Mas Temos Chegado Ao Monte Sião
de T. Austin-Sparks
Prefácio
Queridos irmãos e irmãs em
Cristo:
Saudações em nome de nosso
Senhor Jesus! Novamente vimos até vocês colocar
em suas mãos uma série de mensagens dadas por T.
Austin-Sparks. Novamente, estamos certos de que
vocês irão fazer uma grande colheita espiritual
a partir dessas mensagens, compartilhadas numa
conferência bíblica não muito tempo atrás. Nós
as encontramos ainda frescas, com o vigor do
Espírito, e, essas mensagens são ‘sementes’ que
foram deixadas, para serem plantadas.
O leitor deve se colocar no
lugar de alguém que está participando de uma
conferência bíblica, e ler este volume a partir
dessa posição privilegiada. Também, será de
grande benefício para o leitor, antes de começar
a ler este livro, ler Hebreus 1:1–2 e 12:18–29.
As marcas usadas na
preservação dessas mensagens de fitas não foram
usadas somente para corresponder às exigências
gramaticais da língua inglesa, mas foram usadas,
cremos nós, para facilitar a mensagem espiritual
dada: nós não estávamos tão preocupados com a
exatidão literária, mas estávamos sim orando ao
Senhor, para que preservasse e passasse o
conteúdo espiritual dessas mensagens, pela unção
do Espírito santo.
”Alimento sólido”
foi, e é, dado nessas sessões onde “Sião
estava reunido”. Estamos certos de que
houve muita convicção do Espírito Santo sobre
essas palavras, enquanto foram compartilhadas
entre o povo do Senhor, porque é uma mensagem de
palavras fortes a respeito da tão necessária
apreensão espiritual de Cristo. Há muito aqui
para encorajar, para dar vigor, e para
fortalecer o Corpo de Cristo enquanto caminha na
verdade:
“Temos
chegado ao Monte de Sião.”
Mas, também, há muito “abalo” nessas
mensagens:
“um
remover de coisas ... como das coisas criadas”;
e, como nosso irmão disse aos irmãos na
conferência, assim nós dizemos a todos os que
lêem:
“Estejam
prontos para as crises.”
De seu irmão em Cristo
Capítulo 1 – As
Crises dos nossos Tempos
Lembramos, ó Senhor, de
que está escrito:
“Ele falou, e
tudo foi feito; Ele ordenou, e tudo se
estabeleceu”.
Pelas palavras do Senhor os céus e a terra foram
criados. Nossa oração, Senhor, é que Tu fales.
Que a Tua Palavra seja o Teu ato. Não apenas
palavras, Senhor, mas palavras de poder _ o
Divino Decreto, pela Palavra tudo é feito.
Que seja assim, nesse momento. No nome do Senhor
Jesus, Amém.
O
assunto que o Senhor colocou em meu coração para
essa primeira sessão matinal é aquele que tem
vindo a nós, e para o qual temos ido, pela vinda
do Senhor Jesus. Para este momento presente,
apenas quero lançar dois fragmentos da Escritura
sobre os quais nos moveremos. O primeiro
é encontrado no Velho Testamento, em primeira
Crônicas, capítulo 12, verso 32:
“dos
filhos de Issacar, duzentos de seus chefes,
entendidos na ciência dos tempos para saberem o
que Israel devia fazer, e todos os seus irmãos
sob suas ordens.”
O segundo está no Novo Testamento, na
carta aos Hebreus, capítulo um, verso 1 e 2:
“Havendo
Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas,
nestes últimos dias a nós nos falou pelo Filho”
Conhecimento
dos tempos
... ao final desses tempos ... Deus tem falado
no Seu “no Filho”
: Você perceberá que essas
escrituras e seus contextos estão estabelecidos
num tempo de crise e mudança, crises
muito grandes, mudanças muito significativas. Na
carta aos Hebreus, a referência ao fim de certos
tempos, e a introdução de outros tempos
representam uma tremenda crise, o que o Dr.
Campbell Morgan chamou de “A Crise de Cristo”
Isto é o que está diante de nós agora: a crise
de Cristo, a qual é, a crise das dispensações.
Então, a Carta aos Hebreus
nos traz para a crise do nosso próprio tempo.
Traz-nos não apenas para um grande e geral
movimento, de um regime para outro, mas também
para a aplicação específica daquele movimento
para o nosso próprio tempo. E, como está
colocado na passagem em Crônicas, assim como
nesta Carta aos Hebreus, a coisa importante não
é apenas saber sobre uma mudança de tempos, de
regime, do agir de Deus, mas é ter
entendimento do que é essa mudança. Penso
que nós veremos que isso é de conseqüência
imensa, não apenas saber que há diferentes
dispensações, diferentes modos do agir Soberano
de Deus, mas é vitalmente importante para o povo
de Deus entender a natureza dos tempos nos
quais vivemos. Eu me arriscaria a sugerir a
você, no que diz respeito a Deus, que talvez a
coisa mais importante para o momento é que o
povo de Deus conheça a natureza do tempo no qual
ele vive, entendendo que há uma tremenda
confusão, e as complicações são imensas na
cristandade hoje. Muitas pessoas não sabem onde
estão. Muitos não sabem o que é certo, e o que
não é certo; o que é verdade, e o que não é
verdade, etc. E, repito, a coisa supremamente
importante é ter conhecimento dos tempos, saber
o que Israel deve fazer hoje. — saber o que os
cristãos devem fazer hoje, por causa da natureza
peculiar e particular do que Deus está fazendo
agora. Penso que você irá concordar comigo de
que isso é muito importante.
Nas Escrituras, através de
toda Bíblia, encontramos muitas crises, muitos
movimentos de uma crise, de uma posição, de uma
ordem, para outra. Eu não vou mencioná-las, mas
você sabe que a Bíblia está toda marcada por
alcançar um ponto a partir do qual tudo assume
um novo aspecto, um ponto que representa uma
nova fase do movimento do agir de Deus. A Bíblia
está cheia desse tipo de coisa. Deus se movendo,
movendo-se por estágios, e cada estágio marcado
por alguma crise. Quando usamos a palavra crise,
queremos dizer que somos trazidos face a face
perante algo de tremenda significação, que vai
governar todo o futuro e fazer toda diferença no
futuro.
Do lado Divino, essas crises são movimentos
para frente: elas representam o mover de Deus
para frente.
Do lado
humano, elas são Deus se movendo para trás,
porque as coisas se desviaram do lado humano. As
coisas se desviaram daquela linha direta de
Deus, e outras coisas aconteceram, as quais Deus
nunca desejou em Seu plano originou, e, uma vez
que houve um desvio, surge uma crise que tem um
duplo significado: Deus continua avançando,
porém, para poder avançar Ele precisa
trazer o Seu povo de volta para o ponto do qual
partiram. Isto é exatamente onde nós
estamos. Deus avança; Ele não desiste; Ele não é
vencido; Ele não precisa revisar o Seu programa:
Ele continua para frente. Mas do ponto de vista
humano, ou do lado do Seu povo, Ele tem que
puxá-los para trás e dizer:
“Olhem aqui, vocês
se desviaram da linha, vocês se desviaram da
minha intenção, você têm que voltar para o ponto
de onde partiram e acertar novamente as coisas
comigo. Eu estou prosseguindo; se vocês quiserem
continuar, terão que voltar e se unirem comigo
do ponto onde vocês se desviaram.”
Eu penso que é
perfeitamente claro que os dois aspectos de
qualquer crise são sempre esses; e a crise
portanto, frequentemente, é a de deixar todo um
regime ( o que eu tenho chamado de metodologia,
ordem, desenvolvimento), deixá-lo completamente,
deixando-o para trás e caminhar com Deus tudo
novamente, caminhar com Deus em um novo terreno,
o qual está completamente em conformidade com a
Sua vontade. Essas são as coisas envolvidas
nessas crises. Este é o método de Deus. Eu creio
que Deus quer nos mostrar esta semana algo da
presente crise no Cristianismo, e, se isto
parece muito objetivo, então vamos dizer
simplesmente que o Senhor quer nos mostrar a
presente crise, em sua vida e na minha, em
relação ao Seu plano original.
O VERDADEIRO DISCERNIMENTO ESPIRITUAL: CONHECER
POR EXPERIÊNCIA
Temos que incluir aqui que os homens
realmente nunca aprendem alguma coisa
teoricamente. Você não irá aprender algo por
meio de volumes e mais volumes de palavras sendo
despejadas sobre você a partir deste púlpito
durante esta semana. Então, você pode
perguntar, “Por que vir aqui; por que vocês nos
falam?” Não, realmente você não irá aprender
coisa alguma com tudo isto aqui: eu digo:
aprender de fato. O homem realmente nunca
aprende nada, exceto por meio da experiência.
Saiba disso; sublinhe isso. Deus sabe disso, e
esta é a razão do porque Ele ser tão prático. É
por isso que Ele irá investir anos e anos,
séculos, três ou quatro milênios, levando isso
em conta, de que os homens não aprendem nada por
meio daquilo que lhes é falado: mas apenas por
meio da experiência. Isto é, eles precisam ter
uma história com Deus, sob as mãos de Deus,
antes de aprenderem alguma coisa.
Você pensa que sabe alguma coisa?
Como você sabe? Como você
chegou a conhecer? Participando de conferências?
— Não, pode haver uma terrível tragédia ao longo
dessa linha. Sei de pessoas que tiveram os
melhores ensinos por muitos e muitos anos, _ 20,
30, 40 — as outras pessoas dificilmente
poderiam ter tido mais ensino do que elas
tiveram, porém ao final, desistiram de tudo.
Elas sabiam tudo. Diziam: “Sabemos tudo. Você
não pode nos falar mais nada além do que já
sabemos.” Assim, você pode vir aqui ano após
ano e achar que sabe. Bem, como você sabe? Deus
sabe que nós realmente não sabemos nada, a não
ser por meio de uma história, por meio de uma
experiência. Isto parece muito simples e
elementar, mas precisamos chegar a esse ponto:
estamos vindo para este ponto de compreensão
espiritual dos tempos, nossos tempos, e saber
“O que Israel deve fazer”.
Agora devo chamar a atenção
para duas palavras gregas do Novo Testamento.
Eu me esforcei em percorrer todo o Novo
Testamento com essas duas palavras gregas; e eu
tive uma surpresa, após alguns bons anos
estudando o Novo Testamento, ao descobrir que
tinha um monte de anotações cheio de
referências sobre essas duas palavras, ambas
traduzidas para o Inglês como a palavra
“conhecer”.
Contudo, essas duas palavras Gregas são
completamente diferentes, em dois campos
inteiramente diferentes. Uma palavra significa “conhecer
por meio de informação”.
Você sabe porque alguém te disse. Você ouviu
sobre aquilo, você leu a respeito, e é assim
desta maneira que você sabe. A segunda palavra
grega para “conhecer” é uma palavra inteiramente
diferente que significa, “você tem uma
experiência pessoal com aquilo” e você
conhece algo porque aquilo operou algo em você
e se tornou parte de você. É a sua história,
sua experiência. É a sua vida _ é você.
O Novo Testamento pode ser
dividido por essas duas palavras. Por exemplo,
“conhecer”:—
“Esta é a vida
eterna, que conheçam a Ti”,
não por informação, mas a palavra aqui é “experiência”
— Ter uma experiência com
Deus. — Isto é vida, é algo muito definido. Eu
não devo discorrer sobre isso, mas apenas
indicá-lo e salientá-lo, porque o nosso Novo
Testamento está construído ao redor dessas duas
palavras, as quais são dois diferentes tipos de
conhecimento. E aqui nós estamos com Isacar que
“tinha conhecimento do que Israel devia fazer”.
Agora, temos dito que a
Bíblia está anotada por marcas de tempo, e que
somos trazidos com o Novo Testamento para uma
nova marca de tempo ou crise. E tudo para você,
para mim, para todo o povo de Deus, vai
realmente depender se temos este discernimento
espiritual, esta compreensão, este conhecimento
espiritual, este segundo tipo de conhecimento do
qual nos referimos _ do que Deus realmente está
fazendo agora; o que Ele está trabalhando hoje;
não em geral, mas em particular.
Oh, se apenas esta semana
pudesse levar todos nós para esse tipo de
discernimento, então isto seria mais do que uma
conferência bíblica de palavras e ensino. Haverá
tremendas questões que proporcionam uma crise. E
deixe-me dizer de uma vez: Espero que você
esteja aqui para uma crise; e espero que você
esteja preparado para ser virado de cabeça para
baixo, preparado para deixar todo um regime se
Deus disser: “Basta com isso”, e para realmente
abraçar Seu atual método e se engajar nisso.
Espero que esta seja a sua posição, porque você
irá ser achado nisso, à medida em que
prosseguirmos com esta importante questão e
compreensão, especialmente e inclusive do que
realmente aconteceu quando o Filho de Deus,
Jesus Cristo, entrou na história, quando Ele
veio a este mundo. Estou convencido, caros
amigos, que muitos e muitos cristãos hoje
compreendem o que realmente aconteceu quando
Jesus veio a este mundo, e é sobre isso que
iremos gastar horas e horas, confiando que o
Senhor nos abra o entendimento.
Três Ciclos (Fases) em Relação a Cristo
Como você vê, a vinda de Jesus Cristo a este
mundo dividiu a história ao meio. De um lado foi
dito: “Fim”, e do outro foi dito: “Começo”.
Uma grande e imensa divisão está representada
pela entrada na história de Jesus Cristo, e nós
temos que entender esta divisão.
Tem havido, naturalmente,
três ciclos em relação a Cristo.
Primeiramente, tem havido o ciclo histórico.
Quando vim ao Senhor pela primeira vez, e fiquei
interessado nas coisas de Cristo, foi o tempo
quando tudo consistia do Jesus histórico. O
Jesus da Palestina, o Jesus de Belém, de Nazaré,
de Cafarnaum, de Jerusalém, Jesus do monte fora
de Jerusalém, chamado Calvário, Jesus do
Getsêmani, o Jesus dos três anos e meio, ou de
trinta anos, _ o Jesus da história. Todo mundo
estava interessado nisso: isto é o que nos
atraía. Não há nada errado, naturalmente, com
isso; isto é muito bom. Esta foi uma fase, e
pode ser ainda a fase de alguns, mas então
aconteceu uma mudança, e passamos para o que
podemos chamar de
a teologia ou
doutrina de Cristo.
Muito foi aprendido sobre a Pessoa de Cristo, o
nascimento virginal, a Deidade, a Soberania, e
tudo do que é chamado de ‘os fundamentos da
fé em Cristo Jesus’. — a teologia e a
doutrina de Cristo. E, opinião minha, que fase
foi essa! Que tremenda polêmica a Pessoa de
Cristo tem sido.
Não há nada de errado com
essa segunda fase. Não há nada de errado em se
ocupar com a Pessoa, a Deidade, a Filiação
Eterna, tudo isso é muito bom, mas você precisa
prosseguir, porque isso não é tudo. Sua teologia
não irá valer quando você entrar no campo dos
terríveis conflitos espirituais, quando sua fé
for abalada desde a raiz. Você pode ficar
comovido com tudo o que “conhece”. Mas isso não
irá permanecer. O povo de Deus não irá resistir
à última crise se apoiando na teologia, na
doutrina cristã, embora isso possa ser
fundamental. Mas não podem resistir apoiados
apenas nisso.
Aí estão as duas fases.
Elas podem se dar simultaneamente, ou podem ser
mais ou menos definidos como períodos. Contudo,
há uma outra, uma terceira, que é a última, que
é a suprema. É com esta fase que estaremos
ocupados durante esta semana.
É a fase espiritual.
Assim, você pode ter a fase histórica e a
teológica sem, contudo, ter a espiritual; e
embora você possa ter essas duas fases, porém,
se não tiver a fase espiritual, então você não
irá sobreviver. Você não tocou no coração da
grande divisão, a grande mudança que aconteceu
com a vinda de Jesus Cristo. É a vida espiritual
de Cristo que importa, e não a histórica. É o
entendimento espiritual de Cristo e não o
teológico que interessa. Mas, se você não
entender isto ainda, acompanhe-nos, porque
estaremos entrando nesse assunto na seqüência.
A Revelação Espiritual de Jesus Cristo
Interiormente
Essas três fases são claramente reconhecidas, e
nós temos chegado à última, à revelação
espiritual de Jesus Cristo em nosso interior
pelo Espírito santo _ Supremo, Absolutamente
Essencial, Indispensável. Como dissemos: Deus,
quando Ele se move, (e Ele está se movendo agora
sobre esta linha, se você puder discernir isso)
Ele se move para frente, mas agora Ele está
se movendo para trás. E, se você puder se
lembrar do que falamos anteriormente, verá quão
verdade é que Deus está se movendo para trás, a
fim de poder avançar novamente.
Sobre o que está baseado o Novo Testamento?
Na vida Histórica de Jesus? Não. Na vida
teológica de Jesus? Não. Tudo isso está lá.
Isso é fundacional; contudo, a verdadeira raiz
do cristianismo, esta nova dispensação, crise, e
movimento, a real raiz do cristianismo está
reunida nas palavras do apóstolo Paulo, que
representa em si mesmo, em sua experiência, em
sua história com Deus, a natureza desta
dispensação; e nas palavras simples, mas
profundas, resume tudo:
“Aprouve a Deus,... revelar o Seu Filho em mim”.
Isto é algo mais do que a experiência objetiva
na estrada de Damasco.
Este foi o ponto decisivo na
grande crise. Isto foi um impacto sobre Paulo de
um significado que era pra iniciar, então, e se
desdobrar pelo resto de sua vida.
“Aprouve a Deus, ... revelar o Seu Filho a mim”.
É isso.
Não revelar Seu Filho para mim, mas em mim.
O
que Paulo mais tarde escreveu foi citado aqui na
última noite.
“Que o Deus do nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai
da glória, lhes conceda um espírito de sabedoria
e revelação no conhecimento (nossa segunda
categoria de palavra, porém com um prefixo: no
pleno conhecimento) Dele”.
Um espírito de sabedoria e revelação no pleno
conhecimento Dele, de Jesus Cristo. Isto é
interior: no mais profundo do nosso ser,
Deus nos fez ver, e ver o significado de seu
Filho, Jesus Cristo. _ É daí que vem o
cristianismo, o verdadeiro cristianismo, e
qualquer coisa menos do que isso é um
cristianismo perigoso. Perigoso para o
indivíduo em questão, e perigoso para a igreja.
Isto é o que eu quero significar com crise
espiritual, o aspecto espiritual, acima e além,
é mais do que uma doutrina histórica ou
teológica. O espiritual: a revelação de Jesus
Cristo no interior.
Somente o Senhor Jesus pode fazer isto. Todos
nós precisamos orar ao Pai da Glória para que
Ele faça isso. Mas isto pode ser feito, e
pode ser feito aqui. Pode ser feito, para que
saiamos deste lugar dizendo: “Eu tenho visto”.
Eu não posso mais ser a mesma pessoa. Todo um
regime é deixado para trás, e uma ordem
inteiramente nova chegou para mim. Eu saí de
algo e entrei em outro, e estou vendo. Estou
vendo Cristo. “Este é o ponto central, caros
amigos, da mensagem que trago a vocês.
O Grande Divisor: A Cruz
A Bíblia está dividida em duas partes
principais, o que chamamos de Velho Testamento e
o Novo Testamento;
mas, note, é mais do que uma divisão de livros _
Gênesis a Malaquias, compreendendo muitos
livros, metade da Bíblia; e, de Mateus a
Apocalipse, outros tantos livros, ficando assim
a Bíblia dividida em duas partes. Oh, é muito
mais do que uma divisão de livros.
É uma grande
divisão: uma divisão espiritual.
Os quatro Evangelhos, _ o
que eles realmente significam? Primeiramente,
eles introduzem uma Pessoa que em Si mesma é a
crise, e que carrega e faz com que ocorra a
crise, e muda a dispensação em sua totalidade.
Os Evangelhos introduzem a Pessoa que faz, e que
é isso: esta é a crise de Cristo.
Mas você percebe,
naturalmente, que todos os quatro Evangelhos,
embora sejam diferentes nos detalhes do
conteúdo, todos apontam diretamente para a
cruz. Cada um deles tem esta característica
em comum, não importa que haja outras
diferenças, todos eles têm isto em comum:
culminam na cruz. A Pessoa da crise é
introduzida,
e a crise em si é a
crise da cruz.
A Cruz é a crise da mudança que veio com a
Pessoa. E é para esta Pessoa que ela
aponta: aqui está a Pessoa, aqui está a Sua vida
e caminhada terrena, trabalho e ensino, mas nada
disso pode ter valor algum para você enquanto a
Cruz não for colocada sobre tudo isso. Você
pode saber tudo o que há sobre a vida histórica
e teológica de Jesus, mas nada irá acontecer até
que tudo aquilo que está nos Evangelhos seja
trazido para a Cruz, e a Cruz realize a crise
da Pessoa.
O resultado e a questão é
que entre as duas divisões da Bíblia, entre o
Velho Testamento e o Novo Testamento, lá está a
Cruz. É exatamente lá que você tem que colocar a
Cruz. Entre Malaquias e Mateus, no que diz
respeito aos livros (e eu não estou falando da
ordem cronológica da Bíblia, mas sobre o seu
entendimento espiritual ), no que diz respeito
aos livros, você tem que colocar a Cruz lá, —
porque de um lado da Cruz, tudo o que vem antes
e vai até Malaquias, tudo de Gênesis a Malaquias
diz: “Não
mais, não mais. Acabou! ” E, então, daquele
ponto em diante, de Mateus ao Apocalipse, esse
lado da Cruz diz: “Sim,
todas as coisas são novas!”
Se eu tivesse que ilustrar, desenharia uma
grande Cruz com uma linha fina do topo ao fundo,
não apenas desenharia esta linha sobre a Cruz,
mas começaria desenhando a linha acima da Cruz,
do céu através da Cruz para o maligno, uma
linha grossa — não há terra _ e então, de um
lado da Cruz escreveria uma palavra, uma palavra
grande e compreensível, “NÃO” tão grande
quanto a Cruz. E do outro lado da Cruz, o lado
da frente da Cruz, colocaria uma outra palavra,
“MAS”.
“Não” — “Mas”
Agora, irmãos, como já
dissemos anteriormente,
adquirir esta
experiência pode demorar o resto de sua vida.
Como você pode ver, essas duas palavras governam
todo o Novo Testamento; e, se você se interessar
em fazer um estudo mais aprofundado e analítico
do Novo Testamento a partir desta ótica,
sublinhando cada ocorrência onde essas duas
palavras são colocadas juntas, então terá uma
imensa e nova compreensão(revelação) do
significado de Cristo, e da diferença que Ele
fez, da grande divisão.
O “não” e o “mas” se aplica a tudo.
Aplica-se ao início da história cristã no
indivíduo. Abra o Evangelho de João. Onde você
se encaixa?
“os quais nasceram,
não do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, mas de Deus.”
Aqui está o seu grande “Não”—“Mas” já
no início; e se eu prosseguisse em mostrar a
você como isto se aplica a tudo no Novo
Testamento [e nós estaremos falando sobre isso
mais tarde, em suas particularidades] você veria
a Cruz, com o seu grande divisor. Este é
o grande “Não” de Deus _ ah, mas na
ressurreição, e lembre-se de que a ressurreição
é sempre positiva, o “MAS” é positivo.
A palavra “nem” é
apenas uma outra palavra para “não”:
“Porque
em Cristo
nem a circuncisão é alguma coisa, nem a
incircuncisão, mas o ser uma nova
criatura(criação)”—
“Não–Mas,” e assim você poderia
prosseguir. É maravilhoso como essas duas
palavras abrem tudo e nos dão um “vislumbre”
daquilo que vem a nós, e o que temos recebido
com a vinda de Jesus Cristo. E aqui está a
grande divisão _ com a Cruz situada entre os
dois Testamentos, lá no final de
Malaquias [o qual é
um livro trágico, do fracasso de todas as coisas
no passado] e,
no início de
Mateus, [que é um
livro de esperança, de luz, de vida, de tudo
novo]. Com esta
divisão está o grande “MAS” de uma nova
ordem de coisas: é o fim de um sistema e o
começo de um outro completamente novo. A Cruz do
Senhor Jesus escreveu essas duas palavras sobre
toda a história coberta pela Bíblia. A Bíblia
foi colocada para compreender a história humana,
e a história humana está compreendida nessas
duas palavras: “Não”–“Mas.”
Agora,
há algo aqui que devo dizer, e espero que seja
muito proveitoso.
A Cruz é uma coisa
muito prática. Para Deus, a Cruz não é uma
doutrina, ou
apenas uma doutrina, do caminho da salvação, do
caminho da redenção. A Cruz não é apenas uma
teologia de reparação, e todo esse tipo de
doutrina; e ela certamente não é apenas algo
histórico representado pelo crucifixo. A Cruz é
algo extremamente prático para Deus, que veio
para fazer real essa divisão; e, embora você
possa saber tudo a respeito da mensagem da Cruz,
(ou acredite assim o conheça), embora você possa
estar cheio do ensino da Cruz, o teste real
do conhecimento que você possui sobre a Cruz é
onde esta divisão foi colocada em você, onde a
Cruz resulta num abandono total de um regime,
sistema ou ordem.
Oh, eu
sei que você diz: “A Cruz significa que eu
deixei o mundo e as coisas do mundo.” Oh, é
tolice falar dessa maneira. Você realmente não
sabe o que você tem que deixar para trás.
Contudo, você irá aprender debaixo das mãos de
Deus o que a Cruz significa sobre a eliminação,
o deixar de lado, cada vez mais de lado, daquilo
que pertence à velha ordem. Nós estamos chegando
a isso, em Hebreus. Estamos entrando nesta carta
aos Hebreus, e você irá chegar a uma frase que
você conhece:
“Saiamos, pois a
Ele fora do arraial, levando o Seu opróbrio”.
O que isso significa para você? “fora do
arraial”.
Leva
bastante tempo para aprender o que isto
significa, e
isto significa
passar por algumas
experiências literalmente terríveis
e devastadoras em nossa vida da alma.
Esta é a obra da Cruz. Como você vê, a Cruz é
algo tremendamente prático, que força uma
passagem, tornando-a cada vez mais ampla, à
medida em que prosseguimos;
o fato é quanto
mais nos movemos [queiramos ou não] para dentro
de uma compreensão espiritual, e da apreensão do
significado de Cristo, achamos-nos mais e mais
sozinhos, no que diz respeito a muitos cristãos,
e certamente no que diz respeito ao sistema
tradicional do Cristianismo.
Agora,
para trazer esta introdução preparatória para
mais perto, permita-me novamente voltar ao ponto
inicial, e dizer que o progresso na vida e o
propósito de Deus depende do discernimento
espiritual [ao qual esta carta aos Hebreus tem
a ver, em sua totalidade; lembra o que ela
diz?: “—“Saiamos ... ”— esta é uma das
palavras chaves, frases chaves, de toda a
carta.
“Saiamos pois
—
fiquemos atentos, prossigamos para a perfeição”].
O que estou dizendo é que o progresso na vida e
propósito de Deus, para o indivíduo e para a
igreja, depende (e se você esquecer tudo mais,
escreva isto) do discernimento espiritual,
este tipo de conhecimento espiritual e
entendimento, assim como da natureza desta
grande mudança que veio com o Senhor Jesus. _
Discernimento _ !
Conhecimento [Compreensão Espiritual] dos Tempos
Voltemos agora, por um instante, à nossa
passagem do Velho Testamento em 1 Crônicas 12,
para analisar o capítulo. É um novo movimento,
uma crise, um ponto de virada. Davi está lá
fora, no campo. Ele se encontra numa área
desabitada, numa caverna; e agora estão vindo a
ele homens de diversas tribos, somente os mais
valorosos, apenas alguns, uma espécie de
remanescente de Israel, vindo a ele, fora no
campo. Neste capítulo estão descritas as várias
características desses homens, homens valorosos,
de coragem, de grande força, hábeis na arte da
guerra, homens que estão engajados com toda a
sua força, pois está escrito: “Esses vieram
com um coração perfeito.”
Muito bem, aí estão todos esses homens, que se
ajuntam a Davi, que possuem essas qualidades
todas; e, então, bem lá no meio do grupo estão
os homens de Isacar, que tinham o conhecimento
dos tempos, e conheciam o que Israel devia
fazer. Bem no coração deste novo movimento de
Deus, que é um movimento de reconquista, existe
um contraste, uma coisa impressionante:
“homens que tinham conhecimento dos tempos, para
saber o que Israel devia fazer” E eu me
arrisco a sugerir que, apesar de toda a força
daqueles outros homens, com todos os seus
músculos, com toda a sua força física, porém
para os homens de Isacar estaria faltando algo
que poderia prejudicar todo o movimento. Creio
que isto está colocado lá para mostrar que, com
tudo isso que está sendo feito, (com tudo o que
é correto e bem intencionado) a coisa que deve
estar no coração de tudo é o conhecimento
espiritual, o discernimento espiritual, _ homens
que sabem qual o significado deste tempo; homens
que têm conhecimento dos tempos e o que isto
significa.
Oh, isto não é algo que
simplesmente está acontecendo, que os homens
estão fazendo. Não, isto possui um significado _
um significado profundo, Divino; e aqueles
homens compreenderam isso. Eles entenderam o
significado do tempo presente; e porque haviam
entendido, sabiam o que Israel deveria fazer.
Você não sente que isso é importante? Que é
vital?! Bem, o que os homens de Isacar
realmente entenderam? O que foi isso que
eles entenderam que Israel deveria fazer?
Pare e reflita. Olhe para o contexto novamente.
Naturalmente, é um contexto histórico em
ilustração, mas é espiritual em princípio, e a
resposta para aquilo nesta dispensação está na
Carta aos Hebreus. Onde você lê isso em
Hebreus?
“Havendo Deus antigamente
falado de várias maneiras, hoje nos fala através
do Seu Filho,
o qual é o Herdeiro de todas as coisas.”
Isto
nos trás de volta para o que Israel devia fazer,
em relação a Davi, e porque eles deviam fazê-lo.
Vamos a Davi. O escolhido de Deus; uma escolha
soberana, uma eleição de Deus, um Rei escolhido
por Deus, o princípio da autoridade celestial de
Deus entre o povo de Deus _
Davi significa tudo
isso. Aqueles homens sabiam que Israel devia
voltar para Davi e colocá-lo no lugar para o
qual ele tinha sido ungido por Deus.
Agora
isto é simples, em linguagem, mas não se esqueça
que isto representava algo. Você ainda tem Saul
vivo, ainda tem o antigo regime de Saul. Ele
ainda não está morto, tem os seus quarenta anos
de governo, e, palavra minha: ‘Que problemão
para Israel!’
Quanto a Davi, ele
é um homem de Deus, um homem ungido por Deus,
mas que não está ocupando o seu lugar
plenamente; está caminhando para isso;
mas este é o método
de Deus. Voltemos para a Carta aos Hebreus. Qual
é o movimento, o último movimento, o movimento
pleno, que abraça todas as partes, os
fragmentos, e compreende tudo e que faz com que
tudo seja final? —
Plenitude
e
Finalidade
são as palavras para descrever a Carta aos
Hebreus: é um movimento de Cristo com uma
compreensão espiritual do que Ele é, de quem Ele
é, o que Ele representa no Universo de Deus _ é
uma apreensão espiritual de Cristo.
Oh, as palavras parecem
tão completas, não parecem? Talvez a
familiaridade roube delas um pouco da sua força,
mas caro
amigos, tudo para o Cristianismo, por destino,
depende agora de uma adequada compreensão do
significado de Jesus Cristo,
na ordem Divina das coisas. E isto será
devastador para todo um sistema, para o chamado
sistema Cristão. Isto também é devastador
para você e para mim. A coisa irá se
desintegrar. Talvez você não entenda o que eu
quero significar. Sim, vai haver um grande “NÃO”
de Deus escrito sobre todo o Sistema Cristão. E
os homens, embora não sejam sábios quanto a
isso, eles fortemente percebem, cada vez mais,
que têm que fazer alguma coisa para manter o
Cristianismo intacto. Acredito que todo o
movimento ecumênico é um tremendo esforço para
salvar o Cristianismo do colapso. O Conselho
Mundial das Igrejas está para colocar o
Cristianismo sobre uma bengala e salvar sua
reputação. Os homens estão fazendo isso, estão
fazendo um tremendo esforço, porque há aqueles
que estão dizendo que o Cristianismo já teve o
seu dia, e não mais significa alguma coisa. E
você pode dizer que isto é infidelidade, que é
apostasia, mas, caros irmãos, não cometam nenhum
erro _ se
vocês prosseguirem com Deus, chegarão a
experiências espirituais onde serão testados em
cada ponto de suas vidas cristãs, para ver se
ela realmente é válida, se irá suportar a
situação, se vocês conseguirão passar adiante.
Sim, nas coisas que vocês mais fortemente
acreditam e pensam que conhecem bem, vocês serão
testados. Não cometam nenhum engano sobre isso _
o tempo pode vir em suas vidas quando vocês
serão tentados a questionar as realidades mais
profundas de suas convicções do passado.
Há homens e mulheres que
irão passar por isso hoje. Eu penso que alguns
daqueles que gastaram longos anos na prisão, por
causa de Cristo, e eu leio o que eles escreveram
antes, e sou obrigado a dizer: “Será que essas
pessoas continuam crendo agora?” Será que elas
se apegam às suas convicções agora? Será que
essas convicções estão fazendo com que elas
consigam passar por esta experiência hoje? É uma
afirmação tremenda que elas fizeram sobre a
total suficiência de Cristo, e assim por diante,
mas será que isso permitirá que eles consigam
passar pela prova?” Creio que elas irão
conseguir porque Ele é o Senhor, porque o
coração está correto para com Ele; mas, observe,
eu simplesmente digo que esta grande questão do
real significado da nossa fé, de nosso
cristianismo, será colocado à prova.
Será revelado,
então, se é uma tradição cristã, se é uma
doutrina cristã, se é uma teologia cristã, o
sistema cristão geralmente aceito, ou se é
Cristo!!
Seremos reduzidos a Cristo, seremos levados ao
lugar onde vamos dizer: “Tudo o que restou
(após todo o meu aprendizado e ensino cristão, e
obra cristã) foi o Senhor! Mas será isso uma
posição fatal? — Absolutamente! Você sabe da
velha mulher no navio, não sabe? Numa tremenda
tempestade, ela olhou para o capitão e disse:
“Capitão, vamos nós afundar? É o fim?” O Capitão
respondeu: “Seria melhor que você orasse”. E
ela disse: “ Oh! Chegou a esse ponto?” Sim, nós
iremos naufragar sobre Cristo e, então, será
descoberto se estamos ou não debaixo do “Não”
ou do “Mas”.
Vamos orar...
Agora, Senhor, Tu és quem
interpreta, quem explica, e dá entendimento.
Nossa reação a tudo isso é _ esta carne não
pode. Nós, em nós mesmos não podemos. Sabemos
disso, mas Tu és suficiente. Os nossos corações
estão abertos para Ti. Senhor, nós confiamos, e
estamos realmente voltados para Ti. Use este
fraco
ministério para nos dar interpretação de futuras
experiências em Tuas operações conosco, os Teus
caminhos misteriosos. Oh, Senhor, abra os nossos
olhos e nos dê uma compreensão espiritual, nós
pedimos em nome do Teu Filho, Amem.
Capítulo 2 _ Um Novo Israel
Senhor, não como sendo uma
parte do nosso programa, mas do fundo de nossos
corações falamos:
“Parta o pão da vida para nós..”
Tu és o Pão da
Vida. Dá-nos de Ti mesmo esta manhã. Que possa
haver uma real ministração de Cristo nesta hora.
Envia o Teu Espírito, Senhor, de uma nova forma
para nós. Abra os nossos olhos, para que
possamos vê-Lo. Senhor, ouça esta oração por
causa do Teu próprio nome. Amém.
Na carta aos Hebreus, no
capítulo um, vamos ler novamente os versículos 1
e parte do 2:
“Havendo Deus antigamente falado de muitas
maneira aos nossos pais através dos profetas,
nesses últimos dias nos tem falado por meio de
Seu Filho, o qual é o herdeiro de todas as
coisas...”
O perigo que segue
imediatamente paralelo à leitura que fazemos
dessas palavras é o perigo da
familiaridade. Quero dizer com isto que,
após mais de 60 anos de estar ativamente
ministrando a palavra, portanto bastante
familiarizado com as escrituras, essas palavras
estão mais vivas e mais significativas hoje do
que antes. E assim deve ser. O meu problema é
que não espero viver o suficiente com essas
palavras e com esta carta. Num certo sentido,
você deve não conhecer a sua Bíblia. Você
deve, e nós devemos, ir à Bíblia a cada momento
como se não a conhecêssemos. Eu não consigo
comunicar para você a minha própria percepção
disso. Apenas posso fazer uma afirmação como
esta, quanto ao como deve ser. A dificuldade é
comunicar aquele senso de imensidão, de
vitalidade, de urgência que está presente comigo
nesta carta aos Hebreus. Ela deve vir a você
desta forma, e é por isso que oramos:
“Oh,
envia-me o Teu Espírito, Senhor, para que Ele
possa tocar os meus olhos e me fazer enxergar
além desta página sagrada.”
Além da página sagrada _ é para onde devemos
olhar. Nós
vemos a letra, a página, as palavras; nós as
conhecemos. Elas nos são bastante familiares,
mas é para algo que está além dessa escrita que
temos que olhar. Que o Senhor nos ajude nesta
manhã.
Agora,
tendo repetido aquelas palavras no início desta
carta, esperamos que você já tenha compreendido
a significação das palavras introdutórias, as
quais são realmente uma compreensão de toda a
carta, ou a verdade que está nesta carta aos
Hebreus. Espero que você tenha visto as duas
coisas que compreendem esta carta. Em tempos
passados, existiam fragmentos, pedaços, porções,
aspectos, mas agora tudo aquilo e muito mais
está reunido junto, está compreendido, está
completo. Não há mais diferentes porções, não
há mais diferentes tempos, não há mais
diferentes maneiras, mas agora há um tempo, uma
maneira.” Está tudo aqui. A plenitude já foi
alcançada, e este é um outro tempo, o tempo
subseqüente, o tempo final da plenitude.
Assim, esta carta aos Hebreus, nos traz a última
plenitude de todas as coisas no Filho, e não
apenas a plenitude, mas a finalidade.
Este é o tempo final, o fim, e não há mais nada
além disto.
É o fim de toda fala de Deus.
Deus, que falou por meio daquelas várias
maneiras e métodos, tem agora falado de forma
completa e final, não há mais nada além. Nós
devemos ficar impressionados com isso.
Não sei o que você
procura, o que você está esperando, pelo que
você está orando, mas Deus já têm dado tudo
aquilo pelo qual você sempre orou ou pediu. É
presente, é agora. Ele não tem mais revelação a
dar, apenas aquilo que Ele já deu.
Revelação, agora e
a partir de agora, não é uma nova verdade, mas
apenas a luz sobre a Verdade.
Gostaria que você fosse
agora ao capítulo 12 desta carta, apenas
para checar novamente às nossas palavras
principais. Lembre-se do que dissemos ontem
sobre as duas palavras abrangentes que estão
presentes ao longo de todo o Novo Testamento.
Capítulo 12, versículo 18:
“Porque vocês
não têm chegado...”
— E então, no verso 22:
“Mas
vocês têm chegado...”
—
Mas. Aqui nos versos 18 ao 21,
você tem uma compreensão de
tudo. Tudo é muito abrangente; e tudo aquilo é
decidido e finalizado com a palavra “Não”
Então, com o verso 22, há uma introdução de uma
outra grande ordem de coisas, maravilhosa, que
está além de nossa compreensão.
Eu não estou exagerando, caros amigos, quando
digo que poderíamos passar todo um ano sobre os
versos 22 e demais. A plenitude e a profundidade
é tão grande, porque compreende toda a Bíblia. É
este grande divisor entre o “não” e o “mas”;
e, como dissemos ontem, estamos já neste tempo,
concernente ao advento de Cristo e a Sua Cruz.
Imagino que você fará esta pergunta simples:
“Quem é você?” Imagino qual seria a sua
resposta. Talvez você diga: “Bem, eu sou um
filho de Deus. Sou um cristão.” Oh, as
respostas seriam várias. Assim agora, nesta
manhã, conforme o Senhor nos capacitar, queremos
focalizar sobre “quem somos”.
A Intervenção de Deus: um Ato Divino
Aqui no capítulo 12, dentro destes
versículos encontramos o grande divisor entre o
“Não” e o “Mas”, o qual está tão concentrado
nesta única carta. Outras cartas são mais
genéricas, mas nesta carta, o significado
particular é que tudo aquilo que fica dos dois
lados da cruz está concentrado nesta carta aos
Hebreus.
Você perceberá [e eu não
estou lidando com os detalhes desses versos,
somente com as afirmações genéricas], você
perceberá que sob este “não”
_ “vocês não têm chegado ao
...”—
você tem a constituição da nação de Israel.
Você é levado ao monte Sinai, e, no Sinai
Israel foi constituído como nação. Eles eram um
povo, uma multidão de pessoas comuns, uma
multidão mista, até então; mas agora, aqui no
Sinai, eles são constituídos na nação de Israel.
Eles eram os hebreus que haviam sido agora
transformados em Israel. Primeiro Hebreus,
Judeus, agora Israel, uma nação. Eu sei que o
nome Israel remonta para antes disso, quanto a
pessoa. Remonta ao novo nome de Jacó e de sua
família, mas aqui eles são constituídos em uma
nação que saiu das nações, separado das nações,
distinta entre as nações, uma nação chamada
coletivamente de Israel.
Isto é algo novo na história, algo novo entre as
nações, algo novo neste mundo.
É um
ato de Deus, Deus agindo. Preciso tomar um
tempo, a fim de citar as Escrituras:
“Eu os tenho
escolhido,”
diz o Senhor,
“Vocês são o meu povo,”
o que implica dizer que
“Vocês são o
resultado da minha ação na história.”
A primeira palavra neste
livro de Hebreus é “Deus”,
e esta palavra sempre fica bem na cabeça de todo
novo movimento de Deus. O que está escrito em
Gênesis?
“No princípio
Deus ... ”—
É Deus em ação no princípio. É Deus tomando a
iniciativa; e este povo de Israel é o resultado
da intervenção de Deus na história deste mundo
através de uma ação Divina; é a própria
prerrogativa Divina, completamente e unicamente
de Si mesmo. Deus na criação, um novo começo;
isto está no Velho Testamento.
Então, você vem para o
Novo Testamento, que, no Evangelho de João,
começa:
“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com
Deus, e o Verbo era Deus.”
— “No princípio Deus”! — Este é um novo
movimento. “Uma nova criação” está aqui
indicada, e descrita com exatidão.
“No princípio Deus criou ...homem”.
(Genesis 1:1, 26).
Mas aqui em João
uma nova humanidade, uma nova raça, é trazida à
vista sob um “Não”
e um “Mas”.
“Os quais nasceram
NÃO do sangue, nem da vontade da carne, nem da
vontade do homem, MAS de
Deus”.
“Não do sangue”? No
texto Grego, a palavra “sangue” está no plural.
Por que no plural? Muito bem, nós não iremos
fazer aqui um ensaio apurado a fim de provar a
nossa teologia liberal, mas o Espírito Santo é
sempre exato e correto, e Ele faz com que isto
seja colocado numa forma que você quase não
percebe, de modo que você não fica
impressionado, e Ele coloca desta maneira:
“Não de sangues,”
não de José e Maria. Isto é a mistura de
sangue, não é?! Isto é a raça humana natural,
ordinária, a mistura de sangues, de dois sexos.
“Não de sangues”
— isto tem uma aplicação
direta ao nascimento virginal.
Como povo de Deus, nós não
nascemos dessa maneira. Você não nasceu um
cristão. Você não nasceu naturalmente um filho
de Deus. Você não herdou a vida Divina pelo
nascimento natural. Mas nós “nascemos de Deus”.
Nós somos um ato de Deus!
É um ato Divino que produz uma nova raça, uma
nova e diferente humanidade que não foi
produzida pela vontade do homem, que não foi
produzido pela linha natural, absolutamente,
“mas de Deus” uma nova humanidade, uma raça
espiritual. Não uma raça natural, absolutamente,
mas uma raça espiritual.
Assim então, qual é a implicância tanto desta
carta quanto do Novo Testamento, como um todo?
Qual é? _ Um novo Israel, do qual esta carta
está falando aos Hebreus: não aqueles hebreus da
história, mas um novo Israel.
Penso que você deve perceber, se já não
percebeu, _ é uma coisa muito simples,
naturalmente, todos devem estar familiarizados
com isso _ mas eu estou muito feliz em perceber
que numa tradução e interpretação mais recente
da Bíblia, chamada “Amplificada” , seja
onde for que o nome “Cristo” é
mencionado no Novo Testamento, esta versão une
o nome e a palavra “Cristo” com “Messias”.
Ela os coloca juntos: essas duas palavras se
equivalem, pois, como você sabe, “Messias”
está no hebraico e “Cristo” no grego,
significando a mesma coisa,
“O Ungido do Senhor”.
Mantenha sempre isto em mente. O Cristo é o
Messias. O Messias da história hebraica, tanto
em conceito como em expectação, o Messias do
antigo Israel é o Cristo do novo Israel. Um
nome, um mesmo nome, um mesmo significado, mas
que persistem até hoje; e assim, seja onde você
ler a palavra “Cristo” em seu Novo Testamento,
não se esqueça do hífen, digo “Cristo_Messias”.
Impressiona mais quando
lemos nesta versão: toda vez que você menciona
“Cristo”, quer dizer “Messias”. Você entende o
significado? Você entende para onde isto nos
leva? É um novo Israel por que é um “novo”
Messias? Está isto correto? É o Único Messias,
é o antigo Messias; e aqui esta carta está
dizendo que todas as esperanças, expectações e
concepções de Israel em relação ao futuro
Messias _ tudo o que Israel sempre associou com
aquele nome do Futuro Messias, é tomado agora em
Cristo, está compreendido em Cristo. Ele
compreende e cumpre tudo, e vai além da
concepção que o povo tinha a respeito; e, como
veremos, além da sua aceitação.
Bem, é um novo Israel, não
aquele Israel limitado, com mentalidade e
concepções exclusivas. É muito maior do que tudo
o que o antigo Israel já esperou, procurou e
orou. De fato é muito maior, e nós iremos voltar
a isto mais adiante. É o início de um novo
Israel com o [e devo usar a palavra ‘novo’,
embora ela não esteja completamente correta] “novo”
Messias, o Cristo, o Ungido.
Como dissemos, é um novo
ato de Deus. O novo ato de Deus é o Messias, o
Cristo; um novo ato de Deus é o novo Israel; e
há dois fatores e aspectos dominantes neste novo
Israel como ato de Deus. Há dois aspectos. O
primeiro é a Ressurreição de Cristo, um ato
único de Deus, porque a Ressurreição é um ato
específico e peculiar de Deus na história. Deus
ressuscitou a Cristo!
Não é ressuscitação:
é Ressurreição;
e, naturalmente, Deus olhou e viu que não havia
qualquer dúvida de que o Cristo tinha morrido,
de que Ele estava morto. No que se refere ao
Cristo como homem, estava Ele morto e sepultado.
E, se alguém ficar numa sepultura por três
noites, você tem toda a base para concluir que
essa pessoa está morta. Muito bem! Não é
ressuscitação, nem respiração boca a boca, nada
disso! O Cristo está morto e somente Deus ...
somente Deus e a intervenção de Deus pode fazer
alguma coisa. É o agir de Deus na Ressurreição
do Cristo.
Mas, então, o outro
aspecto do agir de Deus é o
Pentecoste.
O Pentecoste foi uma ação de Deus. Foi Deus quem
fez isso! É a intervenção de Deus através da
Terceira Pessoa da Trindade; é a intervenção de
Deus na história para trazer da morte uma nova
raça. Desejo que toda pessoa que estiver
realmente interessada na palavra “Pentecoste”
possa reconhecer realmente o que foi o
“Pentecoste”. As pessoas limitam o Pentecoste a
isso ou aquilo. O Senhor nos tirou desta
concepção restrita.
O Pentecoste é o ato de Deus que traz ao
nascimento uma humanidade completamente nova.
É Deus produzindo uma nova espécie de
humanidade, única, diferente. É o agir de Deus!
A Ressurreição e o Pentecoste são uma coisa só,
como ato de Deus, primeiramente no Filho, e,
então, nos filhos que vieram após. Isto é muito
simples, eu sei, mas eu estou indo na direção do
meu objeto.
A Luz Crescente: _ Entendimento Crescente desta
Nova Dispensação
Agora, então, você retorna
ao Novo Testamento, começando com
o Livro de Atos, e
o que encontra neste livro? Um gradual
derramar de luz sobre os apóstolos
(sim, sobre os apóstolos) e sobre os cristãos a
respeito do que tinha acontecido, do qual era o
significado de Cristo. É um amanhecer, são os
primeiros raios de luz de um novo dia surgindo
no horizonte e se projetando no céu, e em suas
consciências, mostrando que alguma coisa está
acontecendo. Observe, no começo, eles ainda
subiam ao templo, seguiam as ordenanças do
templo, o ritual do templo, a hora de oração do
templo. Eles ainda continuavam indo lá, mas
algo está acontecendo, algo está se espalhando
no céu deles, e tudo aquilo começa a
desaparecer gradualmente.
Eles começam a
perder aquele vínculo. Começam a perder aquela
mentalidade. Reúnem-se nas casas; reúnem-se onde
podem: Não mais no templo.
Não, não é algo que aconteceu de repente. Digo
que é a aurora do significado de um novo dia. É
tão real, tão claro; eles não colocam isto
dentro de um sistema de ensino e dizem: “Vocês
devem sair dessa denominação. Vocês devem sair
desse sistema. Vocês devem abandonar essas
coisas.” Não, isto simplesmente acontece.
Alguma coisa está acontecendo, e eles se vêem
fora. E
notem isto que vou dizer: primeiramente, não é
uma separação física. Não, primeiramente é uma
separação interior.
Vou colocar desta maneira:
eles se viram fora antes de realmente terem
saído. Eles descobriram que não mais pertenciam
aquilo. Ninguém nunca lhes disse que tinham que
deixar suas denominações, suas igrejas, suas
missões, suas organizações. Não, alguma coisa
tinha acontecido no interior deles.
Você sabe, na velha criação,
Deus começou do exterior: na nova criação,
sempre começa do lado de dentro, e nesta nova
dispensação você simplesmente se encontra em
algum lugar, talvez onde jamais pretendesse
estar. Pedro nunca teve a intenção de estar na
casa de Cornélio. Ele lutou e argüiu com o
Senhor sobre a casa de Cornélio: “Não, Senhor,
isto não.” Muito bem, Pedro, o que aconteceu a
você? Você não sabe o que aconteceu a você? Você
vai saber, e Pedro soube. Ele irá escrever mais
tarde sobre a casa espiritual de Deus. Você
entende o que eu quero dizer? Algo surgiu,
irrompeu. É um novo dia, e a aurora chegou, e a
luz está aumentando, crescendo. Este é o
primeiro movimento.
Caros amigos, se apeguem a isto. Isto é uma
coisa orgânica. É um movimento de vida no
interior. Não é nada “legalista”: “Você deve” ou
“você não deve” _ “Você deve deixar isso, a fim
de vir para a plenitude de Deus.” Não. Não é
nada disso. Digo, permaneça onde está até não
poder mais, por sua própria vida, por sua
própria caminhada com Deus, por seu próprio
conhecimento do Santo Espírito em seu interior.
Permaneça, Permaneça. “Saia desse ‘ismo’, pois
isto é perigoso.
Não foi assim que aconteceu aos apóstolos.
Aconteceu no interior. É o caminho do Espírito
Santo, é a iniciativa de Deus, é o ato de Deus,
o resplendor de uma nova consciência que “algo
está acontecendo comigo, porque está acontecendo
dentro de mim”. Eu sei o que isso significa. Eu
já tive crises como essa. Eu tive crises assim
quando soube que algo tinha acontecido para
criar uma divisão, e “Agora, Senhor, o que devo
fazer? Se eu tomar alguma iniciativa, veja o que
irá acontecer”. E assim, eu permaneci, e, sobre
um falso pretexto continuei. Ao final de alguns
meses, eu me achei da seguinte forma — Não
estava mais ali. “Não, não é aqui que estou
encontrando o Senhor. Não há vida aqui,” e eu
voltei para o Senhor e disse: “Senhor, o que
devo fazer?” Ele respondeu: “Alguns meses atrás,
Eu tirei você em espírito. Agora talvez você
terá que sair fisicamente.” Oh, não coloque um
ensino sobre isto. Não se agarre a isto,
cristalizando-o numa doutrina. É um movimento
espiritual, porque esta é uma dispensação
espiritual.
Isto começou, como eu disse, no início do livro
de Atos, e antes de percorrer esse livro, o que
irá você encontrar? Você irá encontrar que a luz
cresceu e cresceu. A revelação crescente
daquilo que aconteceu, do que significou a
Ressurreição de Cristo e o advento do Espírito
Santo. É uma revelação crescente não de algo
novo, como uma coisa, mas do que estava no
início, na raiz das coisas.
Assim, Deus está se movendo
(por assim dizer) para trás, a fim de se mover
para frente; e você tem esta revelação crescente
debaixo dessas duas palavras_
“Não—Mas.”—
Isto é algo interior: “Não_Mas” O Dia
está avançando. Ele irá chegar à sua gloriosa
consumação quando o que aconteceu no princípio
for encontrado na consumação da “Nova Jerusalém,
descendo do alto”
— a síntese desse algo novo que aconteceu com a
vinda do Senhor Jesus. E nós estaremos voltando
a isto em Hebreus mais tarde. Mas você está
marcando o caminho, a luz crescente, que
transforma a mentalidade.
Oh, eu tenho todo o Novo
Testamento em mente enquanto estou falando. A
Luz crescente _ aumentando a compreensão do que
esta nova dispensação significa: a luz crescendo
do lado de dentro. Você terá muitas, muitas
afirmações exatas na luz crescente que tem
crescido desde o dia quando Paulo teve Cristo
revelado nele. Paulo não teve essa revelação de
uma vez. Como ele diz, era “a luz crescente”.
Ela crescia o tempo todo, e ele finalmente dirá:
“A Jerusalém que é de baixo é escrava.
Lançai fora a escrava”. Não aquela Jerusalém,
“mas a
Jerusalém que é de cima que é nossa mãe.”
Você percebe a linguagem, e o que ela
significa?!
Lembra-se sobre o que é a carta aos gálatas?
Não é sobre esse contraste entre o “Não” e o
“Mas”?:
“Porque em Cristo
nem a circuncisão é alguma coisa, nem a
incircuncisão, mas o ser uma nova criação.”
E não é impressionante que exatamente ao final
desta carta, em Gálatas 6:16, Paulo use esta
frase significante: “o Israel de Deus,”
todo o Israel de Deus, o novo Israel? Sim, e
isto lança luz sobre a carta toda. Como você vê,
um Israel se foi; o antigo Israel se foi. Este é
o argumento da carta, e isto é o porquê de Paulo
ter entrado em problema. Este é o porquê de esta
carta ser tal qual um campo de batalha. Porque
não é mais Israel, mas um outro com seu quartel
general na Jerusalém de cima, e seu lugar de
nascimento acima, um Israel inteiramente novo.
Caros amigos, este é um ponto muito vital em
nossa consideração, ou naquilo que o Senhor está
dizendo a nós — devemos reconhecer as novas
dimensões de Deus nisso, que agora entrou para o
lado do “Mas”.
Qual foi a tragédia do
antigo Israel? Naturalmente, a tragédia do
antigo Israel, finalmente, foi a sua rejeição.
“O
Reino de Deus será tirado de vós, e será dado a
uma nação que dê os seus frutos.”
Isto aconteceu! E permanece assim nos dias de
hoje. O Reino dos Céus foi removido deles. A
tragédia de Israel é que eles estão rejeitados
nesta dispensação, ou do movimento
dispensacional de Deus. Isto tem permanecido
assim por dois mil anos. Quantos anos mais nós
não sabemos, provavelmente, não por muito tempo.
Mas deixemos Israel de lado.
Agora vou
impressionar-lhe bastante: deixe Israel sozinho
pelo tempo presente. Você apenas irá entrar numa
terrível confusão se entrar nesse terreno com um
toque terreno nessas coisas. Alguns de nós temos
vivido através de certas coisas _ lembramos o
Kaiser (perdoe-me, isto não é um ataque a alguma
nação ou povo) mas nos lembramos do Kaiser indo
a Jerusalém e tendo uma porta derrubada no muro
de Jerusalém, de modo que ele nunca entrou por
meio de qualquer dos portões antigos daquela
cidade. Não, mas por causa de quem ele achava
que era, uma nova porta teve que ser aberta no
muro para ele. E algumas pessoas encaixaram isto
nas profecias e disseram: “Portanto, o Kaiser é
... o Messias!?” Muito bem, era ele o Messias? E
quando o General Allenby entrou em Jerusalém e
pôs fim a lei Turca, a escola profética se
apoiou nisso, trouxe isso para o campo terreno e
disse: “O fim do tempo dos gentios chegou.”
Quanto tempo atrás foi isso? Foi isso o fim? E
então houve um caro homem de Deus que se
envolveu nesse tipo de coisa e foi da Bélgica a
Roma para ver Mussolini, a fim de lhe dizer:
“Você é o último César a reconstituir o Império
Romano.” E, baseado nisso, Mussolini mandou
fazer uma estátua sua como sendo o último César,
e colocou um mapa delineando o Império Romano
reavivado, com dez reinos, atrás de sua estátua.
O último César do Império Romano reavivado?
Precisamos falar mais alguma coisa? Como você
vê, você age desta maneira e isso leva à
confusão; se você vir para o campo terreno.
Deixa isso de lado, e veja o que Deus está
fazendo, e Deus está fazendo algo espiritual,
não algo temporal.
Eu poderia tomar uma hora, para ampliar mais a
última frase, “não uma coisa temporal.”
Você vê que nos atos soberanos de Deus Ele
está agora confundindo e derrubando todas as
representações temporais sobre Seu Reino
Celestial! Os homens estão tentando
estabelecer igrejas locais, baseando-se na ordem
do Novo Testamento. Você nunca teve mais
confusão nas igrejas locais do que nos dias de
hoje. Eles estão tentando estabelecer coisas,
constituir coisas, movimentos cristãos,
instituições cristãs, organizações cristãs, e
eles estão todos em confusão e não sabem o que
fazer uns com os outros. Você pode pensar
que isto é um exagero, mas você entende o que
quero dizer? — Deus está derrubando toda
representação temporal, a fim de ter uma
expressão espiritual de Cristo! Este é o âmago
daquilo que estou falando, e isto é o que temos
aqui.
Agora, como estava dizendo, devemos reconhecer
as dimensões espirituais daquilo que chegou com
Cristo e disto ao qual chegamos. As dimensões
espirituais foram desviadas da tragédia de
Israel, pois Israel foi colocado de lado nesta
dispensação. Por que? Você já se perguntou por
que Israel foi colocado de lado? A resposta
está em uma palavra _
esclusivismo.
“Nós somos o povo. A verdade começa e termina
conosco. Você nunca será capaz de chegar a
algum lugar com Deus se você não se circuncidar.
Exceto se você for circuncidado, não poderá ser
salvo. As nações são cães, estão sujas. [Pobre
Jonas! O pobre Jonas foi apanhado nisso.] Nós
somos a nação. Nós somos o princípio e o fim da
palavra de Deus. Você tem que vir para o nosso
lado, ou então estará fora.”
Exclusivismo—
Deus nunca pretendeu significar que, quando
tirou Israel das nações, fez dele um povo
distinto, constituindo-o como o Seu próprio povo
peculiar. Ele nunca pretendeu isso. Ele apenas
quis plantá-lo nas nações, a fim de mostrar a
elas que Deus Ele é, QUE GRANDE DEUS
ELE É; e isto surpreendeu e chocou a Jonas,
o fato de que Deus pudesse alguma vez pensar em
misericórdia em relação a alguém fora de Israel,
que Deus pudesse pensar em misericórdia sobre
Nínive.
E assim você tem esse
exclusivismo ao longo de todo o caminho, e
este é o problema no Novo Testamento em relação
ao Senhor Jesus: é o exclusivismo do judaísmo;
este é o campo de batalha. A batalha na vida do
apóstolo Paulo era este. Ele estava
derrubando esta parede do exclusivismo judaico,
e todos os seus sofrimentos eram por causa
disso.
Este Novo Israel é muito
maior do que o velho Israel por causa de Cristo,
e este Messias é muito maior do que aquele
conceito que os judeus tinham sobre o Messias.
Temos que reconhecer as imensas dimensões do
novo Israel e resistir ao exclusivismo, no que
diz respeito a Cristo, da mesma forma como
resistiríamos à uma praga. Não estou falando
sobre as verdades fundamentais e da
personalidade de Cristo; estou falando sobre a
grandeza desta Pessoa que é apresentada em
Hebreus:
“Deus,
.. nestes últimos dias tem falado por meio de
Seu Filho, a quem constituiu como Herdeiro de
todas as coisas... .”
Uma parte exclusiva? — Não,
“de todas as coisas.”
Esta é grande
palavra de Paulo o tempo todo: “todas as
coisas,
...todas as coisas, ...todas as coisas,”
e ao final, “para convergir tudo em Cristo.”
Não estou falando de universalismo. Estou
falando sobre o último terreno e esfera de Deus,
onde não restará nada a não ser Cristo. O resto
irá ficar totalmente de fora; seja lá o que isto
signifique; ficará fora, e não dentro. “Ficarão
de fora...”— Esta é a última palavra do
Apocalipse, “Ficarão de fora os cães,
(e assim por diante), e todo
aquele que ama e pratica a mentira.” O que é
falso, isto ficará de fora.
O Significado de Filiação: Cristo é Superior
Agora, qual é o conceito principal aqui nesta
carta, logo no início? É que Deus tem falado
nesses últimos dias “no Filho”. Qual o
significado do Filho ou da filiação? —
Significa sempre plenitude! A plenitude do Pai
está no Filho, Divinamente concebido. O Filho é
a plenitude do Pai: O Primogênito é a plenitude
e assume tudo que é e está no Pai. Plenitude!
Então, como dissemos, filiação é algo final,
conclusivo; e então, quanto à esta carta aos
Hebreus, quanto à revelação plena da filiação,
como revelada aqui, e nos primeiros capítulos,
particularmente, é
superioridade!
Usando esta palavra em seu sentido próprio, é
superioridade. Você percebe a superioridade do
Filho, “constituído Herdeiro de todas as
coisas”? Você também percebe aqui o catálogo
de coisas?
SUPERIOR
a Moisés.
Superior a Josué. Se Josué lhes tivesse dado
descanso, não haveria outro descanso: ele não
fez, portanto, ele nunca alcançou o fim. Mas
este, o Filho, é superior a Moisés e a Josué.
SUPERIOR
aos anjos.
Aos anjos? Sim, superior aos anjos, e pense
sobre os ministros angelicais ao longo de toda a
Bíblia, seus ministérios, suas visitações,
livramentos, atividades. Um anjo em uma noite,
por um sopro varreu completamente um exército
que sitiava Jerusalém, apenas um anjo. Pense que
tudo aquilo era mediado pelos anjos. Esta carta
fala sobre os anjos que ministravam no Velho
Pacto. Sim, o Filho é superior aos anjos.
SUPERIOR
a Arão e todo o seu sacerdócio.
Todo aquele sistema está debaixo do “Não”.
Esta carta diz que havia um tabernáculo.
Tempo passado. Houve um tabernáculo e
havia o Santo dos Santos, e havia o
Lugar Santo. Cristo é superior a tudo isso.
SUPERIOR
ao antigo pacto,
e esta carta trata com o velho pacto e “os dias
futuros”, citando Jeremias 31:31,
“...Eis
que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma
aliança nova
.”
Esta carta tem muito a falar sobre o novo pacto.
SUPERIOR
a todos os sacrifícios,
milhões e milhões de sacrifícios ao longo das
gerações, e o rio e o oceano de sangue daqueles
animais, por vários séculos. Quão vasto! Apenas
um único Sacrifício, apenas um derramar de
sangue, Superior a tudo mais,
Superior
a centenas de anos de sacrifícios e derramamento
de sangue, e este único Sacrifício, este único
derramar de sangue, é Superior a tudo.
NÃO—MAS. É a isto
que temos chegado, e esta é a substância da
carta aos Hebreus. Quão grande, então, é a
filiação em Cristo! Quão mais vasto do que
qualquer expressão histórica ou tradicional,
representação, sistema, ordem, metodologia.— É
isto o que temos alcançado em Cristo!
A Busca pelo Direito de Permanecer com Deus
Agora
devo encerrar, mas primeiro permita-me
perguntar: Qual é o assunto mais importante de
tudo isso? Podemos nós trazer tudo o que
dissemos, e tudo quanto pode ser dito,
sintetizando-o em algo que esteja incluído e
compreendido em apenas um único assunto?
Podemos, e embora eu não saiba a respeito de
você (você pode ter as mesmas dúvidas que eu
sobre algumas traduções, novas traduções do Novo
Testamento), mas eu realmente agradeço a Deus
por esta versão Amplificada. Sim, porque neste
ponto específico ela tem ajudado.
Como
você vê, eu estudei teologia. Estudei a Doutrina
Cristã. Conheço as doutrinas da Graça. Conheço
as Cartas aos Romanos.
Penso que conheço:
de qualquer forma, estou muito bem familiarizado
com aquilo que lá está, e do que os teólogos e
doutrinadores têm dito a respeito. E quando você
menciona a carta aos Romanos, naturalmente,
Lutero e todo o resto nos vêm à mente com suas
frases: “justificados pela fé,”
—“justificados ... pela fé” Oh, eu digo a
vocês, amigos,
a teologia me torna
uma pessoa fria.
Isto pode não acontecer com você. Pode
significar mais pra você, mas para mim, como
alguém que tem lidado com toda essa teologia e
sistema doutrinário do Cristianismo, e assim por
diante, é algo terrivelmente cansativo. A
teologia é algo bastante cansativa, você sabe,
(uma coisa morta, eu penso), mas aqui esta
versão Amplificada chegou para me resgatar.
Quando
eu ouvi e li a palavra “justiça,” o que
ela significava? Bem, no Velho Testamento, o
símbolo de justiça é o bronze. Bronze? Oh, quão
duro é o bronze, eu não estou interessado em
“bronze”. Você está acompanhando o que estou
querendo dizer? E isso é o que esta palavra
veio a significar para mim, até mesmo no Novo
Testamento. Oh, um glorioso ensino, mas eu não
estou falando sobre o ensino, estou falando a
respeito da fraseologia, da terminologia. O que
está representado lá? Agora aqui, minha versão
Amplificada me resgatou.
Oh, estou muito
satisfeito com esta luz, cada dia agora me
regozijando nisto. O que esta versão diz? Onde
quer que a palavra “justiça” ou “justificado”
apareça nessa versão, você tem:
“Direito de permanecer com
Deus.”
Isto descarta sua teologia. É isso..
O
direito de permanecer com Deus tem sido a busca
da humanidade desde o princípio. Não importa
aonde você vá no mais escuro paganismo, entre os
mais ignorantes, nos campos menos iluminados da
humanidade, através de todas as camadas, uma
coisa, possa o homem colocá-lo em palavras ou
não, seja em vocabulário ou fraseologia, uma
coisa que todo ser humano procura bem lá no
íntimo é ter o direito de permanecer com Deus.
Todas essas cerimônias proibidas, sacrifícios,
rituais, afinal de contas, eles estão tentando
encontrar uma maneira de ter direito de ficar
com, bem, eles dizem: “Deus”, muito
embora eles não tenham a concepção correta de
quem seja Deus, ou o que é Deus. “a
quem vós adorais sem saber”, disse Paulo,
“Ele
(O DEUS DESCONHECIDO), é a quem eu vos anuncio.”
Eu me
lembro que, bem no início de minha vida cristã,
li um livro monumental, do Professor Edward
Caird “História da Religião e as Filosofias
Gregas”. [Não faça o mesmo, eu quase
“entrei em parafuso”] Mas, nesse
‘magnum opus’
[grande obra], Caird concentrou todo livro numa
afirmação: “Não há um ser humano sobre esta
terra, seja qual for a raça, que não tenha uma
consciência estar numa posição em relação a um
objeto de adoração supremo, a quem chama de
deus”. É isso verdade? É claro que é. Toda
pessoa tem uma consciência de estar numa relação
com um supremo objeto de reverência, e ele
chama esse objeto de “deus”. Ele não sabe
nada a respeito desse objeto, mas ele
simplesmente o chama de deus. Então aqui
estamos, a busca da humanidade através da
história, tenha ou não o homem uma maior ou
menor iluminação ou compreensão, tenha o homem
pouca, nenhuma, ou muita iluminação e
compreensão, a busca interior é ter uma boa
relação com esse objeto chamado deus, de estar
no direito de permanecer com Ele.
Agora
devemos começar tudo novamente, no início de
Hebreus. Aqui está Aquele, o Filho, e a maior
coisa a respeito do Filho, a coisa gloriosa é
que Ele tem o direito de permanecer com Deus.
Tudo no passado foi uma tentativa de conseguir
esse direito de permanecer com Deus, mas nunca
foi possível, fracassou. Mas aqui está o Filho,
o primeiro de todos, o Amado do Pai.
“Meu Filho Amado.”
Meus caros, poderíamos nós ter algum outro termo
que expressasse mais gloriosamente o direito de
permanecer com Deus?! Pense nisto. E, então, a
carta prossegue dizendo:
“trazendo muitos
filhos à glória”;
e todo o resto da carta, é o caminho do direito
de permanecer com Deus no Filho.
Que
gloriosa carta! Quão grande,completa e
maravilhosa ela é! E isto é apenas o seu início.
Iremos obter mais dela adiante, se o Senhor
permitir, mas penso que você recebeu o
suficiente por ora. Que o Senhor nos ajude,
oremos ...
Oh,
Senhor, envia-nos o Teu Espírito agora sobre
cada pessoa aqui, para que Ele toque os nossos
olhos, e nos faça ver. . Oh, Senhor, que o
resultado desta hora em Tua Palavra seja, possa
ser, que estas pessoas possam ser capacitadas a
dizer, não mentalmente, mas no coração: “Vi
o Senhor; de uma maneira nova e maravilhosa eu
vi o Filho de Deus; vi o que Deus está fazendo”,
e que nós sejamos capazes, Senhor, de
compreender agora quem nós somos _ o novo e
último Israel de Deus. Ensina-nos mais sobre o
que isto significa, e coloca o Teu selo sobre
esta hora.
Agora, Senhor,
haverá um pequeno intervalo, e imediatamente
quando esta reunião for encerrada, essas pessoas
irão sair e irão conversar sobre todas estas
coisas. Salva-nos, Senhor: todo este valor pode
desaparecer em cinco minutos se não formos
vigilantes em colocar um selo em nossos lábios,
guardando a porta do nosso coração. Senhor,
ajuda-nos, pois não estamos aqui apenas para nos
reunir e para ouvir mensagens: estamos aqui em
busca de crises de vida. Envia-as, Senhor, por
Teu nome. Amem.
[na
visão do autor, é por meio das crises que Deus
nos envia que adquirimos experiência e
conhecimento do Filho, pois a crise tem o papel
de nos aniquilar, a fim de que Cristo seja
manifestado. Achei por bem colocar esta
observação. Comentário do tradutor]
Capítulo 3 -
“Chegamos ao Monte Sião”
Enquanto esperamos em Ti [em Ti, Senhor,
esperamos] e enquanto de fato precisamos de Ti
para nos abençoar, pedimos que Tu nos abençoe
enquanto esperamos em Ti, nós nos levantaríamos
até mesmo mais alto e diríamos,Senhor, satisfaça
a Ti mesmo. Receba para Ti mesmo a recompensa
pelos Teus sofrimentos, pelos sofrimentos de
Tua alma. Senhor, encontre a Tua própria
satisfação. Nossas vontades, sabemos, seguem.
Nós não perderemos coisas alguma se o Senhor
receber aquilo que Ele deseja. E assim, que
possamos encontrar a nossa benção em Tua benção,
em Teu nome. Amém.
A Carta aos Hebreus, e nós
estamos esta manhã vindo para a concentração de
toda carta em apenas uma seção. No capítulo 12,
você notará que esta concentração de toda a
carta nesta seção é governada por duas palavras,
“Não _
Mas”. Versos
18–25:
“Porque
não
chegastes ao monte palpável, aceso em fogo, e à
escuridão, e às trevas, e à tempestade, E ao
sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual
os que a ouviram pediram que se lhes não falasse
mais; Porque não podiam suportar o que se lhes
mandava: Se até um animal tocar o monte será
apedrejado ou passado com um dardo. E tão
terrível era a visão, que Moisés disse: Estou
todo assombrado, e tremendo.
Mas
chegastes ao monte Sião, e à cidade do Deus
vivo, à Jerusalém celestial, e aos muitos
milhares de anjos; À universal assembléia e
igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos
céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos
dos justos aperfeiçoados; E a Jesus, o Mediador
de uma nova aliança, e ao sangue da aspersão,
que fala melhor do que o de Abel. Vede que não
rejeiteis ao que fala;”
Não—Mas.
Não iremos ater-nos aos vários detalhes reunidos
debaixo do “Não”.
Iremos simplesmente dizer que isto representa
uma tremenda mudança de um sistema de atividade
e método Divino, que no passado era de natureza
tangível, palpável, de sentimento, _ o que você
podia ver com os seus olhos naturais, e ouvir
com os seus ouvidos naturais, e tocar com as
suas mãos, e registrar através de seus sentidos
de sua alma e corpo. Isto compreende o sistema
passado, e sobre isso está escrito “NÃO”
_
não mais.
Este tipo de coisa foi deixado para trás.
E, anote aí, caro
amigo, é porque isso foi desprezado, e não foi
reconhecido é que o Cristianismo está pobre
hoje, porque está amplamente baseado sobre este
“NÃO”.
Você verá isto mais adiante, talvez, enquanto
prosseguimos para o lado positivo. Mas registre
isto, registre aquilo a que você ainda não
chegou. Tome-o sentença por sentença em sua
significação, e veja a que nós não chegamos.
Nós não chegamos a um sistema que pode ser
apropriado e conhecido pelos sentidos naturais.
Isto é abrangente, que toca muito, que está
acabado. A Cruz está no meio desse “Não”
e este “mas temos chegado”.
Agora eu quero ser bem
implícito e cuidadoso. Será que eles realmente
chegaram ao Sinai? Você viu a descrição? O
Espírito Santo através do escritor faz isto tão
real, definitivo, positivo e enfático que até
mesmo Moisés, que tinha acesso a Deus, que tinha
tanta amizade com Deus, com quem ele falava face
a face, como um homem ao seu amigo, este homem
disse:
“Estou todo assombrado e tremendo”.
Era aquilo real? Era aquilo imaginário? Era
aquilo abstrato? Não, aquilo era muito real. As
pessoas gritavam:
“Chega,
não podemos suportar isto.”
Era muito real! É a isso que eles haviam
chegado. Se você estivesse lá, sem dúvida, teria
dito: “Não há nada imaginário aqui. Isto é algo
terrível.” “Mas temos chegado”, e você diria
que o “MAS” é menos real do que o “NÃO”? Diria
você que isto a que temos chegado hoje é
abstrato, enquanto aquilo era concreto? Oh, não,
estou certo de que isto é até mais real; e,
caros amigos, este é o ponto sobre o qual
devemos focar todas as coisas, a realidade
daquilo a que chegamos.
Quando você prossegue e
analisa tudo isto em seus detalhes, se você se
basear em seus próprios sentidos, os sentidos da
mente e da alma, você ficará completamente
confuso. É que parece tão idealístico ou
imaginário, tão etéreo, tão irreal. Veja, para o
natural, o espiritual é irreal. Para o homem
natural, para o homem de alma, aquilo que é
essencialmente e intrinsecamente espiritual é
irreal. Sua reação é “Oh, sejamos práticos,
vamos ficar com os pés no chão, vamos descer das
nuvens e pisar no chão firme, vamos ficar com as
coisas que são mais reais.” Esta é a reação
do homem natural ao espiritual. Mas, para o
homem espiritual, as coisas espirituais são mais
reais do que as coisas tangíveis. E isto a que
temos chegado, para dizer o mínimo, é tão real
quanto aquilo a que eles haviam chegado no
Sinai, muito embora siga uma ordem diferente.
Sião: A Consumação de Tudo
Agora, quero que você
preste atenção no tempo do verbo, porque isto é
muito importante:
“chegamos ao Monte Sião”
Nós não estamos chegando; nós não estamos indo,
e nem iremos chegar a Sião. NÃO,
“nós estamos, nós já chegamos”.
Eu sei que você irá prosseguir cantando:
“Estamos Marchando para Sião”. Sabemos o que
você quer dizer, mas nós não estamos marchando
para Sião. A Palavra diz: “Mas temos chegado
a Sião”,
tempo presente.
Nós
estamos em Sião agora.
Você percebeu isto? Existe aqui, naturalmente,
um contraste entre Sinai e Sião, mas não é
apenas um contraste aqui, mas perceba, e preste
atenção no que acabei de dizer, é mais do que um
contraste, é uma consumação!
Este Sião estava no
horizonte para Israel, lá no princípio. Eu penso
que é uma coisa espantosa e impressionante
vermos o povo atravessando o Mar Vermelho e
saindo lá do outro lado; e então, você olha para
Êxodo 15 e os vê lá do outro lado, e ainda,
exatamente lá, antes que o povo tivesse marchado
pelo deserto em direção a terra — ou tivesse ido
para qualquer outro lugar além daquele ponto _
você tem o seguinte:
“Tu
os introduzirás, e os plantarás
no
monte da tua herança, no lugar que tu, ó Senhor,
aparelhaste para a tua habitação, no santuário,
ó Senhor, que as tuas mãos estabeleceram.”
Já lá no início
Sião está em vista, como o fim, a consumação
das jornadas e
das experiências do povo. Durante os próximos
quarenta anos?
Ah, sim, e muitos mais.
Sião está no horizonte desde o princípio. Sião
não é o começo; Sião é a consumação de tudo.
Isto está na Carta aos
Hebreus. Nos tempos antigos, eles estavam
caminhando, estágio por estágio, fase por fase,
passo por passo. Você lembra aquele capítulo que
está cheio dessa palavra, em Números, “e eles
partiram, e partiram e partiram.” Acho que
foram quarenta vezes em apenas um capítulo, “e
partiram”. Isto é “tempo antigo”. A Carta
aos Hebreus diz:
“Chegamos,
chegamos.”
Como? Porque todos os pedaços, fases e estágios,
passos e movimentos, chegou à consumação em
Jesus Cristo. Nós temos chegado, nós chegamos ao
fim de todos os movimentos de Deus em Seu Filho.
Ele é a consumação de tudo!
Sião: a Obra Perfeita do Senhor Jesus Cristo
Agora, então, ainda esta palavra “Sião”,
ao qual é dito que chegamos, permanece um pouco
abstrato, no que diz respeito à nossa
mentalidade. Devemos, portanto, descer para ver
o que é este Sião ao qual temos chegado.
Dissemos que Sião é a consumação, ou
totalidade, mas o que isso representa? Do que
ele é constituído? Qual é a constituição de Sião
como a obra final de Deus?
[1] SIÃO: UM POVO NO BENEFÍCIO DA COMPLETA E
PERFEITA OBRA DE CRISTO
Primeiramente,
dizemos que Sião é um termo inclusivo e
completo; em outras palavras, quando entramos
no Senhor Jesus, chegamos ao pensamento
pleno de Deus. Podemos ter que crescer em nossa
apreensão e compreensão daquilo a que já
chegamos, porém Deus não tem mais nada o que
acrescentar àquilo a que temos chegado. Temos
tudo! Em Cristo temos tudo! Deus
chegou ao fim em Seu Filho; terminou a Sua nova
Criação em Seu Filho, e entrou em Seu descanso.
De modo que a Carta aqui diz:
“Nós que cremos
entramos no Seu descanso”.
Sião é
um termo abrangente, que se refere a tudo aquilo
que Deus colocou em Seu Filho para nós.
Cristo é a soma total de toda a obra de Deus, da
qual obra está escrita: “terminada.”
Isto não significa apenas chegar a um fim;
significa que a obra foi completada, que tudo
está completo, tudo está perfeito!
Você
conhece a fórmula quando os sacerdotes traziam o
sacrifício da reconciliação e colocava as suas
mãos sobre a cabeça do animal, eles expressavam
uma fórmula que em grego significa: “Está
perfeito”. Eles percorriam seus olhos
experientes sobre aquele sacrifício, revolvendo
cada cabelo, para ver se havia algum de outra
cor, qualquer minúsculo ponto de contradição e
inconsistência, abrindo a boca do animal,
examinando os seus dentes, cada parte era
examinada pelos olhos treinados do meticuloso
sacerdote; e, quando ele terminava seu exame, e
quando o sacrifício tinha ficado exposto por
dez dias sob aquele escrutínio, para ver se
haveria qualquer aparição de qualquer elemento
inconsistente, imperfeito — ao final, ele
mostrava o sacrifício e punha as suas mãos sobre
ele, e pronunciava: “Está perfeito”.
Assim ocorre na Carta aos Hebreus. Por meio de
uma única oferta, Ele aperfeiçoou para sempre,
fez completo; e quando Jesus falou: “Está
consumado”, foi o veredicto de uma Oferta
Perfeita, sem mancha ou ruga, para Deus. Está
perfeita, completa. Sua obra e Sua Pessoa foram
aceitos por Deus.
A soma de toda a obra de Deus está representada
no simbólico nome “Sião”.
Mas Sião é visto não apenas como Cristo Pessoal,
mas algo corporativo. É o povo de Sião, um povo
que está no benefício da completa e perfeita
obra de Cristo; um povo que é um vaso daquela
obra do Senhor.
Sião? É
tão fácil dizer coisas como essas, e isto é um
ensino bíblico, talvez, você possa dizer, um bom
ensino bíblico; mas, oh, meus amigos, iremos
ver, antes de terminarmos esta semana, que não é
tão simples assim. E você irá descobrir quase
todos os dias da sua vida que esta posição de se
manter e estar
no
benefício da obra de Cristo não é algo simples _
é desafiador, é um subir da montanha e um
descer ao vale, durante todo o caminho, para
que você possa ser movido para esta posição da
obra perfeita do Senhor Jesus. Nós temos chegado
a algo perfeito, e devemos ser o povo que
corporifica esta obra perfeita do Senhor Jesus!
Não quero dizer que já somos perfeitos, mas a
obra do Senhor é perfeita; e aquele que é
perfeito está conosco, e está EM nós.
Chegará o tempo quando esta perfeição será
manifestada. Penso que é um maravilhoso
fragmento em Tessalonicenses: “ Quando Ele
vier para ser glorificado nos seus santos, e
para ser admirado EM todos os que tiverem crido”.
Ser admirado! E eu suponho que nós admiraremos
muito mais do que quaisquer outras pessoas. Bem,
isto é Sião. É Cristo, e Cristo coletivo, Cristo
corporativo, o fundamento de tudo. Sua obra
perfeita, tanto como Sua Pessoa perfeita _ isto
é Sião.
[2] SIÃO: A VITÓRIA SUPREMA DO SENHOR
Número dois:
Agora, naturalmente, estarei me mantendo muito
próximo ao simbólico e típico cenário do Velho
Testamento, porque, embora as coisas do Velho
Testamento já tenham passado, o significado e os
princípios espirituais são eternos, de modo que
o significado e o princípio espiritual de Sião é
examinado e aplicado aqui. Este é o porquê do
nome exato Sião ter sido tirado do Velho
Testamento e trazido aqui para o Novo Testamento:
assim que a próxima coisa sobre Sião é que ele é
o símbolo exato da vitória absoluta do Senhor.
Você se
lembra do início de Sião? Após terem eles
trazido Davi de volta de seu exílio, fazendo
dele o rei, os Jebuseus ocuparam Sião e, dali
deste local, desdenharam de Davi, dizendo:
“Você nunca irá vir aqui” e se fortificaram
ali com pessoas cegas e aleijadas, e disseram:
“Somente estas pessoas são suficientes para
mantê-lo fora daqui”. Era realmente uma
fortaleza, tanto que os mais fracos podiam
guardá-lo, protegê-la. Se os mais fracos, os
cegos e os aleijados podiam, logo,
naturalmente, não precisamos dizer que os mais
fortes também podem”. Os Jebuseus consideravam
aquele Sião como sendo completamente
impenetrável, invulnerável, ou seja, a última
palavra em segurança, um lugar que não podia ser
atacado. Eles diziam: “Você não virá aqui,
de fato, é impossível para você fazê-lo”. —
“Muito bem,” disse Davi. [Eles aceitaram o
desafio.] “Nós aceitamos o desafio” Sabemos o
que aconteceu. Davi entrou naquela fortaleza e
destruiu a aparente impenetrabilidade, e aquele
local acabou se tornando a cidade de Davi; a
cidade do Grande Rei. Sua grande e imensa
vitória está centrada, registrada e estabelecida
em Sião; e Sião é o símbolo e sinônimo do
grande poder do Rei de Deus, do Ungido de Deus.
Agora,
isto é conclusivo: “Nós já chegamos a Sião”,
a Cidade do Deus Vivo. A que chegamos nós?
Chegamos à Suprema Vitória do Senhor Jesus
Cristo sobre a antiga fortaleza impenetrável _ e
o que era essa fortaleza? Citamos Mateus: “Eu
edificarei a minha Igreja; e as portas do
inferno não prevalecerão contra ela”.
E o que você tem ouvido sobre esta expressão: “das
portas do inferno”? Não estou muito certo se
em meus primeiros dias não cometi este engano. “Portas”,
na Bíblia, nas cidades do Velho Testamento, eram
os locais onde os conselhos de anciãos vinham
para tomar as decisões para a cidade e para a
terra; e assim dissemos que as “portas” são os
conselhos do Inferno. Não cometa este erro. Isto
está correto, mas não é o que realmente
quer significar no texto. Qual é a outra
fortaleza impenetrável do príncipe deste mundo?
É a MORTE. A fortaleza espiritual
impenetrável que o Senhor Jesus destruiu
pertencia ao “Diabo, que tinha o poder
sobre a morte” (Hebreus 2:14). Assim, o Senhor
Ressurreto, em Sua apresentação no livro do
Apocalipse, bem no início Ele diz:
“Eu sou Aquele que
vive; estive morto;
mas eis que estou vivo pelos séculos dos
séculos; e tenho as chaves da morte e do
inferno”.
A morte
espiritual é uma coisa tremenda, terrível,
tanto que o Apóstolo Paulo quase esgota o
vocabulário nesse sentido quando diz que
deveríamos conhecer
“sobreexcelente
grandeza
do
seu
poder
sobre nós, os que cremos, segundo a operação da
força
do
seu
poder,”
Pense nisto! O salmista diria: “Selah.”
[silêncio, pausa] — Pense sobre isso!
“A sobreexcelente grandeza
do Seu poder sobre nós, os que cremos, conforme
a operação da força do Seu poder [a energia, a
palavra Grega aqui é energia],
que Ele operou em Cristo, ressuscitando-O dentre
os mortos”.
Que linguagem! Está simplesmente além das
expressões de Paulo. Ele tinha um bom
vocabulário, porém ele mesmo encontra
dificuldade para expressar e explicar o que
aquilo significava: ressuscitar a Jesus da
morte
—
vencer a morte!
Oh, é
tão fácil dizer: “Deus ressuscitou a Jesus da
morte”, mas você entende o que isto
significa? A ilustração na Palavra [e,
naturalmente, a ilustração sempre falha na
presença da realidade], mas a ilustração na
Palavra é o Egito, Faraó, e os deuses
egípcios. Veja como Deus está apenas, vamos
assim dizer, provando o Seu poder através
daqueles dez julgamentos. O primeiro é um grande
poder, o segundo é um poder maior do que o
primeiro, e o terceiro é ainda maior do que o
segundo, e assim sucessivamente até o décimo. É
um poder crescente, destruindo tudo, derrubando
uma grande força; e quando você chega até a
coisa consumada, o que você tem? Vida e morte;
a morte de todos os primogênitos egípcios; e
quando isto foi registrado, o povo está livre, e
eles saem ressuscitados! É uma ilustração. Os
tipos são sempre pobres na presença da
realidade, a realidade é a ressurreição de Jesus
Cristo da morte, pela glória do Pai, pela
sobreexcelente grandeza de Seu poder — e assim é
conosco. Caros amigos, eu imagino que nós não
temos nem começado a entender o que isto
custou, e qual é este poder que está por detrás,
o nosso novo nascimento, o fato de termos sido
trazidos da morte para a vida.
Agora,
voltemos a Sião. Isto é Sião.
“Temos chegado a
Sião”. Temos
chegado à imensa vitória do Senhor Jesus no
campo que supremamente desafiou Deus e o céu,
o campo da morte. Morte. E assim, você tem
aqui nesta carta, especialmente nos primeiros
capítulos, muito sobre morte.
“Ele
experimentou a morte por todos os homens”.
“Ele
livrou todos
aqueles que, com medo da morte, estavam por toda
a vida sujeitos à escravidão.”
(Hebreus 2:15).
Sublinhe a palavra morte nesses primeiros
capítulos, porque isto é básico para todos os
que se seguem; e quando você chegar ao final da
Carta, você tem aquela grande nota novamente:
“Ora,
o Deus de paz, que pelo sangue do pacto eterno
tornou a trazer dentre os mortos a nosso Senhor
Jesus, grande pastor das ovelhas, vos
aperfeiçoe...”
Fomos
trazidos novamente da morte. Aquela morte, que
tinha antes colocado um ponto final em toda
perfeição espiritual, tem agora sido vencida
pelo Grande Pastor das ovelhas.
Eu
disse ‘colocou um ponto final’. Você se lembra
em Hebreus de Arão e todos os seus filhos, os
sacerdotes? A carta diz que eles não podiam
aperfeiçoar coisa alguma, porque eles morreram.
A morte colocou um ponto final em suas obras, e
nada ficou aperfeiçoado. Mas Jesus aperfeiçoou
para sempre. Por quê? Porque Ele vive para
sempre,
“Eu estou vivo pelos séculos dos séculos”,
portanto, esta é a esperança e a dinâmica de
você ter sido tornado perfeito.
Oh,
graças a Deus, “a sobre-excelente grandeza de
Seu poder” que irá, finalmente, “nos
apresentar sem culpa diante da presença de Sua
glória em grande alegria; Igreja gloriosa, sem
mancha, nem ruga nem qualquer outra coisa”,
_ nos apresentar inculpáveis. Oh, que tremenda
palavra! Que ‘apagar de quadro’ é este! (idiomatismo)
Sem culpa!
E nós aqui em baixo
estamos tão preocupados com as faltas do nosso
próximo, e com as nossas próprias; e isto se
torna um problema _ procuramos pela assembléia
perfeita, pela igreja perfeita, e pelo cristão
perfeito, e ficamos todos ocupados com isso o
tempo todo, ocupados com o que não é perfeito.
Faltas e mais faltas.
Para nos apresentar sem falta alguma _ “ Ele
é capaz de nos apresentar sem falta alguma
diante da presença de Sua glória em grande
gozo”. Por que? Porque Ele venceu a morte.
A morte é uma fortaleza, mas Ele despojou a
fortaleza de Satanás:
Ele desceu com Seu Poder Imperial às regiões das
trevas: e trouxe de lá o Seu troféu, desprezando
completamente a coroa do usurpador.
A coroa de Satanás é a morte. A coroa de Cristo
é a Vida:
“Eu lhes
darei a coroa da vida”.
Bem, estamos nós dispondo bastante do nosso
tempo com os detalhes de Sião? É a isto que
temos chegado. Que nos seja concedida força e fé
para apreender aquilo que foi dito. Que possamos
entrar no maravilhoso gozo disto.
[3] SIÃO: O LUGAR DE SUA MORADA
Número três :
Sião, novamente, foi e é, em seu significado
espiritual, em sua realidade, o centro de Sua
habitação. Sua morada. O Senhor habita em Sião.
O Senhor é achado em Sião. Você vê isso em
Êxodo 15.
“Tu
os introduzirás, e os plantarás no monte da tua
herança, no lugar que tu, ó Senhor, aparelhaste
para a tua habitação, no santuário, ó Senhor,
que as tuas mãos estabeleceram.
O Senhor reinará eterna e
perpetuamente.”
Sabemos,
historicamente, que foi
lá que Deus tinha o Seu Santuário; e devo dizer
aqui isso sem entrar em detalhes, como em
Hebreus 12, versículo 18 em diante, Jerusalém e
Sião parecem termos sinônimos. Parecem ser
intercambiáveis. Não são exatamente a mesma
coisa, mas, ousaria eu entrar na diferença
existente? Isso resultaria em algo sem qualquer
consideração especial, mas aqui está “a
cidade que Tu, o Senhor, fez _ a Jerusalém
Celestial”.
E assim, chegamos então ao lugar da Sua morada,
o lugar onde o Senhor está. Se fosse perguntado
a você onde você poderia achar o Senhor, imagino
o que você responderia. Poderia mencionar muitas
coisas, tais como, “se você quer encontrar o
Senhor, deve vir às nossas reuniões. Venha para
a nossa companhia, para o nosso lugar de
adoração, e então você irá achar o Senhor lá”; e
assim, você localiza o Senhor. Eu sei que no
Velho Testamento eles tinham que ir a certos
lugares onde o Senhor colocou o Seu nome.
Contudo, no sentido geográfico e literal, este
não é mais o caso.
Para entender isto, vamos ver que aqui está um
grande erro no qual a cristandade tem caído; e
todos nós caímos nesse engano de tentar
localizar a presença de Deus. Quero dizer
literalmente falando: “Sião é um lugar
onde você já chegou, ou é um lugar aonde você
ainda deve ir, se quiser encontrar o Senhor?”.
Não se engane. Isto não é verdade.
Nós já saímos daquele sistema.
Aquilo está debaixo do “Não”. Todo aquele
conceito já foi varrido. Não há nenhum “Eféso”,
ou “Filipos”, ou “Tessalônica” sagrados: se
houvesse, eles ainda estariam hoje no mesmo
lugar que estavam há dois mil anos atrás. Eles
não estão. Já se foram. O Senhor foi achado lá,
mas você não irá encontrá-Lo mais lá. Não, nem
mesmo em Jerusalém, nem em Roma. Mas onde está o
Senhor? O Senhor Jesus mostrou para nós; será
isso uma fórmula, uma prescrição?
“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu
nome, ali Eu estou”.
Ali Eu estou, esta é a única localização (eu
hesito em usar a palavra “localidade”), esta é a
única localização do Senhor!
Agora, em qualquer lugar onde você possa
encontrar o Senhor, na companhia do povo do
Senhor, onde o povo pode encontrá-Lo, tão logo
esse lugar cesse de ser espiritualmente Sião,
de ser o que Sião realmente é espiritualmente, o
Senhor deixa esse lugar, assim como Ele deixou o
tabernáculo de Siló. Aquele lugar não era
sagrado, o tabernáculo não era sagrado, caso
contrário teria sido preservado até os dias de
hoje.
Não, nada nesta terra é sagrado para o Senhor.
O lugar onde o Senhor está e é encontrado é em
Sião; ah, mas o que significa Sião? O que é
Sião? O que temos dito nós que é Sião? _ Sião
é este lugar a que já chegamos!
Então, agora
você pode ir e construir um edifício e conseguir
uma congregação e colocar na porta _ “Sião”?
Não! Não! Não!
Sião é
algo espiritual, um povo espiritual, e a grande
coisa sobre esse povo é... você encontra o
Senhor lá quando você encontra esse povo.
Com eles, você
simplesmente encontra o Senhor. Você não irá
encontrar uma técnica, uma forma, um ritual, uma
doutrina, um ensino, uma interpretação e tudo
mais. Você apenas irá encontrar o Senhor. “Temos
chegado a Sião” — Oh, vamos deixar isto ser
um teste, tanto quanto uma afirmação. Iremos
desistir de tudo _ construções, lugares, e toda
nossa constituição _ nós deixamos tudo isso se
as pessoas não estão encontrando o Senhor quando
elas chegam no local onde estamos. Paulo trás
isso para o individual: “Sois o santuário do
Deus Vivo”. Esta é uma aplicação
individual, “o templo de Deus.” O lugar de sua
morada é o lugar onde Cristo é a finalidade de
Sua obra, a plenitude daquilo que Ele fez, onde
as coisas são conformadas a Cristo. Isto é Sião!
[4] SIÃO: O LOCAL DO GOVERNO DIVINO
Número quatro :
Sião é o local do Governo Divino, assim,
voltemos para “Sião, a cidade do Grande Rei”!
De Sião sairá a lei. De Sião Cristo
governará a terra. Sião, o assento de Sua
majestade e governo, onde está o Seu trono.
Demos uma pequena dica, alguns minutos atrás, da
diferença entre Jerusalém e Sião. Sião, como
entendo, é o que Jerusalém deve ser; e Jerusalém
nem sempre é Sião. Mas Sião é o que Jerusalém
deve ser _ o centro governamental.
Nem todas as pessoas de
Deus estarão neste local de governo; e
no Livro do
Apocalipse você tem algo mais do que “a cidade
santa, Nova Jerusalém”. Você tem “nações
caminhando à luz da Nova Jerusalém”. Você tem um
círculo extra.
Sim, essas pessoas estão no Reino. E eu não
estou agora discriminando entre a Igreja e o
Reino. Esta não é minha intenção, mas estou
dizendo que haverá vencedores. “Àquele
que vencer concederei que se assente comigo no
meu trono”.
Isto é Sião, porém Jerusalém nem sempre se
conforma a isso, no que diz respeito ao povo do
Senhor.
Penso que é melhor
pararmos por aqui, e, como você vê, isto é uma
grande dificuldade para muitos. Você mostra o
final e completo plano de Deus para a igreja,
aquilo que está na Mente de Deus a respeito da
Igreja, a Jerusalém Celestial, sim, você mostra
tudo isso, mas alguns dizem: “Olhe para todos
esses cristãos: um pé no Cristianismo e outro pé
no mundo”. Mas lembre-se, existe esta realidade:
Deus governando sobre o povo.
Uma coisa é você
ser cidadão de um País, ou de uma cidade, outra
coisa é você ser um membro da casa real.
Você compreende o que eu digo? Sião é o ápice, a
essência do plano de Deus para a Igreja, para o
qual a Igreja (como um todo) não tem se
aproximado totalmente, mas Sião é este lugar de
Governo.
No princípio foi assim. A
Jerusalém literal em Judá antiga era o centro do
governo sobre a terra. Você chega ao Novo
Testamento, e encontra essas coisas removidas de
Jerusalém. Eles removeram. Você diz,
“Antioquia se torna o novo centro e toma o lugar
de Jerusalém?” Está correto? Esta é a
maneira como os expositores colocaram, eles
fizeram um movimento geográfico. Muito bem, você
pode aceitar isso, se quiser, mas isso não é
verdade. Vamos para Antioquia, então, e demos
uma olhada e ver o que é isso.
O que eles estão fazendo
em Antioquia? Houve alguns irmãos em Antioquia
e “eles
jejuaram e oraram, e o Espírito Santo disse...”
Eles estão desligados da terra; deixaram as
coisas aqui; estão ligados com o céu. E, por
meio do Espírito Santo que fora enviado do céu,
o Governo Celestial está em operação. O Trono
Celestial está governando aqui.
Não, não é uma reunião
deliberativa. Eu não sei se alguns de vocês
conhecem os desenhos de E. J. Pace, mas anos
atrás, nos tempos de Escola Dominical, ele fez
um muito bom. Acho que foi um de humor, mas
muito bom. Ele o chamou: “A Primeira Reunião
Deliberativa do Novo Testamento”, onde todos
os cristãos estão reunidos numa congregação em
Jerusalém, e havia duas grandes Mãos com uma
grande tora de madeira dentro deles. E esta
grande tora caiu sobre aquele local, e “todos
eles foram espalhados”,
espalhados por toda a Judéia, por toda Samaria,
e até os confins da terra; e ele chama aquilo de
“A Primeira Reunião Deliberativa”.
Não, o centro
governamental não está em Jerusalém literal, e,
também não está em Antioquia literal.
Sião é o local onde o céu está governando, e não
os homens,
onde os conselhos
celestiais estão operando:
“e o Espírito Santo
disse”. É a
isto que temos chegado, ou devemos chegar.
Espero que eu não tenha ofendido nenhum de
vocês, membros locais, homens do comitê, vocês
diretores da igreja. Não, nós estamos chegando à
realidade. Sião está testando, desafiando
todo o nosso sistema. E aqui, neste ponto,
Sião significa: _ “é o local de onde o Céu
governa, de onde o Cristo Ressuscitado governa
através do Espírito Santo, de onde toma as
decisões, de onde direciona os cursos.
“Separai para
Mim Barnabé e Paulo, para a obra...”
Foi a reunião deliberativa que os comissionou? _
Não, “Eu
os tenho chamado”.
Esta é uma ação do Céu, e isto sim é frutífero.
[5] SIÃO: O LUGAR DA COMUNHÃO FIRME E SEGURA
Número cinco:
Sião é
o lugar da comunhão firme e segura. Isto é
bastante interessante, instrutivo. Volte para o
Velho Testamento. Quando os corações dos homens
de Israel se voltaram de Saul para Davi, para
trazê-lo de volta e fazer dele o rei, o que
aconteceu? O primeiro deslocamento foi para
Hebrom, e lá eles ficaram por sete anos.
O que é
Hebrom? Você sabe o significado de Hebrom? —
Comunhão, amizade, isto é Hebrom.
Contudo, aqueles homens trouxeram Davi de volta
e, primeiramente, fizeram dele o rei em Hebrom.
Era algo parcial. Era um movimento rumo a
plenitude, porém foram sete anos em Hebrom,
sete anos (interpretado espiritualmente) de uma
firme comunhão. E, após esses sete anos, foram
para Jerusalém, para Sião; e os valores de
Hebrom estão agora centralizados em Sião; i.e.,
Sião representa aquilo no qual a verdadeira
amizade do Espírito é estabelecida!
Você
tem que ler o resto desta seção de Hebreus. Veja
a maravilhosa comunhão que existe aqui. À que
temos chegado? Aos “ espíritos dos justos
aperfeiçoados”. Chegamos à uma maravilhosa
comunhão no Céu, “às hostes angelicais,”
em comunhão com os anjos; em comunhão com
“Jesus,
o Mediador de uma Nova Aliança.”
É comunhão que existe em Sião, comunhão
celestial. E você sabe muito bem que, se apenas
você experimentar um pouquinho da comunhão
celestial, isto é o céu.
Alguns de vocês vieram de
lugares longínquos, onde vocês têm pouca ou
nenhuma real comunhão espiritual; e sejam quais
outros valores possa haver nestas convocações,
tenho sempre encontrado aqueles de maiores
valores, e até mesmo maior do que o ministério
tem sido esses solitários peregrinos, vindo de
longe e de perto, em canções de subida, rumo a
Sião, onde encontram aquela maravilhosa
comunhão, que os envia de volta para os seus
lugares solitários, porém sabendo que: “Bem,
eu não estou sozinho, afinal de contas; eu
achava que estava sozinho. Eu era igual Elias
procurando um pé de junípero(zimbro), a fim de
dizer: basta. Oh, Senhor, tira a minha vida. Eu
sou o único que sobrou. Porém ele descobriu que
havia sete mil em Israel!” Comunhão é uma
coisa maravilhosa. Em verdade isto é Sião: “Sim,
nós temos chegado a Sião”
Oh, que
possamos sempre usufruir disso, e, em nossa
solidão e isolamentos, e exílios, possamos saber
que a nossa comunhão está no céu. Levou sete
anos para obter aquela comunhão, sendo, então,
estabelecida em Sião.
Em Sião.
Bem, o que é isto novamente? Sião é a comunhão
de Cristo estando em Seu lugar correto e pleno.
Davi está agora em seu lugar certo, e em seu
lugar pleno, porque Deus o escolheu e o ungiu.
Ele está lá: Nosso Grande Davi em seu lugar,
lugar certo e pleno _ e, onde quer que isto
seja verdade, isto é Sião.
[6] SIÃO: A TERRA DA NOSSA FESTIVIDADE
ESPIRITUAL
Número seis:
Sião é a terra das nossas festividades. Eu quase
disse isso anteriormente. O que está escrito?
“Sião, a
cidade de nossas solenidades.”
Esta é a frase nas Escrituras, “a cidade, o
lugar de nossas solenidades.” O que isso
significava? Eram as grandes festas e festivais
de pessoas que eles tinham em Sião. Deus ordenou
que este povo devia ser um povo festivo.
Agora esta porção em Hebreus diz que é a isto
que temos chegado. Temos chegado a inúmeros
anjos em festa. A cidade de nossas
festividades. Precisamos dizer mais? Eu acredito
nisso, que se você tiver alguma coisa que se
aproxime de Sião espiritualmente, qualquer coisa
que seja realmente e verdadeiramente a Sião
espiritual, não importa o quão pequeno possa
ser, você terá um festival de boas coisas. Onde
essas coisas são verdadeiras, onde essas cinco
coisas que mencionei sejam verdadeiras:
[1]
Um Povo no Benefício da Completa e Perfeita Obra
de Cristo
[2]
A Suprema Vitória do Senhor
[3]
O lugar da Sua Habitação
[4]
O Local do Seu Governo
[5]
O Lugar da Comunhão Firme e Segura
onde essas coisas sejam verdadeiras, você nunca
mais terá fome, fome espiritual. O Senhor
cuidará para que haja abundância. Você não será
miserável, mas será cheio de alegria!
Precisamos de algo
mais do que piqueniques religiosos: precisamos
das festividades espirituais de Sião.
“Hostes de anjos em
festa.” Não
sei se eu entendo isso completamente, mas eu
penso que tenho um vislumbre disso. Quando os
anjos olham para Sião, quão alegres eles ficam!
Quão felizes eles ficam! Há certamente alegria
entre os anjos quando você descobre coisas como
essas. Quando eles olham para a espiritual Sião,
eles colocam suas vestes festivas e dizem: “É
isto.” Os anjos se regozijam. Talvez isso seja
uma interpretação imperfeita, mas estou certo de
que isto faça parte. Registramos o sentimento do
Céu e dizemos: “Isto é bom”; e não mais
condenaremos o velho e pobre Pedro. Nós caímos
na mesma maravilhosa e gloriosa armadilha.
Dizemos: “É bom estarmos aqui.”
Jamais deixaremos este lugar novamente.
“Façamos três tendas.” Nós cantamos, antes
desta ministração esta manhã, sobre o mundo em
guerra aqui em baixo. Nós temos que voltar para
ele, mas que possamos voltar com um pouco da
alegria de Sião, a cidade das nossas
solenidades, das festividades espirituais. Devo
deixar este tópico e ir para a última coisa a
respeito de Sião, para esta manhã; e isto é
apenas o primeiro fragmento da seção como um
todo. Há um outro que provavelmente tomará
todo o nosso tempo amanhã, o número oito,
mas isto não é para agora.
[7] SIÃO: O LOCAL DO NOSSO REGISTRO ESPIRITUAL
_— EU ESTOU REGISTRADO NO CÉU, SOU
UM CIDADÃO DO CÉU
Número sete:
Sião, o lugar do nosso registro espiritual. É
esta uma palavra ou idéia difícil? Se você não
sabe o que eu quero dizer, eu te faço lembrar de
Salmo 87:
“O Senhor ama as
portas de Sião, mais do que as moradas de Jacó.”
Então o salmista escolhe aqueles lugares do
mundo que os homens falam com orgulho:
“Eu
nasci na Filistia. Pense nisto.”—“Eu nasci em
Tiro! Sou um cidadão de Tiro!.”— “Eu nasci na
Etiópia.”
O salmista (você quase pode perceber a sua
alegria), o salmista diz:
“Este homem nasceu em Sião,
isto será dito. De Sião, será dito: Este é
nascido ali.”
Algo absolutamente superior. Este homem é um
cidadão de Sião, ele nasceu lá, seu nome está
registrado lá, e o salmista conclui esta
comparação e contraste com:
“Todas as minhas
fontes estão em ti”—
O lugar do meu registro: “Estou registrado no
Céu; sou um cidadão do Céu.”
“Nossa cidadania,
diz o apóstolo, está no Céu; de onde aguardamos
o Salvador.”
“A nossa
vida está escondida com Cristo em Deus.”
“Nós nascemos de cima”
[sempre correta esta tradução]; e não
“nascemos de novo”, mas “nascer de cima”, que é
algo maior do que nascer de novo. Não apenas nós
“nascemos de cima” e os nossos nomes estão
“escritos no livro da vida do Cordeiro”; não
apenas isto, e isto já é glorioso, mas
você tem o registro. Paulo se gloriava de sua
liberdade: “Eu sou um homem livre,” e todos
eles tinham que se render a isso, até mesmo o
Império Romano tinha que se curvar a isso, um
homem nascido livre. O pobre capitão centurião
passou um sufoco quando ouviu isso. A vida dele
estava em jogo por ter colocado as correntes num
homem livre. A nossa cidadania está no Céu;
nosso registro está no Céu; somos
“herdeiros de Deus
e co-herdeiros com Cristo.”
Este homem foi nascido ali, em Sião.
Vou deixar isso com você; eu realmente acredito
que não são apenas “oito” interessantes
e fascinantes ensinos Bíblicos, mas é um
desafio:
“Chegastes a Sião.”
Senhor,
ajuda-nos a ver aquilo aonde temos chegado, o
que realmente somos no Pensamento Divino. Que o
Senhor faça com que isso seja real para nós,
seja lá onde possamos estar.
Senhor,
faça disto mais do que um ensino, ou doutrina,
ou verdade Bíblica, ou uma exposição Bíblica.
Coloque um desafio nisto, em cada coração aqui
presente. É isto verdade para mim? Sou eu um
cidadão de Sião? São essas coisas reais na minha
vida? Ajuda-nos a atentar para isso. Ouça a
nossa oração, por Tua própria Glória e
Satisfação em Teu Filho, Amém.
Capítulo 4 - “A
Controvérsia de Sião”
Querido Senhor, não por
formalidade, nem por mero costume, mas por meio
de uma profunda e forte consciência de
necessidade, oramos. Devemos orar. Estamos esta
manhã permitindo a nós mesmos ser colocados
debaixo de uma nova responsabilidade. Se Tu
falares, como temos pedido a Ti que fales,
então, as Tuas palavras irão nos julgar naquele
dia. Percebemos que até permitir a nós mesmos
ouvir o Senhor falar não é algo pequeno, pois,
Senhor, também é uma questão de capacidade. Nós
não podemos compreender a menos que o Espírito
de Sabedoria e de entendimento nos dê a
capacidade. Coisas serão ditas,as quais são a
verdade, e nós não iremos compreender, a menos
que algo seja feito por Ti em nós. E certamente
não podemos seguir adiante em obediência, a
menos que Tu, Senhor, faça isso. Como Tu
disseste a um discípulo muito amado:
“Vocês não podem Me
seguir agora, porque para onde Eu vou não
podereis ir agora. Ireis mais tarde”
Este “não pode” está acima de nós e
sobre nós. Não podemos seguir adiante, Senhor, a
menos que Tu faça isso.
Agora, tudo isso que
trazemos,
e aquilo que é digno de se ouvir e de se
obedecer também é digno de se falar. Nós não
somos autoridades. Não somos professores. Não
podemos falar, a menos que Tu, Senhor, fale. A
Unção deve fazer isso. Nós nos submetemos, para
que esta hora seja uma hora ungida, uma hora do
Espírito Santo, em todos os sentidos. Será o
Senhor esta manhã. Conceda que a Tua Glória
venha, e todo fruto seja para a Tua Glória. No
nome do Senhor Jesus, pedimos isto, Amém.
Voltemos para continuar com aquele primeiro
fragmento de Hebreus, capítulo doze, verso vinte
e dois:
“Mas chegastes ao Monte Sião, e à cidade do Deus
Vivo, a Jerusalém Celestial.”
Agora, para esta manhã, eu quero linkar aquele
fragmento à uma ou duas outras passagens da
Escritura. Primeiramente, de volta às profecias
de Isaías, capítulo trinta, no
verso oito:
“Vai,
pois agora, escreve isto numa tábua perante
eles, registra-o num livro; para que fique como
testemunho para o tempo vindouro, para sempre..”
E, então, vá para
Salmos capítulo dois, e quero que
leia este salmo; comecemos com o verso seis:
“Eu
tenho estabelecido o meu Rei sobre Sião, meu
santo monte.
Falarei
do decreto do Senhor; ele me disse: Tu és meu
Filho, hoje te gerei.”
Agora mantenha
este salmo na mente, por favor, enquanto
continuamos. Todo o resto desse salmo, daquele
verso e os anteriores, dê uma olhada; mas quero
que agora você vá para a Carta aos Romanos,
ao teu grande favorito, capítulo oito,
verso dezenove.:
“Porque
a ardente expectação da criatura espera a
manifestação dos filhos de Deus.
Porque
a criação ficou sujeita à vaidade, não por sua
vontade, mas por causa do que a sujeitou, Na
esperança de que também a mesma criatura será
libertada da servidão da corrupção, para a
liberdade da glória dos filhos de Deus.”
Agora vamos para o verso vinte e nove:
“Porque
os que dantes conheceu também os predestinou
para serem conformes à imagem de seu Filho, a
fim de que ele seja o primogênito entre muitos
irmãos.
E aos
que predestinou a estes também chamou; e aos que
chamou a estes também justificou; e aos que
justificou a estes também glorificou.”
Agora,
entre aquelas duas porções que acabamos de ler,
temos estes, versos vinte e dois e vinte e três:
“Porque
sabemos que toda a criação geme e está
juntamente com dores de parto até agora. E não
só ela, mas nós mesmos, que temos as primícias
do Espírito, também gememos em nós mesmos,
esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso
corpo.”
Estamos
ocupados com aquilo a que temos chegado: “chegastes,”
e temos estado a pensar sobre Sião, no Sião a
que temos chegado. Temos dito sete coisas
a respeito de Sião, sete coisas às quais temos
chegado, constituindo esta posição; e chego à
oitava esta manhã, que é de um momento muito
sério e solene. Sinto que, se o Senhor revelar a
Sua Palavra esta manhã, muito amplamente (no que
diz respeito à esta ministração), a conferência
pode se apegar a ela. É a questão mais prática
em toda esta consideração e posição, _ a que
temos chegado, vindo a Sião. Aqui, como você
percebe, nesta passagem em Hebreus, Sião e
Jerusalém parecem sinônimos.
“Chegastes a Sião
... à Celestial Jerusalém.”
Em toda esta seção, você não está lidando com
coisas diferentes nessas várias questões de
dimensão. Tudo isso é uma coisa só. Aqui Sião e
Jerusalém aparecem juntos, são ditos como sendo
um, e isto nos dá o nosso ponto inicial para
esta presente consideração.
SIÃO -Jerusalem: o Centro de Conflito das Nações
Sião, como o coração de
Jerusalém, como a essência de tudo aquilo que
Jerusalém foi designado a ser, como o real
significado espiritual de Jerusalém, o ponto
concentrado de tudo aquilo que Jerusalém
representava, Sião_Jerusalém, na história e nas
nações, sempre foi centro de conflito, o centro
de conflito da história, o centro de conflito
das nações. Naturalmente, levaria muito tempo
para que ao menos olhássemos de forma genérica
para a história de Jerusalém. Você pode fazer
isto qualquer hora, mas quantos cercos,
quantas investidas, quantas vezes foi Jerusalém
o objeto e o centro da atenção e da preocupação
do mundo! Cada vez mais, os olhos estão voltados
para Jerusalém, para a destruição de Jerusalém,
para varrer Jerusalém do mapa, para a conquista
de Jerusalém. Uma longa e tumultuada história é
a história de Jerusalém, até mesmo para o nosso
próprio tempo. É o centro de conflito e de
controvérsia do mundo. Este fato todo mundo
reconhece. Sião, o que os profetas chamam de “a
controvérsia de Sião”.
Sião_Jerusalém tem sido
objeto de controvérsia na história e nas nações
em todo tempo. É extraordinário. Você
perguntaria: “Por quê?” Ela não é uma cidade
tão maravilhosa, ela é? Ela não é tão grande.
Quanto tempo levaria para atravessá-la a pé, ou
mesmo para caminhar ao redor dela? O que ela
foi, e o que ela é? Talvez ela seja o melhor
tipo das cidades do mundo hoje, no que se refere
a estrutura e modernização. Mas o que ela foi, e
agora o que ela é? Como podemos compará-la a
Londres, Nova Iorque, Paris, e qualquer das
outras que você possa mencionar? Eles podem ser
centros de atração, realmente. Houve uma batalha
tremenda em nosso próprio tempo para se dominar
Londres. Oh, se você tivesse estado na batalha
de Londres, você teria sabido. Catorze meses,
dia e noite, sem cessar, uma cidade bombardeada,
queimada, atacada, assaltada. Se você tivesse
estado nisso, e visto isto acontecendo, grandes
áreas virando poeira e fumaça, você teria dito:
“Bem, Londres é um objeto. Ele vale alguma
coisa.” Naturalmente, muitos de vocês não sabem
nada sobre isto dessa maneira. E espero que
nunca o saibam.
Mas Jerusalém,— o que é
Jerusalém? O que é isto? Não uma ou duas vezes
na vida, mas ao longo de toda a longa história
dos séculos tem havido uma controvérsia sobre
Sião; e, se você olhar mais de perto, e olhar
para isto mais cuidadosamente, você chegará a
ver isto _ que Sião, ou Jerusalém, sempre foi
um sinal. Havia um significado ligado a
ela, e o significado não eram os seus temporais
aspectos dos prédios, e estruturas, e economias,
e assim por diante. Porque Babilônia podia ir
muito além de tudo isso. Mas a significância de
Sião era algo espiritual, para isso note o
seguinte: sempre que a vida espiritual de
Jerusalém, como representando o povo, a nação,
sempre que a vida espiritual estava bem; sempre
que estava numa posição correta diante de Deus,
Jerusalém estava em ascendência.
Ataque se quiser, deixe as hordas da Babilônia,
ou da Assíria, virem contra Jerusalém, e a
sitiarem. Há um Ezequias lá dentro! Há um povo
lá dentro que está bem com o Senhor! Esperando
no Senhor! Clamando pelo Senhor! Fazendo do
Senhor a sua confiança! E isso é ruim para a
Assíria, para Babilônia.
Numa noite, suas
hostes foram varridas pelo Anjo do Senhor.
Quando as coisas estão bem espiritualmente, não
importa quão difícil, poderoso, e grande a
investida — o antagonismo — Sião vence.
Mas de tempo em tempo, não
foi isso que se deu lá dentro. O estado
espiritual estava em baixa. Havia declínio.
Havia erro. A permanência diante de Deus não
estava bem, e, então, Jerusalém estava sempre em
fraqueza, sempre em medo, sempre em pavor.
Enfraquecido lá dentro, espiritualmente não
podiam vencer; e finalmente, após mais do que
uma investida bem sucedida, simplesmente por
causa desta pobre e baixa condição espiritual,
Jerusalém é destruída. Finalmente destruída,
isto é, roubada de seu lugar na economia e
propósito Divino. Sião é o sinal de uma
condição espiritual. Sião tem sempre sido tal
sinal, barômetro da vida espiritual.
É
absolutamente inútil, caros amigos, referir-se à
tradição e dizer:
“Bem, Deus fez isto
no princípio, e este é o lugar onde os oráculos
de Deus são encontrados, e o templo de Deus é a
grande tradição de Israel como o povo escolhido.
Está aqui, e nós descansamos sobre isto.”
Não, a tradição não irá valer agora. A história
não irá valer agora. Instituições não irão valer
agora. Parece que Deus não tem consideração
pelo templo, pela arca, ou pelo altar, ou pelo
sacerdócio. Ele alerta através dos profetas:
“Fora, fora
vocês. Eu não quero os seus sacrifícios”
Isaias 58. Que
capítulo!
“Clama
em alta voz, não te detenhas, levanta a tua.”
Então, o que se segue? “Todavia
me procuram cada dia, tomam prazer em saber os
meus caminhos;”
“Eu não
aceitarei a nenhum deles, diz o Senhor. Esses
não são os sacrifícios que eu aceito. Eu não
procuro a tais rituais. Eu não desejo a tal
sistema tradicional. É um estado espiritual.”
O Senhor pode associar a Si mesmo, aliar-se a Si
mesmo somente a isto: a Sião.
Estou
dizendo que Sião sempre foi um sinal da condição
espiritual, e isto tem ficado evidente em
situação de ascendência ou declínio.
O apoio de Deus _ fazendo deles superior à
força adversária, ou uma vergonha entre
as nações, uma reprovação entre as nações. Com o
elemento profético apontando para algo mais,
como sempre os profetas, você vê Jerusalém
lamentando, lamentando; o grande coração
lamenta:
“Ai
de mim. Ai de mim. Todos os que passam pelo
caminho se comovem”.
Que situação trágica para Sião. Uma vergonha
entre as nações! E essas duas coisas,
ascendência e vergonha, glória
ou desonra
— bem
no centro da história e das nações _ estão
associadas à condição espiritual, dependem da
condição espiritual.
Você
sabe, há muito a ser incluído nesta afirmação,
caros amigos. Mas se vocês olharem novamente
para a Carta aos Hebreus, verão que nós temos
chegado a Sião. Nós não chegamos à uma coisa, à
alguma coisa religiosa, à alguma tradição, nós
não chegamos ao Cristianismo histórico _ se eu
puder colocar desta forma _ chegamos à uma
condição espiritual na qual deveríamos ficar
assombrados. Oh, dizemos nós,
“Nós estamos no
tempo da graça. Esta é a dispensação da Graça.”
Verdade! Está a
Carta aos Hebreus em qualquer outro terreno que
não o da Graça? Certamente que não, mas você
sabia que é nesta Carta que estão escritas as
coisas mais terríveis da Bíblia?
“Como escaparemos
nós [nós, nós escapamos, nós cristãos, nós
crentes desta dispensação]
como escaparemos
nós se negligenciarmos uma tão grande
salvação?...
o nosso
Deus é um fogo consumidor...
terrível
coisa é cair nas mãos do Deus Vivo”.
É isso o que é dito a essas pessoas, a esses
Cristãos; e outras coisas como essas são ditas.
Mas estou salientando estas, porque esta Carta
foi escrita no tempo da Graça; e é um tempo que
traz à vista não um novo sistema cristão, não a
formação de uma nova tradição cristã, mas uma
condição espiritual, sem a qual tudo mais
não vale de nada. Chegastes a Sião, sim, mas
chegastes à controvérsia de Sião. Vocês
chegaram, nós chegamos à grande batalha de Sião;
e é uma batalha espiritual. E QUE BATALHA! Este
é o pano de fundo.
Bem,
agora, eu não quero que vocês fiquem
carrancudos. Vejo que as suas faces estão
ficando pesadas; seus queixos estão caindo, e
vocês podem estar pensando que estou voltando
para o Sinai, vindo de Sião, mas não, como
disse, este é um tempo muito solene. Vocês irão
receber bastante ensinamentos esta semana. Isto
não irá avaliar nem um pouquinho se não há ou
não uma posição espiritual correspondente.
Assim, tendo dito isto, e deixando isto como
pano de fundo: é a batalha _ a controvérsia _ de
Sião. E, qual é a natureza desta controvérsia?
Olhemos para uma ou duas coisas sobre isto, e
estou trabalhando numa coisa muito vital, a qual
confio que alcançaremos antes de terminarmos.
A NATUREZA DA CONTROVÉRSIA: O ABSOLUTO DOMÍNIO
DE JESUS CRISTO
Você vai para o seu Novo
Testamento, e você conhece a mensagem deles,
enquanto percorriam por todas as partes do mundo
daquela época, em todo lugar a mensagem deles
era esta:
“Jesus Cristo é o
Senhor: nós pregamos a Jesus Cristo como Senhor”.
Isto os colocou diretamente em oposição a
César, porque César havia dito: “Eu sou o
senhor.” O Império Romano havia dito:
“César é o nosso senhor”, e os romanos
adoravam a César; e o argumento, a contenda, a
acusação, era _
“Esses homens estão
pregando a um outro rei, que não César”.
Ah, sim, era aí que estava a controvérsia, sobre
esta única coisa: o absoluto Domínio de Jesus
Cristo. A controvérsia de Sião está, afinal das
contas, neste ponto: O Ungido de Deus.
Agora você entende porque
lemos o salmo 2: “Por
que se levantam as nações?”
_ Conspiração das nações, estaremos abordando
isso em uma outra conexão mais adiante. As
nações se levantam, os reis da terra se juntam
conta o Senhor e contra o Seu Ungido.
“ Rompamos
as suas
ataduras, e
sacudamos de nós as suas
cordas.”
“Elas são uma ameaça, uma
ameaça.”—“Contudo tenho estabelecido o Meu Rei
sobre o Meu Santo Monte de Sião” Tenho
estabelecido o Meu Rei! O levante, a tempestade,
a controvérsia está focada sobre o Ungido; no
Ungido de Deus.
Mas você observa, não se
estendeu muito no Novo Testamento, você apenas
tem em Atos aquilo que está registrado
mecanicamente pelo capítulo 4 (e tenho dito isso
várias vezes, que é uma coisa muito boa
varrermos essas coisas e lermos o texto
linearmente, ignorando os capítulos), e você
percebe quando lê o capítulo 4, da forma como
está marcado, você chega a um ponto de
controvérsia, a controvérsia de Sião, _ oh, a
batalha continua! As forças do mal e as forças
neste mundo têm colocado suas marcas sobre o
Ungido e sobre a proclamação Dele; e, quando
eles estão empenhados em matar Tiago e prender a
Pedro, Sião se reúne. E o que eles fazem? Citam
o Salmo dois. “Senhor, Senhor,”
e, então, mencionam: “Por
que se enfureceram os gentios, e os povos
imaginaram coisas vãs?...
contra o Senhor, e contra o Seu Ungido?”
Eles citam isto, e o que acontece? “O
Rei está em Seu Monte Santo de Sião”:
Ele intervém. Oh, sim, Herodes parece ter
obtido grande sucesso matando Tiago; e ele está
todo satisfeito consigo mesmo, e o povo também
está satisfeito junto com ele, parece que ele
vai fazer o serviço todo. Ele pega Pedro e o põe
na prisão. Aquilo parece estar tudo muito bem.
Mas tanto será pior para você, Herodes. Qual é o
final dessa história? Ele foi comido pelos
vermes e morre, e a próxima sentença: “A Palavra
do Senhor cresceu e se multiplicou”. Lá está o
monte Santo de Sião e Aquele que está
entronizado à destra de Deus. Por isso eles
citam o Salmo dois, significando que o tempo não
tem lugar ali; a geografia não tem lugar ali;
mas onde quer que haja uma verdadeira
representação de Sião, podem haver ataques que
pareçam que os poderes do inimigo está obtendo
sucesso, contudo, o assunto é com Aquele que
está em Sião. O assunto é vitória. Deus tem
estabelecido o Seu Ungido sobre o monte de Sião.
O Ungido está lá.
A NATUREZA DA CONTROVÉRSIA: O ESPÍRITO DO MUNDO
CONTRA O TESTEMUNHO DE JESUS
Agora, caros amigos, vocês
estão ouvindo tudo isto como uma exposição
bíblica. Talvez eu não saiba o que vocês estão
pensando, quais são as reações de vocês; mas eu
sei aquilo que busco. Eu persigo algo, e espero
que vocês se movam comigo para o objeto que
estamos buscando alcançar. Se temos chegado a
Sião _ e você talvez tenham ficado muito
contentes com as sete coisas sobre Sião e podem
estar dizendo: “Oh lindo! oh, maravilhoso!
oh, glorioso! Sim , Sião. Vamos cantar
mais sobre Sião. Vamos tê-la como a cidade de
nossas solenidades. Vamos ter algumas
festividades!” — muito bem, tudo isso é
verdade, mas vocês têm que conhecer
o número oito.
Se temos chegado a Sião, temos chegado à
controvérsia de uma posição espiritual, por
parte das pessoas, a controvérsia da história
deste povo em união com o Ascendente e Exaltado
Senhor. É uma questão de controvérsia neste
universo. Os principados, as potestades, os
dominadores deste mundo tenebroso, as hostes da
maldade, todos focados em apenas uma coisa: a
negação do Absoluto Senhorio de Jesus
Cristo; e a Igreja tem a custódia desse
testemunho. Este é o nosso chamado. Esta é a
vocação do povo de Deus, ser este testemunho. É
contra isso que a batalha se levanta. Todas as
forças do inimigo estão contra o testemunho de
Jesus: uma batalha terrível está em curso por
causa do “testemunho de Jesus”.
Bem, este é o foco de
tudo, mas, então, a batalha, perceba você, não
está somente na atmosfera, por assim falar ( ela
está lá, lá é o seu território, os lugares
celestiais, a atmosfera, num sentido abstrato);
mas perceba você novamente, como ocorria no
Velho Testamento, assim também, na realidade
espiritual no Novo Testamento, este antagonismo
possui sua mídia, seus veículos, seus canais,
seus meios. E o que é?
É o espírito do mundo.
Eu não
penso que nós realmente temos compreendido o
que o Novo Testamento tem a dizer sobre este
mundo. Este mundo: ele é um inimigo de Deus. Ele
é um inimigo de tudo aquilo que é de Deus.
“Não
ameis o mundo, nem as coisas que nele há.”
Num grande
clamor vindo do coração do Senhor Jesus, a
oração feita momentos antes da Cruz é esta:
“Eles não
são do mundo, assim como Eu não sou do mundo.”
“Não peço que os tire do mundo,[a esfera
geográfica que é chamada de mundo] mas que os
livre do mal”,
daquele que governa o mundo. Não, isto ainda não
foi compreendido pela Igreja. O espírito do
mundo. Penso que vocês devem conhecer aquilo a
que me refiro.
Como
você vê, no Velho Testamento, eram estes
interesses mundanos, essas forças mundanas, o
mundo, que estava o tempo todo contra Sião. Se
vocês perguntassem a eles por quê? Eles teriam
que sentar e pensar muito. “Por que nós não
gostamos daquela insignificante e tola cidade?
Aquelas pessoas _ quem são eles, o que são eles,
por que não gostamos deles?” Eles teriam
dificuldade para responder as suas próprias
perguntas, mas há algo sinistro por trás de tudo
isso. Aquelas inteligências sinistras
sabem de algo. O que eles sabem? Eles sabem
para que o eleito foi chamado, e, ao longo da
jornada, o inimigo sabe que esse eleito vai ser
a sua destruição. Ele irá perder o seu poder
sobre o mundo, seu título mundano de príncipe
deste mundo. Ele vai perder tudo isso para as
mãos daquele que está em Sião, e através da
expressão corporativa de Sua Soberania, de Seu
Senhorio. — Aquele Sião a que temos chegado. Ele
sabe disso, e se você estiver relacionado com
isso, vou confortar você dizendo: “você é um
homem marcado”; você é uma mulher
marcada”; e não ceda a causas secundárias e
diga: “É a terra do meu senhorio. É isto e
aquilo, e outra coisa mais.” Oh, isto pode ser
o veículo e o instrumento, há algo muito mais
sinistro por trás de tudo isso. A nossa luta não
é contra carne nem sangue, ou outra coisa mais,
em última análise. Comitês? Organizações?
Não, há algo por trás de tudo isso. O espírito
do mundo.
Eu me
lembro que o Dr. Campbell Morgan em sua palestra
sobre a Carta aos Coríntios simplesmente disse
isto: “A razão para toda aquelas condições em
Corinto _ tão vergonhosa, tão terrível,_ é
porque o espírito do mundo em Corinto tinha
entrado na igreja.”
A batalha é contra
o espírito do mundo.
Assim como
literalmente no tempo antigo, assim também
espiritualmente agora, no Novo Testamento. Eu
não preciso discorrer sobre 1 Corintios,
preciso? O espírito do mundo? A sabedoria do
mundo: o apóstolo está em oposição à sabedoria
deste mundo e à sua concepção de poder.
“A sabedoria e o poder de
Deus é Jesus Cristo,”
ele diz: “como Senhor.”
Muito bem, esta é uma outra linha. Vamos
continuar, e esta é a última fase à qual eu
quero definitivamente chegar nesta manhã. É o
que Romanos oito, as partes que temos lido, traz
a nós como sendo a síntese de tudo aquilo que
estamos dizendo sobre a controvérsia de Sião.
A NATUREZA DA CONTROVÉRSIA: TODA CRIAÇÃO GEME E
TEM DORES DE PARTO? _ POR CAUSA DOS ELEITOS
O tumulto das nações.
Salmo 2, naturalmente, é o motim das nações, os
reis da terra se juntam: tumulto nas nações. E a
razão para isso? Por que o tumulto nas nações?
Há alguém aqui esta manhã que não concordaria
comigo quando disse que as nações estão em
tumulto neste exato momento? Será que já houve
um tempo quando o mundo, quase em sua
totalidade, se não totalmente, esteve em tumulto
como está agora? Tumulto, não apenas nas pessoas
e nações, mas convulsões na natureza. Nós jamais
a tivemos desta forma, tivemos? Todas essas
convulsões. Eu não sei o quanto você está em
contato com ela, mas de alguma maneira ou outra
nós sabemos a respeito dela. Os terremotos, a
fome, uma ruptura de estações, e o que não.
Há, e é a melhor palavra para ela: “convulsões
nas nações” Romanos 8 _
“Toda criação geme”.
“Toda criação
geme e juntamente está com dores de parto.”
Há uma integração num gemido. Está integrada por
esta dor de parto em toda criação.
“E não somente
isso, mas também nós mesmos, que temos as
primícias do Espírito, até nós mesmos gememos,
aguardando...”
Aguardando! A criação está gemendo em seu
interior desta maneira e com dores de parto, e
se tivéssemos um ouvido espiritual para ouvir,
gemendo conosco por algo. Ela está sujeita à
vaidade, não por sua própria vontade, mas pela
vontade Dele que a sujeitou. Para que é esse
gemido? O que são essas dores de parto? Para
dar à luz a algo, e o que é isso que deve ser
gerado? Observe o restante da passagem. Os
eleitos!
Você chega naquela seção,
aquela controversa seção de Romanos a respeito
da predestinação, pré-ordenação, a eleição.
Agora não venha me perguntar sobre isso. Eu não
tenho nada a ver com esses sistemas de
predestinação, e tudo mais. O que estou dizendo
é: existe tal coisa como os eleitos de Deus
escondidos, escondidos entre as nações. Deus
sabe. Você não. Eu também não, e eu não posso
dizer a você quem é eleito, e quem não é eleito.
Deus sabe. Eles estão escondidos, e dentro disso
há um espírito de gemido, de dores de parto, de
ânsia: “Oh, que esta vaidade, este vazio,
impedimento, seja removido; e que possamos
aparecer, sair, ser gerados”. Que as dores
de parto possam cessar.
Aí nós atingimos o coração
das coisas. Sobre o que são todas essas
convulsões entre as nações, e na natureza? Uma
vez que nos movemos em direção ao fim da
dispensação, por que ocorre este tumulto, essas
convulsões? Por quê? Porque Deus tem algo aqui
que não é desejado por este mundo e por seu
príncipe. É alguma coisa como Jonas dentro do
grande peixe. O momento, ou a hora vai chegar
quando o grande peixe vai dizer: “o que tenho
eu no meu interior? O que é isto dentro de
mim?” E o peixe tem o mais terrível ataque
de dipepsia. “Oh, preciso me livrar disso.
Nunca estarei confortável enquanto não lançar
fora isto que tenho no meu interior. Deixe-me
ficar livre disso.” Naturalmente, debaixo
da Soberania de Deus, o peixe vai à costa
“e vomita Jonas
na areia da praia”.
E eu posso imaginar que, quando o peixe retornou
para o mar, ele disse: “Oh, agora me sinto
bem. Aquilo se foi.”
Eu estou exagerando,
imaginando; mas venha comigo, para Israel no
Egito. O que aconteceu ali? Convulsão após
convulsão no Egito. Convulsão, sob a Soberania
de Deus, sim, de modo que gradualmente,
persistentemente, o Egito chega à seguinte
posição: “Oh, Será um belo dia quando nos
livrarmos desse povo”. Você sabe o que
aconteceu no final? “Eles foram impelidos a
sair”! “Os egípcios os lançaram fora,
vomitaram-nos”; e eu suponho que, embora o
exército de Faraó tivesse perseguido os hebreus,
a fim de trazê-los de volta, a maioria (se não
todos) lá no Egito disseram: “Graças a Deus,
o exército não teve êxito em trazer aquele povo
de volta. Estamos livres deles, e é um grande
desembaraço.” Agora, isto não é uma
interpretação. Não. Há realmente um povo lá, os
eleitos de Deus, e mais cedo ou mais tarde, o
lugar onde eles estão irá desejar se livrar
deles. “Eles são uma ameaça, uma ameaça.”
Vamos para Babilônia, e lá
estão eles. Os eleitos estão lá. Não temos
muito a quem indicar, mas temos Daniel e seus
três amigos; e devemos concluir que eles não
eram os únicos em Babilônia. Há Ezequiel. Há um
remanescente em Babilônia. Deus possui um povo.
Ele se mantém fazendo algo através de setenta
anos, e, então, os setenta anos terminam e o que
acontece? O profeta Isaías lamenta, capítulo
43: “Por
vossa causa Eu tenho enviado a Babilônia, e
tenho abatido todos os seus nobres.”
E como isto aconteceu? Belsazar tem uma festa, e
a mão escreve na parede:
“o teu reino foi
dividido e removido”.
Naquela noite Belsazar foi assassinado, como?
Ciro e seu exército entraram furtivamente à
noite, se moveram pelo canal do rio, do vale
que secou, pelo subterrâneo, e usando as
palavras do profeta:
“quebraram em
pedaços os portões de bronze, e cortaram em
pedaços as barras de ferro.”
Belsazar foi morto _ “Por causa de vós, por
causa de vocês, os eleitos, Eu enviei a
Babilônia, e abati todos os seus nobres.”
Seus mais elevados nobres. Os eleitos são uma
ameaça para o mundo, porém eles são o objeto de
todas as atividades de Deus. — as convulsões do
mundo, como queira.
E eu acredito, caros
amigos, que na medida em que nos aproximarmos do
fim, quando a igreja estiver para ser removida,
essas convulsões serão significantes, muito
significantes, pois o dia do nosso aparecimento
estará próximo. Você se lembra das palavras
proféticas do Senhor, sobre “o fim”. Ele
diz: “ angústia
das nações, ... Homens desmaiando de terror”
pelas coisas terríveis
que sobrevirão à terra (Lucas 21:25–26); mas no
original Grego não é “angústia das nações”, mas
sim “não há saída para as nações”. Não
há saída para as nações. Oh, não é isto verdade
hoje? _ Elas estão tentando achar uma saída;
mas não há qualquer saída para as nações. Mas,
então, observe, quando esse tempo chegar:
“Levantai
os vossos olhos, porque a vossa Redenção se
aproxima.”
Haverá uma saída para os eleitos quando tudo
isso acontecer.
Envolvimento na Controvérsia de Sião: Intensa
Pressão Espiritual
Bem, você tem o ensino agora.
“Chegastes
a Sião.” Fico
imaginando, não sei, naturalmente no pequeno
mundo do Novo Testamento, houve aquelas
perseguições e martírios, de fato creio que
existiram; porém o mundo é muito maior hoje do
que naqueles dias, este grande mundo, comparado
com aquele pequeno mundo do Império Romano _
fico imaginando se já houve um tempo na história
deste mundo quando os santos passaram por
pressões espirituais maiores das que passam
hoje? Pressão Espiritual. Não estou falando
somente de perseguições exteriores. Alguns hoje
sofrem essas perseguições, mas até mesmo hoje,
neste nosso tempo, esta semana, alguns filhos de
Deus me disseram:
“Nunca em minha
vida passei por tantos conflitos espirituais,
pressões espirituais. Às vezes tais pressões
ficam insuportáveis, intoleráveis. E fico
pensando como irei conseguir passar por elas”.
Muitos de vocês podem não saber muito sobre
isso. Se você não sabe, não se preocupe por
enquanto. Mas, se vocês sabe a respeito disso,
queridos irmãos, e alguns de nós de fato
sabemos, nós nunca em nossas vidas _ e alguns de
nós têm bastante tempo de vida com o Senhor _
nós nunca conhecemos uma pressão espiritual tão
intensa e visível. Às vezes ela parece que
alcança um ponto onde iremos sucumbir. Muitos
queridos filhos de Deus ao redor do mundo me
escrevem nestes termos a respeito disso. O que
isso significa? Vocês chegaram a Sião _ é isto
o que significa. Deixe a sua teologia de eleição
e predestinação. Abandone-a _ ela não irá
levá-lo a lugar algum, somente irá levá-lo a
problemas e confusão; mas tome o fato de que
Deus tem um povo neste mundo, nas nações, que
está escondido entre nações, um povo que Ele
conhece.
“O Senhor conhece aqueles que lhe pertence”.
Ele os conhece, e o Diabo possui o maior
interesse neles, Eles estão marcados, e estão
envolvidos na controvérsia de Sião. Se você
quiser ignorar a palavra “Sião”, se ela cria
imagens mentais, ignore-a, esqueça-a, apenas
entenda o significado espiritual do que ela
representa que é “o testemunho de Jesus”,
que representa o Absoluto Domínio de Jesus
Cristo, que representa a verdadeira vocação da
Igreja! Uma pessoa como essa não irá ter um
tempo tranqüilo. Sinto muito dizer isso para
vocês, mas temos dito isso esta semana, de
maneira muito clara.
Mas aqui está, e vocês
irão deixar este local e, talvez haverá
problemas, dificuldades, esse tipo de coisa,
família, trabalho; e então vocês irão dizer:
“O que tem
acontecido comigo?” O que está errado?”
Mas é o contrário, tudo está correto.
Oh, gostaria que todos nós pudéssemos acreditar
nisso. Se o que estou falando é verdade, a
controvérsia de Sião é um conflito sobre algo
muito precioso para o Senhor, porque Sião foi
muito precioso para o Senhor na história. Leia
os salmos. Algo muito precioso para o Senhor
está sendo desafiado, por todas as forças do
mal, abertamente e por todos os meios; e esta é
a explicação para as convulsões atuais. O
príncipe deste mundo e o espírito e o sistema do
mundo, consciente ou inconscientemente, estão
desgostosos conosco. As nações estão fechando
as suas portas, expulsando aqueles que
representam o Senhor. O mundo está afunilando o
seu objetivo para aquilo que é de Jesus Cristo.
Pressionando. A explicação? _ É a hora da “Expulsão
da Igreja”.
Naturalmente, é uma falsa
esperança da parte do mundo. Pode ter sido
verdade que os egípcios ficaram alegres quando
aquelas pessoas foram embora. Eles tiveram um
tempo de descanso, mas não durou muito tempo.
Foi uma coisa transitória; sua história
posterior foi problemática. Babilônia pode ter
sentido um pouco mais confortável quando aquele
remanescente retornou a Jerusalém, mas não durou
muito tempo. “Eu
os abati...” O
Senhor destruiu Babilônia, como Ele destruiu o
Egito. E pode ser que quando a Igreja for
embora, o príncipe deste mundo e o seu reino
digam: “Lá
se foram eles.
Agora
podemos ficar com tudo isso aqui para nós.”
Mas, se você
observar, o contexto daquilo é que eles não
ficam com tudo pra eles por muito tempo. Pois lá
vêm os julgamentos. O julgamento deste mundo
está apenas esperando até que a Igreja seja
removida, e este tempo está muito próximo.
Eu acho que já falei
bastante. Poderia dizer muito mais quanto aos
aspectos deste conflito, os meios usados pelo
inimigo, para tentar desfazer este testemunho,
para tentar destruir Sião. Os meios usados? Bem,
um deles é por meio da confusão. Esses poderes
malignos são espíritos de confusão. Eles sempre
foram. Nunca houve um tempo, eu me aventuro a
dizer, na história deste mundo, quando houve
mais confusão, e confusão dentro da cristandade,
dentro do Cristianismo. Confusão. É verdade? É
verdade que você não sabe o que fazer? Como
responder? O que significa? Confusão espiritual
invadindo tudo que está sobre esta terra?
—Confusão.
Existem espíritos de corrupção, para perverter,
para manchar. Há espíritos de engano. Será que
já houve um tempo em que o engano era maior do
que agora? Em todo lugar há engano. Oh, eu não
tenho a pretensão de impedir isto, tenho? Mas
aí estão as coisas que são engano, que estão
assumindo uma aparência divina; é tudo falso,
tudo mentira; essas coisas não irão durar.
Haverá um dia em que cessarão. As raízes, as
sementes de sua desintegração estão dentro
delas.
Existem divisões. E não há
fim para isto. Até entre duas pessoas do povo de
Deus haverá este ataque, para dividir, para
separá-los de alguma forma. Sim, na Universal
Igreja, um ataque para dividir; nas igrejas
locais, sim, divisão, e divisão atrás de
divisão; e na família, e entre os dois _ marido
mulher. Nós estamos numa batalha! É uma coisa
terrível para se dizer, contudo você sabe que
apesar do amor e da certeza de que o Senhor uniu
você e seu cônjuge, muito frequentemente há esta
batalha sobre o relacionamento de vocês. É
demais isto que estou falando? Mas é verdade.
Uma batalha, desentendimentos podem vir e
dividir, isolar. Em qualquer lugar! Os espíritos
de divisão estão trabalhando hoje, e o lema
deles é: “dividir e conquistar”. Depende do
terreno sobre o qual vocês estão. Se estiver no
terreno natural, no terreno doutrinário, no
terreno teológico, no terreno da interpretação,
se vocês estiverem em quaisquer desses terrenos,
vocês não permanecerão juntos. Se estiverem
apenas no terreno de Cristo, e de Seu Senhorio,
então haverá uma resposta.
Quero fechar com o seguinte:
Sião é muti precioso para Deus, porque Seu Filho
é o Seu Rei Ungido sobre o Monte Sião. Ah, há
um grande amor neste testemunho de Sião. É por
causa de Seu Filho. Você e eu devemos ter a
causa do Filho de Deus como motivação para todos
os nossos caminhos. “Chegastes a Sião”, mas
vocês também chegaram a um envolvimento num
grante conflito! Assim, ajuda-nos, Senhor Deus.
Nós apenas pedimos a Ti, Senhor, que toda
autoridade que tem sido dada a Ti no Céu e na
Terra possa cobrir, cercar e envolver aquilo que
foi dito aqui nesta manhã. Tu sabes que não é
fácil.
É uma
batalha até mesmo para sair dela, mas, Senhor,
precisamos ser protegidos. Confiamos em Ti,
Senhor. Cremos em Ti e na proteção da Poderosa
Virtude do Teu Sangue, para a Glória do Teu
Nome, Amém,
Capítulo 5 _ Sião:
a Corporificação dos Valores Espirituais de
Jesus Cristo
Senhor, dependemos da Tua
misericórdia, da Tua compaixão; e nesta manhã
nós nem ao menos sabemos o que pedir a Ti, pois
realmente não sabemos qual é a nossa verdadeira
necessidade. Achamos que sabemos, às vezes. Há
coisas que são muito reais para nós como
necessidade; mas, Senhor, a verdade é que Tu
conhece todas as reais necessidades do nosso
coração. De acordo com o Teu conhecimento, fala
Senhor _ tanto de modo pessoal, individual _
como também de modo coletivo, pois, enquanto Eli
não ouviu a voz do Senhor, até mesmo dentro do
tabernáculo, houve alguém que ouviu. Usa-nos
para falar esta manhã. Assim como Tu chamou:
“Samuel,
Samuel”,
possamos nós ser chamados pelo nosso nome. Que
possamos conhecer que o Senhor está falando
conosco. Não permita que as nossas mentes e
pensamentos fiquem distraídos com outras
pessoas, mas fala claramente, para que mais
tarde, possamos verdadeiramente dizer: “O
Senhor falou comigo”. Agora, por tudo aquilo
que é necessário, Senhor, em nós _ para nós,
faça isto pela sabedoria e pelo poder e graça do
Teu Espírito Santo. Pedimos em nome do Senhor
Jesus. Amém.
Acredito que vocês sabem que existe um livro no
Novo Testamento o qual é chamado de a Carta aos
Hebreus, e eu vou ler novamente a partir deste
livro esta manhã. Nós estamos chegando muito
próximos ao final deste tempo de reunião, de
ministração, e sinto que é muito necessário que
as coisas fiquem bem definidas e concretas, e
que devemos nesta hora esperar que o Senhor
esteja focando as coisas sobre assuntos
claramente definidos.
Porém, uma vez mais, vamos ler no início desta
carta, no capítulo um:
“Havendo Deus antigamente falado a nossos pais
pelos profetas de diversas maneiras, nesses
últimos dias nos tem falado através do Seu
Filho, a quem constituiu como Herdeiro de todas
as coisas, através de Quem também fez todas as
coisas;
o qual
sendo o resplendor de Sua Glória, e a imagem
exata do Seu ser, e sustentando todas as coisas
pela Palavra do Seu Poder, e havendo feito a
purificação dos nossos pecados, sentou-se à
direita da Majestade nas alturas”.
E novamente o
capítulo doze, verso 18:
“Pois não tendes
chegado ao monte palpável”
; verso 22,
“Mas
tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do Deus
vivo, à Jerusalém celestial.”
Poderíamos deixar de lado esta palavra Sião,
como tal, caso ela represente um objeto. Nós
devemos olhar através de Sião, porque, como você
vê, o que temos no começo desta carta é
“Deus tem
falado”. Em
Sião? Não. Deus tem falado através de Sião.
Deus tem falado EM Seu Filho.
Se
temos usado esse nome que está no Velho
Testamento, que é sempre um tipo, uma figura, um
símbolo, fizemos isso para nos ajudar a reunir
todas as associações históricas daquele nome no
Velho Testamento; mas vamos lembrar, isto ainda
pertence ao “Não”. Quanto a um nome,
a um lugar, a uma coisa, a uma montanha e assim
por diante, esta palavra pertence ao “Não”.
O que pertence ao “Mas” é o que está por
trás do nome Sião, o seu valor espiritual, o seu
significado espiritual, sua lição espiritual.
E, se nos perguntassem: “O que é isto, qual é
o seu valor espiritual, seu significado
espiritual?” _ teríamos que voltar e
responder:
“Deus tem falado EM
Seu Filho, ... Ele tem falado em Seu Filho, a
Quem constituiu como herdeiro de todas as
coisas, através de Quem fez os mundos”.
Deus
tem falado. Agora, como tem Ele falado nesses
últimos dias? A fala de Deus a partir de um
certo ponto da história em diante, até o fim,
está “em Seu Filho”. Seria necessário
explicar isto e dizer que a Sua fala não é “sobre”
Seu Filho? — não é um ensino, uma doutrina de
Cristo, mas é a Pessoa _ na Pessoa! Ele
tem falado NA Pessoa. Tentem assimilar
isto, meus caros.
É NELE, EM Cristo,
que Deus fala!
Agora vamos tentar interromper isto por alguns
momentos.
Sião,
se você for usar este nome, é, em representação,
a plenitude de Cristo. A Carta é sobre isto,
plenitude e finalidade EM Cristo. E Sião, como
um nome, representa isto. A plenitude do Filho
de Deus _ Isto é Sião; e esta plenitude é o
discurso de Deus para esta dispensação, e nesta
dispensação. O discurso de Deus é a plenitude
que está EM Seu Filho.
O Discurso de Deus é a Plenitude que está em Seu
Filho.
Como
você lembra, no começo do Velho Testamento, Deus
intervém na história desta terra, o que é
chamado de “a criação”: tudo começa com a
palavra “Deus” _ “No princípio,
Deus.” E, então, o que mais? Deus disse:
“Haja
luz”, e houve
luz. Deus falou e, de sua fala, tudo se fez.
Você vai para o Novo Testamento e, embora o
evangelho de João não tenha sido disposto em
primeiro, isto é, cronologicamente (e por um bom
motivo celestial, a sabedoria do Espírito Santo)
o Evangelho de João realmente não está em
primeiro porque os outros três evangelhos
começam pela terra, pela história, eles
começam em Belém, em Mateus e Lucas, ou, como no
caso de Marcos, no começo do ministério de
Jesus. Mas João dá um salto no tempo e vai
diretamente para o princípio, e abre com isto:
“No princípio era o Verbo, e
o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus
... e o
Verbo se fez carne”.
Aqui, neste novo começo de uma Nova Criação, de
uma nova ordem, o “mas” era
, Deus fala a Palavra.
Nós ouvimos algo esta semana
sobre “o logos”. Não estou tentando
acrescentar, e nem improvisar nada, mas vou
dizer um pouco mais sobre isto. Como você sabe,
“o logos” é “a Palavra”, lá em
João, “No
princípio era o logos, e o logos estava com
Deus, e o logos era Deus”
... e o
logos se fez carne, e habitou entre nós.”
No princípio era o logos. Naturalmente, João
tomou esta palavra do Grego, a qual no mundo
Grego tinha seu significado particular.
[1] A
PALAVRA, O LOGOS, ERA O DIVINO PENSAMENTO: _ A
MENTE E O PENSAMENTO DE DEUS POR DETRÁS DE TUDAS
AS COISAS.
Primeiramente, na mente do
grego, a palavra “logos”
significava “um pensamento, algo na mente”:
É aí que começa, “o pensamento” ou, se
você preferir no plural, “pensamentos”.
Logos é, antes de tudo, pensamentos ou um
pensamento. Então, mantendo o grego,
logos
é “a expressão do pensamento”, o
pensamento posto em expressão. Podem ser
palavras, mas é aquilo que está na mente à qual
foi dada expressão. Este é o sentido de “logos.”
Pode ou não pode ir além disso no Grego, mas na
Bíblia certamente vai além.
É verdade que “Logos,
a Palavra”,
era o Pensamento Divino, algo na mente de Deus
antes que houvesse qualquer expressão. Algo que
estava na mente de Deus.
“No
princípio era a mente de Deus”. Que imenso
mundo esta porta abre. Você tem todo o nosso
Novo Testamento aí, a mente e o pensamento de
Deus por trás de todas as coisas. Mas, então,
aquela mente e pensamento de Deus foi expresso,
foi dada expressão. “Deus disse”. A
partir do Seu pensamento, de Sua mente _ Deus
disse. Como Paulo coloca em 2 Coríntios: “Deus,
que ordenou que a luz brilhasse das trevas,
brilhou em nossos corações.”
Deus disse, por expressão. E o que aconteceu?
Ah, este é o ponto. Esta é “a Palavra, o Logos”.
[2]
A PALAVRA, O LOGOS DO SENHOR É UM ATO DIVINO: _
QUANDO DEUS EXPRESSA A SUA MENTE, ALGO ACONTECE,
WHEN GOD EXPRESSES HIS MIND SOMETHING HAPPENS, É
UM DECRETO.
Você vê (e acompanhe-me de
perto agora, pois irei requerer a sua
concentração por um instante), quando Deus
expressa a Sua mente, não é algo apenas em
linguagem, em palavreado, em dicção, mas algo
acontece. Sempre que Deus falou, e sempre que
Deus fala, algo acontece. A fala de Deus, de
acordo com a Bíblia, é sempre um ato.
“Ele falou, e tudo se fez;E
lê ordenou e tudo apareceu – Sal.33.9
A
palavra de Deus é uma ação. Em Hebreus, você vai
ao capítulo quatro:
“Porque a palavra
de Deus é viva e eficaz, e mais penetrante do
que espada alguma de dois gumes, e penetra até à
divisão da alma e do espírito, e das juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos
e intenções do coração.,”
e assim por diante. A
Palavra de Deus é uma ação. É um decreto, algo
acontece. O pensamento de Deus sendo expresso
gera algo que antes não existia. Você jamais
pode ser o mesmo após Deus ter falado. Até mesmo
se recusasse, se resistisse, isto seria uma
crise. Assim, Jesus disse:
“A palavra que Eu disse,
esta irá julgá-lo no último dia.”
Elas irão julgar a você e a mim, no último dia.
Se vocês não crerem em Mim,
as palavras que tenho falado, vocês terão que
enfrenta-las no último dia _ porque isto não é
algo que apenas foi dito, mas algo colocado no
universo que é uma crise. A Palavra de Deus é
uma crise. A Palavra de Deus é um ato:
“Ele falou, e tudo se fez;
Ele ordenou e tudo veio a existir”.
[3] A PALAVRA, O LOGOS, É UMA PESSOA: _ A MENTE,
A EXPRESSÃO, O ATO DE DEUS SE FAZ CARNE, É UMA
PESSOA.
Mas isto não esgota a
palavra “Logos”,
como usada por João, e como “a Palavra de Deus”,
na Bíblia. Há um terceiro aspecto para a
Palavra. É verdade que ela é o pensamento, a
mente de Deus. É verdade que o Logos é a
expressão de Deus pela qual algo acontece. É o
ato de Deus, mas então, o terceiro aspecto de
Logos é a Sua Pessoa. Esta palavra assume a sua
morada numa Pessoa, torna-se pessoal; em outras
palavras, ela se encarna. A mente de Deus, a
expressão de Deus se encarnou. Isto se deu numa
Pessoa. Todo encontro com Jesus Cristo é uma
crise. Todo encontro com Jesus Cristo é um
encontro com Deus. Deus estava em Cristo. É um
encontro com Deus. Não é apenas o que Jesus diz,
embora isto seja uma expressão da mente de Deus
em palavras, mas, é um encontro pessoal. Em
primeiro lugar, não é um encontro com aquilo que
está escrito, não é um encontro com palavras _
é um encontro com uma Pessoa.
“O Verbo se fez
Carne,”—
Encarnou.
Assim,
vamos relembrar novamente o terceiro aspecto de
Logos: a encarnação do pensamento Divino
é uma questão prática na história, num ato, num
Decreto; foi um ato da encarnação e Glorificação
da Palavra de Deus. Pergunte a Saulo de Tarsus
se o seu encontro com Jesus no caminho de
Damasco não foi um decreto. Toda a dispensação
responde isso sonoramente. Este é o Logos.
“Deus tem falado em Seu Filho” — É a
corporificação de Sua Mente, a expressão de Sua
Mente, a encarnação de Sua Mente. E toda esta
carta de Hebreus é apenas uma análise disso:
Deus falando em Seu Filho; e tudo segue após
isso, do capítulo um, em seu começo, até o fim,
e simplesmente a exposição de Deus falando em
Seu Filho. Vocês devem ler a Carta aos Hebreus
à luz disto.
Deus falando.
Assim,
quando vocês chegam no capítulo doze de Hebreus,
nesta seção, do verso vinte e dois em diante, o
que você encontra? — Você tem a junção daquela
fala de Deus em Seu Filho, de forma concentrada.
E, se você fragmentar a seção, verá que ela é
uma concentração daquilo que é verdade sobre a
Pessoa do Senhor Jesus Cristo; e você deve olhar
para Sião desta maneira. Começa assim:
“Chegastes a
...” Bem, nós
dizemos “Sião”,
a cidade do Deus Vivo, a Jerusalém Celestial...”?—
Não! Isto é uma linguagem simbólica. Nós
chegamos ao Filho de Deus, em todo o Seu
sentido. Deus falando em Seu Filho: o pensamento
de Deus expresso, o pensamento de Deus
Encarnado, Personificado, de modo que “Sião”,
como uma palavra típica, ou nome, é a
corporificação de tudo aquilo.
Deus
fala, ou, no Velho Testamento, Deus falava em
Sião. Ele falava de Sião. Percorra os Salmos e
vá através das profecias de Isaías,
especialmente os últimos capítulos daquelas
profecias, e recorra a elas novamente. Você vai
através delas hoje e vê como Deus falava de Sião.
Até mesmo temos o seguinte:
“O Senhor ...
bramou de Sião” (Joel 3:16).
Deus fala de Sião; em outras palavras, Deus fala
a partir de Seu Filho, Deus tem falado em Seu
Filho. Agora, tendo afirmado isto, qual é o
centro de tudo isso, de acordo com a declaração
do início?
“Deus,
nesses últimos dias, nestes tempos, e neste
tempo, tem falado em Seu Filho.”
Como?
—
“No Filho”. A ausência do pronome definido
“Seu” antes da palavra “Filho”, a ausência de
“Seu” no texto original, não faz qualquer
diferença, porque a sentença seguinte é:
“a Quem ungiu
como Herdeiro de todas as coisas”.
Assim, o “Filho” aqui referido é mesmo o Seu
“Filho”. Feita esta observação, prosseguimos.
A Lei
que Governa a Fala de Deus é a Filiação
A lei
que governa a fala de Deus é a filiação. —
filiação. É isto que governa Deus em toda Sua
fala. E, como já foi dito, a filiação não é uma
coisa inicial. É algo final. Aqui em Romanos
oito novamente:
“aguardando a nossa
adoção”, a
manifestação dos filhos. O fim que governa toda
a fala de Deus em Cristo é a filiação. Se você
quiser trocar, a palavra é “adoção”. Ela
é colocada no final. Filiação_adoção, é
um fim, um objeto, para onde Deus está se
movendo por meio da fala em Seu Filho.
Por
nascimento, somos crianças, pela adoção somos
filhos. E é exatamente aqui que devemos lembrar
que há uma diferença entre a concepção
espiritual de adoção e a secular. Alguém que
segurava um bebê antigamente, que não era da
família ou até da mesma raça, dizia: “Como
você vê, eu adotei esta criança”. Oh, não,
isto não acontece aqui. Esta não é a concepção
escriturística de adoção. Como foi dito a você,
o significado escriturístico de adoção é alguém
que já pertence à família por nascimento, que
tem crescido e, então, chega o dia da
maturidade, a chegada da idade, a celebração, a
festividade, quando o pai toma a sua criança,
que agora já está madura, coloca uma toga sobre
ela, e põe nela o símbolo e a insígnia de
autoridade, para ser tal como ele neste mundo.
Toda pessoa que encontra esse filho adotado tem
que reconhecer o pai. Ele é, em efeito, o pai.
Ele foi adotado, ou, a palavra realmente em
Hebreus é, colocado. Colocado
nesta posição de responsabilidade por causa da
maturidade. Agora teremos que voltar a isto de
um outro ponto de vista, enquanto prosseguimos.
O que
estou dizendo é que este é o fim para o qual
Deus está trabalhando. Seu início é gerar. Seu
início é gerar do alto, trazer para a família.
Mas, observe, até mesmo numa criança recém
nascida há o espírito de adoção. A adoção ainda
não ocorreu, mas já há o espírito de adoção.
Isto é o que Paulo diz, em essência, em Romanos
e Gálatas,
“e porque temos o espírito de
adoção, clamamos,
Abba, Pai.”
Acho que, uma vez, quando
estive aqui antes, disse a vocês o que isto
realmente significa. O que significa “Abba”?
Por que colocar as duas coisas juntas? São
palavras de línguas diferentes. “Abba”
está num idioma, e “Pai” em outro. O que
significa? “Abba” é a qualidade, não a relação,
é a qualidade da criança, uma pequena criança. E
quando esta criança se volta para o seu Pai e
diz: “querido Pai” _ você tem “Abba.”
É um tratamento de afeto. Abba— querido Pai. Aí
está algo muito próximo, muito íntimo. Esta é
uma marca da infância espiritual. Naturalmente,
esta é a primeira coisa que balbuciamos, não é?
Quando realmente somos nascidos do alto, não
dizemos, quando vamos orar:
“Poderosíssimo e
Mui Terrível Deus ... ”
Nossa primeira pronúncia é: “nosso Pai”.
Isto é o início da vida cristã. Temos o espírito
de adoção, embora nós ainda não chegamos à
adoção. A adoção vem quando permitirmos que o
Espírito de adoção desenvolva esta adoção para
nós. Isto se dá durante todo o curso da vida
espiritual.
TODA DISCIPLINA DOS FILHOS DE DEUS É GOVERNADO
POR ESTE OBJETIVO: ADOÇÃO
Bem, está tudo aqui; estou dizendo que o
objetivo para o qual Deus está trabalhando é o
que é chamado de adoção, filiação. É isto que
governa tudo. O que Deus está fazendo? Bem,
Hebreus irá lhe dizer. Toda disciplina dos
filhos de Deus é governada por este objetivo _
adoção. Assim você tem:
“Filho
meu, não desprezes a correção do Senhor, E não
desmaies quando por ele fores repreendido;
Porque o Senhor corrige o que
ama,E açoita a qualquer que recebe por filho.”
Hb.12.6
É a
disciplina na vida dos cristão.
“porque, que filho
há a quem o pai não corrija?”Hb 12.7
Como vocês sabem, o escritor usa uma palavra
bastante forte sobre esta questão. Essas pessoas
não são filhos verdadeiros, são filhos
ilegítimos, os quais têm chegado à uma falsa
posição, se estão sem disciplina.
Há uma
tremenda revolta contra a disciplina neste
mundo, que rejeita toda autoridade, controle,
governo, disciplina. Há uma revolta contra a
disciplina em todo lugar, especialmente entre a
juventude. A Palavra diz que é assim que será no
tempo do fim:
“desobedientes aos
pais” e assim
por diante. Isto de modo algum é bom para o
verdadeiro propósito que Deus tem para a
família, não de crianças, mas de filhos
adultos, disciplinados para uma
responsabilidade eterna. — uma posição
governamental no Reino vindouro. Há muito sobre
isso no Novo Testamento. Está em Efésios.
Disciplina. Deus trabalhando em nós desta
maneira, para este fim!
Olhe
para a história de Sião. Que coisa disciplinada
era Sião. Deus não tinha qualquer despropósito
em relação a ela. Deus não tolerava nada menos
do que o Seu pensamento em Sião. Quando Sião se
privava daquela posição para a qual Deus a
tinha trazido, Ele, então, colocava Sião de
lado, mostrava que não tinha mais nenhum
interesse nela, como um coisa. Ele disciplinava
Sião. Leia novamente os Salmos. Leia novamente
os profetas. Todos eles estão preocupados, como
mostraremos, com Sião. Que disciplina! Através
dos anos, e finalmente os setenta anos de
exílio, durante o cativeiro, que disciplina para
o povo de Sião.
Vamos
dar apenas uma olhada por um instante em
Isaías. Eu já falei isso anteriormente, e, se
você der uma olhada nos últimos capítulos de
Isaías, irá ver que todos esses capítulos são
concernentes a Sião. Vamos olhar para o capítulo
sessenta e um, pois nós estamos bem próximos do
final de Isaías quando chegamos ao sessenta e
um. Ou você pode ir para o sessenta, se quiser,
onde está escrito:
“Levanta-te,
resplandece, porque é chegada a tua luz, e é
nascida sobre ti a glória do Senhor.”
Mas continue para o sessenta e um:
“O
Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o
Senhor me ungiu
....”
E aqui novamente está a dupla interpretação.
Sião está aqui apontando para uma outra Pessoa,
que usou essas mesmas palavras, aplicando-as a
Si mesmo.”
Agora, no capítulo sessenta e
dois. (retire os números 61 e 62, as divisões
dos capítulos são artificiais)
“Por
amor de Sião não me calarei, e por amor de
Jerusalém não descansarei, até que saia a sua
justiça
[sim, lembre-se da Versão
Amplificada]
como um
resplendor, e a sua salvação como uma tocha
acesa...
E as nações verão
a tua justiça
(seu direito de permanecer com Deus),
e todos os reis a
tua glória.”
— “Não
descansarei até que isso aconteça”
Este é o lamento do profeta, e você pode
continuar para capítulos restantes de Isaías e
ver isso lá; e a que eu chego nesta ligação é
isto: que Sião era o fardo, a preocupação, a dor
de coração dos profetas.
O ministério profético tem sempre o seu foco em
Sião. Um ministério profético verdadeiro (seja
no Velho ou no Novo Testamento) está relacionado
a este Divino pensamento, o qual envolve esta
palavra “Sião”, como a temos na Carta aos
Hebreus: uma expressão da plenitude de Cristo
em adoção em um corpo. Este é o fim para o qual
Deus está trabalhando e executando toda sua
obra de disciplina.
Gostaria de aplicar isto de uma maneira
prática. Como você vê, estamos muito, talvez,
preocupados com a obra, a qual chamamos de ‘a
obra do Senhor’; preocupados com o evangelismo,
em ganhar almas. Não há nada de errado com isso!
Tudo certo! Não quero desvalorizar isto. O
ministério da pregação e ensino, as reuniões, as
conferências e tudo aquilo que podemos abranger
com esta frase ou palavra, “a obra do Senhor”,
nós estamos interessados nisso. Bastante
interessados. Talvez vocês, ministros, estejam
muito preocupados com os seus ministérios, isto
é, com o próximo sermão que irão fazer, e,
inclusive vocês estão anotando em seus cadernos
agora. Vocês têm uma congregação em vista. A
obra do ministério, de evangelismo, ou seja o
que for, pode vir nestes termos: “a obra do
Senhor”, talvez vocês estejam muito mais
preocupados com isto do que com qualquer outra
coisa. Talvez em seus pensamentos vocês digam: “devemos
estar na obra, devemos nos entregar à obra”.
Porém, meu irmão vai me
perdoar porque, como disse, estou tentando
focalizar esta coisa bem abaixo. Temos dito algo
nas reuniões da noite que considero ser a
essência dos interesses do Senhor. É a mesma
coisa sobre a qual tenho falado, apenas que em
outra linguagem: “os vitoriosos”, a
essência do pensamento e intenção Divina em Sião.
O Senhor algumas vezes vê que é bem melhor nos
tirar “da obra” do que nos manter nela, e nos
põe de lado de todos os nossos negócios pra Ele,
a fim de obtermos a essência das coisas. Ele
está atrás do essencial, do intrínseco. Os
homens estão atrás de coisas grandes. O
pragmatismo domina muito a obra cristã. Acho que
você, talvez, não saiba o que eu quero dizer com
esta palavra: “pragmatismo”. Significa
que, se uma coisa é tem sucesso, então está
correta. Este é um pensamento errado. O
maligno tem muito sucesso, está ele correto?
Muitas coisas aparentemente são um sucesso,
crescem, aumentam, e todos dizem: “Meu, é isso
aí” Será que é mesmo? Isto é pragmatismo. Se
algo é um sucesso, se é popular, e todos aderem
em massa para lá, então deve estar correto.
Muito bem. O que dizer sobre
Jesus de Nazaré? Como as pessoas afluíam para
ele, o seguiam. Ele disse o porque:
“...porque
vocês comeram os pães e os peixes, porque vocês
viram os sinais e as maravilha; uma geração má e
adúltera pede sinal,”
e as pessoas iam em bandos por causa disso. Mas
estas coisas são efêmeras. Logo caem no
esquecimento. Elas estão sendo peneiradas.
Somente Cristo permanece. Todas as marcas de
sucesso estão sendo copiadas a partir do ponto
de vista do mundo, e, a final de contas, é isto
um movimento de sucesso com Ele pendurado na
Cruz? É isto pragmático? Bem, sabemos hoje! —
Não, uma coisa não está necessariamente correta
só porque as pessoas afluem para lá ou para cá,
uma multidão, eventos sociais; não é porque algo
parece estar ganhando tanto terreno e se
tornando grande, não necessariamente. Espere
pela perseguição e, então, você irá conseguir
“grandes multidões”, as quais nenhum homem pode
contar. Mas isto não é pragmático no sentido
terreno.
Você entende o que quero
dizer! Existe a disciplina, a disciplina de ser
peneirado das cascas ao grão, da palha ao trigo.
E “o grão de trigo é moído”, diz o
profeta Isaías. Ele procura pelo pão genuíno, a
composição daquilo que saiu da terra e virou
farinha, que foi moído. Será que isto explica
algo a você, a sua própria história? — É muito
verdadeiro, esta é a Palavra, você entende.
Por isso existe esta seção
em Hebreus sobre adoção, “a correção do
Senhor”, e a correção para cada um de nós
pode significar algo diferente. Aquilo que seria
correção para você poderia não ser para mim, e
aquilo que seria correção para mim poderia não
ser para você. Você pode sair por vários
caminhos, mas o Senhor sabe onde encontrar você,
onde você não pode escapar. Eu posso ser capaz
de impelir a mim mesmo a entrar por um caminho
através da força natural da alma. Não sei se
isto é verdade agora, mas pode ser. Talvez no
passado tenha sido, mas o Senhor sabe como me
corrigir, e Ele sabe aquilo que é uma correção
apenas para mim, e pra mais ninguém. Oh, não
traga esta palavra “correção” para uma
definição estreita. Ela é algo que nos “apanha”
individualmente, que nos encontra. É aquilo que
para mim é uma verdadeira disciplina.
Há algumas pessoas
agradáveis, muito pacientes, indulgentes,
longânimes, e, você sabe, são pessoas que podem
ser mal tratadas, porém não se irritam nenhum um
pouco, simplesmente prosseguem adiante. Mas há
outras a quem o Senhor traz pessoas
desagradáveis para perto delas, para
discipliná-las. Entende o que eu quero dizer?
Correção, disciplina, é o que isso significa
para nós individualmente. Mas, seja o que for, e
você pode dizer: “Bem, por que o Senhor faz
isto comigo? Olhem, Ele não faz isso com as
demais pessoas. Elas estão se dando bem” _
“até que
entrei no Santuário de Deus”
e vi as coisas do Seu ponto de vista. “O Senhor
está tratando comigo e deixando os demais livres
em seus caminhos, mas Ele me tem apanhado”. Eu
me revolto e digo: “É injusto”. O Senhor não é
justo, Ele não age assim com as demais pessoas.”
Oh, não, esta atitude não está correta. Ele está
focalizando sobre este propósito, esta questão
da filiação, da adoção, para uma
responsabilidade eterna. Guarde isto, e vamos
seguir adiante.
A VERDADEIRA ADOÇÃO: DENTRO DE UM SENTIDO DE
DESTINO _ “OS CHAMADOS DE ACORDO COM O SEU
PROPÓSITO”
Tendo Sião novamente como
pano de fundo de nosso raciocínio, vamos realçar
algo mais sobre ela. Espero que você saiba que
no sangue e na constituição de um Israelita, de
um verdadeiro Hebreu, de um verdadeiro Judeu,
nesse mesmo sangue e constituição, existe uma
consciência, um senso de destino. O raciocínio
deles é este: “Nós somos o povo escolhido, e
fomos escolhidos pelo propósito e intenção de
Deus. Não é algo que temos adotado como uma
ideologia, como uma filosofia, de nossa
existência, isto está em nosso sangue.”
Eles não podem fugir disso. É desta forma. Um
verdadeiro Judeu, cidadão e filho de Sião, tem
este senso e consciência de destino inculcado
dentro de si. Esta é a razão, o motivo do por
que eles têm sido capazes de sofrer tanto, de
terem passado por tantas perseguições e haverem
sobrevivido, do por que eles puderam suportar
tantas coisas. Não é porque eles criaram isso
em suas mentes, nem por causa de suas próprias
vontades, mas isto é algo que nasceu dentro
deles, que é parte deles; é elementar para eles
o fato de que são um povo de destino. Eles se
agarram e se apegam a isso; estão ainda no muro
das lamentações. Isto é confirmado; contudo,
isso pertence ao “Não”.
Porém aqui estamos nós com
o “Mas”,
_ “temos
chegado a Sião”.
E temos chegado a Sião neste sentido: por
direito; se é um verdadeiro cidadão do Céu, “este
é nascido ali”;
se é um verdadeiro filho de Deus, então existe
algo sobre ele que, embora não consiga definir,
embora até mesmo não conheça o que as Escrituras
falam sobre isto, mas dentro dele existe este
senso de destino que _ existe um propósito que
governa a nossa salvação, que existe algum
significado além da nossa presente compreensão
pelo qual fomos chamados, que há algo dentro de
nós, em nossa constituição, que diz: “fomos
chamados
de acordo com o Seu propósito”.
É um senso de destino; isto é essencial para
Sião. Este é todo o propósito do Novo
Testamento, e esta é a finalidade desta Carta
aos Hebreus. Esta é a verdadeira filiação.
Agora, nós não gostamos
muito dessa idéia; não gostamos desta linguagem,
mas nos Judeus, nos verdadeiros Judeus, havia
este elemento dentro deles: de “seletividade”.
Você não gosta desta linguagem, você gosta?
Seletivo, algo separado, algo diferente, algo
que não é geral, mas particular. Uma consciência
trabalhada no sentido de que somos e escolhidos
para alguma coisa, que chamamos de destino.
Somente isso pode nos manter seguindo em frente
através da disciplina, através do sofrimento, da
adversidade, da perplexidade.
Você já não passou pela
mesma situação que eu, mais do que uma ou duas
vezes, por uma situação onde tenha se
desesperado. Se você fosse deixado entregue a si
mesmo, já teria desistido, já teria ido embora,
e tomado um outro caminho, e até mesmo lavado as
suas mãos a respeito do Cristianismo. Você nunca
foi pressionado? Bem, se ainda não, muito bem,
graças ao Senhor; mas existe tal pressão. E até
mesmo Paulo, com toda a sua maravilhosa
experiência e conhecimento do Senhor, chegou num
ponto onde disse: “ fomos
sobremaneira pressionados mais do que podíamos
suportar,
...
de modo tal que até da vida desesperamos.”
2Cor. 1.8 Paulo? Você
se desesperou?! Logo você que está sempre
dizendo para as pessoas não se desesperarem.
Você escreveu sobre o Deus da esperança, e você
me diz que se desesperou? E você disse para as
pessoas ficarem por cima, no topo, e você disse:
“Fui pressionado além da medida”. Sim,
muito bem, talvez vocês ainda não saibam disso
tudo, ou talvez saibam apenas um pouco a
respeito, mas os filhos de Sião são realmente
sustentados por algo. E é este algo indefinido
que chamamos de “destino”. Existe algo
que nos mantém, que não nos deixa ir. Existe
algo que nos segura, até mesmo quando dizemos
que vamos desistir. Não podemos ir. Até mesmo
quando chegamos às profundezas do desânimo, não
conseguimos ir embora. Não podemos. Decidimos
ir, mas não podemos. Não, isto não é algo para
ser analisado e colocado dentro de um sistema de
ensino, de uma doutrina, mas é isto é uma
profunda realidade que nos sustenta. Somos
filhos do destino, “chamados
de acordo com o Seu propósito”.
Oh, se você quiser um pouco de estudo Bíblico,
gostaria que seguisse adiante e sublinhasse esta
palavra “conforme, de acordo, de acordo com”
É uma palavra maravilhosa que está com Paulo.
Tudo é conforme alguma coisa. Sião foi eleita,
escolhida, separada, feita distinta, por causa
do seu destino _ seu grande propósito: e havia
isto em sua própria constituição, em seu próprio
sangue, um senso de que “existe algo mais,
para o qual fomos chamados”.
Agora voltemos para os
profetas. Eles estavam grandemente preocupados
com Sião, por causa do destino de Sião. Oh,
quão afadigados eles ficavam por causa de Sião,
e, naturalmente, no caso deles, seus fardos e
suas preocupações era por causa da restauração
de Sião. Sião tinha fracassado, tinha cessado
de ser aquilo para o qual fora chamado; aquilo
que Deus havia planejado. E assim, os profetas
estavam preocupados pela sua restauração, e pelo
seu testemunho. Este é o ministério profético.
Oh, ministério profético.
O que você quer dizer? — Revelação? Prever os
eventos? Muito bem, se você preferir assim, ok.
Mas a real essência do ministério profético é a
restauração da plenitude de Jesus Cristo, que
tem sido perdida. É uma restauração e uma
recuperação do testemunho de Jesus na Igreja.
Este é o verdadeiro ministério profético, e não
ponha o ministério profético abaixo disso. O dom
da profecia. O que é o dom da profecia? Apenas
revelação? Isto tanto pode haver como não, e
ainda assim continuar a ser o dom de profecia. O
dom, a função, a unção de profecia é a
recuperação do pleno testemunho de Jesus; o
ministério que não tem isto como objetivo claro,
forte e definido, não é ministério profético. Os
profetas se ocupavam com isso. Leia Isaías 43
novamente à luz do que foi falado.
Prove tudo através do seu Eterno Valor
Espiritual
Bem, agora estamos próximos do final, nesta
manhã. E, novamente, Sião é a corporificação dos
valores espirituais de Jesus Cristo. Sublinhe
palavra “valores espirituais”. Prove tudo por
meio de seus valores espirituais. Prove tudo não
do ponto de vista pragmático, absolutamente, mas
do ponto de vista espiritual, quer dizer, seu
valor eterno. O ministério de qualquer pessoa, o
meu próprio, ou o de qualquer outra pessoa, não
vai ser julgado pelo número de convenções ou
reuniões nas quais falamos, e pela quantidade de
ensino Bíblico que damos _ jamais será julgado
por isso. Entenda isto. Você pode ter a sua
agenda cheia de compromissos, pregações; você
pode ser um professor de Bíblia muitíssimo
ocupado; e pode não ter tempo pra mais nada;
contudo, com toda esse resultado, seu
ministério não será julgado, caro amigo, pelo
quanto você tenha feito nesse sentido. O
ministério será julgado por seu valor eterno,
por seu valor espiritual; qual é o valor
espiritual quando esta vida se for, quando eu
for embora, quando você for embora, quando todos
os professores se forem, e chegarmos no Céu e
descobrirmos que aquilo que realmente foi
considerado em nossas vidas está lá, nas
pregações, nos ensinos e conferências. “As
coisas que se vêem são temporais, mas as que não
se vêem são eternas”. E este é o ponto de vista
de Sião, a essência do valor espiritual de tudo.
Estão vocês, caro pregadores, professores,
realmente comprometidos de coração, a tal ponto
que tudo em seus ministérios tenham um valor
espiritual, um valor eterno? Não o discurso!
Não, não é se o meu discurso é um sucesso, se é
aceito, ou não. Mas qual o valor eterno e
espiritual, do ponto de vista Celestial e
Eterno. Certamente a nossa ambição deve ser
aquela quando tudo aqui se for, quando não
houver mais conferências, nem ministérios e
discursos, e todos nós estivermos reunidos lá em
cima, a nossa ambição é a de encontrar lá
pessoas que digam: “Olha, eu não estaria aqui se
não fosse aquilo que o Senhor fez através do seu
ministério”. É isto, não é? Oh, se concentre
nisto, pois Sião é, deixe-me repetir, a
corporificação dos valores espirituais. Não um
lugar, não uma seita, não alguma coisa
temporal. Isto não é Sião. Mas é o valor
concentrado e intrínseco de Jesus Cristo. Isto é
Sião.
O ZELO DE DEUS POR SIÃO
Sobre qual nota devo terminar esta manhã? Bem,
com tudo isto em vista, naturalmente, a nota
correta seria o zelo de Deus por Sião. Os
profetas compartilharam deste zelo de Deus por
Sião. O Senhor disse: “Zelei
por Sião com grande zelo, e com grande
indignação zelei por ela. Voltarei para Sião, e
habitarei no meio de Jerusalém;”
Onde está o coração de Deus? Não está em
qualquer expressão temporal da antiga Sião, isto
é, o “Não”. Mas o zelo de Deus, o Seu
interesse, tem relação com os valores reais,
intrínsecos e espirituais de Seu Filho Jesus
Cristo. Ele está concentrado nisso. São esses
valores espirituais que Ele irá procurar. Isto
deve nos encorajar no ministério,
especialmente. Veja, as pessoas podem nos
repudiar, podem duvidar de nós, e ir embora,
abandonando-nos. Tudo bem, esta disciplina é
muito dura. Mas espere um pouco, talvez em
algum momento na vida dessas pessoas, elas irão
voltar, ou irão confessar: “Veja só, eu obtive
algo de você que foi a minha real salvação. Eu
não reconhecia isso naquela época, mas sei agora
o que você estava dizendo, o que você estava
fazendo, era algo que acabou sendo a minha
libertação, minha salvação, no tempo da
angústia”.
Bem, é dessa forma. Deus irá procurar pelos
valores espirituais, e você deve estar mais
interessado neles do que em construir algo
grande aqui neste mundo. É nisto que está o Seu
zelo. Mais cedo ou mais tarde a Sua ira será
mostrada de Sião. E então, os inimigos terão que
se curvar, terão que se render. Assim como na
eternidade, “todo joelho se dobrará, e toda
língua confessará”. Todos os inimigos de Cristo
vão ficar bastante humilhados. Deus irá bramar
de Sião. Bem, fiquemos bem certos de que isto é
Sião, e é neste sentido que: “Chegastes a Sião”.
Vamos deixar as coisas dessa maneira, por ora. O
Senhor é quem interpreta. Oremos:
Nós oramos, Senhor, que esta hora possa ser
usada por Ti para produzir aqueles valores
essenciais e eternos. Que não seja apenas uma
hora de ministração, mais ou menos apreciada,
mas que possa haver algo trabalhado, algo
plantado, algo colocado dentro de nós, que irá
aparecer no Céu e em glória, como o Divino
decreto, a Palavra, a Palavra de Deus, que
produziu algo. Assim, ajuda-nos. Sela esta hora;
perdoa todos os erros e faltas humanas, e faça
aquilo que for do Teu próprio interesse, em Teu
nome, Amém.
Capítulo 6 _ 0 Abalo Final
Senhor Jesus Cristo,
buscamos a Tua face. Está escrito:
“A Luz da Glória de
Deus está na Face de Jesus Cristo”.
Oh, Tu, que deixaste , por causa daquele momento
terrível, a Glória do Pai, a fim de que nós
pudéssemos chegar lá, e pudéssemos ser
recebidos, e habitar na Luz da face de Deus,
traga-nos nesta manhã esta herança muito
bendita, através da Tua Cruz. A face de Deus.
Que este seja realmente um tempo do outro lado
do véu, onde habitamos à Luz da Tua Face, a Face
do Senhor. Senhor Jesus Cristo, em todo este
grande e maravilhoso significado, buscamos agora
a Tua Face. Enquanto esperamos em Ti, mostra-nos
a Tua Face, Senhor. Em Teu nome, Amém.
Nesta hora final desta ministração específica, é
importante buscar graça especial, para reunir e
concentrar tudo aquilo que tem sido falado
durante toda esta semana. Mas penso, que talvez
devesse eu dizer que sinto que a direção de
Deus é a de reunir e concentrar tudo com uma
parte desta carta aos Hebreus que está diante de
nós. Como a Carta está chegando ao fim,
alcançamos esta parte
que está marcada como capítulo doze; e os versos
de 25 a 28 dizem:
“Vede
que não rejeiteis ao que fala”.
—Lembre-se, o começo é:
“Deus tem falado em
Seu Filho”.
Vede que não rejeiteis ao que fala.
Porque, se não escaparam aqueles que rejeitaram
o que na terra os advertia, muito menos nós, se
nos desviarmos daquele que é dos céus:
A voz do qual moveu então a terra, mas agora
anunciou, dizendo: Ainda uma vez comoverei, não
só a terra, senão também o céu. E esta palavra:
Ainda uma vez, mostra a mudança das coisas
móveis, como coisas feitas, para que as imóveis
permaneçam. Por isso, tendo recebido um reino
que não pode ser abalado, retenhamos a graça,
pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com
reverência e piedade; Porque o nosso Deus é um
fogo consumidor.
O significado, então, é um
Reino que não pode ser abalado, como temos
tentado ver e mostrar. O significado desta
Carta, para o tempo presente, é o “muito
mais”; isto é, nesta dispensação que veio
com Cristo, primeiramente o abalo das coisas da
terra e, então, o abalo das coisas do céu.
O lado terreno, penso eu,
fazia referência especialmente àquilo que tinha
acabado de acontecer no antigo, tradicional e
histórico Judaísmo. Esta Carta provavelmente
foi escrita no ano 69. Não posso ser afirmar
isso de forma absoluta, porque todos os
expositores e estudiosos estão divididos a
respeito de quem a escreveu, e quando ela foi
escrita. Para quem ela foi escrita exatamente,
você não precisa se preocupar; mas estou
convicto de que ela estava relacionada com algo
que o Espírito Santo sabia que estava para
acontecer no Judaísmo histórico, e na terra de
Israel. A probabilidade é que esta carta tenha
sido escrita no ano de 69, e você sabe o que
aconteceu no ano de 70. Se isto é verdadeiro,
houve uma distância muito curta entre a escrita
desta Carta e a destruição de Jerusalém,
destruição esta que foi total e muito terrível.
Alguns de vocês, especialmente vocês pastores,
talvez tenham lido Josephus; e, se o leram, a
seção sobre a invasão e destruição de Jerusalém
é uma das coisas mais terríveis que podemos ler
na história. Aconteceu no ano 70, quando tudo em
Jerusalém foi devastado e desolado, e os Judeus
foram espalhados, como Pedro diz:
“a todos os
dispersos no Ponto, Capadócia, Galácia, Ásia, e
Bitínia” e em
outras partes. O lado terreno foi realmente
abalado, não apenas abalado, mas derrubado e
devastado; e disso ainda não se recusou. Não há
templo. Não há um Israel integrado na terra.
Este é o lado terreno, e esta é a profecia, como
você sabe, tirada do Velho Testamento, que dizia
que tudo isso iria acontecer.
É muito interessante,
significativo, e instrutivo, voltar ao local
desta profecia ( o que nós não iremos fazer)
para observar o seu cenário na história de
Israel, e ver as condições que estavam se
levantando no tempo de Haggai. A profecia é
trazida para cá, muitos anos mais tarde, e
aplicada à situação referida nesta carta aos
Hebreus, naquele tempo de crise: o abalo da
terra. Naturalmente, se aplica particularmente
ao abalo da terra de Jerusalém, a terra de
Israel. Dizemos isto apenas, porém isto é
somente uma parte da afirmação:
“E ainda mais uma
vez irei abalar não somente a terra, mas também
o céu.”
Assim, à luz do que o
Senhor tem falado esta semana, e à luz desta
Carta, em todo o seu conteúdo, podemos
seguramente dizer que o Cristianismo, que é o
outro lado, como queira, o lado do Céu, estará
também sujeito a tal abalo. E, talvez, não
estejamos muito errados se dissermos que tal
abalo já começou. Está em andamento, está em
prosseguimento, em expansão. Contudo, você pode
achar que ainda não chegou em seu país. Bem, se
você está falando meramente de coisas
materiais, de economias externas, podem haver
poucos sintomas disso ainda; porém
espiritualmente, já está no mundo inteiro. É o
abalo do Cristianismo, é o que podemos chamar de
‘o abalo das coisas do céu’, diferente do
histórico e terreno Israel.
Mas o ponto é que existe
um abalo universal que ainda irá ocorrer, no
método de Deus. Um abalo universal. Para que?
Aqui diz: a fim de que não permaneça nada, a não
ser aquilo que o próprio Deus tenha
estabelecido. Observe a pequena frase:
“como coisas
feitas” (Heb.12.27) Quem as fez? Coisas
feitas. As coisas que Deus fez, que estabeleceu;
são as únicas coisas que irão permanecer, e o
abalo é para esta finalidade.
Agora, esta Carta é uma
comparação abrangente e um contraste entre o
passageiro e o permanente, entre o temporal e o
espiritual, entre o terreno e o celestial. Esta
é a Carta aos Hebreus. Isto é o que temos
enfatizado todo este tempo _ o “NÃO”
terminou. Um abrangente “Não”:
“Não chegastes”.
E o “Mas”: “Mas chegastes”. Duas grandes
abrangentes ordens, métodos, seja como você
possa chamá-las, toda esta Carta tem a ver, de
um lado, com as coisas transitórias; e de outro
lado, com as coisas permanentes
“as coisas que não
podem ser abaladas...”
[aqui está o seu “que”
novamente] ...
a fim de que as
coisas que não podem se abaladas possam
permanecer”.
Este é a comparação e o contraste, que é feita
por esta Carta, como um todo.
Aqui, como uma espécie de parêntesis, deixe-me
colocar assim. É importante lembrarmos que esta
carta foi escrita para um povo que, por um
longo período, sustentou a posição de um povo a
quem Deus tinha separado do mundo para Si mesmo,
o que mostra ser possível para um povo assim
esquecer o caminho. É possível para tal povo
fazer de sua posição uma posição apenas terrena,
ligada à terra. E esta é a tendência vista nesta
carta, não apenas para Israel, mas para os
cristãos. Esta é a carta que contém um “chamado
do alto”. Este é o lado celestial. Este é o Novo
Israel que Deus tem separado do mundo para Si
mesmo; mas, através desta carta corre o lembrete
de que um povo que por tanto tempo foi separado
por Deus e para Deus, no final acabou perdendo
o seu alvo, o seu caminho, não conseguiu chegar.
Todo o capítulo três é sobre isso. “Eles não
entraram, pereceram no deserto”.
Oh, ignore as divisões em capítulos e leia o
capítulo três. Lá você tem um povo que fracassou
em entrar, pereceu no deserto. “Não puderam
entrar” é a palavra, “por causa da
incredulidade”. Este é o capítulo três, porém o
capítulo quatro começa, e você não vai muito
longe dentro dele quando se depara com o
seguinte: “Porque a palavra de Deus é viva e
eficaz, e mais penetrante do que espada alguma
de dois gumes, e penetra até à divisão da alma e
do espírito.” Não vou discorrer sobre isso, mas
o ponto é este: eles pereceram no deserto porque
não discerniram entre alma e espírito. Não
entenderam a doutrina, naturalmente; e, em
efeito, viveram baseados em suas almas. — Isto
é, eles viveram na vida própria, na própria
direção de tudo: como isto nos afeta, o que
podemos tirar disso, o que isto significa para
nós? A vida própria é a vida da alma. O
espírito não é assim. O espírito está em Deus,
é a Vida de Deus.
Contudo, esta divisão não foi feita no deserto;
e, embora eles tivessem sido libertados por meio
da mão poderosa de Deus, e se tornado o Povo de
Deus, separados para Ele, contudo, porque
persistiram naquilo que nós agora, no Novo
Testamento, chamamos de “vida da alma”, porque,
como o povo de Deus não fez separação entre a
vida da alma e o espírito, porque não havia
nenhuma distinção entre “os dois gumes da
espada”, cortando ambos os lados, o de cima e o
de baixo, porque não havia distinção entre a
vida da alma e a vida do espírito, pereceram no
deserto. E você me diz que esta possibilidade
não existe para os cristãos? Esta é a questão
da Carta, você entende. Ignore a divisão do
capítulo três e quatro como simples divisão
mecânica, e vá adiante, e responda: “ Por que
eles pereceram no deserto? Por que eles não
entraram?” Por que? Porque não havia esta clara
distinção entre “si próprio” e o Senhor, entre a
alma e o espírito.
Alma e espírito, este é um assunto amplo, sobre
o qual temos ouvido bastante. Penso que existe
muita conversa sobre isso hoje. Isto tem se
tornado um assunto muito fascinante. Você jamais
irá prender a atenção das pessoas tão rápido, e
mentalmente, do que quando você começa a falar
sobre alma e espírito. É um assunto muito
interessante. Estou chegando ao ponto onde quero
falar sobre as coisas e não os nomes, o
significado e não a linguagem ou terminologia;
contudo, isto não foi planejado.
Agora, como você vê, aquilo que estou dizendo é
que esta Carta foi endereçada a um povo que, por
um longo tempo, tinha sustentado a posição de um
povo separado para Deus, mas que finalmente
esqueceu o caminho e perdeu a herança, perdeu o
significado de sua separação, por causa da
ligação ao terreno. Judais_ligação terrena, e
Deus diz: “Vou abalar” a terra, e a “Vou
abalar” tão devastadamente que não haverá nem
templo, nem Jerusalém, e nem abrigo para a nação
absolutamente, tudo será esmagado. “Vou abalar”
a terra, e Ele abalou, e tem abalado, e isto
tem acontecido por todos esses séculos.
Mas Ele não para por aí. Ele
vai para o outro lado: “Vou abalar outra
coisa, também _ este Cristianismo”. O
Cristianismo veio do Céu, o Espírito Santo foi
enviado do Céu, mas o que os homens têm a ver
com o Cristianismo? — trouxeram-no para a terra,
amarraram-no à terra, fizeram dele uma coisa
terrena. O Senhor, prevendo isso, profetiza: “Irei
abalar” isto também, e o Cristianismo como
um mero sistema terreno, irá se fundir; irá para
o fogo, e somente aquilo que for realmente
celestial, do Espírito de Deus, irá permanecer.
Você percebe a força desta
Carta?! Daí, se você prosseguir através dela,
irá descobrir que ela está dividida em duas
longas linhas: a linha da precaução, do aviso; e
a linha da resolução. Agora, aqui está um
pequeno estudo bíblico para você. Prossiga e
marque as vezes em que ocorre a palavra “lest”
[“pois que”; “para que não”; “para que
ninguém”]. “Pois
que”. Primeiro, “TEMAMOS,
pois, que, porventura, deixada a promessa
de entrar no seu repouso, pareça que algum de
vós fica para trás.....”
Nove vezes esta palavra é usada nesta
Carta. Procure esta palavra e veja o seu
contexto. “Pois que, por esta razão...; pois
que, por aquela razão....” Nove vezes “pois
que” dá uma precaução, um aviso. E, então, dez
vezes você tem “let
us”
[em português não tem
correspondente; é usada em expressões, como: “Let
us go” = “Vamos”;
“Let us fear”
= “Temamos”,
e assim por diante]
e, ligada àquela frase, “let
us”
está uma admoestação à uma resolução a ser
resolvida. Não adianta, você não pode ignorar
isto. Você não irá chegar lá por acaso, e este é
o primeiro “lest.”
“PORTANTO,
convém-nos atentar
com mais diligência para as coisas que já temos
ouvido, para que em tempo algum nos desviemos
delas.”
Hb 2.1—
“Para que em tempo algum nos desviemos delas.”
Esta é a linguagem real. “DESVIAR”; e a
linguagem por trás é um quadro muito simples,
porém muito, muito claro em sua implicação.
Costumava ser um iatista
na Escócia, e saíamos para navegar; mas o
momento mais nervoso e tenso era quando
voltávamos para o atracadouro. Se a corrente da
maré, ou o vento, estavam fortes, havia risco
de perdermos as nossas amarras. Então você tem
que reduzir a força, abaixar as velas, manter a
cabeça na direção do ancoradouro; e, então,
todos olham na direção daquele que estiver com o
gancho do barco na proa, alguém que fica deitado
no convés, com as mãos esticadas, para agarrar o
atracadouro, pois a corrente da maré o jogaria
na água, caso não segurasse firme. Havia muita
tensão. O perigo era que você o perdesse, e o
deixasse escapar; e havia rochas logo adiante.
Você não podia deixar passar, levado pela maré,
ou pela força do vento. Oh, era um momento
realmente tenso. Você segurava o atracadouro e
podia puxar o barco com as amarras, e deixá-lo
preso. Então, a tensão sumia. “Chegamos em
casa. Tudo está bem agora”. Este é o quadro
usado aqui: “Para que não deixemos escapar”.
Aqui está o aviso!
Tudo isto é apresentado,
esta plenitude e finalidade em Cristo trazido
nos versos dois e três do capítulo um. E toda
esta plenitude e finalidade está nesta carta, a
grande herança, um tremendo “tudo”; e o
primeiro aviso é _
“Não
vos deixeis levar em redor”.
Paulo
coloca de uma outra maneira:
“Levados ao redor
por todo vento de doutrina, pelo engano dos
homens, que com astúcia enganam fraudulosamente”.
É a mesma
coisa. Isto é uma ilustração dos “lets”
[“para que não”], e há nove deles.
“para que não nos desviemos...” etc, e
paralelamente a esta exortação “Let
us”—“retenhamos
firme”, “prossigamos”.
O Engano de Pecado
O
engano do pecado _ Você alguma vez já pensou
nisto? Qual é o engano do pecado, uma vez que a
palavra “pecado” é tão abrangente? Não estreite
esta palavra para um de seus significados. O
pecado possui muitos aspectos. Ele opera de
várias maneiras. Você pode chamar isto, e
aquilo, e milhares de outras coisas de pecado.
Sim, mas são apenas aspectos de uma única coisa.
Qual o significado da palavra “pecado” na
Bíblia?
Errar o alvo.
Você pode errar o alvo por causo disso e
daquilo, ou por causa de muitas outras coisas,
porém, no final, o resultado é apenas este: você
errou o alvo. Pecado, de forma abrangente, é
“errar o alvo”. É o engano do pecado que desvia
você do alvo, do que Paulo chama de: “o prêmio
da soberana vocação”.
“Errar
o alvo”. Você pode perguntar: “O que você quer
dizer com esse engano?” Bem, para mim, no
momento, para o propósito desta manhã, é a
política em lugar de princípio. Não há nada mais
subversivo, mais injurioso, espiritualmente, do
que a política.
Oh, como tenho visto tragédias na vida de homens
de Deus, servos do Senhor, nesta área.
Pessoalmente conheci homens cheios do propósito
de Deus, mas que tiveram uma posição no mundo
Cristão; e este pleno propósito exige bastantes
ajustes quanto à posição, quanto aos
relacionamentos. “Se eu fizer isto, minha
grande porta de oportunidade para o Senhor será
fechada; se fizer aquilo, irei perder a
minha influência para o Senhor; se tomar este
caminho, talvez me envolva tanto que irei perder
para o Senhor, sou alguém responsável por uma
organização que, de uma forma ou outra, tem que
ter suporte, e agora, se eu tomar tal e tal
linha, como tem sido indicado, irei perder a
minha clientela. Irei perder meu suporte
financeiro”. Tudo isso é política, política
paralela ao que Deus tem indicado; e a questão
é: “Confiarei no Senhor para buscar aquilo que é
Dele? Eu não estou mais interessado em nada que
não seja do Senhor, porém, se é desta forma,
posso eu confiar que o Senhor cuidará de tudo
enquanto eu o obedeço e sigo o caminho que Ele
me indica, ou devo me agarrar às oportunidades,
às portas abertas e às influências para o
Senhor, e tomar este outro caminho?
Você entende o que eu quero
dizer? — O engano de errar o alvo, e tenho visto
mais do que uma tragédia, que após anos (isto é
manifesto a todos) aquele homem desviou-se do
caminho. O Senhor significava algo para ele,
mas a política entrou, e ele argumentou que ela
estava nos interesses do Senhor. O engano do
pecado. Você pode ser subvertido pelo engano do
pecado: política ao invés de princípio. Isto se
aplica em qualquer lugar? Sim, é preciso
entender bem todo este ensinamento.
O ABALÁVEL E O INABALÁVEL _ a Última Coisa é a
Medida de Cristo
Aqui estamos novamente. Hebreus. A Carta aos
Hebreus é uma afirmação daquilo que é duradouro
e permanente, em contraste com aquilo que é
passageiro e transitório. E isso interessa?
Certamente que interessa muitíssimo! O abalável
e o inabalável. O Novo Testamento é composto de
vinte e sete livros, e muitos deles foram
escritos para combater alguma forma de esforço
universal que visa destruir aquilo que tinha
vindo com Jesus Cristo. Você gostaria que eu
repetisse isso? A maior parte do Novo Testamento
foi escrita para combater alguma forma de
esforço universal que visa destruir aquilo que
tinha vindo com Jesus Cristo. Esta é uma
declaração bem abrangente, e você tem que
fragmentá-la e aplicá-la a cada livro do Novo
Testamento. “Oh,” você diz, “o que, então?
Foram os livros de Mateus, Marcos, Lucas, João,
Atos e demais escritos para combater algo?”
Sim, e, quando você toma isso como uma chave,
palavra minha, não estamos nós em um combate em
Mateus? Não está o Senhor Jesus em um combate em
Mateus, em Marcos, Lucas e João? É uma
atmosfera de combatividade, de conflito, de
antagonismos. Em Atos isso também é verdade. E
assim acontece nas cartas. Nas cartas, em cada
uma delas, há algum tipo de esforço universal,
que visa destruir aquilo que tinha vindo com
Jesus Cristo. O Novo Testamento é uma abrangente
oposição às variadas tentativas de se subverter
a Igreja e perverter o significado do Filho de
Deus. Nesta declaração você tem o Novo
Testamento em seu real sentido; e, então,
procure ver as coisas deste ângulo, caro amigo.
Agora, o ponto principal de ataque neste
abrangente ou universal esforço sempre foi, e
ainda é, a medida de Jesus Cristo. As forças do
inimigo dizem: “Devemos, em primeiro lugar,
afastá-Lo completamente, tirar-Lhe terreno”.
Esta é a batalha dos tempos e das nações. Tão
logo você traga Jesus Cristo para a vizinhança,
os problemas se levantam, começam os conflitos.
Oh, observe como foi com Paulo quando ia de
cidade em cidade. Com dificuldade ele dizia
alguma coisa, e veja o que acontecia. Eu não sei
quanto ele havia dito em Filipos _ e o que ele
disse, disse apenas para poucas pessoas; não
sabemos exatamente quantos estavam à margem do
rio, fora da cidade _ e ele entrou na cidade,
não pregando, até onde sabemos, não levantando
questões, mas o Diabo sabia. O Diabo possuía
aquela sacerdotisa do templo; e quão sutilmente
as palavras são faladas: “Estes homens são
servos do Altíssimo Deus, que nos mostrou o
caminho da salvação”. Por que, o Diabo está
pregando o evangelho? Parece que o próprio Diabo
está glorificando o Senhor Jesus! Ah, existe
algo muito sutil aí, como mostra a questão. Mas
o ponto é este: é do mundo invisível, onde a
real inteligência do significado de Cristo é
reconhecida, é que vem esta combatividade, onde
quer que esteja um representante de Cristo.
Neste lugar os problemas começam imediatamente.
O pensamento é: “mantenha-o fora, mantenha-o
fora; e, se Ele já entrou, arraste-o para fora.
Faça qualquer coisa para levar para fora aquilo
que é de Jesus Cristo, caso Ele tenha chegado a
qualquer lugar”.
Mas, então, isto não é tudo. O plano não é
apenas afastá-lo, mas o de subverter aqueles que
representam o Seu corpo aqui. O plano é o de
subverter, enganar, desviar, trazer um falso
ensino, falsas ideologias cristãs, aquilo que
essencialmente não é Cristo, algo para se vestir
a Cristo, um Cristo extra. Há muitas coisas que
estão sendo impostas sobre o Cristianismo com
toda boa intenção, mas isto não é a essência de
Cristo. Este é o ponto de ataque. O ataque é o
de impedir, ou eliminar, ou limitar a medida de
Cristo, de qualquer maneira. E você sabe, caro
amigo, que é a medida de Cristo que governa
tudo. Não apenas aquilo que Cristo fez, mas a
medida de Cristo. Isto é Efésios. O resultado
final é a medida de Cristo.
A medida de Cristo; e, se fosse pra você usar
aquela palavra “medida”, você seria
sempre transportado para Ezequiel. Qual é o
final de Ezequiel? É o templo. Não vou colocar
qualquer interpretação sobre isso: se isto vai
ser literal, e se os sacrifícios do Velho
Testamento serão restaurados. Você pode ter a
sua própria interpretação a respeito; eu não
estou abordando isso, mas o que temos lá é que,
quando aparece o templo, trata-se de um Templo
Celestial, e o Mensageiro Celestial tem a sua
cana de medir, e leva o profeta para lá _ “ele
me levou, para o interior, ao redor e acima” _
quão detalhado, quão meticulosamente detalhado
em cada ponto, em cada fragmento, em cada iota,
dando a medida. E a medida é dada de acordo com
essa cana celestial. O Templo é medido por ela.
Eu acredito que isso está bem no coração da
Carta aos Efésios, e do Novo Testamento, e desta
Carta aos Hebreus.
Espiritualmente, chegamos
à Nova Jerusalém, à habitação do Deus Altíssimo.
Chegamos a Sião. Chegamos àquilo que Ezequiel
viu espiritualmente _ um Templo Espiritual.
Chegamos àquilo que, em cada detalhe, é medido “de
acordo com Cristo”. Perguntemos-nos: “É
isto Cristo? Quanto de Cristo há nisto aqui?”
“Conforme
a medida da estatura da plenitude de Cristo”;
isto é o início de Hebreus, tanto quanto de
Efésios. E assim, o ponto principal de ataque é
sempre remover algo de Cristo, desviar de
Cristo, colocar algo no lugar da essência de
Cristo. De qualquer forma, e seja o que for,
desde que o fim daquilo resulte em menos de
Cristo. O ataque tem a ver, então, com o
Senhorio de Cristo em todas as coisas.
O Senhorio de Cristo? Nós
costumamos abrir as nossas reuniões cantando:
“Coroai a Ele, coroai a Ele Senhor de tudo”.
Adorável idéia, bonito pensamento, coisa
maravilhosa! Mas você entende o que isto
significa? Não apenas a coisa como um todo,
este maravilhoso Templo, Casa, Santuário, mas em
cada detalhe em toda a ordem celestial, para
cada detalhe: Cristo. Cristo em sua vida, na
minha, Ele é a decisão! Ele é o princípio que
controla! Isto é o Reino!
Oh, como a fraseologia cristã precisa ser
redimida e revisada. Falamos a respeito do
reino, o reino. “Estamos desatualizados na obra
do reino, para a expansão do reino”. Eu digo
que essas palavras, “reino”, “igreja”, e todas
as outras, precisam ser resgatadas. Precisam de
revisão. O que é o Reino? Bem, na língua
original está muito claro, mas temos substituído
esta palavra por uma outra mentalidade. O Reino
de Deus é o governo soberano de Deus, e é aqui
trazido em detalhe. Não é apenas uma concepção
abrangente de um rei. Não, mas é aonde eu vou
hoje, é o que eu faço hoje, é o que o Senhor tem
para mim hoje. Isto é o Reino de Deus. Um Reino
que não pode ser abalado, onde tudo está em
Cristo; daí a necessidade de se conhecer o
terreno onde repousa a segurança, o terreno que
não pode ser abalado.
Segurança é algo muito debatido hoje, uma
preocupação bastante viva neste mundo.
Segurança, segurança. Em cada área, esta
palavra, “segurança”, prepondera. Não há nada
seguro, eternamente seguro, mas somente aquilo
que é estabelecido por Deus; e isto diz respeito
ao Seu Filho, Jesus Cristo, nosso Senhor.
Este é o lado positivo do Novo Testamento, e
assim, vou concluir, lembrando a você das nove
precauções. Por que nove precauções? Por que
nove vezes é dito: cuidado, “para que não”?
Quão cuidadoso é o Senhor, até mesmo para com os
seus melhores servos, seus servos mais usados.
Se eles de fato estão debaixo de Seu governo
Soberano, quantas precauções Ele toma. Você se
lembra do apóstolo Paulo? Será que o Senhor já
teve um servo maior do que o Apóstolo Paulo?
Será que já houve um servo mais usado do que
ele? Eu me arrisco em dizer que nos anais da
eternidade esse homem está bem elevado em
preciosidade para com o Senhor. E o que este
servo disse? Ele disse: “E, para que não me
exaltasse pela excelência das revelações, foi-me
dado um espinho
na
carne, a saber,
um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a
fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes
orei ao Senhor para que o desviasse de mim. E o
Senhor me disse: A minha graça te basta.”
O
Senhor é sempre positivo. Ele não disse “não” _
ao invés disso Ele disse: “A minha graça te
basta” Mas a precaução do Senhor é a de guardar
o valoroso e usado servo de se desviar,
guardá-lo do terrível laço do orgulho, até mesmo
em coisas santas, as coisas de Deus e do Céu (
por que o orgulho espiritual é o pior dos
orgulhos); e assim, Deus se move no sentido de
guardá-lo do orgulho, da devastação do orgulho:
“Para que
não me exaltasse”.
A precaução de Deus é “para
que não”;
e aqui você tem esses nove “para que não”. Olhe
para eles, amigo.
Siga através deles não apenas como um estudo
bíblico, o qual já é interessante, mas observe
o perigo que está associado com cada “para que
não”. Esteja atento. Vigie! É isto o tipo de
coisa que permanece para sempre, indestrutível e
inabalável? É isto Cristo?
Esteja Totalmente Engajado com o Crescimento de
Cristo
Então
você tem que “estar completamente engajado”. E é
aí que entra o outro lado: o “let us”,
[“let us
go” = ‘prossigamos’ _ “let us fear” =
‘temamos’]
aparece dez vezes, e, se você resumir tudo, irá
chegar ao seguinte: “Esteja engajado sem
qualquer reserva”. “Engajado”: Penso que
isto significa algo mais do que se tornar um
cristão, pois muitos que são filhos de Deus,
sim, genuinamente nascidos de novo, não estão
totalmente engajados. Não estão totalmente
engajados? _ Não, existem outros interesses.
Eles têm um pé, ou até mesmo um dedo do pé, no
mundo. Mas a exortação “let
us,”
é mencionada dez vezes. Por que? Por causa do
perigo. Vamos prosseguir, não se desvie, não
se deixe levar pela corrente, pela maré, pelo
vento. Não há nada que nos manterá mais seguros
do que sermos fervorosos.
Gosto
da tradução da Versão Moffatt, da frase:
“fervorosos no
espírito, servindo ao Senhor”.
Penso ter sido Moffatt quem traduziu: “manter
o ardor espiritual”! Oh, isto é uma
proteção. Não há nada mais protetor do que ser
fervoroso. Lembra-se de Davi no telhado?! A
tragédia, a catástrofe, a calamidade da vida de
Davi, o que deixou cicatriz nele foi ter ficado
no telhado quando devia ter ido pra batalha, foi
ter descansado, quando deveria ter avançado.
Israel vagou pelo deserto por quarenta anos ao
invés avançar. “Prossigamos
até a perfeição, não lançando novamente o
fundamento ... mas prossigamos”.
Este é o grande “let
us”
do capítulo 6:1.
Quão frequentemente estamos
em fadiga, em cansaço, em desânimo, em perplexo,
em desapontamento. O plano do inimigo é de nos
fazer ficar tristes, de tirar de nós qualquer
iniciativa, pois ficamos inclinados a afundar;
e, então, novamente, e mais uma vez, em nossa
história espiritual, temos que cingir os lombos
do nosso entendimento e dizer: “Não, isto não!
Isto é um beco sem saída. Se eu entrar por aí,
não haverá saída, e, a única maneira é sair
disso e prosseguir adiante.” Cuidado com os
becos sem saída, com os baixios (lugares rasos).
Mantenha-se na estrada, na rodovia principal.
Neste sentido, se preferir, você pode marchar
para Sião; esteja a doutrina certa ou não,
retenha o espírito dela. E você cantará
novamente aquele hino: “caminharei nas ruas de
ouro”. Quão frequentemente agimos tolamente em
relação a esta música, pois a Bíblia diz que
não há estradas na Nova Jerusalém, mas
existe apenas uma _ a rua de ouro _ na
Nova Jerusalém, a Jerusalém Celestial, existe
apenas uma rua de ouro. Você não irá escolher a
sua localidade lá. Você será colocado na rodovia
do Senhor. Você entende figuradamente? É apenas
isso _ tudo de Deus está representado por uma
rua de ouro, apenas uma. Teremos que aprender a
viver juntos algum dia.
Você
entende este ponto? A coisa que faz a
integração, que une é:
“Prossigamos para a
perfeição”. Se
todos nós tivermos esta mente, não seremos
apanhados por essas coisas subversivas, essas
alternativas, essas imposições. Não seremos
apanhados. Não! A pergunta para nós é: “ Irá
isto significar realmente e verdadeiramente um
aumento de Cristo, uma plenitude de Cristo; ou
isto é apenas uma coisa interessante, algo que
fascina, algo apenas para o momento, para o
tempo presente, mas que irá acabar.” É isto
o que acontece com muitas dessas coisas. Elas
são apenas para o momento. Você pode ver a
história repleta de ruínas, coisas que pareciam
ser alguma coisa. Bem, a única coisa que tem
valor é o aumento de Cristo. Esta é a prova de
tudo: o aumento de Jesus Cristo. E o desafio
universal está aí.
Acho
que falei o bastante. Encerro aqui, orando, e
creio que você fará o mesmo, que isto não seja
apenas uma matéria de conferência, apenas um
tema para cada manhã. O Senhor irá fazer disso
um desafio:
“Porque ainda uma
vez irei abalar não só a terra, mas também os
céus”; e o
abalo já começou. O Cristianismo já entrou no
grande abalo. E o que irá sobrar? Nada das
coisas do Cristianismo que estão ligadas à
terra; mas somente aquele Reino Soberano, que
não pode ser abalado. Os cidadãos de Sião são
“como os montes estão ao redor de Jerusalém”,
não podem ser abalados. Esta é uma idéia do
Velho Testamento, mas que se aplica aqui. É o
que é verdadeiramente espiritual e celestial,
que está em nós, e nós nele. É a isso, usando
nossa palavra inicial dessas manhãs, que temos
chegado. Que o Senhor nos ajude.
Senhor,
com a caneta indelével do Espírito do Deus Vivo,
escreva os termos da Nova Aliança em nossos
corações, nas paredes dos nossos corações.
Escreva indelevelmente, de modo que não possa
desaparecer ao longo da semana, com a
ministração, com a reunião de pessoas _ embora
tudo isso pode ser abençoado e jubiloso _ mas
que a própria intenção do Senhor, revelada a
nós, possa residir em nossos corações.
Continuamente nos sonda; julgue entre os dois
cursos; guarda-nos das opções, das alternativas;
e que possamos sempre voltar a isso: Significa
isso mais de Cristo?” Senhor, ajuda-nos.
Pedimos com ações de graças, no nome do Senhor
Jesus. Amém.
FIM
*A
tradução deste estudo foi feita voluntariamente por Valdinei N. da
Silva, que, por reconhecer a excelência do conteúdo, coloca o mesmo ao alcance da Igreja de
Cristo, para sua edificação. Peço aos irmãos que possuírem
conhecimentos mais aprofundados em tradução, que colaborem, enviando as
suas preciosas observações e retificações para:
valdineibr@gmail.com
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