Senhor. Se nos mantivermos aí, Deus pode
prosseguir com a Sua obra. Pleno crescimento?
Sim, quando você fundamentalmente crê em Deus,
quando você confia em Deus, e quando a sua
confiança está no fundamento daquela perfeita
justificação que Ele tem dado, todos os
obstáculos no caminho de Seu pleno propósito são
removidos. A carta aos romanos fala disso. O
fundamento é colocado em fé para todo propósito
de Deus, e, após isto, você se move em direção
ao edifício. As outras cartas têm a ver com os
fatores do crescimento pleno quando o fundamento
é colocado.
Capítulo 2 - Espiritualidade
Leitura: 1 Coríntios 2
Passamos agora para a primeira carta aos
Coríntios, e você irá notar que o ponto na
carta, marcado pelo capítulo 3, começa com a
definida afirmação de que o problema em Corinto,
o inclusivo problema, era a imaturidade
espiritual. Eles eram crianças, quando já era
tempo de eles terem deixado a infância. Este era
o problema em Corinto.
O Homem de Deus Formado Espiritualmente
Assim, toda a carta trata das causas da tão
atrasada maturidade, e daquilo que é o fator
básico para tais pessoas com relação ao
crescimento espiritual. Podemos desde já dizer
que fator é esse. Ele é a chave para toda esta
carta: a ‘espiritualidade’. Sendo a chave
para esta carta, é, portanto, em todas essas
circunstâncias, a chave para o crescimento
pleno. A espiritualidade é, naturalmente,
colocada em contraste com a carnalidade. A
espiritualidade é essencial para o pleno
crescimento. O segundo capítulo está repleto
tanto do fato quanto da necessidade. Se
perguntarmos o que é espiritualidade, este
capítulo irá responder dizendo para nós que ela
é uma vida completamente governada, ensinada,
iluminada e conduzida pelo Espírito Santo.
É justamente aí onde precisamos reconhecer uma
diferença. Aqui não é uma questão do Espírito
Santo, como uma pessoa objetiva, ou como poder,
vindo e, por assim dizer, colocar a Sua mão
sobre nós e nos dizer coisas e nos fazer virar,
e nos dar a direção. O que o apóstolo claramente
mostra nesta parte de sua carta é que é o tipo
de pessoa que somos. Ele fala neste capítulo de
dois tipos de pessoas, um que ele chama de
natural, ou homem almático, e o outro é o homem
espiritual; um, o homem que é governado em todo
modo por sua própria alma, o outro que é
governado pelo Espírito Santo através do seu
espírito, e por isso, torna-se um homem
espiritual, em contraste com o homem almático.
Assim que, o homem espiritual aqui é um tipo de
pessoa, e este tipo de pessoa possui
particulares e peculiares tipos de capacidades,
poderes, habilidades. Ele possui faculdades que
não são possuídas pelo outro tipo de homem, o
homem almático, o homem natural; ele é, por
isso, suprido com capacidades as quais levam
você para muito além da escala do homem natural,
em compreensão, em conhecimento, em
entendimento, e também em realização.
Este ponto deve ficar muito claro, porque certas
pessoas têm um tipo de mentalidade que para
alguém ser totalmente governado pelo Espírito
significa que o Espírito Santo de alguma maneira
faz toda a mudança de direção, governando e
dirigindo
quase que objetivamente, como que do lado de
fora. O homem espiritual não é aqui representado
como estando nesta posição, absolutamente, mas
pelo contrário, como tendo sido constituído um
tipo de ser no qual o Espírito Santo está. Ele é
constituído um homem espiritual de inteligência
espiritual, que é capaz, pelas faculdades e
dotações espirituais, a fim de chegar a um
maravilhoso conhecimento do próprio Deus, a uma
comunhão com o próprio Deus. Isto é
espiritualidade, e este é o âmago do pleno
crescimento.
É maravilhoso como a ordem cronológica dessas
cartas é inteiramente disposta em favor da ordem
espiritual. Em Romanos você tem o fundamento da
justiça pela fé; então vem 1 Coríntios, e é como
se você fosse direto para o coração da Pessoa em
questão, e O colocasse numa posição, você começa
a constituir algo Nele, a fim de edificar Nele.
De modo que você descobre que é uma questão
agora de ter sido colocado em Cristo pela fé;
Cristo está em você, e este é o começo de tudo,
e é para Cristo ser plenamente formado. E este é
o significado de espiritualidade.
Isto é visto nesta carta, e do contrário, aquela
carnalidade é uma marca de imaturidade, e, mais
do que isto, é um impedimento para o progresso
espiritual. Com isto você caminha através da
carta e vê as muitas marcas da carnalidade, as
quais são as marcas da imaturidade. Podemos
anotar algumas delas, e isto irá nos ajudar a
chegar a um entendimento do que a
espiritualidade é realmente.
Seis Marcas Da Carnalidade, Visto Em 1 Coríntios
1) Inclinando-se para a sabedoria natural
Aqui nos capítulos 1 e 2 especialmente, você vê
que a carnalidade é uma inclinação para aquilo
que é natural, sendo governada pelo que é
natural, aquilo que é de valor segundo a própria
estimativa natural do homem. Esses coríntios
evidentemente tinham uma grande admiração pela
sabedoria humana. Eles estavam em um centro da
sabedoria humana, e a vida nacional deles era
muito marcada por esta admiração de homens. Eles
estavam naturalmente muito ocupados em buscas
filosóficas e especulações, de modo que isto era
parte da própria natureza deles.
Era peculiar aos coríntios estar sempre se
inclinando na direção da superioridade da
sabedoria humana, e os cristãos de Corinto
estavam evidentemente cedendo a esse tipo de
coisa. Nós ainda somos grandemente influenciados
pela força, pelo poder da sabedoria humana - e,
naturalmente, isto carrega poder consigo! Para
os coríntios, conhecimento era poder. Esta era a
filosofia de vida deles. Quanto mais
conhecimento humano você possui, mais você
alcança uma posição de ascendência nesta vida. É
algo que coloca você numa posição de vantagem. O
conhecimento humano é uma base de vantagem real
para o sucesso neste mundo.
O apóstolo dá alguns golpes bastante duros nessa
coisa natural, e ao mesmo tempo carnal. É algo
natural, porém, quando entra na vida de um
crente, ela é uma coisa carnal. O carnal é algo
mais real do que o natural. Nós somos aquilo que
somos por natureza, mas quando você começa a
adotar aquilo que somos por natureza no campo
daquilo que somos por graça, e faz algo de
natural no terreno na graça, então você se torna
carnal: e isto é mal. Assim, esses dois
capítulos estão amplamente ocupados com um
tremendo descortinar da absoluta tolice daquilo
que esses crentes estavam glorificando, e a
absoluta fraqueza daquilo, absolutamente.
Conhecimento? Poder? Obter vantagem neste mundo?
Muito bem! O mundo em sua sabedoria, e na
sabedoria que ele chama de seu poder, crucificou
o Senhor da glória. O que você pensa disso? Eles
fizeram isto cegamente. Isto é ignorância!
Não vamos seguir esta linha. Nós a indicamos
porque ela nos mostra um estado de mente. Era a
apreciação de valores de acordo com os padrões
naturais e mundanos, e eles foram influenciados
por isto, e isto para eles foi carnalidade, e,
portanto, imaturidade. Foi um impedimento ao
crescimento espiritual deles. Agora, à exceção
da coisa em si, o princípio é este, que uma
inclinação para o que é natural, e, assim se
inclinando para aquilo, fazendo dele um fator em
nossas vidas como filhos de Deus, é uma marca da
infância espiritual, infantilidade, imaturidade;
porém, além disso, é um impedimento real para
tudo mais.
Você pode dizer que não é necessário enfatizar
isto entre o povo de Deus hoje, mas eu não estou
certo disso. Você sabe, tão bem quanto eu, que
isto é uma das faltas do coração humano em
princípio. Podemos estar perfeitamente
convencidos que os coríntios estavam todos
errados, e que Paulo estava perfeitamente
correto, que foi uma completa tolice para este
mundo sábio crucificar o Senhor Jesus, uma idéia
completamente falsa de conhecimento, de força:
bem, podemos estar bastante convencidos disto, e
pode ser que não caiamos completamente desta
maneira, porém, em princípio isto é encontrado
em todos nós.
Há uma tremenda tentativa de se conquistar um
caminho para o Evangelho, para Cristo, para a
vida cristã por meio de ser até mesmo como o
mundo em alguma maneira. Um homem jovem, por
exemplo, pensa que se ele tiver algum treino
esportivo, e suas realizações no mundo esportivo
forem conhecidas, que ele pode usar isto como
vantagem para ganhar pessoas para Cristo. Assim
ele age, e ele assim o faz para ganhar o
respeito, a estima, a atenção das pessoas, e, de
certa forma, ele está o tempo todo indo para o
campo deles, pensando que irá ganhar convertidos
desta forma.
É esta mesma coisa em princípio. Se os homens
puderem ser vencidos apenas ao longo desta
linha, não vale apenas ganhá-los; você não irá
conseguir a coisa certa. O único terreno sobre o
qual um homem pode ser realmente salvo é sobre o
terreno da necessidade do seu próprio coração, e
reconhecida por ele, que ele virá a Cristo como
uma questão de vida e de morte. Se ele tiver que
ser ganho por meio de você colocar alguma coisa
que faça um apelo a ele em seu próprio terreno,
haverá uma permanente fraqueza em sua vida
cristã. Sejamos cuidadosos no sentido de que até
mesmo em nossa impaciência não façamos nenhuma
concessão, não entremos no terreno natural, o
que para nós seria pura carnalidade. Esta é a
experiência dos coríntios; não vão além da
infância, os padrões dos homens, o valor mundano
das coisas; sabedoria, e poder, e coisas
semelhantes.
Esta foi a primeira coisa em toda esta questão
de espiritualidade. Espiritualidade não tem nada
a ver com isto. O que Paulo realmente quer
dizer? O que ele diz, em efeito? Ele diz: Afinal
de contas, vocês podem ir aos homens, com toda a
sabedoria mundana de vocês, e tentar ganhá-los
para Cristo, porém, o homem natural não pode
compreender as coisas do espírito de Deus; ele
trabalha sob uma proibição absoluta. Antes de o
homem poder entender as coisas do Espírito de
Deus, ele tem que nascer de novo, e ser um homem
espiritual bem no início de sua nova vida.
Ele deve possuir algo que nenhum homem fora de
Cristo possui. Você está numa posição sem
esperança caso tente entrar em seu terreno: ‘nós
recebemos não o espírito do mundo, mas o
Espírito que provém de Deus; para que pudéssemos
conhecer o que nos é dado gratuitamente por
Deus.’ (1 Co 2.12). Esses coríntios tinham o
espírito do mundo, e estavam tentando ser
cristãos com o espírito do mundo; por isso eles
eram limitados em sua compreensão, em seu
entendimento, e permaneceram como bebês que
jamais tinham chegado a qualquer tipo de
conhecimento pessoal. Tudo o que tinham era
aquilo que lhes havia sido dito.
2) Preferência nas áreas naturais
A próxima fase desta carnalidade é vista no
capítulo 3 e capítulo 4. Lá você tem preferência
em áreas naturais. Esta é outra fase, ou forma,
da inclinação na direção daquilo que é natural.
Uns dizem: Eu sou de Paulo; outros dizem: Eu sou
de Apolo; e outros dizem: Eu sou de Pedro; e
outros dizem: Eu sou de Cristo. O apóstolo lida
drasticamente com isto nesses dois capítulos. A
carnalidade é colocada como este tipo de coisa
onde você se inclina na direção de suas
preferências entre os homens, entre
ensinamentos. Eu gosto de Paulo como homem! Eu
gosto de Apolo como homem! Eu gosto da linha de
ensino de Paulo! Eu gosto da eloqüência de
Apolo! Eu gosto da linha de Pedro! Aqueles
cristãos estavam, de acordo com as suas
preferências naturais, seletividade nas áreas
naturais, dividindo os servos do Senhor e o
Corpo do Senhor.
Quem será corajoso o suficiente para dizer que
ele mesmo nunca caiu nesta falha? É muito
natural ter tais preferências. Isto geralmente
significa que temos que colocar algo pra morrer
dentro de nós a fim de ouvir algumas pessoas, a
fim de ter alguma coisa a ver com elas. Temos
que lidar com nós mesmos e dizer: Eu devo
descobrir se não há alguma coisa lá que é do
Senhor, e fechar por enquanto os meus olhos para
aquelas outras coisas que ofende. É muito
natural dizer: Eu gosto desta e desta forma, e
eu iria a qualquer lugar para ouvir isso e mais
isso, porém, quanto a aquele homem, eu não posso
caminhar com ele absolutamente. Isto é
carnalidade. ‘Pois havendo entre vós invejas e
ciúmes, não sois porventura carnais? E não
caminhais segundo os homens? Pois quando alguém
diz: Eu sou...’ - Oh, nós não precisamos ir mais
adiante! Este é o coração da questão, ‘ EU’.
Deve ser ‘Não eu, mas Cristo’. Há alguma coisa
aqui nesses homens? É isto que devemos procurar.
O vaso pode me incomodar, pode algumas vezes
dar-me maus momentos, porem minhas inclinações
naturais não são importantes em tais questões,
absolutamente; isto para mim é carnalidade. Isto
é normal para algumas pessoas que não professam
ser do Senhor, mas para mim é carnalidade, é
trazer alguma coisa do natural para o campo
espiritual, e fazer dela a coisa dominante.
Espiritualidade significa que eu estou em busca
daquilo que é de Cristo, não importa em qual
vaso ele seja trazido a mim. Novamente é
claramente visto na Palavra de Deus que, não
tivessem os homens considerados os meios pelos
quais Deus foi a eles, teriam eles perdido a
benção, e alguns chegaram perigosamente perto
disso, e alguns perderam a perderam.
Israel perdeu a benção por causa desta mesma
razão. Eles se escandalizaram com o Homem Jesus
Cristo. ‘Não é este o carpinteiro?...’ Tivesse
Ele sido algum glorioso potentado do Céu eles
teriam recebido a mensagem! Vamos tomar cuidado.
Deus nos prova muitas vezes em relação à
realidade do nosso coração, para ver se estamos
firmados Nele, trazendo-nos uma grande benção
embrulhada num pacote bastante inaceitável.
Espiritualidade é o contrário de se inclinar
para as seleções naturais, gostos e desgostos.
Se você e eu desejamos prosseguir para o pleno
crescimento, esta é uma das coisas que tem que
ser reconhecida e com a qual precisamos lidar. É
simplesmente um caso de colocar de lado nossa
vida natural nos interesses espirituais. Tal
como uma oportunidade que nos é dada no dia a
dia. A espiritualidade é determinada por meio de
até onde estamos dispostos a ser conduzidos.
3) Falta de Sensibilidade Moral
Passamos para o capítulo 5. É um capítulo
terrível. A carnalidade é aqui mostrada a nós
numa deficiência de sensibilidade moral. Não
vamos nos ater a isso, contudo não devemos
ignorá-lo. A espiritualidade deve resultar numa
sensibilidade moral numa forma tal que haja uma
poderosa reação em nós contra essas tendências
do natural que estão lá em baixo no sentido
moral.
Não estamos falando sobre não ser tentado. Todos
são tentados. O simples fato de que carregamos
conosco uma natureza que não está completamente
expurgada das raízes e fibras do pecado e da
queda, constitui um terreno no qual a tentação
vem à nós. Não há pecado na tentação. Algumas
vezes pode haver alguma fraqueza; podemos estar
mais abertos por várias motivos à fraqueza mais
do que em outras ocasiões, porém o ponto é este,
que a espiritualidade representa em nós uma
revolta e uma reação que, na presença da
fraqueza moral, ela se opõe, reage contra
aquilo.
Esta é a obra do Espírito Santo em nós,
fazendo-nos espirituais. Em Corinto não havia
apenas aquela pessoa que defraudou (não vamos
julgar ninguém), mas o que o apóstolo estava
preocupado a respeito era que na assembléia não
havia sensibilidade suficiente para lidar com
aquilo, e ele tinha que escrever a eles uma
carta forte, a fim de trazê-los para terrenos
morais, para purificar a assembléia.
Eles realmente não o fizeram até que Paulo
praticamente os fez fazê-lo. Havia uma baixa e
inadequada sensibilidade sobre a assembléia; não
havia uma medida suficiente de espiritualidade
para reagir violentamente contra aquilo, e
dizer: Estamos impuros, devemos expurgar isto;
devemos nos purificar; devemos ficar diante de
Deus sem julgamento nesta questão. Eles não
fizeram isto; eles o toleraram, permitiram que
aquilo continuasse.
Não estamos aplicando isto em nenhuma assembléia
no momento, porém, apenas estamos dizendo que
espiritualidade significa uma forte reação
contra o encorajamento de alguma coisa impura.
Eu não sei quão necessário possa ser dizer uma
coisa como esta. Há várias formas de baixo senso
moral, mas numa pessoa espiritual, numa
assembléia espiritual, haverá algo que reage
contra aquilo, na conversa, em movimento de
qualquer tipo. A espiritualidade levanta para um
nível mais alto. Aquilo, novamente, então, é
carnalidade, e nenhum indivíduo ou assembléia do
Senhor poderá crescer até a plenitude de Cristo
sem esta sensibilidade espiritual que se sente
mal na presença de qualquer perda moral.
4) Um Espírito de
Dissensão
Não iremos nos estender sobre este assunto, mas
observamos que Paulo, no capítulo 6, faz
referência a este tipo de carnalidade que se
revela a si mesma cometendo uma injustiça a
alguém, e, então, tentando obter o direito
alheio por meio de um tribunal humano. Ele
começa falando de litígio no verso 1, porém
deixa isto para trás e prossegue, e diz que
essas pessoas estão roubando umas as outras.
Qualquer tipo de litígio perante o mundo, ou na
igreja, tem que ser sanado livrando-se desta
injustiça de um para com o outro. Que baixo
nível entre o povo do Senhor é revelado quando
um rouba o outro.
Há mais de uma forma de se roubar o povo do
Senhor, mas é o princípio que está em vista, a
falta em se reconhecer os direitos dos filhos do
Senhor. Se é errado para um filho de Deus
defender os seus direitos, e de lutar por eles,
é igualmente errado que os direitos do povo do
Senhor sejam ignorados ou roubados. Há uma honra
de um para com o outro, e aquilo de que Paulo
fala em outro lugar, uma busca pelo o que é do
outro, e não pelas suas próprias coisas; isto é,
levar em consideração que os outros também têm
direito de serem honrados, de serem respeitados.
Parece que o espírito aqui em Corinto era aquele
de indivíduos buscando levar vantagem, até mesmo
à custa de outro irmão. É o espírito da coisa
que é o problema por detrás de tudo.
Espiritualidade seria justamente o contrário
disto, que até mesmo se alguém estivesse errado,
a pessoa não iria brigar por seus direitos,
especialmente perante o mundo. Espiritualidade
significaria, numa assembléia ou entre o povo do
Senhor, e da parte de cada indivíduo, um mútuo
reconhecimento e ter em honra porque - como
Paulo fala - somos membros uns dos outros,
membros do Corpo.
Eu gosto da sabedoria do Espírito Santo através
de Seu servo Paulo, como toda esta questão é
conduzida para o capítulo 12. Apenas imagine um
membro do Corpo de Cristo recorrer à lei contra
outro membro do mesmo Corpo! Que sentido haveria
em uma mão lutar contra a outra mão, ou em meu
punho atacar outra parte do meu corpo? Esta é,
talvez, uma maneira grosseira de colocar a
coisa, porém Paulo agora coloca a questão desta
maneira e diz: Vocês são todos membros de um só
Corpo, vocês são todos interdependentes, você
não pode agir sem o outro, e aquele membro que
recorre à lei não está fazendo outra coisa senão
roubando a si mesmo.
É muita tolice, sem sentido, muita fraqueza!
Todas essas coisas são evidências de um nível
pobre de vida espiritual. A espiritualidade irá
se mostrar em se reconhecer o valor de cada
membro, e não em causar mal a ele, respeitando e
honrando aquele membro, por causa da necessidade
dele. Nós precisamos uns dos outros, e,
portanto, é a mais completa infantilidade, num
sentido espiritual, estar em discórdia com o
outro. A espiritualidade jamais irá tolerar
isto. Se agirmos conscientemente desta maneira,
nossa atitude em relação a outro filho de Deus
voltará sobre nós mesmos, e se tornará nossa
atitude para com nós mesmos. É assim que Deus
ordena, porque o Espírito Santo é o Espírito que
governa e dá equilíbrio a todo o Corpo.
Penso que não há área na qual as leis de Deus
operem mais imediata e diretamente do que no
Corpo de Cristo. ‘Aquele que semeia na carne, da
carne colherá corrupção; porém, aquele que
semeia no Espírito, do Espírito colherá vida
eterna’. ‘Aquilo que o homem semear, isto também
ceifará’. Dentro da Igreja de Deus, essas leis
operam de maneira imediata e direta. A
espiritualidade leva tudo isto em consideração e
diz: Não vou prejudicar o meu próprio
crescimento espiritual fazendo mal a outro
membro de Cristo; não vou perder aquilo que Deus
tem para mim, falhando em reconhecer que o outro
também deve ser ajudado em relação ao que Deus
tem para ele.
5) Falhar em discernir o corpo
Nos capítulos 10 e 11 encontramos a falta de
discernimento do Corpo do Senhor. Está tudo
envolvido na longa discussão de coisas
oferecidas a ídolos, e aquele ponto onde uma
coisa termina e começa a outra. A Mesa do Senhor
nos dias apostólicos não era como a nossa Mesa
do Senhor. Nós nos reunimos para a Mesa do
Senhor e há uma coisa muito distinta; não há
engano quanto ao que ela representa. Nos tempos
apostólicos eles tomavam as suas refeições
juntos, e, num certo momento da refeição, eles
paravam e adoravam, e, para este propósito,
tomavam da mesma refeição que estavam comendo e
bebendo; eles transformavam a refeição ordinária
em uma adoração corporativa do Senhor. O
apóstolo aqui diz: ‘Vocês podem entrar famintos
à refeição, e sentar e comer apetitosamente, sem
esperar uns pelos outros, e, em assim fazendo,
confundirem as coisas e fazer com que aquilo que
representa o Corpo de Cristo e o Sangue do
Senhor se transforme numa festa de satisfação de
seus próprios apetites. Nós não estamos na mesma
posição para cair na mesma armadilha, porém, há
um princípio ligado a isto sobre o qual o
Senhor, através dos Seus apóstolos, põe o Seu
dedo.
Coisas terríveis resultaram disso na igreja de
Corinto: por esta causa muitos estão doentes, e
alguns já dormem. Havia este outro elemento,
como observamos, que grande parte do que eles
estavam comendo e bebendo na forma ordinária já
tinha sido oferecido a ídolos nos templos, e
eles não estavam discernindo. Porém, o princípio
básico é o seguinte, que aquele pão e aquele
cálice falam de duas coisas. Primeiro, eles
falam da aliança com o Senhor, na qual tudo em
nossas vidas é para o Senhor, e na qual o Senhor
é tudo para nós; nós saímos, e o Senhor entrou,
e para nós Cristo é o centro da esfera, o único
objetivo das nossas vidas.
Esses dois elementos também falam do seguinte:
Que o Corpo de Cristo, a Igreja, ocupou o seu
lugar em nossos interesses como aquele que o
amor de Cristo está colocado, até mesmo na
morte. ‘Cristo amou a Igreja, e Se entregou a Si
mesmo por ela’. É a Igreja de Deus, que Ele
comprou com Seu próprio sangue’. Novamente, está
escrito: ‘Maridos, amem as suas esposas, como
Cristo também amou a Igreja, e Se entregou a Si
mesmo por ela; para santificá-la, tendo-a lavado
por meio da água pela palavra, para apresentá-la
a Si mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha ou
rugas, nem qualquer outra coisa...’
A atitude dos crentes em relação a Igreja deve
ser a mesma atitude de Cristo. Espiritualmente é
isto que, por um lado, dá a Cristo o Seu lugar
sobre tudo que é pessoal, e nos capacita a
subordinar todo aos interesses Dele. Havia uma
falha nesse sentido em Corinto, e uma inclinação
à gratificação pessoal, ao invés de se gloriar
no Senhor. Espiritualidade é justamente o
contrário disso, e assim, espiritualidade é uma
marca de crescimento. Nós jamais chegaremos ao
pleno crescimento se estivermos governados por
nossos apetites naturais.
Então, por outro lado, espiritualidade é marcada
pelo amor a todo o povo do Senhor. Em Corinto,
novamente, havia falha em se reconhecer o amor
de Cristo por Sua igreja. A atitude deles de uns
para com os outros era, portanto, tudo menos
aquela atitude de Cristo pelos Seus, e assim,
eles não discerniam o Corpo, como representado à
Mesa do Senhor. Paulo diz: ‘O pão que partimos
não é a nossa comunhão no Corpo de Cristo? Visto
que nós, embora sejamos muitos, somos um só pão,
um só corpo: pois todos nós participamos de um
único pão’. A Mesa do Senhor é o Corpo em
representação. Devemos reconhecer que o objeto
do amor de Cristo é a Sua Igreja, e ter o mesmo
amor pelos Seus filhos, como Ele teve. Vamos
colocar de uma maneira mais simples. Uma vida
espiritual verdadeiramente grande é marcada por
uma grande devoção pelo povo do Senhor, pelo
Corpo de Cristo, em oposição à uma medida
indevida de individualismo.
6) O desejo de dons espirituais para fins
pessoais
A última marca da carnalidade que iremos
observar é aquela que é mencionado no capítulo
12, em relação aos dons espirituais. É estranho
que que este assunto devesse aparecer no campo
da carnalidade e imaturidade espiritual, contudo
ele assim o faz. Não entendo como podemos nos
desviar do fato, se honestamente lermos este
capítulo, que o apóstolo estava tratando desta
mesma questão dos dons espirituais do mesmo
ponto de vista que estava tratando outras coisas
em Corinto. Qual era o problema? É um que talvez
pensamos que não precisamos temer. A primeira
parte do capítulo 12 indica onde estava o
problema. Não podemos nos ater aos versos 1-3,
para considerá-los em detalhe, porém, há muito
lá que deveríamos considerar, para o nosso
próprio bem.
Julgando apenas pela aparência: esses coríntios,
antes de terem eles ido para o Senhor, eram
pagãos a ponto de estarem ocupados com
espiritismo, e, no espiritismo (geralmente dito
‘espiritualismo’) há um definido sistema de
imitação da atividade do Espírito Santo. O
espiritismo, como conhecemos hoje, pode produzir
o falar em línguas, e todas as outras coisas,
tais como poderes, milagres, e assim por diante.
Todo o sistema aqui é imitado no espiritismo.
Creio que o espiritismo irá ser o grande aliado
do Anticristo, o imitador de Cristo, e do
Espírito Santo, e por isso muitos serão
enganados. O paganismo desses coríntios é visto
por eles serem levados para os ídolos mudos, e,
associado à adoração de ídolos, havia
manifestações espirituais, e eles ficavam sob um
‘falso espírito santo’ (se é que podemos usar
este termo). O grego é notável aí, e está
perfeitamente em conformidade com a idéia de vir
sob um poder espiritual, de modo que você age e
fala como que debaixo de um controle. O apóstolo
está aqui usando isto em relação às pessoas que
estão sob o controle de um poder. Se você está
sob o controle de um espírito mal, você não irá
dizer: ‘Jesus é o Senhor’. O espírito maligno
não irá dizer isto.
A questão é a seguinte, que não havia entre
essas pessoas em Corinto uma distinção clara
entre espiritismo e o Espírito Santo. Aqui você
chega ao cerne do problema. Eles tinham estado
na coisa falsa, e agora chegaram a algo
verdadeiro, e não estavam distinguindo. Por que
eles não estavam distinguindo? Porque eles
estavam muito preocupados com experiências,
manifestações, demonstrações, sensações, com
aquilo que é evidência aparente de algo. Isto é
um perigo. O perigo é o de ter necessidade de
uma experiência, de uma prova, de uma sensação.
Isto é carnalidade, e você irá confundir o
Espírito Santo com espiritismo caso não seja
cuidadoso ao longo desta linha, e multidões
estão fazendo isto. O Diabo está conseguindo a
sua vantagem nesta direção em muitas pessoas.
Elas pensam que é o Espírito Santo quando é uma
coisa falsa, simplesmente porque elas desejam
algo. É por isto que o apóstolo aborda tão
firmemente esta questão. Ele diz em efeito:
‘Sejam cuidadosos; não coloquem as coisas em
seus lugares errados; não dêem importância a
coisas que não são tão importantes como vocês
pensam. Falar em línguas não é tão importante
como vocês querem que seja. É um dos menores
dons.’
Você entende a questão? Você tem que reconhecer
o significado desses três primeiros versos no
capítulo 12. Foi deficiência em distinguir entre
o verdadeiro Espírito Santo e o falso.
Então, quanto ao resto do capítulo, vemos a
partir do verso 12 ao verso 27 que eles não
estavam reconhecendo a relação dos dons. Esta é
a proteção, reconhecer isto. Há os dons reais,
verdadeiros, do Espírito Santo; não iremos
desprezá-los por causa dos falsos dons. Ao mesmo
tempo temos que ter equilíbrio, temos que ter
compreensão espiritual, sabedoria espiritual
sobre este assunto. Os coríntios estavam tomando
as coisas como pessoais, numa forma destituída,
individual, e fazendo algo deles, porque aquilo
era uma experiência maravilhosa: e com eles tudo
terminava aí. Por que Paulo escreveu toda esta
seção sobre o Corpo de Cristo, e por que ele
entrou neste assunto tão vividamente? ‘Há
diversidade de dons, PORÉM (agora vem a correção
- todo mundo está se gloriando naquela fase da
diversidade que chegou a eles) é o mesmo
Espírito...’ ‘Há diversidades de ministérios,
PORÉM, é o mesmo Senhor...’ ‘Há diversidades de
operações, PORÉM, é o mesmo Deus que opera tudo
em todos’. Você precisa pesar cada fragmento - é
‘o mesmo Deus quem opera todas as coisas’ em
todos os membros, em todo o Corpo - ‘A um é dada
a manifestação do Espírito PARA UM FIM
PROVEITOSO’.
Então, quando você tiver enumerado os dons, você
chega a esta declaração: ‘Assim como o corpo é
um... assim também é o Cristo.’ O artigo é
usado aqui. Você tem o cerne das coisas. Dons
espirituais? Sim! Para que? Para eu me gloriar,
para ficar gratificado, para falar sobre a minha
experiência? Ah, este é o teste. Está todo o
Corpo sendo beneficiado? Está sendo o Senhor
glorificado? Está tudo isso cooperando em prol
do crescimento mútuo? Esta é uma questão
corporativa, não um assunto individual,
absolutamente. Se você dissociar os dons da sua
real finalidade, você desvia o propósito, e o
propósito é a edificação de todo o Corpo e o
crescimento mútuo. Qual é o resultado em
Corinto? Eles tornaram toda essa questão de dons
em algo individual, pessoal, sem relação, onde
eles próprios se gloriavam. Eles chegaram
perigosamente próximo do pecado mais terrível,
fracassando em distinguir entre o espiritismo e
o Espírito Santo, tudo por causa do seu desejo,
do seu amor por algo que lhes trouxesse um senso
de satisfação, de prazer a eles mesmos, de
gratificação própria. Isto é carnalidade. Isto é
imaturidade.
Tudo isto pode estar numa medida instrutiva e
iluminadora, porém, você percebe quão fortemente
esta carta fala sobre a necessidade de uma real
espiritualidade, e o que significa
espiritualidade. Espiritualidade não retém coisa
alguma do Senhor para si mesmo, e nunca torna
algo do Senhor em base de seu prazer e
gratificação pessoal. Espiritualidade coloca
tudo em relação a todos os santos, ao aumento de
Cristo. A espiritualidade não vê valor algum em
algo dissociado disso. Assim, o apóstolo
prossegue com seu corretivo. Duas coisas
sobressaem quando você considera toda esta
carta.
O Homem Natural Colocado Completamente de
Lado na Cruz
Primeiramente, de início, a cruz põe totalmente
de lado o homem natural. ‘Nada me propus saber
entre vós, a não ser Jesus Cristo, e este
crucificado’. Paulo agia sobre o princípio da
cruz quando ele disse: ‘Estive entre vós em
fraqueza e muito tremor’. Naturalmente não havia
nada em Paulo, tivesse ele desejado prosseguir
nessa base, isto o teria feito estar entre os
irmãos de qualquer outra forma, menos em
fraqueza, temor e tremor. Mas ele estava agindo
no princípio da cruz. Ele diz que isto foi feito
deliberadamente desta forma, a fim de que a fé
daqueles irmãos não se apoiasse na sabedoria dos
homens, mas no poder de Deus. O que aqueles
irmãos precisavam conhecer era a diferença entre
o poder, a sabedoria, e tudo aquilo que é
natural, e o verdadeiro poder de Deus no
Espírito Santo. A cruz põe de lado toda vida
natural, e abre o caminho para a espiritualidade
e para o crescimento pleno.
A Essência da Espiritualidade é o Amor
Segundo, quando tudo foi dito, a essência da
espiritualidade é o amor (capítulo 13). ‘Ainda
que eu fale a língua dos homens (vozes terrenas)
e dos anjos (línguas não conhecidas entre os
homens, linguagem celestial), e não tiver amor’
- Sou eu uma pessoa muito espiritual?
Absolutamente! - Fiz eu um grande progresso na
vida espiritual? Absolutamente! Eu sou o que?
‘Sou como o bronze que soa, ou o sino que
retine.’ Uma total falta de espiritualidade,
muito embora você possa falar em línguas. Paulo
escreve a palavra ‘nada’ sobre uma grande
quantidade de coisas que poderíamos naturalmente
pensar serem muito importantes: fé para remover
montes, oferecer o corpo para ser queimado, e
assim por diante - ele escreve ‘nada’
sobre cada uma dessas coisas. Essas coisas não
têm qualquer valor em si mesma; elas têm valor
no seu devido lugar, em sua conexão, porém, se
forem sem amor, não têm qualquer valor. A
essência da espiritualidade não são os dons, é a
graça. Nós não iremos escolher entre dons e
graça, entre dons e amor. Esta não é a questão,
absolutamente. O apóstolo não tem a intenção de
que tomemos a seguinte atitude: Oh, bem, dê-me
amor; eu não quero dons. Abrirei mão de todos os
dons se você tão somente me der o amor. Paulo
está tentando deixar claro que essas coisas em
si mesmas podem ser usadas carnalmente. Para que
possam realmente alcançar o objetivo que Deus
atribuiu a eles (aos dons), devem eles ser
usados espiritualmente, e a essência da
espiritualidade é o amor. O amor cobre tudo.
Voltemos para o princípio agora, e comecemos
novamente: divisões, cismas, lascívia, todas
essas coisas vão embora quando entra o amor.
Assim, ele termina assim: ‘A graça do Senhor
Jesus e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito
Santo seja com todos vós’. É disso que vocês,
coríntios, precisam. Sem dúvida alguma o
apóstolo resume tudo naquilo que chamamos de a
‘Benção Apostólica’.
Capítulo 3 - O Caminho para o Conhecimento
Divino
Le r 2 Cor. 3; Rom. 8:19,29; 5:17-19; 3:12;
4:6; Gen. 2:17; 3:4-7.
Nessas passagens você tem as partes de uma
maravilhosa revelação. Primeiramente, há um
pensamento e uma intenção de Deus: Seu Filho,
Sua imagem, Sua plenitude; o padrão, o modelo, a
completude. Então, você tem aí crentes
conformados à imagem do Filho de Deus, e toda a
criação trazida à existência em relação a este
propósito, seu significado e objetivo encontrado
na intenção de Deus em relação a Seu Filho, e a
conformidade do homem à Sua imagem. De modo que
toda a criação é, por assim dizer, colocada pra
girar em torno de um único propósito: o homem à
imagem do Filho de Deus.
Vida e Luz
Duas coisas se tornaram os grandes princípios e
fatores dominantes pelos quais o propósito foi
realizado; a primeira é a vida, e a outra é a
luz. ‘Deus que ordenou que a luz brilhasse em
nossos corações’, plantou a árvore da vida,
acessível ao homem, e uma árvore de luz (a
árvore do conhecimento do bem e do mal) que,
enquanto o homem estava sob provação, foi
mantida longe dele, sob uma proibição. É bom
lembrar que a verdadeira luz somente vem ao
longo da linha da obediência da fé. Não era que
Deus estivesse retendo o conhecimento essencial
ao homem, mas estava testando o homem em relação
à sua fé Nele, e quanto à sua obediência de fé.
Nós vimos como as coisas se procederam. O homem
cessou numa certa altura de crer e obedecer a
Deus, e, em vez disto, creu e obedeceu no
adversário de Deus, e a incredulidade e a
desobediência do homem foram na direção de
possuir conhecimento e luz para os seus próprios
objetivos e glória, para que ele pudesse ter um
lugar de glória, de poder e sabedoria em si
mesmo, e se tornar algo. Quando você reconhece
isto, você chegou ao coração de tudo, pois Deus
nunca teve a intenção de que o homem tivesse
isto em si mesmo, mas somente em Seu Filho. A
glória e a sabedoria, o conhecimento e o poder,
tudo está ligado a Seu Filho Jesus Cristo, e
nunca separado Dele. O homem tentou possuir tudo
isso em si mesmo, de modo que ele pudesse se
tornar independente do Deus do universo. Assim,
ele buscou por luz e conhecimento, por glória
pessoal e poder, e exaltação. O resultado foi
morte imediata. ‘No dia em que comeres
certamente morrerás’. Não houve adiamento das
coisas. A morte apareceu naquele mesmo dia, e a
evidência da morte daquele dia em diante é a
cegueira, a escuridão e a ignorância; exatamente
o contrário daquilo que eles almejaram. Até
mesmo quando chegamos a Israel no deserto, na
presença de uma grande revelação da glória de
Deus, lemos que suas mentes estavam
endurecidas, e que o véu estava sobre os seus
corações; e aquele véu permanece.
Tudo isto, naturalmente, é um plano muito bem
elaborado, um plano para derrotar Deus em Seu
propósito, frustrá-lo em Seu objetivo, frustrar
a realização de Sua intenção a respeito de Seu
Filho. A história deste mundo é a história de
uma rivalidade entre o Filho de Deus e Satanás;
o Divino propósito fixado em Cristo. O Divino
propósito atacado por Satanás, e o ataque sempre
direcionado contra o Filho de Deus, revelando
que o grande objetivo de Satanás é tomar o lugar
que Deus deu a Seu Filho. Assim, isto é apenas
uma estrutura defensiva daquele plano, daquele
artifício maligno.
Agora chegamos a esta segunda carta aos
Coríntios. Ela tem uma experiência tremenda, e
você irá ver quão grande é o seu significado e
valor. Oh, quanto há por trás desta carta. Aqui
está um homem dedicando tempo a sua
correspondência espiritual, escrevendo para os
crentes uma carta pessoal, e, na medida que ele
escreve, o Espírito de Deus o leva para o tempo
da eternidade passada, para dentro do conselho
de Deus, tocando lá no fundo, em poderosos
elementos do drama das eras. Quando você lê a
carta pela primeira vez, parece um montão de
coisas pessoais ditas por um homem a alguns
amigos, porém, se você se estender sobre ela,
meditar, ela se expande e se expande, e você
descobre que é levado diretamente para o coração
de Deus antes dos tempos eternos, e através das
eras passadas até a cruz do Senhor Jesus, e, a
partir da cruz, através desta dispensação, e
continuando até a consumação de todas as coisas.
Tudo isto está numa simples carta.
Chegamos, então, a esta carta, e após alguns
contatos, surgem esses grandes pensamentos de
Deus. Começamos com o verso tão bem-conhecido,
no capítulo 5: ‘Portanto, se alguém está em
Cristo, aí há uma nova criação: as coisas velhas
se passaram, e eis que tudo se fez novo’.
(verso 17). Aqui Deus é visto começando tudo
novamente. A criação se desviou de seu caminho.
Seu curso foi parado, o propósito de Deus na
criação foi interrompido, ela se extraviou. A
criação está ligada a um propósito Divino,
porém, mesmo se no caminho deste Divino
propósito ela não perdeu o estímulo daquele
propósito, embora ela tenha se extraviado, ela é
como uma pessoa dentro de quem está um gemido, a
fim de fazer o retorno. ‘Toda criação geme e
se angustia...’ Por quê? ‘... aguardando
pela manifestação dos filhos de Deus’. A ardente
expectação da criação’ ainda está ligada ao
propósito de Deus. Esta criação se desviou. O
propósito de Deus não pode ser desviado, e,
portanto, deve haver uma nova criação, e isto em
Cristo Jesus.
‘Deus que disse: Que a luz brilhe nas trevas...’
(Voltamos para a criação.) Para qual propósito
foi isto? Que Seu Filho, a plena e expressa
imagem de Seu pensamento e intenção para o
homem, pudesse dar caráter à raça humana, para
que pudéssemos ser conformados à essa imagem.
Deus disse que a luz devia brilhar nas trevas, e
este foi o Seu primeiro ato em direção a este
propósito. Agora aqui você salta exatamente para
dentro desse propósito, sem qualquer intervalo
de tempo, ou de eras: ‘...brilhou em nossos
corações, a fim de nos dar a luz do conhecimento
da glória de Deus na face de Jesus Cristo’.
Você tem todo o propósito e intento Divino, e o
Divino objetivo, alcançado em Jesus Cristo. Há
uma nova criação, uma criação com um propósito,
que é conforme à imagem do Filho de Deus. Como
isto é alcançado? Por meio da Vida. Sublinhe
cada ocorrência da palavra ‘vida’ nesta segunda
carta aos Coríntios. Você ficará surpreso com o
número de vezes que aparece esta palavra, e você
irá perceber que é sempre vida a partir da
morte. O apóstolo está falando muito de sua
própria experiência. ‘Nos desesperamos até
mesmo da vida’. Ah, sim, mas havia um
objetivo em Deus tê-lo levado a esta
experiência. Qual foi o objetivo? ‘...para
que não confiássemos em nós mesmos, mas em Deus
que ressuscita dos mortos.’ ‘Levando por
toda a parte o morrer de Jesus, para que a Sua
vida também seja manifestada em nossa carne
mortal’. A vida opera em você como o
resultado de nossa morte! Há muito mais sobre a
vida vinda a partir da morte com o qual não
iremos nos ocupar neste momento. Então, há luz
nas trevas: vida e luz em relação à nova
criação, com este objetivo em vista,
conformarem-se à imagem do Filho de Deus.
Todos esses elementos estão bem claros, e você
pode colocá-los juntos. Nosso propósito é trazer
isto para uma aplicação precisa.
O Propósito de Deus e a Sua Realização
Primeiramente, a intenção de Deus: Alcançar a
medida plena de Cristo como o padrão de Deus. É
nos dito que ‘A quem dantes conheceu, a este
também predestinou’ para o seguinte
objetivo: ‘a fim de ser conformado à imagem
de Seu Filho, a fim de que Ele possa ser o
primogênito dentre muitos irmãos’.
Segundo, o caminho para a sua realização. O
apóstolo resume tudo em uma única coisa central
na criação, dando à criação o seu significado e
valor, principalmente, a revelação de Jesus
Cristo em nós.
Agora compreende o movimento. Em Romanos a
comunhão com Deus é novamente assegurada através
da obra de Cristo em Sua Cruz; a justiça que é
pela fé. Aqueles que estavam separados,
distantes, alienados por causa do pecado e das
más obras, pelo sangue de Cristo são trazidos
para perto, e a união com Deus em Cristo é
estabelecida; libertação de tudo aquilo que
tinha vindo para frustrar o propósito Divino,
libertação do velho homem: ‘Miserável homem
que sou, quem me livrará do corpo desta morte?
Graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor’.
Assim, a comunhão é renovada e estabelecida por
meio da fé na base da justiça.
Na primeira carta aos Coríntios, vemos um homem
habitado pelo Espírito Santo, dotado com
capacidades espirituais, a fim de conhecer as
coisas de Deus. Como o apóstolo diz: ‘Não
temos recebido o espírito do mundo, mas o
Espírito que é de Deus, para que possamos
conhecer as coisas que nos foram dadas por Deus’.
Isto é capacitação, autorização, isto é
faculdade para conhecimento espiritual, para as
coisas espirituais. Agora isto é o que deve
ocorrer neste homem. Qual é a coisa principal
que deve ser o objetivo daquelas faculdades?
Para que foram dadas tais faculdades? Elas foram
dadas para uma compreensão de Jesus Cristo. Tudo
se resume numa palavra: que, para se alcançar o
objetivo de Deus, para se chegar à plenitude de
pré-ordenação segundo a Sua presciência, deve
existir aquela revelação interior de Jesus
Cristo, a qual está constantemente se
expandindo. Todo crescimento está ligado com
isto, e assim, o apóstolo baseia todo o seu
argumento sobre este único ponto,
principalmente, que ‘Deus brilhou em nossos
corações, para dar a luz ao conhecimento da
glória de Deus na face de Jesus Cristo’. Tomo
aquela frase ‘a face de Jesus Cristo’
para dizer que Jesus Cristo é a imagem, ou o
retrato, do pensamento glorioso de Deus. É
apenas uma palavra figurativa, que não significa
realmente o Seu semblante. A face é a
representação: é um homem. O conhecimento da
glória de Deus está na face de Jesus Cristo, e
isto tem que chegar a nós por revelação. Cada
milímetro de terreno no progresso espiritual que
você e eu iremos cobrir, todo pequeno avanço no
crescimento espiritual estará sobre a base de
alguma revelação fresca de Jesus Cristo em
nossos corações - não de verdade em nossas
mentes, mas revelação da pessoa em nossos
corações. Deus ligou todas as coisas à pessoa de
Seu Filho, e não pode haver luz, nem
conhecimento e nem vida que leve ao propósito de
Deus separado da revelação de Jesus Cristo.
Assim, progresso espiritual, aumento espiritual
somente se resolve com a revelação de Jesus
Cristo em nossos corações pelo Espírito Santo,
de modo que, na medida em que prosseguimos,
somos capazes de dizer: ‘Estou vendo cada vez
mais daquilo que o Senhor Jesus é, e quem Ele é
no pensamento Divino, e ver isto para mim é
expansão, é aumento, é força, é vida, é poder’.
A Prova da Experiência
Você vê o apóstolo tomar uma ilustração. Ele nos
leva de volta para Israel em Horebe, e nos fala
de Moisés indo para o Monte, de ele ter recebido
a lei, e da glória sendo demais para que eles
olhassem, de modo que Moisés teve que colocar um
véu sobre a sua face. Ele lia uma lei que em si
mesma estava em glória, fora dada em glória e
acompanhada de glória, embora uma glória que
estava desvanecendo. Qual foi o efeito? A lei,
como dissemos, foi escrita pelo dedo de Deus,
foi acompanhada de glória, foi uma revelação da
mente Divina para o Seu povo. Tudo era muito
maravilhoso; ela falava de Deus, tinha todos os
acompanhamentos do céu com ela: mas qual foi o
efeito? Morte! Condenação! Aquela mesma geração
pereceu no deserto, e jamais chegou ao propósito
que Deus tinha fixado para ela. Deus tinha
falado sobre uma terra de onde fluía leite e
mel, com plenitude. Este era o Seu pensamento,
Sua intenção, Seu propósito. Ele fez aliança com
eles, a fim de lhes dar a terra. Então, veio a
revelação de Seu plano quanto à forma por meio
da qual eles poderiam alcançar o propósito e a
intenção de Deus em relação a eles, porém eles
pereceram no deserto e nunca alcançaram a terra.
Por quê? Porque não somente havia um véu sobre a
face de Moisés, mas havia um véu sobre os seus
corações. Eles não tinham os olhos dos seus
corações iluminados. Eles não tinham recebido o
espírito de sabedoria e revelação no
conhecimento Dele.
O apóstolo toma isto e vai imediatamente para a
questão da nova criação, e diz: ‘As coisas são
diferentes agora; não há necessidade de que
alguém pereça no deserto hoje. Aqui está a tão
grande vantagem que garante o propósito de
Deus’. O que é? Não é alguma coisa apresentada a
você em sua impotência e incapacidade, mas uma
revelação dada dentro de você, Cristo que é a
intenção plena de Deus revelada no seu interior.
Não é algo objetivo para o qual estamos indo; é
Cristo dentro de nós, a esperança da glória. Não
é algo no qual temos que nos esforçar dia após
dia, mas uma realidade interior. Cristo é
revelado dentro, e, quando você O vê, você está
na terra. Você entra em contato direto com o
propósito de Deus. O que resta? Apenas que
aquilo que está dentro de você deve estar se
expandindo dia após dia, crescendo, aumentando,
até que Cristo (como coloca o apóstolo) seja
plenamente formado em você, e você não mais O
percebendo de uma maneira objetiva, mas, pelo
Espírito Santo em seu próprio coração, ver o
Senhor Jesus de forma crescente, sendo nós
transformados de glória em glória à mesma imagem
do Filho de Deus. Tudo isto depende do seguinte:
‘Deus... que brilhou em nossos corações...’ Deus
transformou agora todo o seu propósito em algo
interior pelo Espírito Santo. Quão perto nós
estamos do propósito Divino. Quão maravilhosa é
a possibilidade de alcançar o propósito de Deus.
O apóstolo diz aqui, em efeito: ‘’Este é o
fundamento de todo o nosso ministério. Nós não
estamos falando a partir de um livro; não
estamos como Moisés, lendo a partir de livros de
pedra; não estamos simplesmente recitando algo
que Deus escreveu; estamos agora vivendo algo
que Deus fez no interior’. Isto é ministério.
‘Nós temos este ministério’. Isto é algo que vem
do interior.
Agora vamos ver quão longe nós temos, para fins
reais e práticos compreendido o valor disto.
Vamos começar do início. Você consegue realmente
associar-se a si mesmo com estas palavras: ‘Deus
brilhou em nossos corações, a fim de nos dar a
luz do conhecimento da glória de Deus na face de
Jesus Cristo’? Você pode colocar de outra
maneira, caso queira, se isto parecer tão
maravilhoso. Você realmente pode dizer: Eu
conheço o Senhor Jesus de uma forma viva dentro
do meu coração? Então, você possui toda a
plenitude resumida nisto, e tudo o que você
precisa para alcançar o propósito de Deus é
descobrir o que você possui; não procurar que
Deus lhe dê mais, mas que Deus revele a você o
que você possui em Cristo, o que Cristo é. Há
tanta plenitude em Cristo que irá levar muito
mais tempo do que toda a vida que você pudesse
dispor aqui nesta terra para descobrir algo
realmente de valor, comparado com aquilo que
Cristo é. Estou muito certo de que um efeito
deixado sobre nós de um conhecimento crescente
do Senhor Jesus irá nos fazer sentir que apenas
estamos o tempo todo na margem das coisas. Não
importa quanto tempo possamos viver, estamos
apenas na margem das coisas. Tenho certeza de
que isto é verdade no caso daqueles que estão
descobrindo algo mais do Senhor Jesus. Posso
dizer que a minha mais recente descoberta do
Senhor trouxe-me para o lugar onde desejei tê-Lo
conhecido antes. Isto quase lhe faz sentir que
você tem desperdiçado o seu tempo, quando você
obtém uma nova revelação do Senhor Jesus. E é
assim que sempre será. É uma coisa maravilhosa
ter uma revelação de Deus em Cristo em seu
próprio coração, e é uma coisa maravilhosa se
esta revelação está se abrindo, crescendo dia
após dia na medida em que você prossegue. Pode
crer que, embora isto possa parecer a você como
algo inatingível, isto foi planejado para ser a
maior e mais simples ajuda para você.
Vocês, jovens, têm um elevado padrão colocado
diante de vocês, a coisa toda parece tão imensa,
e tão difícil, que vocês se perguntam se algum
dia irão alcançá-la, e algumas vezes vocês,
talvez, sentem o peso disso tudo, e não sentem
que irão chegar lá. Agora vamos nos livrar de
todo este fardo, e de toda preocupação, e voltar
diretamente para o segredo de tudo o que Deus
planejou para vocês. É o seguinte: ‘Cristo em
vós, a esperança da glória’. Vocês já
desanimaram em alcançar esta glória? Bem, a
esperança da glória é Cristo em vós. Há
esperança. Se vocês olharem para a velha
criação, aquela velha criação da qual vocês são
uma parte, e que está em vocês, vocês desanimam.
Cristo em vós é a esperança da glória. Há uma
nova criação em Cristo Jesus. Se você tiver a
coisa básica, você tem a raiz da questão. Não
nos referimos a esta coisa da qual grande parte
das pessoas estão falando em seu modernismo,
sobre o Cristo em todo ser humano. Referimo-nos
aquele ato definido da fé em Cristo Jesus, e Sua
obra na Cruz, através da qual você O recebeu em
sua vida e, por isso nasceu de novo e se tornou
uma nova criação. Se isto aconteceu, e você sabe
que Cristo está em você, então você chegou à
raiz da questão. Tudo no propósito Divino
relacionado a isto é simplesmente uma questão de
você procurar conhecer o Senhor Jesus Cristo em
tudo que Ele é como a sua plenitude para cada
dia.
O Caminho da Descoberta
Quando você olha para a segunda carta aos
Coríntios, você percebe que ela começa outro
capítulo com esse assunto, e você enxerga aí o
próprio apóstolo Paulo, porque ele é mostrado
como um exemplo prático desta verdade. Você verá
o que está implicado quando falamos de aprender
a conhecer o que significa Cristo revelado no
interior. Veja este apóstolo, em quem Cristo
está, em quem Cristo foi revelado, levado para
dentro de determinadas situações, circunstâncias
experimentadoras, águas profundas, através de
muito sofrimento, e, na medida em que ele passa
por esta experiência, vejo que tudo aquilo que
ele podia considerar e estimar nele mesmo e
neste mundo, a fim de alcançar êxito, está
sucumbindo. Ele chega numa posição onde ele
mesmo não consegue mais avançar, e ele sabe
disso; ele não consegue dar nem mais um passo,
não consegue fazer mais nenhum outro esforço.
Embora este homem sempre tivesse agido na força
de sua própria vontade - e, você sabe, algumas
pessoas conseguem fazer muitas coisas através da
sua força de vontade, e penso que Paulo fez isto
algumas vezes - embora ele sempre tivesse agido
desta maneira, decidindo que faria algo, mesmo
que morresse na tentativa, ele chegou ao fim,
onde não mais podia fazer qualquer outra
tentativa, ele desesperou da vida. Então foi aí
que ele fez uma descoberta, que aquilo não era o
fim, mas o início. Quando ele chegou ao fim dele
mesmo, lá estava ‘Deus que ressuscita os
mortos’.
Ele descobriu Cristo dentro dele como Alguém
Ressurreto no poder da Ressurreição, e ao ter
feito esta descoberta teve um resultado
maravilhoso. Em que sentido? ‘Temos este
ministério’. Toda esta segunda carta aos
Coríntios é sobre o ministério. Qual é este
ministério? É o ministério da vida sendo
ministrado, a vida do Senhor Ressuscitado que
foi descoberto como vida, descoberto na hora da
morte. A energia da Vida Ressurreta de Cristo
foi descoberta na hora quando toda a energia do
apóstolo tinha chegado ao fim. Sim, a luz
daquela Vida Ressurreta brilhou sobre ele quando
ele estava numa encruzilhada, e não sabia que
direção seguir, e sentiu que estava aprisionado
e que não havia saída. Ele descobriu que o
Senhor tinha uma saída, o Senhor tinha caminhos
dos quais ele era completamente ignorante, o
Senhor sabia mais do que ele.
Fazer esta descoberta algumas vezes é bom. De
uma maneira ou de outra nós estamos sempre indo
contra o fato de que o Senhor conhece mais do
que nós, e conhece melhor do que nós. Isto é
descobrir o que Cristo é em você. É algo muito
prático. É algo para cada dia. Creia, o Senhor
está levando você e eu por um caminho com um
único objetivo (Oh, deixe isto ser escrito em
nossos corações!) de nos fazer descobrir que
Cristo nós temos; e quando O descobrimos, o que
Ele é para nós em cada circunstância, em cada
necessidade, em cada hora de desespero e
fraqueza, e incapacidade, isto é o aumento de
Cristo. Isto significa que algo mais do Senhor
tem se tornado nossa vida, e que este tipo de
coisa prossegue. É por isso que o Senhor nos
pressiona tanto, trata conosco desta forma. As
grandes descobertas foram feitas dentro das
maiores provas, e na mais profunda angústia de
coração. Nós saímos da prova com uma medida
maior do Senhor. É isto que constitui o
ministério, Paulo diz aqui. ‘Temos este
ministério’, e ‘Temos este tesouro em vasos
de barro...’ e isto é necessário, a fim de
que ‘a excelência do poder possa ser de Deus
e não de nós mesmos’. É tudo de Deus. Isto é
revelado em Cristo.
Tocamos meramente na franja de toda esta
gloriosa questão. Vemos que ‘a ardente
expectação da criação aguarda pela revelação’
disto que Deus está fazendo hoje em segredo. O
mundo não está vendo, e nós mesmos nem sempre
vemos o que Deus está fazendo em nós, mas haverá
um dia da manifestação. É o dia quando a
filiação é manifestada, e a filiação não é
simplesmente algum tipo de relacionamento formal
com Deus. A filiação é uma natureza
desenvolvida, uma semelhança produzida. O dia da
manifestação daquela semelhança com o Filho está
chegando, e toda a criação dará um grande
suspiro de alívio e dirá: Chegamos finalmente!
Capítulo 4 - O Incentivo à Maturidade
Ler: Rm 8:19,29; 1 Cor. 3:1-3; 2 Cor. 3:18; Gal.
3:26; 4:6,19.
Já temos salientado quanto há de ênfase e
urgência no Novo Testamento a respeito do pleno
crescimento espiritual. De fato, mais de noventa
por cento do Novo Testamento é endereçado aos
crentes com este mesmo propósito. Cada carta de
Paulo é uma forte exortação nesta direção, e foi
escrita especificamente para o aumento de Cristo
nos crentes, para que eles pudessem chegar ao
pleno crescimento, à estatura da plenitude de
Cristo.
Observamos que isto não é somente verdade num
sentido genérico, mas que toda carta do apóstolo
trata desta matéria do crescimento espiritual a
partir de um ponto de vista diferente, ou tem um
aspecto particular para se lidar com ela, que,
naturalmente, tem sua causa na situação
existente em diferentes lugares aos quais as
cartas foram enviadas.
Então começamos a considerar as cartas de Paulo
em suas relações com esta matéria, e chegamos ao
final da segunda carta aos Coríntios. Se o
Senhor permitir, iremos revisar em breve este
assunto, quando abordamos a carta aos Gálatas,
porém, queremos falar primeiro outra palavra
sobre a urgência desta matéria.
Por Que a Maturidade é tão Vital
Isto não exige que argumentos e evidências sejam
produzidos para convencer você que esta é uma
matéria de grande importância do ponto de vista
do Senhor. É quase impossível ler o Novo
Testamento e não conseguir ver que é para este
propósito que o Senhor está, por meio de Sua
Palavra, exortando os crentes de todos os
tempos, tornando perfeitamente manifesto que o
propósito do Senhor não é apenas a salvação dos
homens do pecado e do juízo. A grande ênfase do
Senhor é onde eles são salvos, e não de onde
foram salvos. Este é o propósito Divino que está
sempre dominando, e a chamada por Sua graça é de
acordo com o Seu propósito: ‘Conforme o
eterno propósito’. Devemos nos lembrar que a
salvação, do começo ao fim, em cada ponto, está
relacionada com o propósito Divino, com algo em
vista, e, a fim de alcançar isto que está em
vista no propósito Divino, um avanço com Deus
para uma espiritualidade plena é necessária.
É necessário novamente que se diga que ter
pessoas plenamente crescidas não é um fim em si
mesmo. O fim em vista é que tais pessoas possam
estar preparadas e capacitadas ao propósito para
o qual Deus as tem chamado. Nenhuma criança
espiritual, que está fora do seu tempo, quando a
sua infância já deveria ter terminado, pode
entrar no propósito Divino, e esta é a razão
porque há tremenda ênfase colocada sobre a
tragédia da imaturidade, quando deveria ser
diferente, e sobre a necessidade da maturidade.
É como que gemendo que o apóstolo escreve essas
palavras aos Coríntios: ‘E eu, irmãos, não
vos pude falar como a espirituais, mas como a
carnais, como criancinhas’. Agora, é
perfeitamente correto falar a crianças quando
realmente são crianças, mas quando já é tempo de
elas deixarem de ser crianças, é algo terrível
ter que continuar a lhes falar como tais.
De modo que devemos ver qual é o propósito de
Deus através da maturidade, antes de podermos
sentir o peso real e reconhecer a real
importância do pleno crescimento espiritual.
Qual é o propósito de Deus? Qual é este
propósito eterno para o qual nós fomos chamados
por meio de Sua Graça em Cristo Jesus? Há várias
palavras no Novo Testamento que são muito
significativas. Há a palavra ‘adoção’,
uma palavra muito mal entendida por nós, porque
ela significa algo completamente diferente em
nossa língua ocidental daquilo que ela significa
no Novo Testamento. Há uma outra palavra ‘filhos’;
e, novamente, uma outra palavra ‘herança’.
Se você olhar para essas palavras, descobrirá
que elas estão sempre relacionadas a algo em
particular. Elas estão relacionadas a uma
posição em relação às eras que estão por vir, e
esta posição é definitivamente declarada como
sendo o domínio sobre o mundo vindouro. Isto
domina tudo no pensamento de Deus. Você irá se
lembrar que no segundo capítulo da carta aos
Hebreus isto é clara e definitivamente
declarado: ‘...não foi a anjos que sujeitou o
mundo vindouro, de que falamos. Mas em certo
lugar testificou alguém, dizendo: Que é o homem,
para que dele te lembres? Ou o filho do homem,
para que o visites?... E o constituíste sobre as
obras de tuas mãos; o mundo vindouro irá
ficar sujeito ao homem, e é este homem
particular que é o objeto de Deus nesta
dispensação específica. É o homem corporativo em
Cristo; a Igreja que é o Seu Corpo, conformado à
imagem do Filho de Deus, o Primogênito entre
muitos irmãos. Assim, a carta aos Hebreus
continua a dizer que, em trazendo muitos filhos
à glória, o Autor da salvação deles foi tornado
perfeito através dos sofrimentos.
Os Gálatas e o Dia da Adoção
Isto nos trás direto para esta carta aos
Gálatas. Você irá observar nela que o apóstolo
Paulo coloca o foco sobre
Abraão, e resume tudo em relação a Abraão,
e em assim fazendo, amplia
tremendamente o nosso horizonte. Antes de tudo,
ele se livra de toda uma dispensação, a
dispensação dos Judeus, que se deu entre Abraão
e Cristo. Ele salta sobre ela, põe-na de lado, e
retorna para a dispensação universal. Ele diz,
em efeito: ‘Esta dispensação foi simplesmente
uma coisa local, uma coisa meramente temporal.
Ela veio, serviu a um propósito, e agora já foi
cumprida. Agora vamos voltar à Abraão, e estudar
as coisas aí. É onde elas começaram, e começamos
com Abraão. ‘Sabei, pois’, Paulo conclui,
‘que aqueles que são da fé são filhos de
Abraão’.
Você irá conhecer que há uma grande similaridade
entre esta carta e a carta aos Romanos. O
assunto é quase idêntico, o objetivo é o mesmo.
A carta aos Romanos é um completo tratado (se é
que podemos chamá-lo assim) sobre a questão da
lei e da graça. A carta aos Gálatas é uma
explosão fervorosa de justa indignação. O
espírito do apóstolo está inflamado pelo ultraje
contra a obra de Deus que está sendo perpetrada,
a qual iremos nos referir mais adiante. O
objetivo é o mesmo, e, se você voltar para o
quarto capítulo de Romanos terá esta notável
palavra: ‘Agora a promessa a Abraão de que
ele herdaria a terra...’ Você não tem tal
coisa registrada no Antigo Testamento. Nada no
Antigo Testamento diz que Deus fez promessa a
Abraão de que ele deveria ser o herdeiro do
mundo neste sentido. Paulo, em sua carta aos
Gálatas, trata de tudo ao longo da linha da
filiação, da adoção, herdeiros da promessa feita
a Abraão. Isto é herança. Quando você entende
isto, e reconhece o que isto significa, então
você atinge o ardente coração do apóstolo. Nós
não podemos entrar nesta carta a menos que
entendamos e reconheçamos o seu tremendo pano de
fundo. Em uma palavra, o que nos é apresentado é
o seguinte: Deus fez uma promessa a Abraão de
que ele herdaria a terra. A respeito disso,
somos informados que Abraão procurou por uma
cidade cujo construtor e edificador era Deus, e
encontramos Abraão rejeitando todas as cidades
deste mundo, escolhendo habitar em tendas com
Isaque e Jacó, que também eram os seus herdeiros
da promessa; repudiando este mundo e suas
cidades, porque ele procurava por uma cidade
cujo construtor e edificador era Deus, com a
promessa de que ele herdaria a terra.
Agora nós olhamos para o argumento do apóstolo
nesta carta aos Gálatas. Quem é judeu? Não é
aquele que o é naturalmente. Judeu é aquele que
está ligado à descendência de Abraão por meio da
fé. ‘Não às descendências’, diz o
apóstolo, ‘mas ao teu descendente, que é
Cristo’. O descendente de Abraão é Cristo. A
fé em Cristo constitui-nos descendentes de
Abraão. Uma das últimas sentenças desta carta
aos Gálatas se refere ao Israel de Deus, e,
falando sobre isso, temos a ‘Jerusalém que é
debaixo, que é escrava com os seus filhos, e a
Jerusalém que é de cima e é livre, que é a mãe
de todos nós’. Ele procurou uma cidade. Nós
somos descendência de Abraão pela fé em Cristo
Jesus, em relação a uma cidade, e esta cidade
irá governar o mundo. A Palavra de Deus deixa
isto muito claro, que a cidade celestial, a nova
Jerusalém, é a igreja, e, em toda esta
dispensação, a igreja é o objeto sobre o qual o
coração de Deus está voltado, a fim de que ela
possa governar o mundo vindouro. Este é o
propósito. Este governo requer um crescimento
espiritual pleno, e por causa da grandeza, da
seriedade e da importância do propósito eterno
de Deus quanto ao governo deste mundo, se de
coração você entrar nisto com Deus, você também
ficará inflamado como ficou o apóstolo, quando
descobrir que há coisas que estão trabalhando
insidiosamente contra o propósito de Deus nos
santos, para frustrar o crescimento espiritual.
Compreenda a extensão disso, e isso, então, irá
entrar em seu coração. Tudo que se coloca contra
o propósito de Deus deve provocar indignação,
com zelo intransigente, pois esta questão é
muito importante. É a nossa fidelidade a Deus. É
a nossa unidade de coração com o propósito de
Deus.
Deus possui um propósito precioso concernente ao
Seu Filho. Em Sua infinita graça, Ele nos chamou
em conformidade com este propósito. A realidade
daquilo que somos, como isto vem sobre nós tão
continuamente é talvez a coisa que mais nos
desencoraja em crer numa coisa como esta, porém
é verdade que eu e você, apesar daquilo que
somos, de nossa completa insignificância - ah,
mais do que isto, apesar de toda inimizade que
há em nós contra Deus por natureza, tudo que é
absolutamente contrário à natureza de Deus, toda
rebelião contra Deus por natureza, da qual somos
capazes sob provocação - somos, pela infinita
graça de Deus que veio sobre nós em Jesus
Cristo, chamados para governar o mundo vindouro,
para Deus, com Deus, em Seu Filho. Este é o
propósito. É isto o que Deus está buscando nesta
dispensação, este instrumento, este vaso para o
governo do mundo vindouro.
Quando você e eu reconhecemos o que a graça de
Deus é, a graça que encontra um caminho para o
nosso perdão, e para o nosso livramento do
julgamento, graça sobre graça, cada vez
crescendo mais até nos colocar no trono com Ele
mesmo, em concordância com a palavra que disse:
‘...se assentará comigo no meu trono, assim
também como eu venci e me assentei com meu Pai
em seu trono’; tal graça sendo sentida em
nossos corações certamente nos faria
intensamente zelosos por Deus e profundamente
fieis a Ele. Certamente se nós sentíssemos esta
graça, nossa atitude seria: ‘Oh, se alguma coisa
ousar tocar no propósito de Deus, no interesse
de Deus, naquilo que é mais querido ao coração
de Deus, eu não irei me associar com isto, irei
mostrar que estou completamente com Deus’. Esta
certamente deveria ser a nossa reação para com a
graça de Deus. Foi porque o apóstolo Paulo tinha
esse profundo senso da graça de Deus em tê-lo
chamado com um propósito eterno, que você o
encontra tão ardentemente zeloso, tão
poderosamente agitado ao extremo quando surgia
algo para interferir nos propósitos de Deus.
Isto explica a carta aos Gálatas. Ouça suas
palavras no primeiro capítulo. Não há
transigência sobre isto: ‘Porém, mesmo que
nós, ou um anjo do céu, vos pregue outro
evangelho além deste que lhes pregamos, seja ele
anátema’. Esta é uma linguagem bem direta.
Que seja maldito. Por quê? Porque ele está
interferindo no propósito de Deus, quando
procura subverter os santos, quando interfere no
progresso dos santos até o pleno crescimento.
Filiação, adoção, é algo que está adiante. A
adoção ainda não ocorreu. Nós somos filhos de
Deus, temos o Espírito de filiação, porém, a
adoção ainda não aconteceu; ela está vindo. A
palavra ‘adoção’ nos ajudaria mais se ela fosse
traduzida literalmente, pois ela comporta um
significado diferente no Novo Testamento daquele
que se obtém entre nós hoje. A palavra
simplesmente significa reconhecer como filhos, o
empossamento como filhos. É mais um elemento
oficial do que um elemento de filiação. Ela
ocorre apenas cinco vezes no Novo Testamento, e
estão todas nas cartas de Paulo, e cada
ocorrência é muito interessante e útil.
Isto, então, está adiante, e é a isto que o
apóstolo se refere em suas cartas aos Romanos:
‘A ardente expectação da criação aguarda pela
revelação dos filhos de Deus’. Isto está no
futuro, e este é o dia quando o governo do mundo
vindouro passará para as mãos dos santos,
conformados à imagem de Seu Filho, como igreja
madura.
Agora você percebe, estou um pouco mais seguro
da importância, e do por que é dado um lugar de
importância a esta questão do pleno crescimento.
É na maturidade que a herança é possuída, que
ocorre o empossamento dos filhos, que se dá a
sujeição do mundo vindouro. Daí a necessidade
para caminharmos para o pleno crescimento. O
governo é importante para Deus, e é o total
significado da graça nos santos.
Uma Retrospectiva das Cartas aos Romanos e
Coríntios
Dissemos que essas cartas do apóstolo Paulo
estão, cada uma delas, tratando de algum aspecto
da maturidade espiritual, ou tratando da
questão a partir dos respectivos pontos de
vista. A carta aos Romanos, como já mostramos,
representa a obra pela qual a filiação com o
Senhor é trazida à existência dentro de Seu
propósito pleno. O propósito é revelar,
manifestar os filhos de Deus, conformados à
imagem de Seu Filho. Este é o propósito. Então,
tudo é feito com a finalidade de trazer esta
filiação à existência, para que Deus possa
começar o Seu propósito e prosseguir até a sua
finalização. Assim, na carta aos Romanos você
tem uma revelação da atitude de Deus em relação
aos homens, ao que são por natureza. A raça toda
é considerada, e o veredicto é: ‘Todos
pecaram e destituídos estão da glória de Deus’,
e por isso estão debaixo do julgamento e da
morte. ‘Não há um justo, nem sequer um’.
Gentios e Judeus estão todos na mesma condição
diante de Deus. É um fato assustador, embora
claro e positivamente declarado; irreligiosos e
religiosos; aqueles que não tinham os oráculos
de Deus e também os que tinham. A diferença
natural que os oráculos de Deus parecem ter
feito é que eles provam quão inúteis, e quão
profundamente pecador o homem é por natureza. A
lei veio, e, longe de salvar o homem, apenas
acentuou a condição natural da fraqueza e da
pecaminosidade humana, e tornou manifesto quão
impossível é para o homem cumprir às exigências
de Deus. De modo que é provado universalmente
que o homem é sem esperança e inútil, e está
debaixo do pecado, da condenação, da morte e do
juízo.
Então a cruz do Senhor Jesus é trazida à vista
como o lugar onde o veredicto de Deus em relação
ao homem foi colocado em efeito na pessoa
representativa do Senhor Jesus, que foi feito
pecado por nós. A raça toda passou pelo
julgamento de Deus na cruz, e, quando Cristo
morreu, do ponto de vista de Deus, a raça morreu
debaixo do julgamento.
Então veio a ressurreição do Senhor Jesus,
marcando um novo começo de Deus, um novo
relacionamento, onde o pecado foi destruído no
julgamento, e agora há um novo relacionamento
com Deus no Cristo Ressurreto, relação na qual o
Espírito Santo é dado, o Espírito da nova
criação. Uma nova vida é dada - ‘ ...a lei do
Espírito de Vida em Cristo...’ - e, então,
neste relacionamento, o propósito é realizado
pelo Espírito que reside dentro. Conformidade à
imagem de Seu Filho é o objetivo. O chamamento é
para que os crentes possam compreender esta
posição de união com Cristo na morte e na
ressurreição, e pela fé assumir o seu lugar.
Isto se torna o fundamento do propósito de Deus.
Sem isto Deus não pode nem mesmo dar o início.
Esta é a carta aos Romanos, em resumo. Nossa
posição pela fé tem que corresponder a Jesus
Cristo crucificado, morto, enterrado,
ressuscitado, e recebendo o Espírito Santo, o
Espírito da filiação, a fim de ser levado para
dentro do propósito de Deus.
A primeira carta aos Coríntios nos leva para um
passo antes disso, e nos mostra o tipo de pessoa
que irá se mover para o propósito de Deus, e o
que é necessário nos crentes para que possa
haver o crescimento pleno. A palavra chave em
Romanos é ‘EM CRISTO’: ‘Agora nenhuma
condenação há para os que estão EM CRISTO JESUS...’ Esta é a relação. A
palavra chave para a primeira carta aos
Coríntios é: ‘AQUELE QUE É ESPIRITUAL’.
Toda esta primeira carta tem a ver com os homens
espirituais e com as coisas espirituais. A
primeira carta aos Coríntios, então, tem a ver
inteiramente com o que uma pessoa espiritual é,
como uma pessoa espiritual irá agir e falar; ou,
por contraste, como uma pessoa espiritual não
irá agir e nem falar. Toda a carta, capítulo
após capítulo, coloca a carnalidade contra a
espiritualidade, e diz: ‘Agora isto é
carnalidade, e isto bloqueia o caminho para o
propósito de Deus, e é a causa da prisão
espiritual.’ É necessário que o homem seja
espiritual na realidade mais íntima do seu ser,
que ele pense espiritualmente, e que esta mente,
a mente de Cristo, possa governá-lo em todo
sentido.
Uma marca da carnalidade dos Coríntios era a
divisão, suas preferências naturais, seus
gostos e desgostos entre as pessoas. Paulo diz,
em efeito: ‘Se vocês fossem espirituais, não
haveria nada disto. Se vocês quiserem prosseguir
para o pleno crescimento, então vocês têm que
resolver tudo isto’. Assim, você percorre toda a
carta, e descobre que o dedo do Espírito é
mostrado através do apóstolo Paulo, revelando a
carnalidade, e como ela leva à prisão
espiritual. Eles são vistos cheios de
contradições, e cheios de negações, de
limitações. Aquele que é espiritual não é assim.
Espiritualidade é essencial para o pleno
crescimento.
Na segunda carta aos Coríntios, a palavra chave
é ‘A FACE DE JESUS CRISTO’. Por
inferência, somos levados de volta para a
primeira criação. ‘Deus, que ordenou que a
luz brilhasse na escuridão...’ (o primeiro
ato da criação), ‘...é que brilhou em nossos
corações para dar a luz do conhecimento da
glória de Deus na face de Jesus Cristo’.
Qual é o objetivo da criação? Jesus Cristo é o
objetivo da criação. Porque Dele, por Ele, e
para Ele todas as coisas foram criadas. Porém
este objetivo não foi realizado na primeira
criação, e, embora a luz viesse primeiro, as
trevas continuaram na desobediência do homem, e
assim, o propósito de Deus na face de Jesus
Cristo não foi reconhecido; estava excluída.
Agora Deus começa Sua nova criação: ‘Se
alguém está EM CRISTO, é uma nova criação’.
Qual é a primeira coisa que domina a nova
criação? ‘Deus...brilhou em nossos corações,
para a iluminação do conhecimento da glória de
Deus na face de Jesus Cristo’. Esta é a
chave de tudo.
Como alcançamos o propósito de Deus? Como iremos
crescer em graça? Pela contínua revelação de
Deus em Cristo em nossos corações. Isto tem que
prosseguir, e assim, a palavra nos conduz ao
seguinte: ‘Eis que somos transformados à
mesma imagem’ (a palavra indica atividade
contínua, mantendo os nossos olhos fixos). Nós
estamos chegando ao propósito de Deus, à imagem
de Seu Filho, pela ação do Espírito Santo, que
mantém em nossos corações uma revelação
crescente do Senhor Jesus.
Temos o propósito de Deus colocado diante de
nós, sabemos o que é a chamada, compreendemos o
porquê de sermos exortados a fazer firme a
nossa chamada e eleição. Sabemos disso, e,
embora não possamos perder a salvação, podemos
perder a herança. Sabemos que podemos perder o
propósito pleno de Deus se não prosseguirmos.
Caso contrário, qual a finalidade da exortação?
Recebemos a nossa salvação através da graça, e
eu tenho toda convicção de que será a graça de
Deus que irá nos levar ao pleno propósito; pois
quem de nós poderia conseguir isto, a não ser
por meio da graça de Deus? Contudo, para a
herança de adoção como filhos, para chegar ao
governo do mundo vindouro, tem que haver uma
atitude de pressão para o pleno crescimento,
para que não desistamos da chamada. É o fracasso
em reconhecer isto que tem levado muitas pessoas
para dentro de uma névoa, de uma perplexidade, e
penso eu, para um falso ensino a respeito de
certas coisas no Novo Testamento. É a herança
que governa. Até que sejamos realmente dominados
pelo propósito pleno de Deus, não iremos
compreender grande parte do Novo Testamento. No
propósito de Deus fomos ‘predestinados para a
adoção de filhos por meio de Jesus Cristo’, o
reconhecimento como filhos para propósitos
governamentais na era vindoura.
Capítulo 5 - Cristo Formado no Interior
Ler: Gálatas 3
‘’...sinto as dores de parto até que Cristo seja
formado em vós’. Gálatas 4.19
A Resistência ao Propósito Divino
Na medida em que continuamos nossa meditação
sobre o crescimento espiritual, o pleno
crescimento espiritual, reconhecendo, como
procuramos fazer, a grande e séria posição que
este assunto ocupa na Palavra de Deus, e como
evidentemente o Senhor dá importância a ele, há
um outro lado deste fato que deve nos
impressionar, principalmente a forma com que
esta matéria do crescimento espiritual está
repleta de oposição. Sempre que você toca neste
assunto, você se encontra na presença de algo
estabelecido contra esse crescimento espiritual.
Este algo nunca se mostra em condições
passivas. É sempre constituído por forças e
elementos em oposição ativa. Você
descobre que a exortação, o encorajamento, a
admoestação tem um caráter mais positivo, do que
contra alguma coisa. Sempre que Deus se moveu no
passado em direção ao crescimento espiritual, há
sempre algo presente para conter esse movimento,
algum elemento antagônico. Você pode ver isto na
Palavra de Deus muitas vezes.
Quando o Senhor trazia Israel do cativeiro do
Egito, imediatamente houve um amargo conflito.
Quando Israel foi finalmente trazido para a
terra, quase que imediatamente houve um Acã para
emperrar todo o movimento, e paralisar aquele
progresso rumo à plenitude da terra, e, por um
momento, isto efetivamente ocorreu. E assim você
pode observar isso num grande número de casos no
Velho Testamento.
Quando Deus trouxe Seu Filho a este mundo, o
qual foi um grande movimento na direção da
plenitude espiritual, lá estava Herodes, e então
os Judeus com a sua discriminação. Vamos
observar que a discriminação está sempre em
oposição ao progresso espiritual. A
discriminação nunca dá uma chance a Deus. Ela é
uma porta fechada. Se uma coisa, mais do que
qualquer outra, marcou os Judeus, nos dias
quando Jesus, que era a plenitude de Deus,
esteve entre os homens, esta coisa foi a
discriminação, e foi ela que os limitou, que os
tirou do pleno propósito de Deus.
Quando o Dia de Pentecoste se cumpriu, e um
poderoso mover rumo à plenitude foi feito -
aquilo a que o apóstolo se refere mais tarde
como ‘a plenitude daquele que é tudo em todos’
- mal a igreja inicia seu curso e você já
encontra um instrumento do inimigo para impedir
a obra, usando Ananias e Safira. Mais adiante
você chega ao apóstolo Paulo, e, sempre e em
todo o lugar os judaizantes estão no seu
encalço.
De modo que cada movimento de Deus encontra uma
oposição. Cada passo na direção do crescimento
espiritual encontra algo presente do outro lado,
a fim de impedi-lo, de frustrá-lo.
As Cartas de Paulo
Assim, essas cartas de Paulo trazem à vista uma
grande quantidade de coisas que Satanás
produziu, a maioria das vezes através da carne,
como obstáculos ao propósito de Deus - o
crescimento pleno. Como vimos, em Corinto
foi a carnalidade, o que também está muito claro
nos primeiros capítulos da segunda carta aos
coríntios, e, entre os Gálatas foram os
judaizantes. Um de seus maiores golpes contra o
que Deus estava procurando fazer, e estava
fazendo através de Seu servo Paulo, foi o ataque
que eles fizeram contra a pessoa dele; isto é,
um ataque contra ele como um vaso sendo usado
por Deus, uma injúria da parte daqueles que
professavam estar buscando os interesses de
Deus.
É sempre assim. Quando Deus se move e toma um
vaso para o aumento de Cristo em Seu povo, para
o crescimento espiritual, Satanás levanta um
ataque contra aquele vaso, e busca frustrar o
propósito, tentando prejudicar o propósito
através daquele vaso de alguma maneira. Ele irá
distorcer, mentir - oh, ele irá usar todo tipo
de movimento para abater o instrumento -, para
que o propósito Divino caia em infâmia, ou
fique emperrado.
Agora aqui está uma carta (a carta aos Gálatas)
que está repleta de conflitos terríveis.
Martinho Lutero foi um lutador, se ele era
alguma coisa, e ele disse que tinha aplicado
esta carta a si mesmo. Mas o que Lutero disse
mais tarde em relação a isto? ‘Anteriormente
eu estava em sossego e conforto, em descanso e
aceitação, porém, desde então, tenho me cercado
a mim mesmo de um bloco sólido de inimigos’.
Isto é significativo pelo que esta carta
representa. Graças a Deus que Martinho Lutero
viu tudo o que isto representa, ao invés de
somente os seus inícios. Contudo, aqui estamos
nós na presença do conflito, e o objetivo é para
reconhecermos que se Deus está se movendo para
um aumento da medida de Cristo nos santos, este
movimento enfrenta todo o antagonismo do
inferno, e o vaso usado pelo Senhor para este
fim irá sofrer muitos ataques do inimigo, tanto
do tipo violento como do tipo malicioso. Ele não
irá parar por coisa alguma, buscando tornar
aquele vaso inoperante, paralisá-lo, de modo que
não possa cumprir sua divina missão. Eu sempre
tomo o apóstolo Paulo como um representante
pessoal da verdade que foi confiada a ele, como
um vaso, como alguém em quem tudo o que se
referia àquela verdade foi experimentado em sua
própria história; e neste ponto, como em muitos
outros, é totalmente manifesto que Paulo foi
levantado como um vaso especial em relação ao
propósito pleno e eterno de Deus a respeito da
Igreja, e não houve outro homem na dispensação
que tenha encontrado a força do inferno assim
desta maneira, e seu esforço a fim de paralisar
e destruir este homem. A sua posição nos mostra
em sua própria história, e em sua própria
pessoa, o que nós podemos esperar se estivermos
ligados no propósito pleno de Deus.
Isto deve ser esclarecedor e encorajador, olhado
a partir de um ponto de vista. Isto deve
explicar as coisas, e nos fazer assumir a nossa
responsabilidade. O perigo tão freqüente
conosco, quando há um surgimento poderoso de um
antagonismo espiritual, e somos levados a
sofrer, e são sofrimentos intensos, é que
podemos considerar este sofrimento como algo em
si mesmo, procurar atribuí-lo a causas naturais,
sentir que é algo no curso da vida que temos que
passar. Achamos que somos apenas sofredores, e
fracassamos em ver que, embora a coisa possa
aparentar ser isso, ela está definitivamente e
diretamente relacionada ao propósito com o qual
estamos ocupados.
Pode ser que você não seja capaz de concordar
com isto, devido a não estar experimentando
isto, mas outras pessoas irão entender. Creia-me
que, se estiveres engajado no pleno propósito de
Deus para você, se você estiver unido ao pleno
propósito de Deus para o Seu povo - para você
mesmo e para os demais, especialmente para a
igreja - você irá enfrentar os ataques do Diabo
a fim de frustrar o propósito, de todos os meios
concebíveis: a frustração com você mesmo, a
frustração com o seu ministério. Você irá
enfrentar o ataque fisicamente, irá enfrentá-lo
em sua alma, irá enfrentá-lo espiritualmente.
Você irá enfrentá-lo dentro de você mesmo, e irá
enfrentá-lo fora de você. Você irá se encontrar
numa batalha. E o que se aplica ao individual
também se aplicará a qualquer companhia que se
levantar em favor ao propósito de Deus.
A Forma de Ataque entre os Gálatas
Assim, encontramos a nós mesmos nesta mesma
atmosfera imediatamente ao abrirmos esta carta
aos Gálatas. Paulo não desperdiça tempo aqui.
Ele usa muito poucas palavras visando a
exatidão. Ele se apresenta, e sua introdução é
um ataque. Ele abre a batalha na primeira
sentença. “Paulo, apóstolo (não da
parte dos homens, nem por meio dos homens...)”.
Isto é um ataque. A batalha começa. Os
judaizantes estiveram trabalhando, e eles
persuadiram esses gálatas de que Paulo não era
um autêntico apóstolo, mas tinha se colocado
como tal; ele não era um dos doze, mas tinha se
colocado a si mesmo. “Paulo, apóstolo (não da
parte dos homens, nem por meio de homem, mas por
meio de Jesus Cristo, e de Deus Pai, que o
ressuscitou dos mortos)”. Você vê, isto é
aceitar o desafio. Como isto vai ao coração das
coisas! Isto toma a espada do inimigo e a faz
virar para furar a si mesmo. Os judaizantes
dizem que eu não sou um apóstolo reconhecido por
Jerusalém; eu não fui ordenado pelo
quartel-general; eu não sou um dos autênticos
doze; não recebi as minhas credenciais dos
eclesiásticos, aqueles que são chamados de
colunas. Concordo! Porém eu recebi o meu
apostolado do alto; recebi-o ‘através de Jesus
Cristo, e de Deus Pai...’ O que vocês podem
dizer disto? Como vocês irão lidar com isto?
Agora, isto é apenas para salientar que você
está num conflito, e para estabelecer o fato de
que onde Deus está procurando se mover no
sentido de levar o Seu Filho à plena formação na
igreja, Satanás está sempre muito ativo, a fim
de frustrar este propósito de todos os meios
possíveis. Tenha sempre isto em mente. Que o
Senhor nos ajude a fazer isto. Se nos lembrarmos
disto, isto será a nossa salvação.
O que os judaizantes procuraram fazer é, talvez,
algo que não precisamos considerar em detalhe.
Tivessem os judaizantes tido êxito, isto é o que
teria sido o efeito e a conseqüência,
principalmente que os gálatas teriam voltado
para a formalidade religiosa, para o cerimonial
e ritual, para a tradição e para as obras
externamente religiosas, o que custaria
primeiramente a vida, e posteriormente o eterno
propósito de Deus. O apóstolo, nesta carta,
assume a batalha em prol da vida, e faz dela uma
questão de vida.
Podemos ver claramente que o método do inimigo
não estava restrito aos gálatas, pois isto já
ocorreu antes do tempo deles, e ainda continua:
formalismo, formalidade religiosa, cerimonial,
ritual, tradições religiosas, muitas obras
exteriores em nome de Deus, tudo isto no lugar,
primeiramente, da vida espiritual, e então,
finalmente, no lugar da plena intenção de Deus
para o Seu povo. Isto é verdadeiro.
Naturalmente, o inimigo sempre sabe onde ele tem
um ponto saliente, onde ele tem um terreno de
vantagem. Esses gálatas eram principalmente
gentios, e eles tinham saído do paganismo, e em
seu sistema de religião pagão havia muitos ritos
e cerimoniais, muitas ordenanças religiosas.
Havia todas essas atividades e representações
exteriores que constituíam a forma de adoração
dos seus deuses, e, para o homem natural, para o
homem da alma, tais coisas são indispensáveis.
O homem natural precisa ter o que é tangível;
ele deve ouvir alguma coisa, ver alguma coisa,
fazer alguma coisa, manusear alguma coisa.
Todos esses acompanhamentos da religião são
essenciais para a religião, e sua religião seria
pobre se você tirasse essas coisas. Remova o
artístico, o estético; tire todas as coisas
externas que vêm aos nossos sentidos, e aqueles
meios pelos quais expressamos nossa vida
sensitiva, e o que é a religião? Esta vida
espiritual pura, de fé, sem nada dessas coisas é
uma coisa que não é interessante para a alma, e
é muito vaga. Sim, que coisa irreal ela é! Esses
gálatas tinham abandonado todas essas coisas, e
tinham se voltado para o Senhor. Então os
judaizantes vieram com a ordem judaica, e
disseram: ‘Exceto se vos circuncidardes, não
podereis ser salvos, e o que vocês precisam é
voltar às ordenanças judaicas”. Se você
estiver numa maré baixa, espiritualmente
falando, você não será capaz de enfrentar este
tipo de coisa, quando há argumentos plausíveis e
fortes constrangimentos, e quando há ataque
contra o instrumento que foi usado a seu favor,
expondo todas as falhas e fraquezas dessa
pessoa, mostrando como ela se colocou a si mesma
com sendo algo contrário à posição aceita por
Jerusalém. Esses líderes em Jerusalém tinham
conhecido Jesus pessoalmente, em carne; tinham
estado com Ele, e eles não concordavam com esse
tipo de coisa, eles ainda criam nas ordenanças
judaicas. “Como você vêem, Paulo está errado;
ele está sozinho, ninguém concorda com ele”,
este era o que os judaizantes diziam.
Tudo era muito sutil, e assim Satanás teve o seu
espaço entre eles, em relação à sua antiga forma
de vida, trabalhando com aquela vida da alma não
crucificada, e eles estavam seduzidos. “Ó,
insensatos gálatas, quem vos fascinou?” Como
salientamos, as palavras literais são: “Quem
lançou sobre vocês palavras de encanto?” Um
encanto é uma sensação agradável, até que você
acorde. Um encanto é normalmente lançado sobre
uma pessoa a fim de roubar algo dela, e de fato
foi o que aconteceu no caso diante de nós.
Compreensão Espiritual de Cristo
Vamos, então, reconhecer o ponto,
principalmente, que em Cristo somos chamados
para fora de todas aquelas coisas. Isto é
terreno, é do homem, é tradição, sistema
religioso de ritos e ordenanças, de dias, tempos
e estações. Fomos chamados para fora de tudo
isso, para uma vida celestial em Jesus Cristo,
por meio da fé. Quando você realmente consegue
chegar ao seu alvo, você não tem mais qualquer
inclinação em relação aquela outra coisa
novamente, você não mais busca aquilo. Porém,
este é justamente o ponto em Gálatas 4.19: “Meus
filhinhos, por quem de novo sinto as dores de
parto, até que Cristo seja formado em vós”.
Paulo não estava dizendo aqui que sentia dores
de parto em relação ao propósito final, quando
Cristo deveria ser plenamente formado neles
segundo o propósito de Deus. Naturalmente, tinha
a ver com isto, estava relacionado com isto em
última instância, porém não é isto o que ele
quer dizer aqui; ele não está se referindo
aquela plena conformidade à imagem de Cristo,
não aquele pleno desenvolvimento de Cristo
neles. O que ele está dizendo aqui é o seguinte:
“Estou sentindo as dores de parto até que
Cristo tome a forma definitiva em vocês”.
É a diferença entre o embrião e a criança plenamente
formada.
Ele disse que estava em agonia a respeito disso.
O problema com eles era que eles não tinham
claramente visto Cristo, não tinham claramente
compreendido Cristo; Cristo não estava
distintamente definido neles, o significado de
Cristo não tinha se tornado definido neles. Algo
tinha acontecido. Eles tinham nascido do alto,
tinham recebido o Espírito, pela fé tinham se
voltado para o Senhor Jesus, porém, tinha se
tornado evidente que eles não tinham
compreendido o significado de Cristo. Paulo
disse: “Receio que não tenha trabalhado em
vão”. O que é trabalhar em vão? Oh, amados,
em relação ao propósito de Deus, em relação ao
pleno pensamento de Deus, é muito mais do que
apenas crer no Senhor Jesus; é essencial que
possamos ver QUEM e O QUE Jesus é, e o que Ele
significa.
Se você quer prova de que este é o ponto aqui
entre Paulo e os Gálatas, reconheça isto, que o
nome pessoal do Senhor Jesus Cristo ocorre
quarenta e três vezes nesta pequena carta. Não é
o título descritivo, como tão freqüentemente em
outras partes. É o nome pessoal, o Homem Jesus
Cristo quarenta e três vezes nesta carta. Por
quê? Por que deveria ele trazer números
tremendos de referências a Ele nesta carta? Bem,
é muito evidente. Ouça sua exclamação, a este
efeito: “Diante de cujos olhos Jesus Cristo
foi publicamente enviado, crucificado”, e
vocês não têm visto! Quatro vezes nesta carta a
cruz de Cristo é referida em relação as maiores
coisas com que temos a ver. Nós não iremos nos
ater agora a elas, porém, essas quatro
afirmações sobre a cruz do Senhor Jesus Cristo
nesta carta são as maiores coisas que poderiam
ser ditas sobre a cruz, e todas elas fazem
referência ao fim do
ego:
“Estou crucificado...” - o fato que
abrange tudo; então, da mesma maneira, a
severidade da
lei
- “Eu...morri para a lei”; a
severidade da
carne
- “Aqueles que são de Cristo
crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências”; a severidade do mundo
- “Longe esteja de mim gloriar-me, salvo
na cruz de nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual
o mundo foi crucificado para mim, e eu para o
mundo”. “Diante de quais olhos Jesus
Cristo foi publicamente crucificado”, e
vocês não têm compreendido essas implicações.
Se vocês tivessem crido (gálatas e todos os
outros), você teriam de uma vez por todas sidos
libertos dos sistemas religiosos, das ordens
terrenas, dos ritos, das cerimônias, das
tradições, e de todo esse tipo de coisas, e
vocês estariam nos lugares celestiais; pois
Cristo crucificado significa isto. Conhecer
Cristo significa absoluta emancipação de todas
as coisas aqui, até mesmo numa forma
religiosa. É isto o que representa toda a
questão da maturidade e imaturidade. Você
pergunta: O que foi que constituiu a imaturidade
entre os gálatas? Foi que, sob persuasão,
influência e argumento, eles estavam a ponto de
voltar tão facilmente e rapidamente para uma
terrena ordem religiosa com a qual a cruz de
Cristo já tinha acabado, tinha trazido ao seu
fim. Oh, sim, a lei de Moisés, e toda a sua
ordem, e seus rituais terminaram na cruz do
Senhor Jesus. Ela tinha servido a um propósito,
porém alcançou o seu cumprimento em Cristo, e
Cristo crucificado marcou o fim. Em Cristo
ressurreto, tudo para o que ela apontava é
levado de forma espiritual para o céu, e agora
nós estamos unidos com Cristo no céu. Ele
cumpriu todos os valores daquilo para nós. Ele é
o nosso Sumo Sacerdote, nosso sacrifício, nosso
sangue precioso, nossa justiça, nosso acesso a
Deus, nossa aceitação. Todas aquelas coisas que
eram sombras, tipos e figuras é cumprido no
Cristo ressurreto e exaltado, e nós temos tudo
isto em valor espiritual. Sim, você diz, mas
isto está tão distante, é tão irreal, e nós
queremos algo que possamos tocar, ver, e ouvir.
Ah, isto é imaturidade, isto é infância
espiritual. As crianças sempre querem algo que
possam ver e ouvir. Mas o apóstolo, nesta carta,
leva os gálatas para um lugar onde todas essas
coisas infantis acabam. Ele diz: “Vocês devem
começar a filiação a partir do início”. É
notável quão avançado ele está em seu ponto de
vista nesta carta.
Embora o lugar dos filhos esteja no futuro,
embora a herança esteja lá, o apóstolo diz: Nós
somos todos filhos de Deus pela fé em Jesus
Cristo, e se espera que nós agora comecemos a
viver sobre o princípio da filiação. Não
queremos brinquedos para brincar com eles na
terra, livros de figuras para olhar, lições
objetivas, mas chegamos em espírito
imediatamente a uma compreensão de Jesus Cristo,
e a uma viva comunhão com Ele, de modo
que todo aquele tipo de coisa é passado. A cruz
do Senhor Jesus nesta carta não está
estabelecida meramente em relação àquilo que
poderíamos chamar de pecado grosseiro, mas está
estabelecida contra toda religião na carne, e
quando Paulo diz: “Estou crucificado com
Cristo, e não vivo mais eu, mas Cristo vive em
mim”, ele mais adiante acrescenta: “e
esta vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé
do Filho de Deus...” Você enxerga o
contexto. É a diferença entre a vida na lei e a
vida no Cristo ressurreto; não a diferença entre
a vida religiosa dos judeus como tal e o homem
religioso como tal. Tudo isto é uma coisa só, e
a cruz elimina tudo isto, e o “EU” que
está naquilo é levado a um fim. Agora eu vivo,
ele diz, “contudo não mais EU, mas Cristo...
e a vida que agora vivo, vivo-a na fé, a fé
que está no Filho de Deus...” É um tipo de
vida. A cruz leva para aquele tipo de vida que é
a vida do Filho de Deus vivida por nós pela fé.
Isto deve ficar reservado para futuras
considerações. Permaneceremos com os pontos mais
óbvios na carta.
Cristo Formado no Interior, uma Questão de
Suprema Importância
Penso que podemos discorrer um pouco mais sobre
as palavras no capítulo 4:19: “Meus
filhinhos, por quem de novo sinto as dores de
parto até que Cristo seja formado em vós”.
É um lamento angustiante para que os crentes
possam chegar a um lugar onde fiquem firmes. - “Cristo
seja formado”. É o lugar onde haja alguma
definição neles quanto ao Senhor Jesus. É uma
coisa estabelecida. Eles VIRAM o Senhor Jesus, e
eles estão firmes. Você não consegue movê-los;
isto é, eles têm a raiz da questão neles mesmos.
Cristo tomou forma dentro deles.
Agora, se Paulo se angustia, geme, sente dores
de parto em relação a isto, quão importante isto
é, e que sérias conseqüências devem estar
relacionadas à condição dos gálatas. O
necessário lamento entre o povo de Deus é para
que ele possa chegar a um lugar e a uma posição
firme e estabelecida, em conseqüência do
significado de Cristo ter chegado a eles com
clareza e definição; é para que ele possa estar
estabelecido e alicerçado, não ser facilmente
removido, não cair facilmente nos discursos
encantadores. Eles conhecem o Senhor, e você não
os pode mover. Você não precisa cuidar de
pessoas como essas. Você não precisa pegá-las e
pô-las de novo em pé. Você não precisa supri-las
de muletas. Você pode confiar nelas. Você sabe
que elas possuem o conhecimento básico do
Senhor, que elas não se moverão facilmente, que
elas irão avançar. Elas entendem o que isto
significa; elas compreenderam o significado de
Jesus Cristo, e você pode crer que elas irão
prosseguir. Você irá concordar que isto é um
estado muito necessário ao propósito de Deus,
que é o pleno crescimento; ter um entendimento
inicial e fundamental do significado de Cristo,
e se tornar firme em relação a Ele. É por que
está faltando isso que há tanta pobreza e
limitação espiritual, tanta fraqueza,
deficiência e derrota em todo lugar. É uma
questão de ver o Senhor Jesus Cristo.
É por isso que o apóstolo usa, com toda a sua
força, o seu próprio caso pessoal como um caso
em questão. Ele abre esta carta, e assume a
batalha. Ele declara o seu apostolado como vindo
do céu, e não dos homens. Então ele continua com
o seu próprio caso, e mais adiante ele irá
dizer: “Aprouve a Deus, que me separou desde
o ventre de minha mãe, e me chamou por Sua
graça, revelar Seu Filho em mim”. Quando
isto aconteceu, ele diz, em efeito: “não subi
a Jerusalém para consultar carne e sangue; eu
tinha a raiz da questão em mim mesmo pela ação
direta do Espírito Santo”.
Tudo é pelo Espírito
Prossiga através desta carta novamente e conte o
número de vezes que o Espírito é mencionado.
Você irá descobrir em toda parte que é o
Espírito, e que é a obra interior do Espírito
Santo no coração que faz com que ele veja o
Senhor Jesus. Eu não estou falando a respeito de
ver uma figura, não a respeito de ver uma pessoa
como tal; estou falando sobre entender o
significado do Filho de Deus, o significado do
Homem Jesus Cristo, como Ele reúne todas as
coisas que já existiram, ou que irão existir, em
Sua própria pessoa, e se torna a corporificação
de todo propósito de Deus, de toda intenção de
Deus, e a fonte de todos os recursos e relação
ao propósito de Deus: e Ele se torna isto para
Paulo. Paulo não precisa de judeus, nem de
altares, nem de sacerdotes judeus, nem de
derramamento de sangue e sacrifícios, nem de
templo judeu, ou tabernáculo. Jesus Cristo é
tudo isto e infinitamente mais para Paulo. Paulo
não vive por essas coisas, Jesus Cristo é a sua
vida. Ele não precisa da orientação daquelas
coisas, Jesus Cristo é o seu Guia. É o que o
Senhor Jesus é para ele que é o resumo de tudo
isto.
Quando você tem isto, você está fora, você está
livre. Oh, ninguém precisa dizer a você: você
tem que fazer isto, e você tem que fazer aquilo.
Isto é a lei. Você está fora, está livre, você
tem descanso, liberdade, poder, e paz em Cristo,
em comunhão com Ele, em comunhão com Deus Nele.
Imagine que grande queda foi esta da parte dos
gálatas. Paulo apela: “Oh vocês, que começaram
no Espírito, acham que podem agora serem
aperfeiçoados na carne? Vocês que receberam
tudo isto pelo Espírito Santo, acham que irão
alcançar o pleno propósito de Deus, serão
aperfeiçoados recorrendo a atividades religiosas
da carne? Isto é impensável. Não pense que
porque você encontra Paulo espantado, perplexo,
confuso e veementemente zangado, que alguém
então poderia desfazer a cruz de Cristo, tão
separado da vida do Espírito. Maturidade
espiritual é que o Espírito Santo revelou e está
revelando todo o significado de CRISTO EM NÓS, e
que estamos vivendo Nele. Imaturidade
espiritual é que nós precisamos ter todas essas
coisas religiosas exteriores para nos ajudar a
sermos bons, e com um resultado bastante
insatisfatório. Você entende o ponto? Leia a
carta novamente à luz desta palavra: “Por que
somos filhos, Deus enviou o Espírito de Seu
Filho aos nossos corações, o qual clama Abba...”
Nas línguas originais da Bíblia, o Hebraico e o
Grego, quando você lê aquela sentença em
particular, você está usando exatamente a
palavra que o Senhor Jesus usou quando Ele orou
ao seu Pai. Quando Ele orou, Ele não disse em
Inglês: Pai! Ele disse, Abba! Eu não vejo
qualquer valor particular em isto chegar a nós
desta maneira, porém é estranho que o Espírito
Santo tenha preservado isto, e nos dado a
palavra original, e então a tradução, como se
Ele desejasse nos tocar mais intimamente com
isto, trazer-nos em espírito para o coração do
Senhor Jesus.
Exatamente como Jesus Cristo disse ao Pai, Abba!
Assim, o mesmo Espírito, como Cristo está em
nós, provocando em nós o mesmo relacionamento
com o Pai que Ele tinha: “Porque sois filhos,
Deus enviou o Espírito de Seu Filho aos nossos
corações, clamando Abba...” É aí onde começa a
vida no Espírito - Pai! É pelo Espírito de Seu
Filho.
Você vê que o propósito de Deus é que pudéssemos
ser conformados à imagem de Seu Filho. O
Espírito de Seu Filho em nós clamando “Pai”,
revelando Cristo em nós. “Aprouve a
Deus...revelar Seu Filho em mim”. Isto
coloca tudo no interior, do começo ao fim, do
início ao fim; o primeiro passo e a plenitude
estão ligados a isto. “Revelar Seu Filho em
mim”! Isto se coloca contra todas as
externalidades da religião. A diferença está
entre a vida e a morte, a terra e o céu, o tempo
e a eternidade. E assim, Paulo chama isto de
liberdade, “a liberdade dos filhos de Deus”.
“Permanecer firme na liberdade...”
Que o Senhor torne tudo isto claro, e traga isto
aos nossos corações, para que possamos conhecer
Cristo.
Capítulo 6 - A Revelação de Jesus Cristo no
Coração
Ler: Gálatas 3; 5:13
Paulo estava continuamente crescendo no
conhecimento de Jesus Cristo, porém foi um
conhecimento ou uma revelação abrangente que o
levou para a Arábia por um longo período, a fim
de que ele estivesse ocupado com as suas
implicações, e, quando ele retornou, fica muito
claro que ele tinha compreendido a significância
daquela revelação; ele tinha visto o que Jesus
significava no pensamento de Deus. Uma das
coisas que tinha acontecido foi que, com esta
revelação, ele voltou no tempo para muito antes
de toda a história do povo ao qual ele pertencia
por nascimento, para muito antes da história
judaica, para muito antes do seu próprio
relacionamento com o judaísmo, e tinha visto
claramente que o Senhor Jesus era o centro de
tudo aquilo no pensamento de Deus, que Ele
incorporava todos os valores espirituais dentro
de Sua própria Pessoa, e que o judaísmo como um
sistema religioso, tradicional, histórico, não
mais era levado em conta no pensamento de Deus,
mas aquilo que realmente existia em seu lugar
era Jesus Cristo no céu. Tudo o que o judaísmo
significava, o que era de valor espiritual,
estava centrado numa pessoa viva, e não mais num
sistema, numa tradição, numa ordem de coisas
exteriores, onde tudo era sem vida, era
ineficiente, incapaz de produzir satisfação e
realização do desejo do coração, libertação do
pecado e tranqüilidade de consciência para
sempre. O que Paulo tinha visto agora foi que
tudo aquilo para o qual o judaísmo apontava, mas
que era incapaz de realizar e cumprir, era pra
ser obtido, e que ele tinha obtido tudo aquilo
na Pessoa Viva e Ressurreta de Jesus Cristo.
Liberdade, um fruto da Revelação
Esta é apenas uma coisa que Paulo viu, porém,
isto produziu um efeito tremendo sobre ele. Fez
o que nada mais em todo o universo poderia ter
feito. Isto absolutamente libertou Saulo de
Tarso, o radical e veemente judeu, do seu
judaísmo. Isto o emancipou de todo aquele
sistema, como um sistema terreno, embora aquilo
tivesse sido dado por Deus para um propósito.
Nada poderia ter libertado Saulo de Tarso
daquilo, mas somente uma revelação de Jesus
Cristo. É sempre fútil e perigoso aconselhar as
pessoas a deixarem uma coisa até que elas tenham
uma revelação daquilo que é mais pleno, e
somente tal revelação irá realizar a verdadeira
emancipação. Liberdade, e seus termos similares,
é o que significa ter esta revelação nesta
carta. É a absoluta emancipação da limitação, da
escravidão e da tirania de um sistema religioso
terreno que constantemente diz: Você deve! Você
não deve! Você pode! Você não pode! Trazido sob
o martelo da lei o tempo todo. Esta libertação
emancipa completamente de tudo isso e leva para
uma liberdade gloriosa, na qual você pode fazer
exatamente aquilo que você quer, porque a sua
vida está elevada nos lugares celestiais.
Dizendo assim vamos ser cuidadosos, porque há
aqueles que se escondem debaixo da graça,
debaixo da emancipação da lei, para satisfazerem
os desejos da carne. Há muitas pessoas que
servem os seus próprios prazeres no dia do
Senhor, e argumentam que eles não estão debaixo
da lei, mas da graça. Cuidado, pois Paulo diz: ‘Pois
vós, meus irmãos, fostes chamados para a
liberdade; não useis a liberdade para dar
ocasião a carne.” Se você fizer isto,
lembre-se de que você está desfazendo a obra da
cruz do Senhor Jesus, e está violando a obra do
Espírito Santo, e não está no terreno da graça
como foi colocado aqui. Assim, não vamos pensar
que porque não estamos debaixo da lei do sétimo
dia, no qual somos proibidos de fazer uma porção
de coisas, que podemos satisfazer os desejos da
carne; pois a diferença aqui está entre a carne
e o Espírito. Não é um novo fardo, mas uma nova
liberdade, a liberdade de um poder de vida
inteiramente novo, de uma direção na vida.
Paulo diz que a sua emancipação, o efeito desta
gloriosa libertação, se deu pela revelação
interior de Jesus Cristo. É aí onde começamos a
nossa maturidade espiritual. Temos que chegar
aí. Este é o descanso. As pessoas que ainda
estão debaixo da lei, muito embora seja uma lei
cristã, estão debaixo do: Você pode! Você não
pode! Pessoas que são geralmente limitadas em
sua capacidade espiritual, em sua medida
espiritual. Aqueles que realmente têm enxergado
pela revelação do Espírito Santo o que Jesus
Cristo é, tais pessoas têm ficado livres, e têm
sido colocadas num caminho de grande capacidade
para o crescimento espiritual. Estão em
descanso, e o descanso é um fator básico para o
crescimento espiritual. Não há nada que limite e
prejudique mais o crescimento do que a falta de
repouso. Isto é uma lei no campo físico. Se no
campo físico você está sem repouso, então você
não progride, você não cresce, você não se
desenvolve.
São aquelas pessoas despreocupadas que chegam a
grandes proporções físicas no campo natural. E
assim ocorre também no campo espiritual, com
relação a nossa vida espiritual, que ela cresce
rapidamente, uma vez que há descanso. A lei é
algo penoso, que causa fadiga, aborrecimento.
Seja lá onde ela esteja , seja judeu, ou
cristão, é uma coisa irritante dizer: Você deve
fazer isto! Você não deve fazer aquilo! O Senhor
quer que estejamos livres disso tudo, e não que
sejamos trazidos para debaixo desse jugo de
servidão na condição de filhos Seus, mas que
vivamos na alegria do Senhor Jesus. Nós não
iremos nos abster de muitas coisas nas quais
somos compulsivos à base da lei. O assunto de ir
às reuniões do povo de Deus pode servir como um
exemplo aqui. Você pode ir legalmente, ou você
pode ir em liberdade. Você pode ir porque as
pessoas esperam que você vá, porque elas irão se
importar se você não estiver lá, e o Senhor
ficará triste se você não for. Este tipo de
constrangimento é legal, e o Senhor, caso você
não saiba, não quer que você se reúna desta
maneira absolutamente.
Você não irá progredir muito se você agir desta
maneira. Isto será sempre um grande fardo, e
você estará desejando que não haja tantas
reuniões. Se você, contudo, está vivendo na
alegria do Senhor Jesus, você não irá se dedicar
a poucas reuniões; você estará lá, mas estará lá
em vida, em alegria; você estará lá para um
ganho, para melhor. Isto é liberdade.
Eu simplesmente tomo isto como um exemplo, como
uma ilustração. Isto se aplica a todas as outras
coisas. Se você realmente estiver vivendo na
alegria do Senhor, ninguém terá que dizer: Você
não deve fazer isto! Se fossem eles que assim o
fizessem, você responderia: ‘Eu não quero fazer,
não tenho interesse nisto, tenho algo melhor!’
Liberdade é a transcendência do Senhor Jesus, é
o território infinito aonde chegamos; um
território mais amplo, celestial, e glorioso, e
nós temos deixado todos os outros.
Isto é exatamente o que aconteceu com Paulo
nesta grande questão de libertação do judaísmo.
Ele viu o que aqueles judaizantes estavam
fazendo, que aqueles que tinham sido levados a
Cristo através de sua instrumentalidade estavam
simplesmente sendo tirados daquele campo
glorioso de liberdade e plenitude em Cristo, e
levados de volta para a antiga base legalista,
que os judaizantes estavam destruindo toda a
obra que Cristo tinha feito para a emancipação
deles. Eles, na verdade, estavam colocando
Cristo de lado. Assim, Paulo traz Cristo à vista
novamente, e faz disso a questão - e isto é uma
coisa tremenda, é uma questão antiga, é a
questão de sempre - Cristo ou a lei, Cristo ou o
judaísmo, Cristo ou meramente a religião
tradicional, histórica; a Pessoa viva ou o
sistema.
Agora ele diz: Eu fui liberto de todo este
fardo, e nada, a não ser a revelação de Jesus
Cristo, poderia me libertar. Ele prossegue nesta
carta falando sobre a sua vida na religião
judaica. Ele era muito zeloso sobre essas
coisas. Ele era um devoto do judaísmo, e ele não
media esforços em relação a este sistema de
coisas. Nada o teria mudado, porém ele viu Jesus
Cristo. Deus revelou Seu Filho nele, e tudo
aconteceu.
Isto pode não se aplicar a muitos de nós, porém
é o princípio que eu quero que você reconheça.
Você pode não precisar ser emancipado de algum
judaísmo ou legalismo, mas o princípio é este,
que para todo crescimento, progresso, aumento,
maturidade, é essencial que haja no coração uma
revelação contínua de Jesus Cristo, e que você e
eu jamais iremos chegar ao fim desta revelação.
É possível para alguns de nós dizermos com
verdade que este ano temos visto mais do
significado do Senhor Jesus do que em todos os
anos anteriores de nossas vidas.
Você pode dizer isto? É a coisa mais abençoada e
mais maravilhosa ser capaz de reconhecer que há
uma revelação crescente de Jesus Cristo no
interior; você enxerga cada vez mais daquilo que
Ele representa, do ponto de vista de Deus, como
resultado disso, há esse aumento do Senhor
Jesus, esse aumento do qual esta carta se
refere, o fruto do Espírito, o amor. Um aumento
da revelação de Jesus Cristo no coração é um
aumento do amor do Senhor Jesus, o fruto do
Espírito. Você fica consciente de que o seu
coração é cada vez mais constrangido pelo amor
de Cristo, e que a sua falta de amor dá lugar ao
Amor de Cristo. Há mais alegria no Senhor Jesus
hoje do que antes, porque você está vendo mais
do que Ele é. É algo prático. Isto é crescimento
espiritual: “Aprouve a Deus...revelar Seu
Filho em mim’.
A Relação Revelação e Desvio
Vamos dar ênfase a este princípio na medida em
que prosseguirmos, a necessidade de que cada um
de nós possa ter uma revelação pessoal e
individual do Cristo vivo, pela ação do Espírito
Santo em nossos corações. Se não tivermos isto,
então seremos uma presa para qualquer coisa no
caminho. Esses gálatas foram vítimas dos
judaizantes, e eu vejo tantas pessoas do Senhor
que se tornam vítimas de alguma doutrina, de
alguma teoria, de alguma coisa que é
completamente periférico. Se for verdade ou não,
isto não é o caso, mas as pessoas são levadas,
por exemplo, pelo universalismo ou israelismo
Britânico, e ficam absorvidas por essas coisas.
Em algumas delas não há qualquer verdade
absolutamente; em muitos há verdade suficiente
para fazer deles uma decepção positiva. Mas
mesmo supondo que eles estivessem completamente
corretos, o ponto é este: Estão tais pessoas
conduzindo-nos diretamente para o propósito de
Deus, ou simplesmente estão nos desviando de
alcançá-lo? Esses gálatas ficaram presos em
teorias, em ensinos, e não estavam caminhando na
direção do propósito de Deus.
Como isto aconteceu? Uma resposta que é
geralmente aceita é que eles tinham uma condição
espiritual baixa. Não havia uma continuidade
interior, uma revelação viva do Senhor Jesus.
Eles assimilaram o cristianismo e seus
princípios, mas Cristo não estava formado neles
no sentido de tomar forma, e porque eles estavam
em tal posição, com Cristo não formado, não
tendo forma clara, não claramente definida e
compreendida no Espírito, essas outras coisas
vieram e os capturaram, desviaram-nos, e agora
lá estão eles estreitados em seus próprios
interesses, e você não pode tocá-los. Aquilo era
tudo para eles, e isto os tinha desviado do
propósito pleno de Deus.
A Revelação Deve Ser Contínua e Progressiva
É muito importante que haja esta contínua
revelação viva de Cristo em nosso coração, se
quisermos alcançar o pleno propósito de Deus.
Paulo alcançou esta revelação bem no início. Foi
uma revelação inicial, mas também foi uma
revelação contínua. Ela era a base da direção de
sua vida. ‘Quando aprouve a Deus... Revelar
Seu Filho em mim... não consultei carne nem
sangue, nem subi a Jerusalém, aos que eram
apóstolos antes de mim...’ Por que ele não
fez isto? Se ele tivesse aceitado um sistema de
ensino, ele teria ido e discutido com as outras
pessoas que estavam interessadas, e que estavam
naquele sistema de ensino, a fim de verificar se
eles tinham compreendido corretamente. Ele teria
comparado notas e dito: ‘Agora, olhem aqui, eu
aceitei este ensinamento; vocês estão
interessados nele, e eu quero saber se estou
correto em minha compreensão deste ensino’.
É isto que significa? Isto seria consultar carne
e sangue. Ele teria consultado as autoridades no
quartel general sobre esse assunto. Mas não, ‘Não
consultei nem carne, nem sangue, nem subi a
Jerusalém, aos que eram apóstolos antes de mim...’
Se você prosseguir lendo esta carta, irá
descobrir que aqui está um movimento que não é
do tipo errado de independência, mas é um
movimento real do conhecimento pessoal de Jesus
Cristo. Isto é determinante ao longo de toda a
sua vida. Ele fala em crescer na revelação de
Jesus Cristo; uma revelação de Jesus Cristo foi
dada para direcionar os seus movimentos. Observe
você, não foi uma revelação que tornou a forma
de um ditame: Paulo, você vai aqui, você vai lá,
você vai a outro lugar. Foi uma revelação de uma
Pessoa.
Você pode encontrar dificuldade para compreender
isto, mas se o Senhor abrir o nosso entendimento
nesta questão poderemos ver que todos os
movimentos do Espírito de Deus estão de algum
modo ligados à Pessoa do Senhor Jesus Cristo.
São de alguma maneira uma expressão de Cristo.
Ele está continuando a Sua obra, e o Seu ensino,
Ele prossegue com a Sua obra até o fim da
dispensação. Ele não abandonou o campo, nem
deixou o cenário de atividades, entregando-nos a
nós, para que a continuássemos; Ele continua.
Ele é o Cabeça, a Pessoa que tem tudo em Suas
mãos. Mas o que Ele tem em Suas mãos não é um
montão de coisas que Ele está fazendo, mas é uma
expressão de Si mesmo. O Senhor Jesus está
colocando a Si mesmo nas coisas, e trazendo as
coisas em relação a Si mesmo.
Você olha para o propósito de Deus, e descobre
que Jesus Cristo deve ser universalmente
expressado de uma forma espiritual. O que Ele é
irá no futuro preencher todo este universo, e
você precisa conhecer o que o Senhor Jesus é, a
fim de ter a sua vida direcionada. Você precisa
ser governado por aquilo que Ele é; você precisa
de uma revelação Dele. Podemos tomar uma
ilustração a partir do tabernáculo no deserto.
Aquele tabernáculo é uma expressão abrangente no
tipo da Pessoa de Jesus Cristo, e, se olharmos
para ele de qualquer ponto, seja de sua
constituição ou de sua operação, vemos algo do
Senhor Jesus Cristo.
Se olharmos para um alfinete do tabernáculo,
veremos algo Dele expresso. De modo que o
tabernáculo se torna um grande sistema
espiritual, e Cristo é isto. Cristo não é
somente uma pessoa, Cristo é, em efeito, um
grande sistema espiritual e celestial. Quando
entramos em Cristo, nós entramos numa ordem
celestial. Não é nenhum manual de instruções,
mas uma Pessoa viva. Se o Espírito Santo tem
controle sobre você e sobre mim, de modo que nos
movemos por Ele, todos os nossos movimentos, por
um lado, serão de alguma forma uma expressão de
Cristo, e, por outro lado, um trazer as coisas
para o relacionamento com Cristo, de modo que
Cristo se torna proeminente nelas. A questão não
é: Devo vir aqui? Devo ir lá? Devo fazer isto,
ou devo fazer aquilo? A questão é: Irá Cristo de
alguma forma Se expressar a Si mesmo? Irá Ele Se
manifestar lá? Então eu irei com ele, a fim de
ser o Seu instrumento, o Seu vaso. É uma questão
da Pessoa, não de coisas a serem feitas.
Isto é algo muito difícil de explicar, mas Paulo
deixa claro que a sua vida era governada pela
revelação de Jesus Cristo. Ele caminhava pela
revelação de Jesus Cristo. Ele reconhecia no
espírito que Cristo estava se movendo para uma
certa direção, para um determinado propósito.
Isto era revelado a ele, e assim ele se movia
pelo Espírito, porque isto era uma questão do
mover de Cristo. É desta forma que a vida tem
que ser governada. Nossa oração não deve ser:
Senhor, devo fazer isto, e devo fazer aquilo?
Devo ir naquele lugar? Nossa oração deve
ser: Senhor, Tu irá lá? Tu irás fazer isto ou
aquilo? Tu me queres para o Teu propósito aqui
ou lá? Está tudo relacionado a uma Pessoa
viva. Do contrário você irá construir um grande
sistema de atividades, que dizemos ser para
Cristo, ao invés de ser a direta e a pura obra
de Cristo. Há valor e significado real nisto. É
um fator determinante. O que foi inicial na vida
do apóstolo também foi contínuo; isto é, toda a
sua vida do começo ao fim foi governada pela
revelação de Jesus Cristo.
Uma Posição de Completa Dependência
Tudo isso se refere ao seguinte: que Cristo
tinha se tornado tudo para ele. Não era uma nova
religião, e não era uma nova vida de obra. Não
era uma nova missão sobre a terra. Se você ainda
não chegou nesta posição, você irá - se
prosseguir o suficiente com o Senhor - chegar a
um lugar aonde você não irá mais querer nenhuma
missão de vida ou de obra, ou quaisquer outras
comissões; você chegará a um lugar de fraqueza,
de incapacidade e de dependência tão absoluta
que toda a sua atitude será: Oh, Senhor,
livra-me de fazer algo, a menos que o Senhor
queira fazê-lo. Senhor, se Tu não fores fazer
isto, então, por misericórdia, livra-me de
colocar a minha mão.
Paulo não se lançava num novo empreendimento;
Paulo estava ligado à Pessoa de Jesus Cristo, e
ele diz: ‘e a vida que agora vivo na carne,
vivo-a na fé, a fé que está no Filho de Deus.’
Cristo e Sua vida impulsionava o apóstolo. É a
missão de Cristo, o propósito de Cristo, não o
de Paulo. É o que o Senhor está fazendo, e não o
que Paulo está fazendo para o Senhor. É isto o
que significa; Cristo se tornando tudo. De modo
que por isto nós não temos vida fora de Cristo,
não temos força, nem sabedoria, nem
conhecimento; não temos nada, nem mesmo
capacidade para vivermos separados de Cristo;
todas as energias e fontes naturais foram
reduzidas pelo ato soberano do Senhor, de modo
que não sou mais EU, mas Cristo quem vive e quem
faz. Isto representa uma posição que é
naturalmente dolorosa para nós, muito dolorosa.
Embora possamos às vezes chegar a um lugar onde
dizemos para o Senhor: “Bem, Senhor, estamos
preparados para ter enfermidade, fraqueza e
sofrimento se tão somente isto fizer redundar
em Teu poder”, dizemos nós, ao mesmo tempo, “Se
for possível, livra-nos de nossa enfermidade”.
Há sempre uma negociação. Aqui está um homem a
quem tomamos como uma representação da verdade
que foi mostrada através dele.
Se existiu um homem que permaneceu na luz do
propósito pleno de Deus nesta dispensação, este
alguém foi Paulo. Aqui ele fala muito sobre sua
enfermidade, a fraqueza que estava em sua carne.
Ele conta que esses gálatas não o desprezaram
por causa de sua fraqueza e enfermidade de sua
carne; que eles arrancariam os seus próprios
olhos por dar a ele, caso pudessem; mostrando
que tipo de enfermidade era aquela, algo que o
tornou desprezível. Penso que há uma semelhança
muito próxima entre esta afirmação e aquela de 2
Coríntios 12: “Foi-me dado um espinho na
carne, um mensageiro de Satanás para me
esbofetear..’ Ele disse que aquilo foi-lhe
dado a fim de que ele não se gloriasse acima da
medida. Aqui está uma afirmação de que os
gálatas não o desprezaram por causa desta
enfermidade, desta prova, desta tentação que
estava em sua carne. Ao final de sua carta ele
disse: “Vejam com quão grandes letras lhes
escrevo de próprio punho.” Agora tudo isto é
a experiência humana desta obra de levar os
santos para a maturidade.
Maturidade exige que haja sempre a diminuição do
elemento humano, do elemento natural da carne,
de nossa própria força, de nossa própria
sabedoria, de nossa própria competência, de
nossa própria confiança. Nós devemos diminuir,
de modo que clamamos a Deus: “Não nos
permita fazer as coisas, a menos que Tu as
esteja fazendo”. Quando você chega nesta
posição, você pode ser um instrumento para a
maturidade dos santos. É verdade que quanto mais
há de nós, menos haverá de Cristo através de nós
para os outros; quanto menos há de nós, mais
poderá haver de Cristo para as pessoas. Este é o
caminho para a maturidade. É isto o que se
pretende pela revelação de Cristo.
Qual é a natureza da nossa revelação de Jesus
Cristo? Descobrimos que Ele é a nossa força na
nossa fraqueza; Ele é a nossa Vida na nossa
morte; Ele é a nossa sabedoria na nossa
dificuldade; em nosso problema; descobrimos que
Ele é o nosso descanso no problema, nossa
alegria no sofrimento. Nós O encontramos. É a
revelação de Jesus Cristo em nós pelo Espírito
Santo. Este é o caminho do crescimento. Este é o
caminho do crescimento de um ministério. Isto é
emancipação, liberdade, é união de vida com a
Pessoa viva pela revelação do Espírito Santo.
Paulo mostra que há muitas outras coisas que
resultam desta revelação. Há uma libertação da
carne. Você se lembra que ele clamou, e que está
registrado no final do capítulo 7 de sua carta
aos Romanos: “Miserável homem que sou; quem
me livrará do corpo desta morte?” A
libertação é através de nosso Senhor Jesus
Cristo: “Graças a Deus por Jesus Cristo nosso
Senhor”.
Agora Paulo diz aos gálatas: “Aqueles que são
de Cristo crucificaram a carne, com as suas
paixões e concupiscências”; estão libertas da
carne pela revelação de Jesus Cristo. “Graças a
Deus...”. Eu vejo a saída, é através de
Jesus Cristo. Ele coloca isto em contraste com a
lei. De que forma eles , debaixo da lei,
esperavam ficar livres da carne? Por meio de
todos os tipos de rituais, cerimoniais, formas,
práticas e observações, por meio do: “Você deve!
E você não deve!”; porém isto nunca funcionava.
Quando o Espírito Santo revela o Senhor Jesus
então há esta libertação. Não há crescimento e
plenitude espiritual até que haja libertação da
escravidão e da tirania da carne.
Agora, isto requer muito mais tempo do que
podemos dispor no momento, porém temos
freqüentemente falado que, se realmente
enxergarmos o Senhor Jesus, Aquele em quem toda
essa questão do pecado foi combatida e vencida,
e que o poder da carne foi completamente vencido
pelo poder do Espírito; e nós O vemos por causa
do triunfo pleno e completo contra a carne que
ocorreu Nele pelo Espírito de Deus, à destra de
Deus, há uma virtude em que Ele está lá para nós
como vitória sobre a carne. Nós nos assentamos à
mesa do Senhor, comemos e bebemos dos símbolos
do Seu Corpo e do Seu Sangue. O que isto
significa? É um ato de fé que tomamos a Ele para
ser a nossa vida aqui. Este Sangue é a vida
incorruptível do Senhor Jesus, sem pecado,
imortal. Isto é para mim aqui agora, até que a
minha obra termine, para me manter no meio
dessas condições. Há um Senhor vivo para
ministrar a mim, para me manter contra a obra da
enfermidade até que Deus acabe com o vaso. Há
algo em Jesus Cristo para a nossa libertação
hoje de toda a obra da velha criação.
Vamos orar na base de Sua humanidade vitoriosa,
e vamos viver na base de Sua humanidade
vitoriosa; Ele está aqui para nós. Toda a
virtude do que Ele é em glória será ministrada a
nós pelo Espírito Santo. Pela revelação de Jesus
Cristo somos libertos da lei, da carne, sim, de
todas as coisas. Isto é importante e valioso. Se
você não entender isto, peça ao Senhor que assim
o faça para a Sua glória.
Capítulo 7 - O Lugar e a Obra do Espírito Santo
Há uma linha que flui através desta carta aos
Gálatas que parece revelar, talvez, o fator
principal no crescimento espiritual: o lugar e a
obra do Espírito Santo. Faríamos bem se a
seguíssemos neste momento. Há cerca de treze
referências ao Espírito Santo na carta. Não
iremos nos referir a todas elas, mas iremos nos
ater a algumas características e fatores bem
distintos ligados a isso.
É muito claro nesta carta, e, naturalmente em
outras partes da Palavra, que o Espírito Santo é
fundamental na realização de todos os propósitos
de Deus no indivíduo e na igreja. Pode nos ser
útil irmos para uma apresentação bem simples
desta verdade na medida em que ela é desdobrada
nesta carta.
O Recebimento do Espírito
Em relação a isso, ler capítulo 3:1,2: “Ó,
insensatos gálatas, quem vos fascinou para não
obedecerdes à verdade, a vós, perante os olhos
de quem Jesus Cristo foi mostrado, crucificado,
entre vós? Só quisera saber isto de vós:
recebestes o Espírito pelas obras da lei ou pela
pregação da fé?” Essas palavras no verso 2
toca a questão bem no seu início da forma mais
simples e elementar. Elas têm a ver com o
recebimento do Espírito. Precisamos pausar por
um instante, para reunir a ligação entre esta
interrogação e todo o propósito da carta. Parece
que o apóstolo está fazendo algo semelhante ao
seguinte: Ele está dizendo, ‘agora vocês,
gálatas, responderam à mensagem do evangelho, e
ao fazer isto, vocês fizeram um tremendo
movimento de um campo para o outro. Vocês saíram
diretamente daquele campo pagão, com suas
externalidades de observações religiosas com
suas práticas. Vocês abandonaram tudo e
assumiram a posição simples da fé no Senhor
Jesus. Quando vocês fizeram isto, o selo de sua
aceitação, o selo de sua atitude de fé, a marca
que Deus deu a fim de mostrar que vocês são uma
nova criação em Cristo, foi que vocês receberam
o Espírito Santo; e vocês receberam o Espírito
Santo de Deus, a fim de que todo o propósito de
Deus em vocês pudessem ser realizados, agora que
vocês entraram para um relacionamento com Ele em
Seu Filho, Jesus Cristo.
Este recebimento do Espírito Santo foi
fundamental e abrange todas as coisas. Foi o
selo, a garantia. Com o Espírito Santo vocês
receberam a garantia e a dinâmica de tudo; não
havia mais nada com o que se preocupar. Ao
receber o Espírito Santo a herança é assegurada
a vocês, vocês estão selados. Era algo tremendo
que vocês deviam receber, pois isto significou
que Deus começou a Sua obra e possui terreno em
vocês para levar a obra até o fim. Sim, o
Espírito Santo foi tudo em relação aos
propósitos de Deus’.
“Como, então, recebestes o Espírito? Vocês sabem
muito bem que vocês não receberam o Espírito por
meio de todas as suas observâncias no paganismo;
essas coisas nunca levaram vocês a lugar algum.
Foi quando, após ouvirem a mensagem do evangelho
concernente ao Filho de Deus, vocês largaram
todo esse sistema de atividades religiosas por
meio de um ato definido de fé, e depositaram a
sua confiança no Senhor Jesus. Foi então que
vocês receberam o Espírito Santo, ‘não por
meio das obras da lei’. (Vocês devem omitir
aí o artigo. A margem corrige. É ‘pelas obras
da lei’ a lei pagã, do mesmo modo como havia
a lei mosaica.) “Não foi pelas obras da lei em
sua religião pagã que vocês receberam o Espírito
Santo, mas pelo ouvir a mensagem de fé. Foi uma
coisa tremenda para vocês terem recebido o
Espírito Santo; tudo estava incluído”.
“Aqui estão esses judaizantes, vindo e lhes
dizendo que vocês devem observar a lei Mosaica;
que vocês devem voltar atrás, não para a lei
pagã de vocês, mas para a lei judaica. Dar
atenção a eles é estar em perigo de retroceder
em relação ao Espírito Santo, retroceder em
relação aos dons do Espírito Santo”.
Esta é a conexão da questão. Vocês podem ver
quão grande questão é, o quanto está envolvido
nisso. Portanto, o fato em si é a questão para o
momento. O recebimento do Espírito Santo inclui
tudo aquilo que Deus pretende quanto ao Seu
propósito; e toda a luz, e orientação, e
conhecimento, e compreensão, e tudo aquilo que
for trazer maturidade espiritual em relação ao
propósito de Deus está com o Espírito Santo.
Receba o Espírito Santo e você terá tudo isto
Nele. Terá que ser desenvolvido, mas está lá.
Não há obra ou esforço seja do tipo que for de
nossa parte ligada ao nosso recebimento do
Espírito. Isto é fundamental. Recebemos o
Espírito Santo da mesma forma e na mesma base
como quando recebemos a justificação, o perdão,
e isto é através da fé no Senhor Jesus, o ouvir
da fé, a mensagem da fé. Como recebemos perdão?
Sabemos que jamais obtemos perdão por meio de
esforço, ou trabalhando para obtê-lo. Como
chegamos para o local abençoado do justificado?
Jamais por meio de alguma obra nossa, mas por
meio da fé na graça de Deus. Nós não recebemos
perdão e justificação, não até que cheguemos
àquela posição da fé simples, positiva e
definitiva na graça de Deus em Jesus Cristo.
Exatamente da mesma forma nós recebemos o
Espírito Santo. Isto torna o início da coisa
muito simples: muito simples para um grande
número de pessoas; muito simples para esta nossa
tendência ativa, prática.
Nós muito freqüentemente nos encontramos a nós
mesmos numa atitude, numa posição e num estado
mental de que devemos fazer alguma coisa a fim
de receber o Espírito Santo. Bem, vamos prestar
atenção na mudança do apóstolo. O Espírito Santo
é fundamental e abrange tudo em relação ao
propósito de Deus, você não pode ter nada maior
do que Ele. Com o Espírito Santo você tem tudo,
e tudo isto por meio de um ato simples e
definido de fé na graça de Deus. Devemos nos
lembrar que, da mesma forma que é dito que a
vida eterna é um dom de Deus pela fé. Assim
também o Espírito Santo é o dom de Deus pela fé.
Quando você obteve o perdão pelo exercício da
fé, Deus instantaneamente deu a você o
testemunho de que realmente você recebeu o
perdão, de que você era uma nova criação?
Você não foi colocado no teste em relação para
ver se realmente é fé ou sentimento? Você não
foi compelido muito freqüentemente a se manter
sem qualquer sentimento? “Deus, por causa de
Cristo, perdoou os vossos pecados, os
justificou, imputou a vós a justiça de Cristo,
vos aceitou”. Contra um desafio considerável
você teve que permanecer na base da fé. Você viu
muitas coisas se levantarem a fim de negar isto,
porém a fé em operação se tornou a base da total
garantia e da vida que daí resultou que você
hoje sabe que pertencem ao Senhor. Na mesmíssima
forma o Espírito Santo é recebido, não em
sensação, não em sentimento, mas em fé.
Isto é bastante elementar, porém é aí onde a
carta começa nesta questão do Espírito Santo, e
vocês vêem o quanto está ligado a isso. Temos
gasto todo este tempo nessas meditações,
enfatizando a tremenda questão aqui envolvida.
Quão longe vai esta questão! Como o céu e o
inferno estão em terrível conflito em relação a
essas coisas, em relação ao pleno propósito de
Deus, e como a alma do apóstolo está em angústia
devido às coisas que estão envolvidas! Agora,
bem no início (da carta), tudo isto é levado a
depender do simples, mas definido, recebimento
do Espírito Santo. Se você realmente tem
reconhecido a base sobre a qual Deus dá o
Espírito Santo, você jamais poderá voltar para a
lei, a lei de mandamentos carnais que consistem
em ordenanças; você jamais poderá voltar para
qualquer base de obras; você jamais poderá
voltar para qualquer lugar onde as
externalidades da religião se tornam a base da
sua aceitação em Deus. Esta aceitação começa com
a fé, e prossegue pela fé. Vamos reconhecer que
tudo começa com o seu princípio, tudo repousa na
primeira coisa, e, talvez, seja freqüentemente
necessário que até mesmo os veteranos em Cristo
retornem aos seus inícios. Eu não garanto que o
próximo ponto não irá nos desmascarar.
Continuando no Espírito
“Sois tão insensatos? Tendo vós começado no
Espírito, quereis agora acabar na carne?”
(verso 3). A margem interpreta do seguinte modo:
“Vocês agora terminam na carne?” Tendo começado
no Espírito, irão vocês finalizar na carne? O
apóstolo diz muito claramente que toda a vida
tem que ser sustentada e mantida pelo Espírito
Santo através da fé, exatamente como no
princípio. O fato é que nós não mudamos a nossa
posição, de uma desprezível para uma de
capacidade pessoal, quando nos tornamos filhos
de Deus. Tendo recebido o Espírito pela fé, e
tendo nos tornado filhos de Deus, nós não somos
mais competentes hoje em nós mesmos para
prosseguirmos do que éramos antes. Não é mais
possível para nós alcançar hoje o propósito em
nós mesmos do que era possível antes. Mudar a
base para um ponto de tempo subseqüente ao
princípio será fatal.
É isto o que aconteceu aqui. A palavra para nós,
portanto, é que do mesmo modo como fizemos no
início pelo Espírito através da fé, assim
devemos terminar, e somente assim iremos
alcançar o propósito; pelo Espírito através da
fé. O Espírito tem que fazer cada pedacinho da
coisa, e nós não podemos fazer nem um fragmento.
Nossa única posição é a de permanecer em fé no
Espírito, a fim de que Ele conduza a coisa até o
fim. É desta maneira que a coisa funciona. Não
há um único fragmento que Deus entregue a nós,
concernente a todo o Seu pleno propósito, mas
aquilo que o Espírito Santo nos dá, é dado para
o propósito de tornar real e verdadeiro, e
nenhum fragmento poderá jamais se tornar real e
verdadeiro separado do Espírito Santo.
Agora, o que nos é apresentado? Um padrão que é
muito elevado? Oh, isto é um padrão muito
elevado, é um ideal que jamais poderemos
alcançar, é uma vida muito distante de nós! É
tudo muito maravilhoso, mas não é para pessoas
simples como nós! É assim que vocês falam? Vocês
percebem o que estão fazendo? Por um lado vocês
são acusados de incredulidade, estão desprezando
o Espírito de Deus. Se Deus tem estabelecido
diante de nós qualquer objetivo, não importa
quão elevado, quão grande, quão maravilhoso, o
Espírito Santo irá fazer com que possamos
alcançar aquele objetivo, e não irá se ater a
apenas um fragmento de toda a vontade e
propósito Divino. Assim, a nossa atitude não
pode ser: “Não, é muito para mim; não, é tão
elevado, tão grande, tão maravilhoso”; nossa
atitude deve ser: “Eu tenho o Espírito, Ele pode
fazer; creio plenamente que o Espírito irá
cumprir todas as coisas”. Nós começamos no
Espírito e iremos prosseguir no Espírito; não
podemos alcançar o objetivo na carne. Não
podemos sustentar agora a nossa vida mais do
que quando começamos. É com o Espírito.
O Espírito e o Poder para o Serviço
“Aquele,
pois, que vos dá o Espírito, e que opera
maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da lei,
ou pela pregação da fé?” (Gál 3.5).
A nota da Versão Revisada diz: ‘...fá-lo pelas
obras da lei, ou pela pregação da fé?’ Aqui
nós vamos para além do princípio da vida cristã
e da questão da manutenção da vida cristã,
chegamos à questão do serviço, e do poder para
realizar o serviço. Qual é a base? Penso que não
há uma maneira melhor na qual isto poderia ser
colocado do que da forma em que está colocada
aqui: “Aquele, pois, que vos dá o Espírito, e
que opera...entre vós”. Isto, naturalmente,
refere-se ao Senhor. O Senhor vos dá o Espírito
e opera entre vós. É a operação poderosa do
Espírito Santo em vós e entre vós, aquela obra
de Deus, que é a evidência de Sua presença no
serviço. Ele dá o Espírito: E de que maneira?
Como encontramos poder para o serviço? De que
maneira iremos receber este poder? Por meio de
nada daquilo que podemos fazer. Oh, quantas
pessoas estão fazendo algo a fim de obter poder
para a obra; fazendo uma porção de coisas muito
energicamente, muito pacientemente, com toda
força de sua mente, a fim de que haja a
manifestação do poder de Deus. As pessoas estão
fazendo disso um negócio tremendamente ardoroso,
e isto é sempre algo muito perigoso de se
fazer. Aqui o apóstolo diz que o poder no
serviço está na mesma base que as duas questões
anteriores que tratamos, principalmente aquela
do Espírito Santo como o selo de nossa
aceitação, e do Espírito Santo como o meio do
nosso sustento. O Senhor não dá o Espírito em
resposta a quaisquer dos nossos exercícios
energéticos; Ele dá o Espírito em resposta a
fé, o mesmo tipo de fé que nós exercitamos
para a nossa salvação, e que fomos chamados para
exercitar a fim de alcançar o propósito de Deus.
As operações do Espírito entre nós são dons, e o
Espírito é dado pela fé. Você compreende isto?
Isto irá nos livrar de muitos problemas, de
muito estresse, e isto pode nos livrar de muitas
decepções; pois, se há uma coisa evidente esta
coisa é o seguinte: que uma alma terrivelmente
estressada, que se projeta, e que se concentra
em receber poder para o serviço, esta alma será
respondida por outros poderes, de cujos veículos
de expressão é a sua própria alma. Obtemos o
mental no serviço, poderes e manifestações
mentais por meio de outros espíritos, através
dessa tremenda emanação da força da alma em
relação ao poder para o serviço. É uma coisa
muito perigosa. Talvez nós tenhamos tocado algo
com o qual não devemos ir adiante, porém é uma
questão de muito exercício dos nossos corações
nesses dias vermos como Satanás está dominando o
mundo ao longo desta linha. Se você quiser a
explicação para esses poderes, ela não pode ser
encontrada no campo natural. Não são homens que
são naturalmente capazes de fazer o que estão
fazendo. Em suas infâncias essas pessoas eram
sem importância, mas aqui elas chegam como
fatores mundiais, com poderes maravilhosos e
influência fenomenal sobre as massas, de modo
que literalmente controlam e mantém as nações
como escravas em suas próprias mãos. Você olha
para a história dessas pessoas e descobre que é
uma história de uma projeção de intensidade
indescritível de suas próprias almas, o que
fornece a plataforma sobre a qual os poderes do
mal se alojam, a fim de executar a obra de
Satanás.
Agora, isto é o que acontece no campo geral, mas
você encontra isto também nos chamados campos
espirituais. As pessoas começam a se concentrar
ou projetar as suas almas sobre as coisas
espirituais, e você obtém uma manifestação de um
falso Espírito Santo, falsos sinais e
maravilhas. É da alma, e é satânico através da
alma. A questão do poder é muito mais simples do
que isto. “Aquele que vos dá o Espírito e
opera maravilhas entre vós, fá-lo pelas obras da
lei, ou pela pregação da fé?” Está o seu
exercício e esforço baseado no que você faz, ou
baseado na fé? O poder para o serviço está sobre
a base da fé. Isto traz a fé para um lugar de
tremenda proeminência e importância, porém isto
também mostra que é o Espírito Santo quem mantém
as coisas em Suas mãos, e não as coloca em
nossas mãos, e não as entrega a nós. É a Sua
obra, e não a nossa. Vamos lembrar com carinho
aquele pequeno trecho: “Aquele que ministra
(ou, Aquele que DÁ) o Espírito”. É o Senhor
quem faz, e Ele assim o faz em resposta a fé.
O Espírito e a Herança
“Cristo nos resgatou da maldição da lei,
fazendo-se maldição por nós: porque está
escrito, maldito todo aquele que for posto no
madeiro: para que sobre os gentios pudesse vir a
benção de Abraão em Cristo Jesus; para que
pudéssemos receber a promessa do Espírito pela
fé”. (versos 13,14).
Esta é uma declaração muito maravilhosa. A
benção de Abraão em Cristo é para nós. É uma
coisa tremenda para nós que somos gentios
pudéssemos receber esta benção em Cristo. Esta
promessa tem duas partes para o seu cumprimento:
primeiro aqueles que são da fé são descendentes
de Abraão. Cristo é o descendente de Abraão. “Ele
não disse e às descendências, como de muitas;
mas como de apenas uma. E a tua semente, que é
Cristo”. Assim, a fé nos faz um com Cristo,
como descendente de Abraão, para receber a
promessa. A segunda parte para o seu cumprimento
é, “Para que pudéssemos receber a promessa do
Espírito…” De modo que o Espírito Santo, no
sentido pleno, é assegurado a nós em Abraão por
meio da fé.
O recebimento do Espírito Santo abrange todas as
promessas em Cristo; pois, “Todas quantas são
as promessas de Deus, nele está o sim: e por ele
também o amém, para a glória de Deus por nós”.
Quão abrangente esta promessa feita a Abraão
está indicada em Romanos 4:13: “Porque
a promessa de que havia de ser herdeiro do mundo
não foi feita pela lei a Abraão, ou à sua
posteridade, mas pela justiça da fé.”
Como é cumprida a promessa de que Abraão deveria
ser herdeiro do mundo? Em Cristo. Por
qual meio? Por meio do Espírito Santo. De
modo que em Cristo, pelo Espírito Santo, nós
chegamos àquilo que primeiro foi prometido a
Abraão, principalmente a possessão do mundo. É
uma coisa maravilhosa. Nós estamos obtendo a
promessa em vista pelo Espírito Santo. Nós
estamos nos movendo desde o início, passo a
passo. A progressividade das coisas nesta carta
é notável.
Aqui nós chegamos à visão plena do propósito:
“Herdeiro do mundo”. A aliança foi com
Abraão; a aliança foi cumprida em Cristo; o meio
pelo qual a aliança é cumprida é o Espírito
Santo, e nós somos os recebedores do Espírito. O
que, então, nós recebemos? A promessa de herdar
o mundo, uma herança no mundo vindouro. Em todo
lugar o apóstolo fala do Espírito Santo como a
garantia da nossa herança. “Para que ele
pudesse ser o herdeiro do mundo”! Que grande
é esta promessa, e nós somos participantes
disso.
Como vamos herdar o mundo? Deus tem nos chamado
para isto. Como iremos entrar nisto? Pelas obras
da lei, pelos nossos próprios esforços, por meio
de nossas atividades externas do tipo
religiosas? Não, devemos retornar novamente para
a base simples da fé. O Espírito Santo veio para
nos fazer entrar nessa herança. O mundo vindouro
estará sujeita ao homem, de acordo com o
propósito de Deus, e este é o assunto da obra do
Espírito Santo.
Oh, Senhor, é um grande plano, maravilhoso
demais para nós, que devemos herdar o mundo, que
devemos reinar sobre a terra, que devamos estar
numa união governamental com Cristo no domínio
do mundo vindouro. É isto possível? O Senhor
responde: Tenho vos dado o Espírito Santo, e Ele
é a garantia de tudo isso. Confiem nEle e Ele
irá realizar tudo. Afinal de contas o domínio do
mundo não é assim uma coisa tão extenuante como
é sugerido para ser. É uma questão de fé no
Espírito Santo. O Espírito Santo é o resumo de
todas as promessas, e de todas as bênçãos feitas
e prometidas a Abraão.
O Testemunho do Espírito
“E porque sois filhos, Deus enviou o Espírito
de Seu Filho aos vossos corações, o qual clama
Abba Pai”. ( Gál 4.6) Aqui está a
progressividade em vista novamente. Temos visto
o propósito, a herança. Quem são aqueles que
herdam? Os herdeiros. Filhos, filhos
primogênitos. Como somos nós constituídos
filhos, e, portanto herdeiros? Ele enviou o
Espírito Santo aos nossos corações, o Espírito
de Seu Filho, o qual é o herdeiro de todas as
coisas. Quando o Espírito Santo faz este
clamor em nossos corações, “Pai”, esta mesma
expressão, como nascida em nós do Espírito Santo
em relação à herança. Isto não apenas significa
que estamos na família de Deus, isto se refere à
herança. É o Espírito de filiação. Isto não é a
filiação da regeneração, mas é a filiação da
plena união com Cristo, e a tudo o que isto
significa.
Andando no Espírito
“Digo,
porém: Andai em Espírito, e não cumprireis as
concupiscências da carne”. (Gál 5.16).
Você vê como tudo isto está associado à
maturidade espiritual, pleno crescimento.
Aqui está todo o segredo da santificação. Eu
digo, enfrente corajosamente todos os seus
ataques, e combata contra eles de forma
varonil, e não permita ser vencido por eles, mas
domine-os! Que pobre conselho, que
tragédia está ligada em tal curso. A coisa é
muito mais simples do que isto. “Ande no
Espírito e não cumprireis as concupiscências da
carne”. Oh, dar aos homens algo mais forte!
Sim, tudo bem, aqui está algo mais forte: “Porque
a carne luta contra o Espírito, e o Espírito
contra a carne; pois estes se opõe um ao outro;
para que não façais o que quereis” (verso
17). Isto simplesmente nos leva para a questão
de quem é mais forte, o Espírito de Deus ou a
carne. Sim, a carne luta contra o Espírito. Há
alguma perspectiva de esperança para a carne?
Não, pois o Espírito está contra a carne, e
operando contra ela.
Como esta operação do Espírito leva a vitória? O
Espírito luta contra a carne. O que é andar
no Espírito? Você se alia com o Espírito;
não quando você luta e combate contra as
concupiscências da carne, mas quando você
coopera com o Espírito. É somente quando
você e eu nos inclinamos em direção a carne e
nos aliamos com ela que fracassamos. Aí está
presente uma energia e um poder, e se nós
deliberadamente tomarmos nossa posição com esta
energia, com este poder, com esta Pessoa, aí
haverá libertação. Do contrário será algo sem
esperança, mas este é o segredo da santificação,
e este é o caminho do crescimento espiritual
pleno. O agir do Espírito Santo aí faz uma
grande diferença. “Pois a carne luta contra o
Espírito, e o Espírito contra a carne..” Eu
tenho uma idéia que ao invés de “e” a palavra
poderia ser “mas”. Se isto for verdadeiro, fará
uma grande diferença. Isto coloca esperança em
tudo. Mesmo que a palavra que aí esteja não seja
este (“mas”), o fato, porém, permanece.
O Fruto do Espírito
“Mas o fruto do Espírito é amor, alegria, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé,
humildade, domínio próprio: contra essas coisas
não há lei”. (Gál 5.22,23). A forma peculiar dessas
palavras devem ser observadas. “O fruto (no
singular) do Espírito é (então você tem a
pluralidade)...” A forma gramatical correta
seria: Os frutos do Espírito são - O fruto do
Espírito é o amor, e o amor compreende todo
o resto, e todo o resto é amor em expressão em
diferentes formas. Você pode verificar isto. Se
você realmente tem o amor de Deus em seu
coração, o que você tem? Você tem alegria, amor
é júbilo; paz, amor é confiança; longanimidade,
o amor tudo sofre; benignidade, o refinamento do
amor; humildade, como alguém disse, com a cabeça
baixa; bondade, amor em ação; temperança, amor
prudente; fé, amor crédulo.
Todas essas coisas estão incluídas no amor. O
fruto do Espírito é amor. Se você quiser saber o
que é amor, está tudo aí. Esta é toda a moldura
da obra do Espírito Santo. Tem isto alguma coisa
a ver com maturidade, com fé, com crescimento?
Naturalmente que sim. A maturidade espiritual
vem pelo Espírito Santo dando os seus frutos em
nós. O fruto do amor produzindo alegria, paz,
longanimidade, benignidade, humildade, bondade,
temperança, fé.
Perseverando no Espírito
“Se vivemos pelo Espírito, andemos pelo
Espírito”. (Gál 5:25) Este é o nosso
relacionamento voluntário e continuo e ativo com
o Espírito. Se vivemos pelo Espírito - e do
início ao fim é tudo pelo Espírito - então vamos
também andar pelo Espírito. É uma rendição
voluntária ao Espírito Santo, e um
prosseguir continuo com Ele. Afinal de
contas, temos todas as coisas pelo Espírito, do
começo ao fim. Visto que é desta forma, vamos
continuar com o Espírito. Mas perceba, não é uma
vida passiva, é uma vida ativa, uma caminhada
exercitada. O ponto é que o Espírito procura que
tenhamos moral e caráter espiritual. Não é uma
questão de Ele tirar tudo de nossas mãos, e de
fazer tudo separado de nós, de modo que
simplesmente reclinamos e dizemos: “Bem, nós
verdadeiramente temos o Espírito, e não
precisamos fazer nada nem pensar em nada, tudo
será feito para nós”. Tudo realmente é pelo
Espírito em nossa vida, porém nós somos ativos,
e não passivos; vamos andar no Espírito. Ele
está procurando produzir o caráter espiritual, e
isto só é possível através de exercício, e
nosso exercício deve ser na direção do Espírito,
e, como resultado disso, iremos alcançar o plano
de Deus, o pleno crescimento.
Capítulo 8 - A Cruz e a Conformidade com Cristo
Ler: Romanos 6
“O que nós em glória em breve seremos
Ainda não é manifestado
Mas quando o nosso Bem Aventurado Senhor nós
vermos
Iremos refletir a Sua imagem
[“Veja, que Amor”, por M.S. Sullivan]
As palavras acima sobre as quais temos baseado
nossas meditações correspondem com estas
palavras: “A ardente expectação da criação
espera pela manifestação dos filhos de Deus”;
“Conformados à imagem de Seu Filho”; “Iremos
refletir a Sua imagem”. Cobrimos um bom terreno
em relação ao pensamento e ao propósito Divino,
passando por quatro das cartas do apóstolo
Paulo.
Em todas essas cartas há uma nota forte sobre a
qual não temos discorrido particularmente,
embora nós a temos mencionado aqui e ali, e se
trata da cruz de Cristo; e, prosseguir a partir
de agora sem reconhecer a posição da cruz, em
relação ao propósito de Deus de nos conformar à
imagem de Seu Filho, seria cometer o maior dos
enganos e ignorar a coisa mais fundamental.
Iremos, portanto, rapidamente considerar sua
posição nessas quatro cartas do apóstolo Paulo,
de Romanos a Gálatas. Isto não significa que
iremos lidar com cada referência em relação à
cruz em cada carta, mas sim com o lugar dado a
ela e sua conexão específica em cada carta.
A Cruz em Relação ao Pecado
É muito claro que a posição da cruz na carta aos
Romanos é em relação a toda a questão do pecado,
e até que este assunto seja decidido não há
qualquer perspectiva de conformidade à imagem do
Filho de Deus. Agora, os termos usados aqui
deixa muito claro que se trata de uma questão
que foi decidida de uma vez por todas. É algo
que é feito no princípio. Porém vamos nos
apressar a fim de salientar que não são os
pecados que estão sendo tratados. O assunto aqui
não são os pecados, mas o pecado.
Conduzindo a este capítulo, a questão toda de
pecado e justiça tem sido revista, e tem havido
uma busca através do universo por justiça no
homem, na condição de homem natural. Esta busca
tem se estendido através de todo o mundo pagão,
e, então, no mundo judeu, e, quando toda a base
do judeu e do gentio foi examinado, o veredicto
é este: não apenas o homem não é justo, mas ele
é injusto por natureza.
“Não há justo, nenhum sequer um”. Assim que
todos os homens estão, por natureza, incluídos
debaixo da injustiça. Não há, portanto, qualquer
fundamento sobre o qual Deus pode edificar o Seu
propósito; pois Deus precisa ter uma fundação
ajustada àquele propósito. Se o Seu propósito
for que a imagem de Seu Filho deva ser
reproduzida nos homens e mulheres, na criação,
então a fundação deve ser justa; pois é aí que
você começa com o caráter de Jesus Cristo, a
natureza de Cristo.
É uma questão de justiça. Como, então, Deus irá
se prover de uma base essencial sem que seja
vencido em Seu propósito? Deus enviou o Seu
Filho na semelhança da carne, e assim, em
relação a raça injusta, Ele se fez pecado. Ele
tomou a natureza injusta do homem sobre Si em
sua Cruz, numa forma representativa, embora em
Si próprio não houvesse pecado. Porém, como
substituto e representante de uma raça que está
condenada, julgada e debaixo da morte. Ele, como
um representante inclusivo e racial, morreu sob
as mãos do divino julgamento, e Nele a raça foi
levada a morrer, do ponto de vista de Deus. É
assim que Deus vê. Nele o pecado é tratado, a
injustiça é removida. Em Sua ressurreição Ele se
‘levantou da morte, para a glória do Pai’. Não
há glória, exceto onde há justiça. Em Sua
ressurreição você tem um representante justo,
como em Sua morte você tem um representante
injusto. Em Sua morte Ele é oferecido como um
substituto em favor do pecador; em Sua
ressurreição Ele é apresentado como um
substituto em favor daquele que crê, em favor do
santo. Agora o desafio é: Quem é justo?
Todo o argumento nesta carta aos Romanos, como
você sabe, tem a ver com aquela justiça que é
pela fé em Jesus Cristo. Isto é, quanto a ser,
por um lado, iremos exercer fé em Jesus Cristo
como o nosso substituto na morte, no julgamento,
sob a mão de Deus para a destruição, e iremos
colocar as nossas mãos sobre a Sua cabeça e
dizer: Este justo é aceito em meu favor, Ele é o
meu representante diante de Deus, Sua justiça é
minha. Isto é exercer fé em Jesus Cristo, e Deus
computa a Sua justiça como sendo nossa, coloca-a
em nosso crédito, e assim, a questão do pecado é
eliminada na morte do Senhor Jesus. Quando pela
fé nos identificamos com Ele em Sua morte, somos
achados no lugar onde todo o corpo do pecado foi
exterminado, e então, quando pela fé nos
identificamos com Ele na ressurreição, todo o
corpo da justiça abunda, e somos contados justos
por Deus.
Este é o elemento simples do evangelho. Você
está familiarizado com isto, porém é aí onde
Deus inicia, e esta é a fundação. Na cruz todo o
corpo do pecado, o qual estava impedindo que
Deus realizasse o Seu propósito, é removido da
presença de Deus. O próprio Deus o removeu, e
Deus trouxe a justiça por meio da ressurreição
de Jesus Cristo, e desta forma proveu-Se de um
fundamento sobre o qual pode realizar a Sua
obra, o Seu propósito de conformar os que crêem
à imagem de Seu Filho.
É importante, então, para nós, reconhecer que
toda a questão do pecado foi resolvida, todo o
corpo do pecado foi removido em Cristo Jesus, e,
pela fé, aceitar esta posição, como também que
todo o corpo de justiça em Cristo Jesus foi
manifestado por Deus na ressurreição, e que isto
é assim na medida em que cremos. Somos contados
como justos diante de Deus por meio da fé em
Jesus Cristo. Até que isto seja estabelecido,
não podemos chegar a lugar algum. Enquanto
tivermos questões sobre isto, Deus não pode
prosseguir com a conformação à pessoa de Cristo.
É por isto que dissemos que a questão não é
aquela de pecados, mas pecado. Iremos descobrir,
após esta questão ter sido resolvida, que há
ainda elementos daquela velha criação em nós,
mas que agora Deus começa sobre a base da
justiça, a fim de tratar com eles, a fim de nos
conformar à imagem de Seu Filho, de modo que a
justiça vence a injustiça, e a natureza do
Senhor Jesus vence a velha natureza. Porém, o
essencial no início das operações de Deus é que
nós aceitemos o todo como já realizado em Seu
Filho, Jesus Cristo. É como se Deus estivesse
tirando do depósito pleno e final que está na
pessoa de Seu Filho e tornando real em nós, na
medida em que exercemos a fé Nele.
Não precisamos dizer mais sobre a carta aos
Romanos. Pode ser que algumas pessoas ainda não
tenham passado de Romanos 6. Bem, o chamado é
muito claro, a posição é inequívoca. O apóstolo
diz que esta posição pode ser assumida em fé, e
o batismo é a forma no qual o testemunho é
levado ao fato de que assumimos aquela posição.
Em nosso batismo nós aceitamos a posição,
declarando que fomos plantados juntamente com
Ele em Sua morte, e também estamos unidos com
Ele na semelhança de Sua ressurreição. É aí onde
começamos. Temos justiça com a qual podemos
começar a fundação essencial de Deus. Sempre
que você sai desta fundação, você impede a obra
de Deus. Sempre que você tiver dúvidas em
permanecer diante de Deus sobre a base da
divina justiça, imediatamente remove a mão de
Deus sobre a sua vida, no sentido de conformá-lo
à imagem de Cristo, porém, enquanto você assumir
esta posição de fé, a mão de Deus pode fazer a
obra. Não discuta sobre isto; não tenha todos os
tipos de questões a respeito; não permita que
meros elementos psicológicos entrem e digam:
“Bem, esta tentativa de nos fazer crer em algo é
um esforço de assumir uma posição que não é real
e verdadeira?” Porque mentalmente assumimos
esta posição, ela é como que um fato subjetivo
em nós. Não permita que todo este estado entre,
pois ele certamente fará isso se você permitir.
Se você positiva e definitivamente considerar,
em relação ao corpo pecaminoso da carne, que foi
levado a morrer na pessoa de Cristo, e, se
positiva e definitivamente você reconhecer a
justiça de Cristo como sua, então Deus diz:
‘Irei torná-la real em você, e irei continuar
trabalhando em você até alcançar o Meu objetivo
final. Você considera, e Eu realizo a obra, Deus
diz. Você age em fé, e Eu ajo em obra. Assim,
Deus trabalha sobre a base de algo estabelecido
em nossos corações através da fé. É possível que
encontremos muitas coisas que procurem nos
conter, como ocorreu com Lutero, o grande
expoente desta verdade da carta aos Romanos. Ele
era continuamente perseguido pelos inimigos, os
quais buscavam trazê-lo de volta para debaixo da
acusação e da condenação, porém ele sempre se
livrou por meio de uma afirmação forte e
positiva, bem na cara de Satanás, que em Cristo
nenhum pecado era atribuído a ele; ele era
justo. Foi assim que ele descobriu a vitória.
Esta deve ser a nossa posição; não discutir com
o maligno, mas dizer-lhe a verdade: e esta é a
verdade, que em Cristo somos declarados por Deus
como sem pecado. Devemos honrar a Jesus como
nosso representante.
A Cruz e o Homem Natural
Passamos de Romanos para a primeira carta aos
Coríntios, e aqui no capítulo 2, verso 2, temos
a nossa referência à cruz: “Pois nada me propus
a saber entre vós, a não ser a Jesus Cristo, e
este crucificado”
Esta é uma resolução definitiva, uma
determinação. Quando Paulo fala desta maneira,
ele fez com que a sua mente aceitasse certa
posição, e nós podemos estar certos de que ele
possui razões muito boas para isso. O motivo
fica muito evidente na medida em que você lê
esta carta. Aqui estavam os crentes em Cristo
Jesus, cristãos que traziam para a vida cristã
todos os elementos naturais. Esses elementos são
muitos, como revela a carta. Eles estão
procurando viver, em relação ao Senhor Jesus, na
base da vida natural, da sabedoria natural (este
é o assunto dos capítulos 2 e 3), da força
natural; preferências naturais, gostos e
desgostos naturais. O apóstolo não fala que eles
não são regenerados. Ele os chama de povo do
Senhor, porém ele diz que são carnais; isto é,
cristãos carnais. Eles falam como os homens
naturalmente falam. Eles pensam como os homens
naturalmente pensam. Eles desejam e escolhem, e
selecionam como o fazem os homens naturalmente,
e de toda maneira eles estão fazendo o que os
homens fazem por natureza. Ele coloca isto em
contraste com o que os homens pensam, falam,
sentem, desejam, e selecionam quando
espirituais. Assim ele coloca dois homens em
oposição aqui, o homem natural e o homem
espiritual. O primeiro ele chama de homem da
alma, o homem natural; o outro ele chama de o
homem do espírito, o homem espiritual. A palavra
usada para o último é uma palavra muito
interessante quando você a divide - homem
‘pneumático’. “Eikos” é uma forma semelhante; um
ícone é uma forma, uma semelhança, uma imagem.
“Pneuma” é espírito. Assim, a palavra que você
tem quando faz a separação é “formado segundo o
espírito”, ou “feito adequado para o que é
espiritual”. O outro homem é formado segundo o
natural, segundo a alma. Agora é por isto que
Paulo se determinou a não saber coisa alguma
entre eles que fosse meramente conhecimento
natural. Isto quer dizer, ele não descia ao
nível deles, para que tudo pudesse ser conhecido
por meios naturais sobre uma base natural.
Ele viu que isto estava arruinando os interesses
do Senhor na vida deles e destruindo o
testemunho deles. Ah, mas ele sabia disso, que a
cruz do Senhor Jesus não tinha apenas lidado com
toda a questão do pecado, mas também com todo o
problema do próprio homem. A questão do homem
natural foi resolvida, do mesmo modo como a
questão do pecado. Na morte do Senhor Jesus, não
apenas tinha o homem morrido como um pecador,
mas ele tinha morrido como homem, como um tipo
de ser, como um tipo de criatura que pensa desta
forma, que fala desta forma, que sente, que
gosta, que escolhe desta forma. Tudo é conforme
com a natureza, e na cruz do Senhor Jesus este
homem morreu, e na ressurreição de Jesus Cristo
outro homem, um homem de espírito é trazido, que
pensa espiritualmente, que deseja, e sente, não
como um homem natural, mas como o Senhor Jesus:
uma pessoa que possui a mente de Cristo, que
possui as sensibilidades de Cristo, que possui
as inclinações de Cristo, que possui os gostos
de Cristo; e tudo isto é tão contrário ao que
você tem aqui em Corinto.
A cruz do Senhor Jesus, então, traz um fim a um
tipo de homem, a saber, o homem natural, e abre
caminho para outro homem, um homem espiritual.
Se você tiver algumas dificuldades sobre este
termo “homem espiritual”, apenas lembre que a
palavra significa “alguém que foi feito adequado
para as coisas espirituais”. Se você quiser
saber o que está escrito aqui: “Agora, o homem
natural não aceita as coisas do Espírito de
Deus... Ele não pode entendê-las porque elas se
discernem espiritualmente. Mas aquele que é
espiritual discerne bem todas as coisas...” (1Co
2.14,15). Este é um homem que é, assim,
constituído de modo que pelas faculdades divinas
ele é agora capaz de compreender os pensamentos
divinos, de ter comunhão com esses pensamentos
e de viver em conformidade com eles. Ele é
constituído, formado para aquilo que é de Deus.
A cruz do Senhor Jesus se coloca entre esses
dois tipos de homens. Por um lado ela traz um
fim ao natural, e por outro lado, ela faz
aparecer o homem espiritual. Isto é
absolutamente essencial ao propósito de Deus.
Deus jamais pode alcançar o Seu objetivo de nos
conformar à imagem de Seu Filho sobre bases
naturais, no homem natural. Se você e eu
descermos a esse nível de vida carnal, de modo
que estejamos pensando, sentindo, falando,
desejando, escolhendo e agindo sobre uma base
natural, Deus não pode ir a lugar algum conosco.
Tudo isso tem que acabar. Devemos ser moldados
segundo o Espírito, e, então, o propósito de
Deus fica em vista, conformidade à imagem de Seu
Filho.
A Cruz, a Divisão Entre Duas Vidas
Agora passamos para a segunda carta aos
Coríntios, e encontramos nossa passagem no
capítulo 5, versos 14-18. Isto é um avanço sobre
a posição na primeira carta. Lá vimos que a cruz
traz o homem espiritual no lugar do homem
natural. A mesma coisa é dita aqui, porém o
assunto é levado mais adiante, é ampliado. Seu
objetivo é agora aquele de toda uma criação. O
que fica claro diante de nós é o seguinte, que o
crente individual através da cruz do Senhor
Jesus é constituído uma nova criação, um membro
de uma criação espiritual, e que tudo nesta
criação, de forma relativa, é espiritual; isto
é, há uma nova raça, e os relacionamentos
naturais de todos os membros desta nova raça são
elevados para o Espírito. A distinção é
desenhada entre aquele que é segundo a carne, e
aquele que é segundo o Espírito; entre tudo que
é segundo a velha criação e tudo o que é segundo
a nova criação; e a cruz se coloca no meio.
“Todos morreram”, diz o apóstolo; porém ele diz
aqui que todos morreram em Cristo em relação aos
outros. Anteriormente conhecíamos uns aos outros
segundo a carne, nossas relações eram carnais, o
relacionamento de uma velha criação, avaliávamos
uns aos outros conforme os padrões da velha
criação; julgávamos uns aos outros na base da
velha criação, os nossos relacionamentos uns
para com os outros estavam todos ao longo do
nível natural, da velha criação. Portanto, visto
que todos morremos e ressuscitamos em Cristo,
nesta nova base nós não mais nos conhecemos uns
aos outros segundo a carne, mas os nossos
relacionamentos são trazidos para o Espírito;
isto é, fomos elevados para o campo de uma nova
criação. O que é que mantém o povo de Deus junto
e forma este abençoado relacionamento, que é um
dos mais fortes testemunhos da vitória da cruz
do Senhor Jesus? É o fato que essas pessoas
compartilham o mesmo Espírito, uma nova vida,
onde tudo é de Deus. As coisas velhas já
passaram. Nós temos que agir sobre esta base.
Temos que nos ajustar a ela.
Você observa que esta segunda carta muito
claramente segue na posição da primeira. Na
primeira carta você tem o seguinte: “Vós sois
carnais; e a prova de que sois carnais é isto,
que um diz: Eu sou de Paulo! E outro: Eu sou de
Apolo! E outro diz: Eu sou de Pedro! Quando
todos dizem “EU”, isto prova que sois carnais”.
Não é este o carimbo da velha criação? Todas as
nossas relações na velha criação parecem estar
reunidas secretamente ao redor do interesse do
“EU”; simplesmente onde aparecemos na questão,
como as coisas nos afetam; o que iremos ganhar
ou perder; nossa satisfação. Se uma pessoa na
velha criação não gosta de nós, simplesmente
lavamos as nossas mãos e dizemos: “Bem, tudo
bem, não importa, você pode continuar”. Nós
gostamos de ser queridos, e não temos qualquer
interesse naquilo que não gratifica o “EU” de
uma forma ou de outra. Em algum lugar você irá
descobrir que o elemento “EU” é que domina.
O apóstolo diz que a cruz do Senhor Jesus trouxe
um fim a isto, e nossas relações são feitas numa
base completamente nova. Os benefícios pessoais
de nossas relações não mais são considerados,
mas nós nos conhecemos uns aos outros segundo o
Espírito, e ministramos Cristo uns aos outros.
Você não mais é um objeto sobre o qual eu fixo a
minha atenção, a fim de obter algum benefício.
Você me odeia, mas eu te amo ainda mais. Você
trabalha contra mim, mas eu oro por você. Esta é
a linha da nova criação. É um tipo diferente de
coisa. Daí por diante nós não mais conhecemos
nenhum homem segundo a carne.
Eu não estou dizendo que sempre vivemos neste
nível, mas sim que esta é a forma de Deus nos
conformar à imagem de Seu Filho, e, quando você
e eu sentimos que as atitudes das outras pessoas
contra nós tendem a nos provocar para a
vingança, temos que trazer a coisa para a cruz,
e dizer: O calvário não permite isto. Sempre que
há uma provocação daquilo que é da velha
criação, temos imediatamente que correr para a
cruz e ver como a coisa é tratada, pois calvário
significa que um morreu por todos, portanto,
todos morreram, e, a partir daí, nós não
conhecemos o homem segundo a carne.
A Cruz e Duas Esferas ou Modos de Vida
Iremos finalizar com uma palavra de Gálatas.
Quanta coisa há lá em Gálatas sobre a cruz. Como
dissemos, há quatro grandes referências à cruz
na carta. Dessas quatro, uma é muito familiar a
nós: “Por que eu pela lei morri para a lei, para
que pudesse viver para Deus. Estou crucificado
com Cristo, e vivo não mais eu, mas Cristo vive
em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a
na fé, a fé que está no Filho de Deus, o qual me
amou e a Si mesmo Se entregou por mim”. (gál
2.19,20). A cruz do Senhor Jesus, na qual eu fui
crucificado! Qual é a ligação da cruz lá? Ela
segue a linha da distinção entre dois tipos de
vidas. Você observa o que o apóstolo está
dizendo aqui. Ele está dizendo, em efeito:
“Quando estava debaixo da lei, a minha busca era
por vida. Estava a procura de vida. Eu queria
viver diante de Deus. Eu queria saber o que era
a vida em comunhão com Deus, e a fim de conhecer
esta vida de comunhão com Deus, eu buscava a
lei. Eu seguia suas prescrições minuciosa e
cuidadosamente; eu me devotava a todos os seus
preceitos e apelos. Quando a lei dizia mais e
mais: ‘Você não pode’, eu procurava me conformar
a fim de que pudesse conhecer; e quando a lei
dizia repetidamente: ‘Você deve’, eu fazia tudo
o que podia para mostrar que eu seguia a lei.
Porém em minha devoção à lei, na medida em que a
lei surgia diante de mim e estabelecia um certo
padrão, descobria que a vida em mim era
contrária aquela lei. O tipo de vida que estava
dentro de mim não podia corresponder à lei, mas
estava trabalhando sempre contrariamente, de
modo que a lei se tornou um fardo que eu não
podia carregar, algo que me derrubava no chão.
Ao invés de me salvar, ela apenas me fazia
sentir quão mal eu era. Ao invés de me trazer
vida, ela apenas tornava a morte uma grande
realidade, por causa da vida que estava dentro
de mim. Eu não tinha vida dentro de mim que
pudesse alcançar o propósito que estava
procurando, e corresponder às exigências de
Deus. A lei se levantou e eu morri. Como poderia
eu ser salvo? Apenas poderia ser salvo se
houvesse uma outra vida colocada dentro de mim.
Se uma outra vida for colocada em mim, então
ninguém precisa me dizer: ‘Você deve’, e, ‘Você
não deve’. Terei um padrão completamente
diferente. Se tão somente eu pudesse ter a vida
de Deus, então poderia ter a natureza de Deus, e
ninguém precisaria me dizer: ‘Você pode’, e,
‘Você não pode’, e me encher de mandamentos.
Eu podia descobrir que tinha em mim aquilo que
era do próprio Deus, uma outra vida, tornando
tudo capaz”. Assim, o apóstolo entendeu o
significado da cruz. “A cruz de Jesus Cristo”,
ele diz, ‘significando o meu fim para aquela
vida velha, o fim daquela velha vida muito
devotada, daquela vida velha que nunca conseguia
chegar a lugar algum, daquela vida velha que não
podia nunca cumprir as exigências de Deus. Eu
fui crucificado com Cristo para essa vida, e,
portanto, quando essa vida morreu, eu morri para
esses tipos de coisas, para a lei. Sobre um
homem morto nenhuma lei consegue operar. Assim,
através da morte eu escapei da lei. E agora eu
vivo, porém contudo não mais eu, mas Cristo
vivem em mim; uma nova vida, vida divina, o
próprio Cristo vive em mim. É isto o que a cruz
de Cristo fez por mim. Eu tinha uma vida que era
completamente incapaz de me levar para qualquer
posição de descanso e satisfação. Era uma vida
que não era vida absolutamente. Era uma vida de
morte, e eu era mantido consciente desse fato
por meio da presença da lei de Deus. Agora, eu
morri com Cristo, e morri para a lei, e
ressuscitei com Cristo, e é Cristo quem vive em
mim agora, e pela vida de Jesus Cristo que
habita dentro de mim, vim a conhecer o que
Cristo é”.
É a vida sobre a qual o apóstolo está dando
ênfase aqui. “A vida que agora vivo na carne,
vivo-a na fé, a fé que está no Filho de Deus, o
qual me amou e a Si mesmo se entregou por mim”.
Louvado seja Deus, este é o caminho da
libertação, o caminho da emancipação, o caminho
da vitória. Devemos mencionar as outras três
referências sem nos atermos muito sobre elas.
Gálatas 3.13,14 correspondem ao que acabamos de
dizer, de modo que chega a ser quase uma
reiteração. É parte do mesmo argumento. “Cristo
nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se
maldição por nós, pois está escrito: Maldito
todo o que for pendurado no madeiro., para que
sobre os gentios pudesse vir a benção de Abraão
em Cristo; para que pudéssemos receber a
promessa do Espírito por meio da fé”.
Aqui você tem através da cruz do Senhor Jesus
não apenas uma nova vida, mas um novo poder, e
este poder não é outro senão a presença pessoal
do Espírito Santo na vida. Gastamos bastante
tempo sobre isso em nossa última meditação, e
não precisamos dizer mais nada a respeito, mas
simplesmente que, se o Espírito Santo, Deus
Espírito Santo, é residente dentro de nós na
base de nossa ressurreição com Cristo, na base
do que a morte de Cristo significou, então todo
o propósito de Deus é tornado maravilhosamente
possível. O Espírito Santo que residente dentro
de nós certamente será o poder por meio do qual
alcançaremos o propósito de Deus. Isto muito
naturalmente leva ao próximo ponto no capítulo 5
verso 24. “E aqueles que são de Cristo Jesus já
crucificaram a carne com as paixões e
concupiscências”.
Aqui está a cruz novamente, e nesta conexão ela
nos diz que aqueles que foram crucificados com
Cristo, aqueles que entraram naquela união com
Ele em Sua morte e em Sua ressurreição, têm eles
uma nova disposição, uma nova natureza.
Finalmente, no capítulo 6 verso 14: “Mas longe
esteja de mim gloriar-me, a não ser na cruz de
nosso Senhor Jesus Cristo, por meio do qual o
mundo foi crucificado para mim, e eu para o
mundo”. É interessante observar o modo
particular em que o apóstolo fala do mundo aqui.
O termo é bastante abrangente, e inclui muita
coisa. Aqui Paulo vai direto ao espírito da
coisa. Você observa o contexto. É bom que
consideremos. “Pois nem mesmo aqueles que
recebem a circuncisão guardam a lei; porém
querem vos circuncidar, para que possam se
gloriar na carne”. (verso 13).
O que o apóstolo quer dizer? Eles dizem: Vejam
quantos prosélitos nós fizemos! Vejam quantos
seguidores e discípulos nós temos! Vejam quão
bem sucedidos é o nosso movimento! Vejam que
poder estamos nos tornando no mundo! Vejam todas
as marcas da benção divina repousando sobre nós!
O apóstolo diz: Isto é terreno em princípio, e
em espírito isto é do mundo. Ele estabelece em
contraste a isto a sua própria posição
espiritual. Procuro eu glória de homens? Procuro
eu agradar a homens? Não! O mundo está
crucificado para mim, e eu para todo esse tipo
de coisas que não tem valor para mim. O que
importa para mim não é se o meu movimento é bem
sucedido, ou se estou conseguindo muitos
seguidores, ou se há muitas manifestações
exteriores de sucesso; o que importa para mim é
a medida de Cristo naqueles com os quais eu me
relaciono. É maravilhoso como isto, no final da
carta, recai sobre esses gálatas, e sobre todo o
objetivo da carta. Lembramos das palavras nas
quais este objetivo é resumido: “Meus filhinhos,
pelos quais de novo sinto as dores de parto, até
que Cristo seja formado em vós.”
Cristo formado em vós, este é o meu interesse,
ele diz, é isto o que importa para mim, não
grandiosidade, popularidade, de modo que digam
que este ministério é bem sucedido. Isto é
terreno. Estou morto para todas essas coisas.
Estou crucificado com Cristo para tudo isso. O
que me interessa é Cristo, a medida de Cristo em
vós.
Você vê como o mundo se move, e quão mundanos
podemos nos tornar quase que imperceptivelmente
ao considerarmos as coisas aparentes; de como os
homens irão pensar e falar, o que dirão, que
atitude tomarão, da medida de nossa
popularidade, do nosso sucesso. Tudo isto é do
mundo, diz o apóstolo, o espírito do mundo, é
assim que o mundo fala. Esses são os valores
perante os olhos do mundo, porém não diante dos
olhos do Cristo Ressurreto. Na nova criação, no
lado da ressurreição da cruz, apenas uma única
coisa determina o valor, e isto é: a medida de
Cristo em todas as coisas. Nada mais tem valor
absolutamente, não importa quão grande a coisa
seja, quão popular, não importa quão
favoravelmente os homens possam falar a
respeito; no lado da ressurreição isto não tem
qualquer valor. O que vale é QUANTO de Cristo
há.
Você e eu na cruz do Senhor Jesus devemos chegar
à posição onde estejamos crucificados para todas
as demais coisas. Ah, você pode não ser popular,
e o serviço pode ser muito pequeno; pode não
haver aplausos, e o mundo pode desprezar, porém
em tudo deve haver algo que é de Cristo, é nisto
que os nossos corações devem estar colocados. O
Senhor nos dá graça para esta crucificação. Há
poucas coisas mais difíceis de suportar do que
ser desprezado; mas Cristo foi desprezado e
rejeitado pelos homens. O que uma coisa é
perante os olhos de Deus isto deve ser o nosso
padrão. Este é um padrão da ressurreição. Agora
esta é a vitória da cruz. “Deus não permite que
nos gloriemos, a não ser na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo”.
Assim você vê que em cada ponto a cruz está
ligada ao propósito pleno de Deus, o de nos
conformar à imagem de Seu Filho. O Espírito
Santo deve manter a cruz em operação em nós, e
devemos manter nossa atitude e relação com a
cruz, para manter o caminho aberto para o
propósito de Deus, a imagem de Seu Filho.
FIM
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineibr@gmail.com
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Em
consonância com o desejo de T. Austin-Sparks de que aquilo
que foi recebido de graça seja dado de graça, seus escritos
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