OBEDIÊNCIA DA FÉ NO EVANGELHO
O Apóstolo Paulo na primeira carta aos Coríntios, no capítulo 15, nos versos 1 a 4, ensina que o evangelho que ele tinha recebido é que Cristo morreu por nossos pecados; que foi sepultado, e ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Este era o evangelho que ele tinha recebido. Muito provavelmente tinha recebido de Ananias depois que foi para Damasco, quando da sua conversão, e depois por Barnabé e os apóstolos. Mas quando Paulo escreve a carta aos Romanos, provavelmente da própria cidade de Coríntios, ele fala que o evangelho, que chama ousadamente de seu evangelho, vai muito mais além. Ele diz que no evangelho é revelada de fé em fé a justiça de Deus (Rom. 1.17). E ele mesmo diz que os cristãos que estavam em Roma, necessitavam conhecer todo o evangelho em Cristo Jesus. Que eles também como Paulo só tinham recebido uma parte deste evangelho, e que todo o evangelho agora era dado a conhecer para a obediência da fé (Rom. 16.26). Até o capítulo 5 da carta aos Romanos, Paulo fala mais uma vez sobre aquilo que eles já tinham recebido: a justificação pela fé. Mas a justificação é para levar o homem à glorificação, isto é, ser conformado à imagem de seu Filho: "Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" Romanos 8.29-30. Este é o propósito eterno de Deus, de nos conformar à imagem do seu Filho. Mas da justificação para a glorificação existe a santificação. No capítulo 5 de Romanos o apóstolo Paulo usa por 4 vezes a expressão "muito mais". Ele queria nos compartilhar que no evangelho em Cristo havia muito mais que apenas uma justiça através da fé no sangue. Que a graça tinha sido abundante no perdão dos nossos pecados, mas que ela tinha ido muito além do perdão, tinha sido superabundante. Tinha também alcançado uma libertação da escravidão do pecado. No capítulo 6 Paulo entra na santificação pelo sacrifício de Cristo na cruz. Até o capítulo 5 Paulo trata da justificação pela fé, mas a partir do capítulo 6, já não é somente fé, mas também virtude e conhecimento. A graça não se mostraria mais abundante se continuasse apenas perdoando pecados, mas ela se mostrou mais abundante nos libertando do pecado e de sua escravidão: "Sabendo isto, que o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos mais ao pecado como escravos" Romanos 6.6. A Palavra da cruz é poder de Deus para os que já são salvos (I Cor. 1.18). Cristo morreu e ressuscitou e nós fomos unidos, plantados em sua morte e ressurreição (Rom. 6.5), para que mortos para os pecados pudéssemos viver para a justiça (I Pd. 2.24, Gál. 2.19). Paulo em Romanos 6 entra no evangelho no que diz respeito à santificação. Cremos que fomos perdoados dos nossos pecados pelo sangue, agora temos que crer que morremos para o pecado, que estamos livres do velho homem e da escravidão do pecado. Que agora libertos do pecado fomos feitos servos da justiça (Rom. 6.18). Que como Cristo morreu e ressuscitou, e já não morre mais, a morte não mais tem domínio sobre ele. Pois quanto a ter morrido, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas quanto a viver, vive para Deus; assim também nós devemos nos considerar mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus. Agora devemos oferecer os nossos membros como instrumentos de justiça a Deus e não mais ao pecado. Portanto, devemos reinar sobre o pecado, e não o pecado reinar sobre nós, para obedecermos às suas concupiscências (Rom. 6.8-12). Reinar em vida por um só: Jesus Cristo (Rom. 5.17). Uma vez que morremos e ressuscitamos com Cristo, com Ele viveremos. Ainda que permanecemos num corpo de morte, o pecado não reina mais. Quem reina é Jesus Cristo. Aleluia! Agora libertos do pecado, e feitos servos de Deus, temos que ter o nosso fruto para a santificação e por fim a vida eterna. Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor (Rom. 6.22-23). Agora não é somente fé no sangue de Cristo para perdão, mas fé e obediência à forma de doutrina a que temos sido entregues, para a santificação (Rom. 6.17). Antes não tínhamos escolha porque éramos escravos do pecado. Mas agora crendo que estamos libertos do pecado por Cristo na cruz, devemos agora apresentar os nossos membros não mais ao pecado como instrumentos de iniquidade, mas como quem ressuscitou com Cristo em novidade de vida. Oferecer agora os nossos membros como instrumentos de justiça a Deus (Rom. 6.9-13). Paulo diz: "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante? De modo nenhum" Romanos 6.1-2a. A graça é maravilhosa nos perdoando os pecados, mas ela só se mostra mais abundante libertando do pecado. Onde abundou o pecado, superabundou a graça, para que, assim como o pecado veio a reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor. A morte reinou trazendo escravidão, mas agora a graça reina, trazendo perdão e libertação (Rom. 5.20-21). O perdão dos pecados já era dado no sacrifício dos animais na velha aliança, mas aqueles sacrifícios nunca podiam aperfeiçoar os que se achegavam a Deus (Heb. 10.1). Neste período a morte reinava e reinou até Cristo. Mas como os filhos são participantes de carne e sangue, Jesus também participou das mesmas coisas, para que pela morte, derrotasse aquele que tinha o império da morte, isto é, o diabo, e livrasse todos aqueles que com medo da morte, estavam por toda a vida sujeitos à escravidão (Heb. 2.14-15). Jesus derrotou aquele que tinha o império da morte, e agora Deus nos transportou daquele império, para o reino do Filho do seu amor (Col.1.13). Agora não estamos mais debaixo daquele poder da morte, mas do poder de uma vida indissolúvel. Fomos de novos gerados não de semente corruptível, que se corrompe pelo poder do pecado, mas de incorruptível, pela Palavra de Deus que é viva e permanece para sempre. Se é que temos purificado as nossas almas na obediência à verdade (I Pd. 1.22-23). Uma vez justificados pela fé não podemos mais viver no pecado e esperar que a graça nos sustente. De modo nenhum. A graça é muito mais abundante. Ela não só nos perdoou, como também nos libertou do poder do pecado. Uma vez que estamos libertos do pecado, não podemos mais viver em suas concupiscências, mas como filhos amados, ser santos assim como Ele é santo (I Pd. 1.16). Seguindo a paz com todos e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Heb. 12.14). Uma vez justificados pela fé, e em paz com Deus, temos que crescer na santificação, porque esta é a vontade de Deus. Porque Deus não nos chamou para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem rejeita isto não rejeita o homem, mas sim a Deus, que nos deu o seu Espírito Santo (I Tess. 4.3, 7-8). Temos recebido um reino que não pode ser abalado, por isso, devemos reter a graça, crescer e esperar inteiramente nela, e servir a Deus agradavelmente, com reverência e santo temor; pois o nosso Deus é um fogo consumidor (Heb., 12.28-29). A justificação e a santificação nos levarão a glorificação, porque Jesus tomará para si mesmo uma igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, mas santa e irrepreensível. Foi por isso que Ele morreu por ela e agora a está santificando pela lavagem da água pela Palavra. Tudo isto já temos em Cristo, porque Ele mesmo disse: Tudo está consumado. Mas para os que são santos, os que foram santificados em Cristo (I Cor. 1.2), é necessário ser santificado ainda (Apoc. 22.11); santificados na verdade (Jo. 17.17). Este é o mandamento do Deus eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé (Rom. 16.26). Amém. |
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