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A
PALAVRA DA CRUZ
"Porque
Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar o evangelho; não em
sabedoria de palavras, para não se tornar vã a cruz de Cristo" I Coríntios
1.17.
Sempre temos encontrado pessoas, que nos interrogam acerca da mensagem da
Palavra da cruz, nos perguntando se não poderá haver pessoas que estejam
salvas, mesmo sem nunca ter ouvido falar de sua morte juntamente com Cristo. O
que entendemos na continuação da carta de Paulo aos Coríntios, no capítulo 2, no
verso 12, é que o Espírito nos fará compreender as coisas que nos foram dadas
gratuitamente por Deus. O Espírito depois de estar habitando em nós, nos
conduzirá a toda verdade.
Deus em Sua Palavra, no versículo
que iniciamos, nos mostra que pregar qualquer outra mensagem, que não leve o
pecador à mensagem da cruz, não contém o poder de Deus para a salvação, e
é tornar a cruz de Cristo uma coisa vã, uma coisa sem valor.
No versículo
18 do mesmo capítulo de I Coríntios, o apóstolo Paulo nos mostra que a
Palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos,
é o poder de Deus. Esta mensagem também é descrita por Paulo nas Escrituras como
"o evangelho"; e se alguém não conhece esta Palavra, nunca pôde crer nela, e não
sabendo e nem crendo nela não pode estar em santificação para com Deus. Esta
palavra é para os que já são salvos.
Antes de
Jesus vir, a lei é que conduzia o povo de Israel, mas ela era apenas um
disciplinador, um aio, até que viesse a promessa: "Pois Cristo é o fim da
lei para a justifica de todo aquele que crê" Romanos 10.4. Jesus é o
evangelho, a boa notícia. A Palavra da cruz é Cristo crucificado. Em Cristo e
este crucificado, Deus realizou uma obra de justiça e esta justificação foi
tríplice em seus aspectos. Ninguém pode estar salvo se não estiver
justificado pela fé, e ninguém pode estar justificado pela fé sem saber, e
ninguém pode crer sem saber, portanto, para que alguém seja justificado por
Deus, precisa primeiro saber, porque "a fé vem pelo ouvir e o ouvir pela
palavra de Deus" (Romanos 10.17), para depois se arrepender e crer no
evangelho.
Este ato de
justiça também precisa ser revelado no seu aspecto total, caso contrário
ninguém pode ser totalmente justificado. O evangelho não é apenas o perdão dos
pecados pelo sangue, mas toda a obra de Deus realizado em Cristo na cruz. Alguém para ser justificado por Deus
precisa conhecer e crer nesta tríplice justificação que envolveu o sangue, a
morte e a ressurreição de Jesus Cristo. A Palavra da cruz traz em sua revelação
esta tríplice justificação. No sangue de Jesus, fomos totalmente perdoados
dos nossos pecados que cometemos anteriormente: "sendo justificados
gratuitamente pela sua graça, mediante a redenção que há em Cristo Jesus, ao
qual Deus propôs como propiciação, pela fé, no seu sangue, para demonstração
da sua justiça por ter ele na sua paciência, deixado de lado os delitos
outrora cometidos" Romanos 3.24-25. No seu sangue nós que estávamos
longe, pudemos chegar perto: "Mas agora, em Cristo Jesus, vós, que antes
estáveis longe, já pelo sangue de Cristo chegastes perto" Efésios 2.13.
Nesta tríplice
justificação, o sangue tem a função de tratar com os nossos pecados
cometidos, com a nossa inimizade e a separação de Deus por causa do pecado, mas
o sangue é só a primeira parte desta justificação. Muitos só conhecem esta
parte da tríplice justificação de Deus, por isso, não podem ser libertos.
Apenas tem por fé o perdão dos seus pecados, e através desse sangue, pedem
perdão pelos seus pecados que continuam a praticar. Mas Deus em Cristo Jesus
também nos justificou pela Sua morte, fazendo-nos participantes quando por
Jesus fomos atraídos em Seu corpo: "E eu, quando for levantado da terra,
todos atrairei a mim" João 12.32. Atraídos por Jesus em seu corpo, fomos
identificados na Sua morte, onde o nosso velho homem foi com ele crucificado.
Mortos com Ele, estamos justificado do pecado (notem pela Palavra de Deus, que
aqui não se refere aos pecados, mas ao pecado, à fonte produtora de pecados, o
homem velho): "sabendo isto, que o nosso homem velho foi crucificado com
ele, para que o corpo do pecado fosse desfeito, a fim de não servirmos mais ao
pecado. Pois quem está morto, justificado está do pecado" Romanos 6.6.
No sangue
fomos perdoados pelos nossos pecados outrora cometidos, e na morte juntamente
com Cristo, morremos para o pecado: "Nós, que já morremos para o pecado,
como viveremos ainda nele?" Romanos 6.2. Mas ainda encontramos na Palavra
da cruz, um terceiro aspecto desta justificação de Deus em Cristo Jesus: a Sua
ressurreição. Na ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos Deus completa
esta tríplice justificação nos ressuscitando juntamente com Cristo: "e
nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões
celestes em Cristo Jesus" Efésios 2.6. Jesus foi entregue por causa das
nossas transgressões, e ressuscitou para a nossa justificação (Romanos 4.25).
Justificados,
pois pela fé, temos paz com Deus (Romanos 5.1). Por que muitos não têm paz
com Deus? Porque crêem somente no poder do sangue de perdoar os pecados, mas não
conhecem que também foram crucificados juntamente com Cristo, e estão mortos;
como também ressuscitaram juntamente com Cristo e podem viver em novidade de
vida. Fomos justificados no seu sangue pela fé para remissão dos nossos pecados
(Romanos 3.25). Estamos mortos para o pecado pelo corpo de Cristo (Romanos 7.4),
e ressuscitamos juntamente com Ele para reinarmos em vida por um só: Jesus
Cristo (Romanos 5.17).
Ninguém
poderá ser justificado pela fé, e ter paz com Deus, sem crer nesta tríplice
justificação. Crer que Jesus morreu por nós, é somente uma parte deste ato
de justiça. Para Deus, não existe fé parcial. Se não sabemos sobre a
totalidade da sua obra, erramos por não conhecer as Escrituras nem o poder de
Deus (Mateus 22.29). Um cego só pode cair num buraco. Por não saber, o povo de
Deus está sendo destruído (Oséias 4.6). Este ato de justiça, pela qual vem à
justificação, veio pelo sangue, pela morte e pela ressurreição de Jesus
Cristo. Ninguém poderá ter vida sem esta justificação, porque é a justificação
que dá a vida, e ninguém pode crer em algo que nunca ouviu falar.
A Palavra da
cruz é a verdade que Deus traz pela Sua Palavra, para a justificação de alguém,
portanto, quando o Espírito de Deus nos faz conhecer a Deus, ele faz com que
conheçamos todo o Seu Conselho, e o que por Deus nos foi dado gratuitamente (I
Coríntios 2.12). Para as pessoas que pensam ser esta uma nova doutrina, vamos
em seguida ver testemunhos em todos os tempos, mostrando que a Palavra da cruz
sempre foi o instrumento do Espírito Santo para a salvação do homem.
O primeiro
testemunho que Deus dá em Sua Palavra, é o de Adão e sua mulher depois do
pecado. Na genealogia em Lucas 3.38, está escrito: "Cainã, filho de Enos,
Enos, filho de Sete, Sete, filho de Adão e Adão, filho de Deus". Nós
podemos ver o testemunho de Deus em Sua Palavra da salvação de Adão, quando
Deus substituiu as folhas de figueira feita pelas mãos do homem, pelas túnicas
de peles: "E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e
os vestiu" Gênesis 3.21. As folhas de figueira são a justiça própria do
homem, mas Deus os vestiu com a justiça do Cordeiro. Para se ter às peles teve
que haver morte, e na morte o derramamento de sangue. Adão e sua mulher com as
novas vestes, é a vida da ressurreição: "Ora Josué, vestido de trajes
sujos, estava em pé diante do anjo. Então falando este, ordenou aos que
estavam diante dele, dizendo: Tirai-lhe esses trajes sujos. E a Josué disse:
Eis que tenho feito com que passe de ti a tua iniqüidade, e te vestirei de
trajes festivos" Zacarias 3.3-4.
O outro
testemunho é o de Abel. Quando Abel ofereceu um cordeiro a Deus, ele com aquele
sacrifício, estava mostrando sua fé no sacrifício de Jesus. O cordeiro
oferecido era pela fé no Cordeiro de Deus e este Cordeiro já tinha sido
sacrificado antes da fundação do mundo (Apocalipse 13.8). Abel ofereceu pela fé
melhor sacrifício que Caim (Hebreus 11.4) porque era justo. A palavra
"pela fé", nos mostra que ele buscou no sacrifício do cordeiro ser
justificado pela fé. Ele ofereceu um cordeiro pela fé, porque sabia que o
Cordeiro de Deus tiraria o pecado do mundo (João 1.29). Talvez isto pareça
loucura, mas a Palavra da cruz é loucura para os que perecem, mas o Cordeiro de
Deus que é Jesus, é eterno: "sabendo que não foi com coisas corruptíveis,
como prata ou ouro, que fostes resgatados da vossa vã maneira de viver, que por
tradição recebestes dos vossos pais, mas com precioso sangue, como de um
cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo, o qual, na verdade, foi
conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos
por amor de vós" I Pedro 1.18-20.
O outro
testemunho que o Espírito nos dá pelas Escrituras, da operação da Palavra da
cruz na salvação do homem, é o de Abraão. No sacrifício de Isaque, Deus
mostrou por figura a Abraão com seria o sacrifício do seu filho a quem foram
dadas às promessas: "Ora, a Abraão e a seu descendente foram feitas as
promessas; não diz: E a seus descendentes, como falando de muitos, mas como de
um só: E a teu descendente, que é Cristo" Gálatas 3.16. Até o sacrifício
de Isaque, Abraão entendia que era em Isaque que Deus tinha feito as
promessas, nada sabendo de Jesus. O anjo segurou a mão de Abraão, mas o sacrifício
deveria ser feito, e para isso, Deus tinha provido para si um cordeiro que
estava com os chifres embaraçado no mato (Gênesis 22.9-14).
O cordeiro
que Deus proveu para si é Jesus Cristo, o descendente de Abraão, e Jesus dá
testemunho disso quando disse: "Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu
dia; viu-o, e alegrou-se" João 8.56. O sangue foi derramado, Abraão
morreu quando seu descendente morreu, mas Deus era poderoso para o ressuscitar
dentre os mortos e em figura Abraão foi recobrado, ele ressuscitou juntamente
com Jesus (Hebreus 11.17-19). Aleluia! Abraão morreu quando seu descendente
morreu, mas ressurgiu quando seu descendente também ressurgiu dentre os mortos.
Caso Jesus não tivesse ressuscitado, Abraão e a sua descendência também
teriam terminado. É grandioso ver que Deus usa a mesma Palavra, as mesmas boas
novas desde o princípio, mas a palavra da pregação nada tem aproveitado, senão
naqueles que a misturam com a fé (Hebreus 4.2). É fato que o mistério da
salvação aos que viveram antes de Jesus era em figura, como uma sombra
(Hebreus 10.1), mas era a mesma Palavra da cruz. Hoje a nossa responsabilidade
é maior, porque ela está totalmente revelada, e ela agora exige a obediência
da fé: "Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu
evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério
guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio
das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a
conhecer a todas as nações para obediência da fé" Romanos 16.25-26.
A Palavra da
cruz revela a Pessoa de Jesus Cristo, o Cordeiro de Deus que foi sacrificado
para que pudéssemos ser salvos. Recebemos a remissão dos pecados e a herança
entre aqueles que são santificados pela fé nele. Atraídos por Jesus no seu
corpo, fomos incluídos na Sua morte, isto é, plantados juntamente com Ele na
semelhança da Sua morte (Romanos 6.5). Paga a dívida do nosso pecado, pudemos
por Deus ser ressuscitados juntamente com Ele, onde fomos pela graça salvos (Efésios
2.5). Este amor de Cristo nos constrange agora a julgar assim: "que se um
morreu por todos, logo todos morreram" (II Coríntios 5.14). Se morremos
com Cristo, cremos que com Ele viveremos (Romanos 6.8). Esta é uma palavra fiel
(II Timóteo 2.11).
O testemunho
de José foi o mesmo quando pela fé, estando próximo o seu fim, fez menção
da saída dos filhos de Israel, e deu ordem acerca dos seus ossos (Hebreus
11.22), quando disse: "Eu morro; mas Deus certamente vos visitará, e vos
fará subir desta terra para a terra que jurou a Abraão, a Isaque e a Jacó. E
José fez jurar os filhos de Israel, dizendo: Certamente Deus vos visitará, e
fareis transportar daqui os meus ossos" Gênesis 50.24-25. Ele viu a sua
morte, mas também viu o seu libertador. Ele pediu para levar os seus ossos,
porque creu que havia de ressuscitar.
Moisés também
alcançou bom testemunho pela fé na Palavra da cruz. Ele viu que o vitupério
de Cristo lhe traria muito mais riquezas do que as riquezas do Egito. Deus dá
testemunho disso quando diz: "Pela fé Moisés, sendo já homem, recusou
ser chamado filho da filha de Faraó, escolhendo antes ser maltratado com o povo
de Deus do que ter por algum tempo o gozo do pecado, tendo por maiores riquezas
o opróbrio de Cristo do que os tesouros do Egito; porque tinha em vista a
recompensa. Pela fé deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou
firme, como quem vê aquele que é invisível. Pela fé celebrou a páscoa e a
aspersão do sangue, para que o destruidor dos primogênitos não lhes
tocasse" Hebreus 11.24-28.
Novamente o
cordeiro foi morto na páscoa, e o sangue aspergido para perdão dos pecados. O
Egito era a figura da geração perversa, mas o cordeiro pascal, o cordeiro da
passagem para uma nova vida, iria levá-los à uma nova geração. A figura do
batismo na morte de Cristo, estava representado por Moisés, quando Deus nos
diz: "Pois não quero, irmãos, que ignoreis que nossos pais estiveram
todos debaixo da nuvem, e todos passaram pelo mar; e, na nuvem e no mar, todos
foram batizados em Moisés, e todos comeram do mesmo alimento espiritual; e
beberam todos da mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que
os acompanhava; e a pedra era Cristo" I Coríntios 10.1-4. Toda esta
atitude de Moisés, foi porque ele viu o opróbrio, o vitupério, a vergonha, o
ultraje do sacrifício de Cristo, vendo pela fé neste sacrifício, a sua
recompensa eterna.
São muitos
os testemunho que poderíamos ver na Palavra de Deus, e todos eles têm a mesma
obra e a mesma fé, porque aprouve a Deus "convergir em Cristo todas as
coisas, tanto as que estão nos céus, como as que estão na terra" Efésios
1.10. Todos os que foram salvos, desde Adão até os dias de hoje, e todos os
que serão ainda salvos, o serão pela fé em Jesus Cristo, pelo seu sangue, sua
morte e ressurreição. Esta salvação que há em Cristo Jesus, tem glória
eterna: "Por isso, tudo suporto por amor dos eleitos, para que também eles
alcancem a salvação que há em Cristo Jesus com glória eterna. ...que nos
salvou, e chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas
segundo o seu próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus
antes dos tempos eternos, e que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso
Salvador Cristo Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a
imortalidade pelo evangelho" II Timóteo 2.10, 1.9-10.
Esta salvação
em Cristo Jesus é com glória eterna, e nos foi dada antes da fundação do
mundo. Todos os irmãos que creram no passado, mesmo em figura, fizeram pela fé
um derramamento de sangue, creram na sua morte quando se identificam com o
animal morto, e também criam na sua ressurreição pela promessa da vida
eterna. Davi e muitos outros dão testemunho disso quando disseram: "Pois não
deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção"
Salmos 16.10. Em Hebreus 11.13-14, Deus dá testemunho que todos esses morreram
na fé, sem terem alcançado as promessas, mas tendo-as visto e saudado, de
longe, confessaram que eram estrangeiros e peregrinos na terra. Ora, os que tais
coisas dizem, mostram que estão buscando uma nova pátria. Pelo que também
Deus não se envergonha deles, de ser chamado seu Deus, pelo que já lhes
preparou uma cidade.
Isaías
também profetizou acerca da Palavra da cruz. Ele inicia falando do nascimento
de Jesus quando disse: "Portanto o Senhor mesmo vos dará um sinal: eis que
uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel"
Isaías 7.14. Isaías também profetizou que este menino seria o nosso Salvador
quando disse: "Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o
governo estará sobre os seus ombros; e o seu nome será: Maravilhoso
Conselheiro, Deus Forte, Pai Eterno, Príncipe da Paz" Isaías 9.6. Isaías
também falou acerca de Jesus como o Cordeiro de Deus que seria levado para o
matadouro quando disse: "Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas
enfermidades, e carregou com as nossas dores; e nós o reputávamos por aflito,
ferido de Deus, e oprimido. Mas ele foi ferido por causa das nossas transgressões,
e esmagado por causa das nossas iniqüidades; o castigo que nos traz a paz
estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados. Todos nós andávamos
desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho; mas o Senhor fez
cair sobre ele a iniqüidade de todos nós. Ele foi oprimido e afligido, mas não
abriu a boca; como um cordeiro que é levado ao matadouro, e como a ovelha que
é muda perante os seus tosquiadores, assim ele não abriu a boca. Pela opressão
e pelo juízo foi arrebatado; e quem dentre os da sua geração considerou que
ele fora cortado da terra dos viventes, ferido por causa da transgressão do meu
povo? E deram-lhe a sepultura com os ímpios, e com o rico na sua morte, embora
nunca tivesse cometido injustiça, nem houvesse engano na sua boca. Todavia, foi
da vontade do Senhor esmagá-lo, fazendo-o enfermar; quando ele se puser como
oferta pelo pecado, verá a sua posteridade, prolongará os seus dias, e a
vontade do Senhor prosperará nas suas mãos. Ele verá o fruto do trabalho da
sua alma, e ficará satisfeito; com o seu conhecimento o meu servo justo
justificará a muitos, e as iniqüidades deles levará sobre si. Pelo que lhe
darei o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o
despojo; porquanto derramou a sua alma até a morte, e foi contado com os
transgressores; mas ele levou sobre si o pecado de muitos, e pelos
transgressores intercedeu" Isaías 53.4-12.
Neste texto
das Escrituras, o Espírito Santo profetizou através de Isaías a morte de
Jesus e a nossa morte juntamente com Ele. Quando disse: "Pelo que lhe darei
o seu quinhão com os grandes, e com os poderosos repartirá ele o
despojo", ele estava dizendo sobre a ressurreição dos mortos, porque Ele
nos dará a vida por despojo (Jeremias 38.5). Acerca da nossa ressurreição
juntamente com Cristo ele ainda disse: "Inclinai os vossos ouvidos, e vinde
a mim; ouvi, e a vossa alma viverá; porque convosco farei um pacto perpétuo,
dando-vos as firmes beneficências prometidas a Davi" Isaías 55.3. E
ainda: "Os teus mortos viverão, os seus corpos ressuscitarão; despertai e
exultai, vós que habitais no pó; porque o teu orvalho é orvalho de luz, e
sobre a terra das sombras fá-lo-ás cair" Isaías 26.19.
De Adão até
Jesus, Deus falou muitas vezes e de muitas maneiras pelos profetas (Hebreus
1.1-2). Todos os que morreram na fé, viram de longe a Jesus, e receberam a
justificação de Deus, e o novo nascimento, pela fé, crendo no Cordeiro de
Deus que havia de vir. Sempre foi anunciado que Jesus viria, e que Ele traria em
si mesmo a salvação: "O cetro não se arredará de Judá, nem o bastão
de autoridade dentre seus pés, até que venha aquele a quem pertence; e a ele
obedecerão os povos" Gênesis 49.10. "Vinde, e tornemos para o
Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará.
Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e
viveremos diante dele. Conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; a sua
saída, como a alva, é certa; e ele a nós virá como a chuva, como a chuva serôdia
que rega a terra" Oséias 6.1-4.
Antes do
nascimento de Jesus, Zacarias, pai de João Batista, profetizou da vinda de
Jesus e de Sua salvação poderosa que era atestada por todos os profetas quando
disse: "Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque visitou e remiu o seu
povo, e para nós fez surgir uma salvação poderosa na casa de Davi, seu servo;
assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela boca dos seus santos
profetas" Lucas 1.68-70. Simeão e Ana, pessoas justas que esperavam também
o Salvador, porque tinham sido avisados pelo Espírito Santo, viram o Salvador e
disseram: "Agora, Senhor, despedes em paz o teu servo, segundo a tua
palavra; pois os meus olhos já viram a tua salvação. Chegando ela (Ana) na
mesma hora, deu graças a Deus, e falou a respeito do menino a todos os que
esperavam a redenção de Jerusalém" Lucas 2.29-30, 38.
Jesus era o
Salvador de que falou Deus desde o Jardim do Éden, e Ele foi enviado por Deus
com a missão de morrer e ressuscitar, para que na Sua morte e ressurreição,
pudéssemos ser salvos da ira vindoura. Isso foi o que Jesus pregou desde o início
de seu ministério. Ele disse: "Há um batismo em que hei de ser batizado;
e como me angustio até que venha a cumprir-se!" Lucas 12.50. Este batismo
a que Jesus se refere, não é o batismo nas águas, porque neste batismo, Ele já
tinha sido batizado no Rio Jordão, mas aqui Ele fala do seu batismo juntamente
conosco na Sua morte e ressurreição. Ele disse: "Tomando Jesus consigo os
doze, disse-lhes: Eis que subimos a Jerusalém e se cumprirá no filho do homem
tudo o que pelos profetas foi escrito; pois será entregue aos gentios, e
escarnecido, injuriado e cuspido; e depois de o açoitarem, o matarão; e ao
terceiro dia ressurgirá" Lucas 18.31-33.
Jesus sempre
se apresentou como sendo aquele que nos levaria ao Pai, pois Ele disse: "Eu
sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim"
João 14.6, como também daquele quem as Escrituras falavam: "Examinais as
Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna; e são elas que dão
testemunho de mim" João 5.39. Jesus por onde andou, falou da Sua morte e
ressurreição, e também da nossa identificação juntamente com Ele na Sua
morte e ressurreição. Um testemunho disso, foi sua pregação a Nicodemus, um
príncipe de Israel. Ele mostrou essa identificação quando disse: "E como
Moisés levantou a serpente no deserto, assim importa que o Filho do homem seja
levantado; para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna" João
3.14-15.
Jesus quando
comparou a Sua salvação com a serpente levantada por Moisés no deserto,
estava dizendo a Nicodemus que todo aquele que olhasse para Jesus, seria salvo:
"Olhai para mim, e sereis salvos, vós, todos os confins da terra; porque
eu sou Deus, e não há outro" Isaías 45.22. Todo aquele que olhar para
Jesus, e crer que na sua crucificação o nosso homem velho foi com Ele
crucificado, que na Sua morte morremos juntamente com Ele, e pela morte fomos
justificados do pecado. Na Sua ressurreição, fomos ressuscitados juntamente
com Ele; também viverá eternamente e não perecerá (João 3.14-16; Romanos
6.6-7; Efésios 2.5). Como no deserto, depois de ter sido picado pelas serpentes
abrasadoras, aquele que olhava para a serpente de bronze vivia, em Jesus aquele
que olhar para Ele, crendo que está em Cristo, também viverá eternamente.
Em todo o
tempo de sua peregrinação, Jesus deu testemunho da Palavra da cruz, dizendo
que se Ele não morresse, ficaria só, como o único filho de Deus, mas se
morresse, muitos seriam gerados nele para a vida eterna (João 11.24). A maneira
que Ele morreu, foi nos atraindo no seu corpo naquela cruz: "Aquele que não
conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós, para que nele fossemos feitos
justiça de Deus" II Coríntios 5.21. Jesus quando em seu discurso falou
acerca de comer da sua carne e beber do seu sangue, muitos não entendendo o que
dizia, se escandalizaram, mas Ele estava falando de participarmos juntamente com
Ele da Sua morte e ressurreição. Comer da sua carne e beber do seu sangue, é
nos identificarmos pela fé na Sua morte e ressurreição: "Eu sou o pão
vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão
que eu darei pela vida do mundo é a minha carne" João 6.51.
A Palavra da
cruz, é a Palavra bendita de Deus que nos incluiu na morte, ressurreição e
exaltação de Jesus Cristo: "Ainda um pouco, e o mundo não me verá mais;
mas vós me vereis, porque eu vivo, e vós vivereis. Naquele dia conhecereis que
estou em meu Pai, e vós em mim, e eu em vós" João 14.19-20. Jesus fala
dessa nossa identificação na Sua morte e ressurreição quando disse aos seus
discípulos: "O cálice que eu bebo, haveis de bebê-lo, e no batismo em
que eu sou batizado, haveis de ser batizados" Marcos 10.39.
Como vimos,
Moisés, os profetas e os salmos, falaram de Jesus. O próprio Jesus deu
testemunho disso, e da obra que Ele iria realizar porque Ele sabia quem era, de
onde tinha vindo, e o que veio fazer: "Ainda que eu dou testemunho de mim
mesmo, o meu testemunho é verdadeiro; porque sei donde vim, e para onde vou;
mas vós não sabeis donde venho, nem para onde vou" João 8.14. Depois que
Jesus foi glorificado, Ele derramou o Espírito por Ele prometido sobre a
Igreja, e trouxe através do apóstolo Paulo toda a revelação do mistério
da salvação realizada por Ele na Sua morte, ressurreição e exaltação. Esse
mistério estava, como já vimos, escondido desde os tempos eternos, mas agora
tinha sido revelado pelo próprio Jesus (Gálatas 1.11-12). Esse mistério, era
a participação dos gentios nesta obra, e a nossa identificação com Cristo.
No novo nascimento, somos participantes da Sua natureza divina: "O mistério
que esteve oculto dos séculos, e das gerações; mas agora foi manifesto aos
seus santos, a quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória
deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória"
Colossenses 1.26-27. "Pelas quais ele nos tem dado as suas preciosas e
grandíssimas promessas, para que por elas vos torneis participantes da natureza
divina, havendo escapado da corrupção, que pela concupiscência há no
mundo" II Pedro 1.4.
O apóstolo
Paulo foi quem recebeu de Jesus Cristo este mistério da salvação de Deus, a
ponto dele próprio chamar estas grandes novas de: "meu evangelho"
(Romanos 16.25; 2.16; II Coríntios 4.3; I Tessalonicenses 1.5; II
Tessalonicenses 2.14). Até mesmo os apóstolos dão testemunho disso quando
disseram: "E tende por salvação a longanimidade de nosso Senhor; como
também o nosso amado irmão Paulo vos escreveu, segundo a sabedoria que lhe foi
dada; como faz também em todas as suas epístolas, nelas falando acerca destas
coisas, mas quais há pontos difíceis de entender, que os indoutos e
inconstantes torcem, como o fazem também com as outras Escrituras, para sua própria
perdição" II Pedro 3.15-16.
O evangelho,
a boa notícia que o apóstolo Paulo trazia, era Jesus Cristo. Jesus Cristo é o
testemunho de Deus, é a sabedoria de Deus e a justiça de Deus: "E eu, irmãos,
quando fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não fui com
sublimidade de palavras ou de sabedoria. Porque nada me propus saber entre vós,
senão a Jesus Cristo, e este crucificado" I Coríntios 2.1-2. Os judeus,
os religiosos pedem sinais, maravilhas para que possam crer. Os gregos, os que
buscam sábios pedem sabedoria, mas Cristo crucificado é escândalo para os
judeus e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, tanto judeus
como gregos, Cristo é poder de Deus e sabedoria de Deus (I Coríntios 1.30).
Hoje em dia,
como cumprimento das Escrituras para os finais dos tempos, o verdadeiro e
eficiente evangelho tem sido substituído pelas novidades, fábulas e tudo o que
seja sensório. Como conseqüência disso, as igrejas estão abarrotadas de
homens, mulheres e jovens com nome de que vivem, mas estão mortos (Apocalipse
3.1). Esta é uma evidência de apostasia dos finais dos tempos, que já estamos
vivendo. Apesar disso, a Palavra da cruz continua salvando com a mesma eficácia
de sempre. Muitas são as doutrinas ensinadas, e muitas são falsas e diversas,
mas sabemos em quem temos crido, e estamos bem certos de que Ele é poderoso
para guardar o nosso depósito até o Dia de Cristo. Devemos conservar o modelo
das sãs palavras que da parte de Deus temos ouvido, na fé e no amor que há em
Cristo Jesus (II Timóteo 1.12-13).
Somente nesta
Pessoa de Jesus, de quem toda a Palavra de Deus dá testemunho, está o poder de
Deus para a salvação. Todo o restante é palha, e não se pode chamar de
evangelho, mas de anátema: "Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu
vos pregasse outro evangelho além do que já vos pregamos, seja anátema"
Gálatas 1.8. Mas o apóstolo Paulo temia esta apostasia quando dizia: "Mas
temo que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também
sejam de alguma sorte corrompidos os vossos entendimentos e se apartem da
simplicidade e da pureza que há em Cristo" II Coríntios 11.3. "Tendo
cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs
sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não
segundo Cristo" Colossenses 2.8.
Só a Palavra
da cruz pode trazer a completa revelação da obra que Deus realizou em Cristo
Jesus para nos livrar do cativeiro do pecado, e nos levar para uma vida santa
diante dEle. A lei era fraca por causa da carne (Romanos 8.3), mas o sacrifício
de Jesus Cristo foi poderoso não apenas para perdoar os nossos pecados, mas
também para nos livrar do cativeiro da corrupção do pecado e agora podemos
viver para a justiça: "levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo
sobre o madeiro, para que mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça;
e pelas suas feridas fostes sarados" I Pedro 2.24.
Sem esta
libertação na morte de Jesus Cristo, o nosso testemunho sempre será este:
"Miserável homem que eu sou! quem me livrará do corpo desta morte?" Romanos
7.24. Mas
mortos para o pecado, e vivos para Deus em Cristo Jesus, podemos com alta voz
proclamar: "Mas graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor. Porque a lei
do Espírito da vida, em Cristo Jesus, me livrou da lei do pecado e da morte. Já
estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a
vida que agora vivo na carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e
se entregou a si mesmo por mim" Romanos 7.25; 8.2; Gálatas 2.20.
Na revelação
ao apóstolo Paulo, do evangelho de Deus, ele pela fé, testemunhou de sua
identificação juntamente com Cristo, mas em Romanos 7.4, ele nos diz que nós
também fomos incluídos na morte de Cristo, e também podemos crer e gozar
desta libertação: "Assim também vós, meus irmãos, fostes mortos quanto
à lei mediante o corpo de Cristo, para pertencerdes a outro, àquele que
ressurgiu dentre os mortos a fim de que demos fruto para Deus". Toda esta
revelação do mistério da salvação não foi de Paulo, mas de Jesus Cristo, e
o próprio Jesus testifica disso quando diz: " Eu testifico a todo aquele
que ouvir as palavras da profecia deste livro: Se alguém lhes acrescentar
alguma coisa, Deus lhe acrescentará as pragas que estão escritas neste livro;
e se alguém tirar qualquer coisa das palavras do livro desta profecia, Deus lhe
tirará a sua parte da árvore da vida, e da cidade santa, que estão descritas
neste livro" Apocalipse 22.18-19.
Quando
duvidamos do que está escrito na Palavra de Deus, estamos tirando alguma coisa
da Palavra, e isto custará a vida a todos aqueles que o fizerem. Toda Escritura
é divinamente inspirada e útil (II Timóteo 3.16). Todo aquele que não crer
em Jesus Cristo já está condenado, portanto, não é do apóstolo Paulo que as
Escrituras testificam, mas de Jesus. O apóstolo Paulo não falava de si mesmo,
ele foi apenas um instrumento; era Jesus que falava nele: "Porque nós não
somos falsificadores da palavra de Deus, como tantos outros; mas é com
sinceridade, é da parte de Deus e na presença do próprio Deus que, em Cristo,
falamos" II Coríntios 2.17.
A boa notícia
que Deus nos fala em Sua Palavra é a Pessoa de Seu Filho Jesus. Que Ele foi
levantado da terra, e nos atraiu em seu corpo: "E eu, quando for levantado
da terra, todos atrairei a mim" (João 12.32), e que na Sua crucificação,
"o nosso homem velho foi com ele crucificado, para que o corpo do pecado
seja desfeito, afim de não servirmos mais ao pecado como escravos (Romanos
6.6). Que "Deus sendo rico em misericórdia, pelo seu muito amor com que
nos amou, estando nós ainda mortos em nossos delitos, nos vivificou juntamente
com Cristo (pela graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e
com ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus" (Efésios
2.4-6). Agora estamos mortos, e a nossa vida está escondida com Cristo em Deus
(Colossenses 3.3).
Muitos
preferem alimentar a derrota do pecado, e erradamente identificam-se ao apóstolo
Paulo dizendo: - O bem que quero fazer não faço, mas o mal que não quero esse
faço. Paulo também vivia assim! Ainda dizem que só poderão viver uma vida
vitoriosa depois da morte física, sendo que não atentam para a vitória que o
próprio apóstolo Paulo diz em todas as suas cartas. "Os que são de
Cristo", proclama o apóstolo Paulo, "crucificaram a carne com as suas
paixões e concupiscências" Gálatas 5.24. Quem não morreu e ressuscitou
com Cristo, não pode experimentar a vitória sobre a lei do pecado e da morte,
mas os que estão em Cristo, mortos para o pecado e vivos para Deus, tem o seu
fruto para a santificação e por fim a vida eterna.
A lei do Espírito
de vida em Cristo Jesus, é que nos livra da lei do pecado e da morte: " e
libertos do pecado, fostes feitos servos da justiça" Romanos 6.18. Esta
vida é para AGORA, porque Deus nos diz em Sua Palavra que o nosso homem velho
FOI (o verbo está no passado, se FOI, já aconteceu, está consumado) com Ele
(Jesus) crucificado.
Se alguém crê
que o sacrifício de Jesus Cristo tira apenas a culpa dos pecados, nunca
conheceu o poder da salvação de Deus revelada pela Palavra da cruz. O salário
do pecado é a morte (Romanos 6.23), e quem comete o pecado é do Diabo (I João
3.8), mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus nosso Senhor.
Aquele que é nascido de Deus, não vive no pecado, porque a divina semente permanece
nele, e não pode pecar porque é nascido de Deus (I João 3.9). Crês isto?
Caso você não tenha nunca ouvido falar disso, é tempo para que você
considere: "antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso; como
está escrito: Para que sejas justificado em tuas palavras, e venças quando
fores julgado" Romanos 3.4. Para podermos ser justificado em nossas
palavras e vencer quando comparecermos ante a face de Deus, devemos crer em
"tudo o que os profetas disseram", e "por isso convém atentarmos
mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos
desviemos delas. Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme, e toda
transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, como escaparemos nós,
se descuidarmos de tão grande salvação? A qual, tendo sido anunciada
inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos que a ouviram"
Lucas 24.25; Hebreus 2.1-3.
Se alguém não
nascer de novo não pode ver o Reino de Deus. Se alguém não nascer da água e
do Espírito não pode entrar no Reino de Deus (João 3.3, 5). Nascer de novo não
é batismo nas águas. O nosso novo nascimento se deu na morte e na ressurreição juntamente com Cristo. Ninguém
pode nascer, sem primeiro morrer (I Coríntios 15.36). Se você não puder
confessar: "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que,
segundo a sua grande misericórdia, nos (fez nascer de novo) regenerou para uma
viva esperança, pela ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos", você
não conhece a Deus e nem a Seu Filho Jesus. Se você ainda está no seu pecado,
nunca viu nem conheceu Jesus: "Todo o que permanece nele não vive pecando;
todo o que vive pecando não o viu nem o conhece" I João 3.6.
O Livro
de Romanos, é considerado por muitos como o quinto evangelho, porque ele trata
de maneira muito clara toda a obra redentora de Jesus Cristo. Por isso Paulo
fala aos romanos que ele queria ir a Roma para lhes pregar o evangelho (Romanos
1.15). Como pregar o evangelho para pessoas que já eram filhos de Deus? O
evangelho é toda a obra redentora em Cristo, e ela inclui o sangue, a morte, a
ressurreição e até a ascensão de Cristo. No Livro de
Romanos Deus nos revela de maneira clara, toda esta obra de redenção feita
a qual ele chama a Palavra da Cruz. Vamos caminhar com a direção do Espírito Santo, e ouvir
o que Deus nos fala por ele. Seria necessário para um melhor acompanhamento,
que você fosse lendo em sua Bíblia cada capítulo aqui citado, principalmente
com oração, e com o coração aberto para a revelação de Deus.
Como vimos
anteriormente, o apóstolo Paulo foi aquele que recebeu de Jesus a revelação
do mistério da salvação. Em Romanos 1.1, o apóstolo fala desta sua separação
para o evangelho. Há muitas definições sobre o que significa evangelho. Para
alguns é definido como uma boa notícia, para outros é a morte e a ressurreição
de Jesus Cristo. Ambos são verdades, mas o evangelho não é a obra realizada
por Deus em Jesus Cristo, mas sim a própria Pessoa de Jesus Cristo. A boa notícia
é definida em Romanos, nos versos 2 a 6 do mesmo capítulo 1, como sendo Jesus
Cristo, que foi declarado Filho de Deus pela ressurreição dentre os mortos,
pelo qual recebemos a graça, o perdão, a remissão dos nossos delitos, a redenção,
a reconciliação, a justificação, a vida eterna, o chamamento e a glorificação
com a vida de Cristo em nós individualmente e como Igreja, o Corpo de Cristo. Tudo com a finalidade de sermos de Jesus Cristo.
O assunto da
carta aos Romanos é descrita nos versos 16 e 17 do mesmo capítulo que diz:
"o evangelho é a justiça que vem pela fé em Jesus Cristo". Este
evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê, pois em
Jesus Cristo, que é o evangelho, é revelada, de fé em fé a justiça de Deus,
que foi prometida pelos profetas nas Santas Escrituras, como está escrito:
"O meu justo viverá da fé". Esse versículo nos mostra que a justiça de
Deus é revelada de fé em fé. Primeiro sabemos e cremos na justiça pelo sangue,
depois Deus vem nos fazer conhecer a sua justiça também na morte e na
ressurreição de Cristo. E assim a justiça de Deus vai sendo revelada a nós, e de
fé em fé vamos prosseguindo em conhecer todo o Conselho de Deus.
Todos nós
descendemos de Adão, mas a humanidade se dividiu em dois grupos: os judeus e os
gentios, e relacionando com os nossos dias: os incrédulos e mundanos, e os
religiosos. Nos versos 18 a 32 deste mesmo capítulo 1 de Romanos, Deus nos fala
dos incrédulos ou gentios. Deus nos diz que por desconhecerem a Palavra de
Deus, e as suas leis, são inescusáveis ou indesculpáveis, porque os atributos
invisíveis de Deus, o seu eterno poder e divindade, são claramente vistos,
mediante as coisas criadas. Tendo conhecido a Deus por essas coisas criadas, não
o glorificaram como Deus, e dizendo-se sábios, mostram pela ignorância e
idolatria que são estultos e tolos, e tem mudado a glória do Deus incorruptível
em semelhança da imagem de homem corruptível (imagens de madeira, pedra,
etc...), e de aves, e de quadrúpedes, e de répteis. Por isso, o que se vê
entre estes são injustiças, maldades, malícia, cobiça, inveja, homicídio,
contendas, dolo e malignidade; fazendo, e aprovando os que também fazem. Deus
declara que são dignos de morte os que tais coisas praticam.
O segundo
grupo, que podemos chamar de religiosos, estão definidos por Deus no capítulo
2 do mesmo livro de Romanos, como aqueles que se julgam conhecedores de Deus, e
de Sua Palavra, que diz que conhece a Sua vontade e aprova as coisas excelentes,
sendo instruídos na lei; confiam que são guias dos cegos que estão no mundo,
luz para os que estão em trevas. Esses, Deus mostra que qualquer que julga a
outro, pensando estar numa melhor condição, só porque se diz ser um crente, e
participa de uma igreja evangélica, mas pratica as mesmas coisas, também são
indesculpáveis. Eles ensinam a outros e não ensinam a si mesmos. Dizem que não
se deve furtar e furtam. Pregam que não se deve adulterar e adulteram.
Gloriam-se que conhecem a Deus, mas desonram a Deus pela transgressão da
Palavra de Deus que pregam. Assim, pois, por causa desses chamados crentes, a
Palavra de Deus é blasfemada entre os que não conhecem a Deus. Jesus disse que
esses não entram, nem aos que entrariam permitem entrar (Mateus 23.13).
Todo aquele
que assim procede, estão entesourando ira para o dia da ira e do justo juízo
de Deus, e Ele retribuirá a cada um segundo as suas obras. O juízo de Deus é
segunda a verdade, contra os que tais coisas praticam. Os que pecaram e não
conheciam a Palavra, sem o conhecimento da Palavra irão perecer; e todos os que
dizem ter conhecimento da Palavra de Deus e pecaram, pela Palavra serão
julgados. Crente não é aquele que freqüenta uma igreja evangélica, mas é
aquele que o é interiormente, com um coração transformado por Deus, realizado
pelo Espírito, e não somente na letra, cujo louvor não provém dos homens,
mas de Deus.
No capítulo
3, do verso 1 ao 20, Deus compara os dois grupos de pessoas, e os engloba em um
só. Ele mostra que tantos os crentes que são só de nome, como os mundanos e
idólatras, todos estão debaixo do pecado. O diagnóstico de Deus para todos os
homens é que: "Não há justo, nem sequer um. Não há quem entenda, não
há quem busque a Deus. Todos se extraviaram; juntamente se fizeram inúteis. Não
há quem faça o bem, não há nem um só. Não há temor de Deus diante dos
seus olhos". Mas você poderá dizer: - E todos esses crentes que estão
dentro das igrejas, não estão buscando a Deus? Se ele não for nascido de
novo, alguém que morreu e ressuscitou com Cristo, não está buscando a Deus.
Todos esses podem estar buscando as bênçãos de Deus, seus milagres, suas
curas, prosperidade e etc..., mas Deus olhou e viu que ninguém estava buscando
a Ele.
Olhando hoje
para a multidão daqueles que se dizem crentes, e da quantidade de igrejas
denominacionais que encontramos, se esses são infiéis, por acaso a
infidelidade deles anulará a fidelidade de Deus? De maneira nenhuma. Deus
permanece fiel. Antes seja Deus verdadeiro, e todo homem mentiroso. Ora, nós
sabemos que tudo o que Deus diz em Sua Palavra, é para os que estão debaixo da
Palavra de Deus que Ele diz, para que se cale toda boca e todo mundo fique
sujeito ao juízo de Deus. Ninguém será justificado diante dEle, por cumprir
as obras da lei, pois a finalidade da lei é o pleno conhecimento do pecado.
A justiça de
Deus, como vimos, vem pela fé em Jesus Cristo. Somente a justiça de Deus, que
vem pela fé em Jesus Cristo, pode tornar-nos justificados diante dEle. A lei
era um aio, um disciplinador, até que viesse a promessa que era Jesus Cristo. A
Escritura profética é um candeia que alumia em lugar escuro, mas só a letra não
basta, é necessário que Jesus, a estrela da alva, surja em nossos corações
(II Pedro 1.19). O fim da lei é Cristo, e as Escrituras testificam dEle, mas a
justiça de Deus é pela fé, e necessitamos ir a Ele para termos vida (João
5.40).
Mas agora,
sem lei, tem-se manifestado a justiça de Deus, que é atestada pela lei e pelos
profetas, isto é, a justiça de Deus pela fé em Jesus Cristo para todos os que
crêem; porque não há para Deus diferença entre os pecadores, seja ele do
mundo, ou de dentro das igrejas. Porque todos pecaram, todos carecem da glória
de Deus. Todos necessitam dessa justificação, de ser feito justo por Deus.
Esta justificação se deu gratuitamente pela Sua graça, mediante a redenção,
isto é, o resgate do cativeiro da corrupção do pecado e do império da morte,
realizado em Jesus Cristo, na Sua morte e ressurreição.
Estando no
pecado e separados, era necessário esta redenção e a nossa reconciliação
com Deus, tornando-nos isentos de qualquer pagamento ou dívida. Esta redenção
foi necessária, porque com a queda nos nossos pais Adão e Eva, fomos com eles
lançados fora do Jardim do Éden, sem acesso à árvore da vida (Gênesis
3.23-24). O pecado fez separação entre nós e Deus (Isaías 59.2), e nos
colocou debaixo do domínio do diabo: "Quem comete o pecado é do diabo,
porque o diabo peca desde o princípio" I João 3.8, e para nos libertar,
Jesus participou da mesma carne e sangue que nós, para que pela morte Ele
destruísse aquele que tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse,
redimisse todos aqueles que com medo da morte, estavam por toda vida sujeitos a
escravidão (Hebreus 2.14-15).
Este resgate
realizado por Jesus, começou com o Seu sangue, pois, nós que noutro tempo estávamos
longe e separados, já pelo sangue de Jesus chegamos perto (Efésios 2.13). O
sangue de Jesus tem na justificação, a função de tornar o culpado em
inocente, inculpável, e justo, isto é, totalmente perdoado dos pecados
cometidos antes do conhecimento da verdade e o que trouxemos de Adão. Deus propôs
como propiciação, isto é, pelo sangue, Deus desviou e apaziguou a Sua Ira que
estava sobre nós. Ele mesmo na Pessoa de Jesus Cristo, estava propiciando,
tornando favorável, o perdão dos nossos pecados: "pois que Deus estava em
Cristo reconciliando consigo o mundo, não imputando aos homens as suas
transgressões" II Coríntios 5.19. Após terem pregado Jesus na cruz,
levantaram-no da terra, e neste momento Ele nos atraiu em seu próprio corpo (João
12.32). Para que houvesse a nossa reconciliação com Deus, foi preciso o sangue
ser derramado, para que aplacasse a Ira de Deus. Isto foi o que aconteceu, e
pelo sangue, nós que estávamos longe, chegamos perto, e este mesmo sangue
tornou propício a reconciliação e o perdão dos pecados.
Pelo seu
sangue também fomos remidos, porque estávamos sobre o império da trevas:
"em quem temos a redenção pelo seu sangue, a redenção dos nossos
delitos, segundo as riquezas da sua graça" Efésios 1.7. Pelo seu sangue
também fomos comprados para Deus, porque como vimos, éramos do diabo:
"porque foste morto, e com o teu sangue compraste para Deus homens de toda
tribo, e língua, e povo e nação" Apocalipse 5.9. Pelo seu sangue também
foi feito a paz e a reconciliação com Deus, porque no pecado nos tornamos
inimigos de Deus: "e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua
cruz, por meio dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que
estão na terra como as que estão nos céus" Colossenses 1.20. Pelo sangue
fomos também purificados dos nossos pecados: "e o sangue de Jesus seu
Filho nos purifica de todo pecado" I João 1.7. Por fim, o sangue de Jesus
nos libertou dos nossos pecados: "Àquele que nos ama, e pelo seu sangue
nos libertou dos nossos pecados" Apocalipse 1.5.
Muitos usam o
sangue como poder para expulsar demônios, ou curar enfermidades, mas é o Seu
Nome e não o sangue que tem poder para isto. O sangue tem como função
principal na justificação, a purificação dos nossos pecados: "E quase
todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de
sangue não há remissão" Hebreus 9.22. No capítulo 3 de Romanos, verso
25, Deus nos diz que pelo ato de justiça realizado em Jesus, Ele demonstrou a
Sua justiça, deixando de lado, passando por cima sem dar conta dos delitos que
cometemos anteriormente sob a Sua paciência. No sangue de Jesus, recebemos o
cumprimento da Sua promessa, de que não se lembraria mais dos nossos pecados
(Isaías 43.25). Deus apagou as nossas transgressões por amor dEle, e é pela fé
no sangue de Jesus que recebemos esta benção gloriosa. Isto não vai
acontecer, ela já aconteceu. O sangue já foi derramado, "tudo está
consumado" (João 19.30), e ele fala mais alto do que o de Abel (Hebreus
12.24).
O ato de
justiça de Deus em Jesus Cristo já foi realizado, mas isto não quer dizer que
todos os homens podem continuar vivendo no pecado, e estarão automaticamente
salvos. Agora, neste tempo presente, todos precisam receber de Deus a remissão
de pecados e a reconciliação com Ele, porque só Ele é justo e justificador
daquele que tem fé em Jesus. Hoje nos é apresentada por Deus a dispensação
da graça, isto é, Deus dispensa o homem da culpa em Adão, mas o condena se
ele não for justificado pela fé em Jesus Cristo, no Cordeiro de Deus que tira
o pecado do mundo, e conseqüentemente da nossa vida (João 1.29): " Pois
como em Adão todos morrem, do mesmo modo em Cristo todos serão
vivificados" I Coríntios 15.22. Hoje a condenação é esta: "Quem crê
nele não é julgado; mas quem não crê, já está condenado; porquanto não crê
no nome do unigênito Filho de Deus. E a condenação é esta: A luz veio ao
mundo, e os homens amaram antes as trevas que a luz, porque as suas obras eram más"
João 3.18-19.
O capítulo 4
de Romanos, é uma testificação da justificação pela fé, através do
testemunho de Abraão e de Davi. O povo judeu, considera Abraão seu pai, e Deus
nos mostra em Sua Palavra, que Abraão foi justificado diante dEle não pelas
obras da lei, mas pela fé. A humanidade hoje, e isto inclui os religiosos, não
pensa diferente do povo judeu daquela época. A grande maioria das pessoas, crêem
que a sua salvação se dá pelas obras que elas praticam. Se ela é uma pessoa
boa, procura fazer o bem e não matar, não roubar e etc..., estará salva,
mesmo que seja um pecador: "Propôs também esta parábola a uns que
confiavam em si mesmos, crendo que eram justos, e desprezavam os outros: Dois
homens subiram ao templo para orar; um fariseu, e o outro publicano. O fariseu,
de pé, assim orava consigo mesmo: Ó Deus, graças te dou que não sou como os
demais homens, roubadores, injustos, adúlteros, nem ainda com este publicano.
Jejuo duas vezes na semana, e dou o dízimo de tudo quanto ganho. Mas o
publicano, estando em pé de longe, nem ainda queria levantar os olhos ao céu,
mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, o pecador! Digo-vos
que este desceu justificado para sua casa, e não aquele; porque todo o que a si
mesmo se exaltar será humilhado; mas o que a si mesmo se humilhar será
exaltado" Lucas 18.9-14.
Deus nos
ensina que a graça é um dom imerecido, e no verso 2 do capítulo 4 de Romanos,
se alguém for justificado por causa de suas obras, ela sempre terá do que se
gloriar mas não diante de Deus. Qualquer pessoa salva por suas obras, ficaria
pela eternidade se gabando da sua salvação, e isto anularia a obra da graça
de Deus em Jesus Cristo: "Não faço nula a graça de Deus; porque, se a
justiça vem mediante a lei, logo Cristo morreu em vão" Gálatas 2.21.
Toda a glória nesse caso seria humana e não de Deus. Por isso é que Deus nos
diz nos versos 4 e 5, que se alguém fizer qualquer coisa, ou trabalhar para a
sua salvação, a recompensa dela seria dada como dívida e não como dádiva. A
atitude de todo aquele que pensa alcançar a sua salvação pelas obras, seria a
de cobrar de Deus a salvação como pagamento pelo esforço realizado.
Caso fosse
assim, Deus seria colocado como devedor, e não como o Autor da Graça. Ninguém
será recompensado por temer a Deus, ser reto e desviar do mal, porque esse é o
dever de todo homem: " Este é o fim do discurso; tudo já foi ouvido: Teme
a Deus, e guarda os seus mandamentos; porque isto é todo o dever do homem"
Eclesiastes 12.13.O homem é devedor dessas coisas e não Deus. Ninguém será
justificado por fazer as coisas certas, por participar de uma igreja evangélica,
por construir igrejas, por se abster do pecado, e nem por ter feito jejuns e
etc..., mas por fé em Jesus Cristo. Ninguém será justificado pelas obras,
pois a salvação não será dada por dívida, mas sim por dádiva de Deus.
Qualquer um
para ser justificado diante dEle, precisa primeiro reconhecer-se um ímpio, um
pecador perdido, e que somente Deus pode justificá-lo e salvá-lo da ira
vindoura, inteiramente por Sua Graça e Misericórdia na Pessoa de Jesus Cristo,
e nada mais. Somente a fé no sacrifício de Jesus será contada por Deus como
justiça. Deus sobre isso diz: "É pela graça que sois salvos, por meio da
fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus; não das obras, para que ninguém
se glorie" Efésios 2.8-9. "Porque desde a antiguidade não se ouviu,
nem com ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu um Deus além de ti, que
opera a favor daquele que por ele espera" Isaías 64.4. "Eu, eu sou o
Senhor, e fora de mim não há salvador. Eu anunciei, e eu salvei, e eu os fiz
ouvir" Isaías 43.11-12. Deus nos ensina que qualquer coisa fora da Sua
Pessoa, e de Seu Filho Jesus, não poderá salvar. Fora dEle não há salvação.
Fora dEle,
podemos considerar como lixo, como esterco (Filipenses 3.7-12). Deus é um
salvador tão perfeito e gracioso, que Ele não aceita de nós nem uma pequena
obra que seja. Ele já fez por nós todas as nossas obras: "Senhor, tu hás
de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para nós todas as nossas
obras" Isaías 26.12. Davi também declara que ser bem-aventurado, isto é,
ser muito feliz, é aquele a quem Deus atribui a justiça sem qualquer obra,
pois está escrito: "Bem-aventurado aqueles cujos pecados são cobertos.
Bem-aventurado o homem a quem o Senhor não imputará o pecado". As obras não
podem salvar, nem tornar alguém mais apresentável diante de Deus. Em primeiro
lugar, porque elas anulariam toda a obra de Jesus no calvário, e também
eliminaria o fundamento de Deus, o qual é Jesus Cristo (I Coríntios 3.11).
Todo edifício precisa de um fundamento, um alicerce, para que depois a obra
seja feita sobre ele. Na salvação de Deus não é diferente. Toda obra
edificada fora do fundamento de Deus, que é Jesus Cristo, irá ruir no dia do
Senhor: "Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as põe em prática,
será comparado a um homem prudente, que edificou a casa sobre a rocha. E desceu
a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra
aquela casa; contudo não caiu, porque estava fundada sobre a rocha. Mas todo
aquele que ouve estas minhas palavras, e não as põe em prática, será
comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia. E desceu
a chuva, correram as torrentes, sopraram os ventos, e bateram com ímpeto contra
aquela casa, e ela caiu; e grande foi a sua queda" Mateus 7.24-27.
Deus não
considera nenhuma obra edificada fora de Jesus. Toda obra que não é edificada
sobre Ele, é uma obra vã, é uma obra morta. Nesta salvação, existe uma
promessa dada por Deus, e se são as obras que tornam alguém herdeiros desta
promessa, logo a fé é vã e a promessa é anulada. Mas se é pela graça, já
não é pelas obras, do contrário a graça já não é graça (Romanos 11.6). A
Palavra da cruz mostra toda a graça de Deus dada em Jesus Cristo, pois Jesus se
tornou maldição por nós. Não há outro meio para a salvação, pois não é
aprovado diante de Deus, aquele que a si mesmo se louva pelas suas obras,
mas aquele a quem o Senhor louva. Não será aprovado aquele que se apresentar
diante dEle com as suas obras, com seus méritos, mas unicamente pela graça,
pelos méritos de Jesus.
Graças a
Deus, porque caso a nossa exaltação fosse feita por nossos próprios méritos,
não passariam de trapos de imundícia (Isaías 64.6). Mas como a nossa exaltação
é feita pelos méritos de Jesus, estamos assentados no lugar mais alto, nos
lugares celestiais em Cristo: "e nos ressuscitou juntamente com ele, e com
ele nos fez sentar nas regiões celestes em Cristo Jesus" Efésios 2.6.
"Dar-lhes-ei na minha casa e dentro dos meus muros um memorial e um nome
melhor do que o de filhos e filhas; um nome eterno darei a cada um deles, que
nunca se apagará" Isaías 56.5. "Àquele que nos ama, e pelo seu
sangue nos libertou dos nossos pecados, e nos fez reino, sacerdotes para Deus,
seu Pai" Apocalipse 1.5-6. As obras não podem salvar o homem, mas Jesus
sim, e a graça e a verdade vieram por Ele (João 1.17). Fora de Jesus Cristo,
ninguém poderá receber a graça e a verdade de Deus.
O capítulo 5
do livro de Romanos, inicia falando sobre isto quando diz: "Justificados,
pois, pela fé, tenhamos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo, por quem
obtivemos também nosso acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e
gloriemo-nos na esperança da glória de Deus" Romanos 5.1-2. Jesus é
chamado em Isaías 9, no verso 6, de "Príncipe da Paz". Príncipe
porque Ele é o único mediador entre Deus e os homens (I Timóteo 2.5). Príncipe
da paz, porque Ele intermediou a nossa reconciliação com Deus e estabeleceu a
paz: "e que, havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz, por meio
dele reconciliasse consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra
como as que estão nos céus" Colossenses 1.20. Jesus em João 14.27, nos
faz a promessa de deixar esta paz consumada. Não é uma paz como o mundo a dá,
pois a paz que o mundo dá, é a paz que depende das circunstâncias. Se estamos
com boa saúde, sem problemas com as coisas deste mundo, então estamos em paz.
Caso contrário, ficamos perturbados, preocupados e ansiosos. A paz que Jesus
nos dá não é uma paz circunstancial, mas a paz com uma Pessoa: é a paz com
Deus. "Ele é a nossa paz..." (Efésios 2.14).
Nós estávamos
mortos em nossos delitos e pecados, e éramos por natureza filhos da ira. Quando
estamos no pecado, somos estranhos, e inimigos no entendimento pelas nossas
obras malignas (Efésios 2.1-3; Colossenses 1.21). É por isso que Jesus foi
feito propiciação por nós. Sem essa propiciação, não poderíamos chegar à
Presença de Deus, pois como inimigos de Deus, e a vida no pecado, seríamos
fatalmente consumidos pela Sua Glória (Êxodo 33.5). Agora, Jesus é a nossa
paz, e a reconciliação com Deus está consumada. Aleluia! É o próprio Deus
que afirma isto em Sua palavra quando diz: "Mas Deus dá prova do seu amor
para conosco, em que, quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós.
Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele
salvos da ira. Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com
Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos
salvos pela sua vida" Romanos 5.8-10.
Tudo isto é
prova do seu amor para conosco. O próprio Deus dá testemunho disso quando diz
que esta Paz já está estabelecida. Não precisamos mais temer a Ira vindoura.
Só provarão da Ira de Deus, àqueles que não crêem que estão mortos e
ressuscitados juntamente com Cristo: "Pois quem está morto está
justificado do pecado" Romanos 6.7. Todas as coisas provêm de Deus, que
nos reconciliou consigo mesmo por Cristo (II Coríntios 5.18). Deus nos faz
conhecer o que já está consumado em Jesus Cristo quando diz: "agora
contudo vos reconciliou no corpo da sua carne, pela morte, a fim de perante ele
vos apresentar santos, sem defeito e irrepreensíveis, se é que permaneceis na
fé, fundados e firmes, não vos deixando apartar da esperança do evangelho que
ouvistes" Colossenses 1.22-23.
Que evangelho
você tem ouvido e crido, veja neste textos das Escrituras, que fomos
reconciliados com Deus no corpo da sua carne, pela morte. Não somente da morte
de Jesus, mas da nossa morte juntamente com Ele. Só mortos e ressuscitados em
Cristo, podemos nos apresentar perante Deus, santos, inculpáveis e irrepreensíveis.
Nos apresentamos santos, porque fomos santificados pela oferta do corpo de Jesus
Cristo, feita uma vez para sempre (Hebreus 10.10). Inculpáveis porque no sangue
fomos totalmente perdoados. Irrepreensíveis porque na nossa morte juntamente
com Cristo o pecador morreu, e na nossa ressurreição juntamente com Ele, fomos
regenerados (I Pedro 1.3), fomos gerados por Deus em uma nova criatura, feitura
de Jesus Cristo, revestidos de Cristo: "Porque todos quantos fostes
batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo" Gálatas 3.27.
Como Deus nos
diz em Romanos 5.10, a salvação é pela Sua Vida. Aquele que está em Cristo
é uma nova criatura, as coisas velhas já passaram, eis que tudo se faz novo
(II Coríntios 5.17), portanto, quem está em Cristo, está perfeito nEle:
"Estais perfeitos nele, que é o cabeça de todo o principado"
Colossenses 2.10. Há muitas pessoas que vivem no pecado, e pensam que tendo
como prática pedir perdão a Deus, poder viver desta maneira e Deus aceitá-lo.
O pecado é rebeldia contra Deus (I João 3.4), portanto, todo aquele que vive
no pecado, também vive na rebeldia. Todo aquele que está no pecado, está
separado de Deus (Isaías 59.2), é inimigo de Deus pelas suas obras más
(Colossenses 1.21), está morto em delitos e pecados (Efésios 2.1), está
destituído da glória de Deus (Romanos 3.23), separado da vida de Deus pela
ignorância que há nele (Efésios 4.18), está em Adão (Romanos 5.12), e é do
diabo (I João 3.8). Se alguém disser que Cristo vive nele, e continua vivendo
no pecado, ela é uma incrédula que nunca viu, nem conheceu a Jesus. Ele não
conhece aquele que se manifestou para tirar o pecado, para salvar o seu povo dos
pecados deles (Mateus 1.21): "que se deu a si mesmo por nós para nos remir
de toda a iniqüidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas
obras" Tito 2.14.
É incrédulo
aquele que ouve Deus dizer que em Jesus nos remiu de toda iniqüidade, e
purificou pelo seu sacrifício um povo para si, e continuar vivendo no pecado.
Quem diz estar vivendo em Cristo, mas continua pecando, e prega isto como sendo
verdade a outras pessoas, estará dizendo que o sacrifício de Jesus não tem
poder para tirar os pecados. Todo aquele que assim pensa, professa que o diabo
é mais poderoso que Deus. Este é o espírito do anticristo. Estes são os
que querem satisfazer o pai da mentira, pois é Deus quem afirma: "Aquele
que é nascido de Deus não peca; porque a semente de Deus permanece nele, e não
pode continuar no pecado, porque é nascido de Deus" I João 3.9. Quem
nasce de Deus não pode continuar no pecado. Diante da obra consumada, Deus nos
chama à purificação quando diz: "Pelo que, saí vós do meio deles e
separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei; e eu
serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor
Todo-Poderoso. Ora, amados, visto que temos tais promessas, purifiquemo-nos de
toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a santidade no temor
de Deus" II Coríntios 6.17-18; 7.1.
No capítulo
5 de Romanos, por várias vezes o Espírito usa a palavra "muito
mais". Com isto, Ele destaca a extrema graça dada por Deus no sacrifício
de Jesus Cristo, em razão da transgressão de Adão. No verso 12, Deus nos
mostra que por Adão entrou o pecado no mundo, e pelo pecado a morte, assim a
morte passou a todos os homens, por isso é que todos pecaram. Deus nos revela
com isto, que todos os homens estavam em Adão quando ele pecou. Como a morte é
uma conseqüência do pecado, todos nós pecamos em Adão e estamos mortos para
Deus. Vivemos para nós mesmos, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos, e
satisfazendo a vontade do diabo, o pai da mentira (João 8.44). A morte é a
separação completa da comunhão com o Espírito de Deus. Nesta condição, se
alguém anda nas trevas, e diz ter comunhão com Ele é mentiroso, e não
pratica a verdade (I João 1.5-6).
Aonde estiver
o pecado, aí estará a morte. Aonde estiver a morte, aí estará o pecado. Os
dois são inseparáveis. Mas onde estiver Jesus Cristo, aí estará a paz, estará
a vida: "Quem tem o Filho tem a vida, quem não tem o Filho de Deus não
tem a vida" I João 5.12. Muitos não admitem viver sem pecado nesta vida
terrena porque não crêem em Deus e no Cordeiro que Ele proveu para si. Para
Deus o sacrifício de Jesus foi "muito mais" poderoso, e anulou o
poder e a conseqüência da transgressão de Adão e o poder das trevas. "O
salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em
Cristo Jesus nosso Senhor" Romanos 6.23.
O dom
gratuito de Deus não tem a mesma equivalência da transgressão de Adão,
porque se pela ofensa de Adão morreram muitos, "muito mais" a graça
de Deus, e o dom pela graça de um só homem, Jesus Cristo, abundou para com
muitos. Você pode compreender o que significa esta palavra "abundou"?
É muito mais do que pagou a conta, eliminou a dívida. Caso isto seja pouco
para você, no verso 20, Deus diz que: "onde o pecado abundou, superabundou
a graça". Você é um pecador? e tem visto que o pecado é um poder dentro
de você que não se pode livrar? Em Jesus você encontrará superabundância da
graça, Ele te dá vida e vida com abundância (João 10.10).
Nós estávamos
em Adão quando ele pecou, e isto trouxe sobre nós o pecado e a morte, mas Deus
também nos revela em Sua Palavra que estávamos em Cristo quando ele se
ofereceu para se tornar a nossa justiça. A transgressão de Adão trouxe conseqüências
sérias para toda a humanidade, mas o sacrifício de Jesus Cristo veio ser
"muito mais" abundante, pois, ele não só destruiu toda a conseqüência
do pecado, como também o próprio pecado e a morte: "que nos salvou, e
chamou com uma santa vocação, não segundo as nossas obras, mas segundo o seu
próprio propósito e a graça que nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos
eternos, e que agora se manifestou pelo aparecimento de nosso Salvador Cristo
Jesus, o qual destruiu a morte, e trouxe à luz a vida e a imortalidade pelo
evangelho" II Timóteo 1.9-10.
Enquanto Deus
nos fala neste capítulo 5 de Romanos sobre as conseqüências da transgressão
de Adão, Ele também mostra que em Cristo foi "muito mais", há abundância
de graça, e superabundância derramada sobre nós. Só o incrédulo acha que
Jesus não pode tirar do homem o pecado, e a conseqüência da transgressão de
Adão. Deus usa em Sua Palavra estas expressões, para mostrar-nos que as bênçãos
que nos foram dadas em Jesus Cristo, são infinitamente maiores do que as maldições
e as derrotas de nossa pai Adão. A ofensa veio por um só que pecou, mas o dom
gratuito veio pelas ofensas de toda a humanidade para o perdão. Por causa do
pecado de Adão, a morte veio a reinar sobre todos, tornando-nos escravos do
pecado, mas quem recebe a abundância da graça e o dom da justiça, reinará em
vida por meio de Jesus Cristo. Portanto, assim como por um só pecado de Adão
veio o juízo sobre todos os homens para a condenação, assim também pelo
sacrifício de Jesus Cristo, veio a graça sobre todos os homens para a
justificação que dá a vida.
No verso 18
de Romanos capítulo 5, Deus nos ensina que o sacrifício de Jesus Cristo foi um
ato de justiça, por toda a humanidade, mas Ele não está dizendo com isto que
toda a humanidade está justificada perante Ele. O que Deus está nos ensinando
por este texto das Escrituras, é que o sacrifício de Jesus Cristo foi um ato
de justiça, sendo que é a justificação que dá a vida. É aqui que Deus nos
ensina que ninguém pode ser justificado perante Ele se não conhecer a Palavra
da cruz. Neste ato de justiça, temos o sangue derramado por nós, a morte de
Jesus e a nossa morte juntamente com Ele, a ressurreição de Jesus e a nossa
ressurreição juntamente com Ele. O sacrifício de Jesus foi um ato de justiça,
mas é a justificação pela fé que nos dá a vida. Ainda que esta morte seja
por todos, só recebem a vida, aqueles que são justificados pela fé nEle.
Sobre isto, voltamos a insistir que ninguém pode crer em algo que não ouviu
falar.
A justificação
é pela fé, e só será imputada em alguém como justiça, se esta pessoa crer:
"Creu Abraão a Deus, e isso lhe foi imputado como justiça" Romanos
4.3. Podemos constatar isto, quando no verso 19 de Romanos 5, Deus nos diz que não
todos, mas muitos serão feitos justos. Deus estabeleceu a lei, com a finalidade
de mostrar a incompetência do homem de obedecê-lo sem a vida de Cristo. São
muitos os pecadores, e mais abundante as suas transgressões; mas, "onde o
pecado abundou, superabundou a graça, para que, assim, como o pecado veio a
reinar na morte, assim também viesse a reinar a graça pela justiça para a
vida eterna, por Jesus Cristo nosso Senhor" v.20-21.
Esta obra em
Jesus Cristo, é o que Deus chama de dispensação da graça. O evangelho é
apresentado como um presente, como uma dádiva de Deus para que o homem não
pereça, mas tenha a vida eterna. Para isso, Deus dispensou o homem da culpa por
Jesus Cristo, e agora o está experimentando à obediência pela revelação de
que "tudo está consumado" (João 19.30), "Creias e verás a glória
de Deus" João 11.40, "vinde, porque tudo está pronto" (Lucas
14.17), "Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, receba de graça da água
da vida" (Apocalipse 23.17, "Ó vós, todos os que tendes sede, vinde
às águas, e os que não tendes dinheiro, vinde, comprai, e comei; sim, vinde e
comprai, sem dinheiro e sem preço" (Isaías 55.1). A dispensação da graça
de Deus é o convite de Deus a gozar da Sua Graça. Em toda a Escritura, vemos
Deus chamando o homem a esta graça, e que se arrependa dos seus maus caminhos,
se converta e seja curado, que creia somente.
Até o capítulo
5 de Romanos, Deus trata da graça dada em Cristo Jesus, mas no capítulo 6,
Deus nos traz a revelação que no sacrifício de Jesus Cristo, houve uma
libertação completa, e não somente perdão. Através capítulo 6 de Romanos,
Deus nos mostra toda a obra consumada por Jesus naquela cruz. Como diz o verso
8: "se alguém crer nisso, com ele viverá". Depois de Deus nos
revelar que o sacrifício de Jesus não só destruiu a inimizade causada pelo
pecado de Adão, mas também destruiu o pecado, a morte, o império do diabo, e
muito mais, e nos colocou nos lugares celestiais, debaixo do reinado da graça,
pela justiça para a vida eterna.
Diante desta
salvação poderosa que Deus levantou, libertando-nos de todos os nossos
inimigos, permaneceremos no pecado para que a graça de Deus seja mais
abundante? De maneira nenhuma. Há uma certa indignação nesta pergunta. Será
que depois de toda esta obra gloriosa, feita por Deus e por Jesus Cristo, vamos
continuar permanecendo debaixo da escravidão do pecado? A resposta para todos
os que crêem é: De maneira nenhuma.
Diante da
Palavra de Deus, e do fato consumado, não há o que conjeturar. Só há três
possibilidades: Ou dizemos: Creio, ou não creio, ou então não sabia disto. Na
primeira hipótese, quem crê será salvo, já quem não crê está condenado. Não
vai ser condenado, mas já está condenado. Na terceira hipótese, o próprio
Deus, no verso 3, pergunta: "Ou não sabeis?" Não é possível crer
na obra redentora de Jesus Cristo e continuar vivendo no pecado. Todo aquele que
vive voluntariamente no pecado, depois de ter recebido o pleno conhecimento da
verdade, já não resta mais sacrifício pelos pecados, mas uma expectação
terrível de juízo, e um ardor de fogo que há de devorar os adversários
(Hebreus 10.26-27). Todo aquele que está no pecado está destituído da glória
de Deus, e todo aquele que vive para Deus, está morto para o pecado pelo corpo
de Cristo: "Nós que já morremos para o pecado, como viveremos ainda
nele?" Romanos 6.2. "Não sabeis que daquele a quem vos apresentais
como servos para lhe obedecer, sois servos desse mesmo a quem obedeceis, seja do
pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?" Romanos 6.16.
Somos servos
daquele a quem obedecemos. Ou servimos a Deus para a justiça, ou ao pecado para
a morte, não há outra possibilidade. Não há como viver no pecado diante de
Deus, porque todos os que estão no pecado, estão mortos para Deus. Se você não
está morto para o pecado, espero que não seja incredulidade, mas ignorância.
Não quero que você seja como muitos que pensam que apenas aceitar a Jesus, e não
estarem livres do pecado, é suficiente para viverem diante de Deus, mas que você
diga: - Eu não sabia disso. Deus no verso 3 de Romanos 6 nos diz: "Ou não
sabeis que todos quantos fomos batizados em Cristo Jesus, fomos batizados na sua
morte?". Deus não está falando de batismo nas águas, mas do nosso
batismo no corpo de Cristo na sua morte. O batismo nas águas não salva, o
batismo no Espírito Santo não salva, mas o batismo na morte de Jesus Cristo,
é o único batismo que pode salvar.
Nós fomos
batizados na morte de Jesus Cristo, quando Ele foi crucificado e levantado da
terra naquela cruz. É sobre isso que falamos anteriormente e agora Deus vem
confirmar pela Sua Palavra no livro de Romanos. Nós, na morte de Jesus Cristo,
fomos totalmente identificados com Ele naquela cruz, porque era nós que teríamos
que estar lá e pagar toda a dívida. Foi o corpo de Jesus que foi pregado
naquela cruz, mas para Deus, éramos nós que estávamos lá: "Pois o amor
de Cristo nos constrange, porque julgamos assim: se um morreu por todos, logo
todos morreram" II Coríntios 5.14. A morte de Jesus Cristo é a nossa
morte, é a morte do pecador, é a morte do velho homem, é a morte da natureza
adâmica e pecadora que herdamos de nossos pais, é a morte para o mundo, é a
morte para o pecado, é a libertação dessa geração incrédula e perversa.
Fomos
sepultados com ele pelo batismo na morte, para que como Cristo ressuscitou
dentre os mortos para a glória do Pai, andemos nós também em novidade de
vida. Porque se fomos plantados juntamente com Ele na semelhança da Sua morte,
certamente o seremos na semelhança da Sua ressurreição. A ressurreição de
Jesus Cristo é a nossa ressurreição, é o nosso novo nascimento, é o
nascimento de uma vida santa, de uma nova natureza, o viver para Deus, a vida
eterna. Jesus morreu e nos incluiu na Sua morte, para que pudéssemos morrer
para o pecado, e estamos mortos. Deus ressuscitou a Jesus dentre os mortos, para
que nós pudéssemos receber vida, e vida com abundância: "Em verdade, em
verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou,
tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a
vida" João 5.24.
Aquele que
está em Cristo (estar em Cristo, é estar para dentro de Cristo, para dentro do
seu corpo em sua morte e ressurreição), nova criatura é (é uma nova criação,
não pertence mais a esta geração incrédula e perversa, mas à nova geração
dos filhos de Deus em Jesus Cristo); as coisas velhas já passaram (não existe
mais o pecador. Deus não nos vê mais em Adão, mas em Cristo); eis que tudo
(absolutamente tudo) foi feito por Deus, novo: "os quais não nasceram do
sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus" João
1.13. A única obra realizada em Jesus, que ainda não somos participantes é a
transformação do nosso corpo, o restante, já nos foi dado tudo por Deus:
"visto como o seu divino poder nos tem dado tudo o que diz respeito à vida
e à piedade, pelo pleno conhecimento daquele que nos chamou por sua própria glória
e virtude" II Pedro 1.3. Para Deus, a única parte de nós que ainda
continua corruptível, ou mortal por causa do pecado é o nosso corpo, mas para
isto Deus já nos proveu a libertação quando diz: "Ora, se Cristo está
em vós, o corpo, na verdade, está morto (é mortal) por causa do pecado, mas o
espírito vive por causa da justiça. E, se o Espírito daquele que dos mortos
ressuscitou a Jesus habita em vós, aquele que dos mortos ressuscitou a Cristo
Jesus há de vivificar também os vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que
em vós habita" Romanos 8.10-11.
Se
você
ainda está debaixo da escravidão do pecado, e seu velho homem ainda continua
atuando dentro de você, Deus te faz saber no verso 6 de Romanos 6, que o nosso
velho homem já foi com Ele crucificado, para que o corpo do pecado fosse destruído,
e não servíssemos mais ao pecado como escravos. Deus está nos dizendo que
esta obra está consumada, o velho homem FOI com Ele crucificado. Deus está nos
dizendo que não foi Jesus somente que foi crucificado naquela cruz, mas que o
nosso velho homem também FOI com Ele crucificado. Você sabe por que o nosso
velho homem também FOI com Jesus crucificado? Para que o corpo do pecado, isto
é, a fonte produtora de pecados, a fábrica de pecados, a árvore má que
produz os maus frutos, o coração de pedra de onde procede todo o pecado, fosse
destruída, arrancada, desfeita. Este corpo do pecado que nascemos com Ele, FOI
com Jesus destruído na Sua morte naquela cruz. Deus destruiu o nosso velho
homem em Jesus Cristo, para que pudéssemos ficar livres do cativeiro do pecado,
e não servíssemos mais ao pecado como escravos, porque Jesus disse que:
"todo aquele que comete o pecado, é escravo do pecado. Se, pois, o Filho
vos libertar, verdadeiramente sereis livres" João 8.34, 36.
FOI é
passado, e se ainda "é" em sua vida, é porque você não sabia, ou não
creu. Muitos dizem que ainda viveremos debaixo do domínio do velho homem
durante o tempo que vivermos nesta terra. Outros dizem que devemos subjugar o
velho homem, e tirá-lo do trono e estabelecer Jesus nele, mas nada disso Deus
sustenta em Sua Palavra. Ele consumou todas as coisas, e agora testemunha que em
Jesus Cristo, o nosso velho homem FOI crucificado, está morto, destruído. Ele
foi crucificado com Jesus, e agora podemos viver em novidade de vida,
completamente livres do domínio dele. Em Adão adquirimos este velho homem, em
Cristo ele foi completamente destruído. Somente a sua incredulidade pode não
fazê-lo participante desta libertação.
No verso 8 de
Romanos 6, Deus fala aos que crêem: "Se morremos com Cristo, cremos que
com Ele viveremos". Morrer com Cristo não é obra da fé, porque é um
fato consumado, mas viver com Cristo sim. Todos nós morremos com Cristo, e isso
ninguém pode mudar na história, está consumado, mas agora Deus te coloca
diante da vida: "Creia que com Ele viverás". Se você crê que morreu
com Cristo, você está livre do velho homem e do pecado, e está vivendo com
Ele, se você não morreu, você ainda está no pecado, e é escravo dele. Deus
não tem mais nada a fazer, tudo está feito. Agora Ele te diz: "Crê
somente".
Como Jesus
disse a Nicodemus, é olhando para Ele que seremos salvos. Nos versos 9 a 14 de
Romanos 6, Deus nos ensina como obedecer de coração a forma de doutrina que
somos entregues (Romanos 6.17). Uma vez Jesus tendo ressurgido dentre os mortos,
já não morre mais. A morte não mais terá domínio sobre ele. Jesus agora tem
as chaves da morte e do inferno (Apocalipse 1.17-18). A morte só tem domínio
sobre aqueles que estão no pecado. Jesus não morreu porque pecou, mas morreu
porque quando nos atraiu em Seu corpo, tornamos Ele um pecador com a nossa
natureza: "Aquele que não conheceu o pecado, Deus o fez pecado por nós"
II Coríntios 5.21. "Levando ele mesmo os nossos pecados em seu corpo sobre
o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça;
e pelas suas pisaduras fomos sarados" I Pedro 2.24.
No verso 10,
Deus nos ensina que Jesus Cristo morreu para o pecado, porque na sua morte, Ele
ficou livre dele. Caso Jesus tivesse descido da cruz, depois de ter nos atraído
em seu corpo, como intencionada Satanás (Marcos 15.31-32), Ele com toda a
certeza seria um pecador comum. Mas foi a sua morte que o livrou do pecado, bem
como das nossas iniqüidades que estavam sobre Ele, e de todos os pecados do
mundo. Jesus não poderia se livrar do pecado que estava nEle se não tivesse
morrido. Nós também não podemos nos livrar do pecado se não morrermos. A Sua
morte, foi a própria libertação dele, e é a nossa também. Ele depois que
morreu, de uma vez por todas morreu para o pecado, mas, quanto a viver, vive
para Deus. Quando Deus deu vida a Jesus na ressurreição, lhe deu uma nova
vida, para viver para Deus e não para o pecado, e assim é conosco também. Nós
recebemos a mesma vida que Jesus recebeu na ressurreição, e já podemos gozar
dela: "Declarou-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida; quem crê em
mim, ainda que morra, viverá; e todo aquele que vive, e crê em mim, jamais
morrerá. Crês isto?" João 11.25-26.
Jesus fez o
pecado cessar com a Sua morte, e o pecado ainda não cessou na vida de milhares
de pessoas por pura incredulidade. Deus fez com que Jesus verdadeiramente
tirasse a iniqüidade desta terra num só dia: "Pois eis aqui a pedra que
pus diante de Josué; sobre esta pedra única estão sete olhos. Eis que eu
esculpirei a sua escultura, diz o Senhor dos exércitos, e tirarei a iniqüidade
desta terra num só dia" Zacarias 3.9. Deus também com a ressurreição de
Jesus, aniquilou a morte para sempre: "Aniquilará a morte para sempre, e
assim enxugará o Senhor Deus as lágrimas de todos os rostos, e tirará de toda
a terra o opróbrio do seu povo; porque o Senhor o disse" Isaías 25.8. Não
se engane mais achando que sua religiosidade, ou suas obras lhe levarão para o
céu, diga a Deus: - Senhor, ajuda a minha incredulidade.
Se Deus
aniquilou a morte, é porque aniquilou o pecado, porque onde há morte está o
pecado: "mas agora, na consumação dos séculos, uma vez por todas se
manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo" Hebreus
9.26. Jesus tirou o pecado do mundo, e o pecado só existe no interior do homem
por causa da sua incredulidade. É segurança repetirmos isso várias vezes.
Podemos viver
para Deus e não mais para o pecado: "Ora pois, já que Cristo padeceu na
carne, armai-vos também vós deste mesmo pensamento; porque aquele que padeceu
na carne já cessou do pecado; para que, no tempo que ainda vos resta na carne não
continueis a viver para as concupiscências dos homens, mas para a vontade de
Deus" I Pedro 4.1-2. Deus ainda nos diz: "Eu os remirei do poder do
Seol, e os resgatarei da morte. Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está,
ó Seol, a tua destruição?" Oséias 13.14. Mas graças a Deus que nos dá
a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo. Aleluia.
Como tudo o
que foi feito por Deus em Jesus Cristo, foi feito em nosso favor, Deus agora nos
leva pela Sua Palavra, no verso 11 de Romanos 6, a considerarmos este sacrifício.
Considerar significa tornar equivalente, isto é, ser igual em valor, nos
colocarmos na mesma condição que Jesus, nos equipararmos a Jesus, se igualar
em sorte. Com isto, Deus em Sua Palavra, está nos dizendo que é para
acrescentarmos à fé a virtude. Se Jesus Cristo morreu por nós, sendo que a
Sua morte foi para o pecado, e a sua ressurreição para viver para Deus, sendo
exaltado e assentado nos lugares celestiais, nós agora podemos ser igual
em valor perante Deus. Podemos nos colocar na mesma condição, se equiparar a
Ele em sorte, nos considerarmos mortos para o pecado, e vivos para Deus;
assentados nos lugares celestiais em Cristo.
Será que
isto é prepotência de nossa parte? Será uma incredulidade se não
considerarmos assim como Deus diz. Se alguém crê que morreu com Cristo, vive
com Ele. Quem passa a reinar em nossa vida é Jesus, portanto, ainda que o nosso
corpo seja mortal, vivemos por causa da justiça. O pecado não mais reina sobre
nós, nem tampouco os nosso membros são oferecidos ao pecado como instrumentos
de iniqüidade, mas a Deus, como ressurretos dentre os mortos. Não estamos mais
vivos para o pecado, mas mortos. Mortos para o pecado, e vivos para Deus pela
vida da ressurreição. Agora não nos apresentamos mais a Deus como pecadores,
mas como ressurretos dentre os mortos, em novidade de vida. Não estamos mais em
Adão, mas em Cristo.
Agora, como
diz Deus no verso 14 de Romanos 6, o pecado não mais terá domínio sobre nós,
porque não estamos mais debaixo da lei, mas debaixo da graça. Não tentamos
mais agradar a Deus pela obediência da lei, mas somos agradáveis a Deus no
Amado (Efésios 1.6): "Bendito, seja o Senhor Deus de Israel, porque
visitou e remiu o seu povo, e para nós fez surgir uma salvação poderosa na
casa de Davi, seu servo; assim como desde os tempos antigos tem anunciado pela
boca dos seus santos profetas; para nos livrar dos nossos inimigos e da mão de
todos os que nos odeiam; para usar de misericórdia com nossos pais, e
lembrar-se do seu santo pacto e do juramento que fez a Abraão, nosso pai, de
conceder-nos que, libertados da mão de nossos inimigos, o servíssemos sem
temor, em santidade e justiça perante ele, todos os dias da nossa vida. E tu,
menino, serás chamado profeta do Altíssimo, porque irás ante a face do
Senhor, a preparar os seus caminhos; para dar ao seu povo conhecimento da salvação,
na remissão dos seus pecados, graças à entranhável misericórdia do nosso
Deus, pela qual nos há de visitar a aurora lá do alto, para alumiar aos que
jazem nas trevas e na sombra da morte, a fim de dirigir os nossos pés no
caminho da paz" Lucas 1.69-79.
Podemos agora
andar em novidade de vida, uma vida santa vinda de Deus e não a que herdamos de
nossos pais. Com esta nova vida, podemos andar como Ele andou: "qual Ele é,
somos também nós neste mundo" I João 4.7. É esta nova vida que Deus nos
mostra no capítulo 8 de Romanos. Já falamos dela em nossa explanação geral,
mas neste capítulo, Deus nos mostra que esta nova vida debaixo da graça, é
operada pelo Espírito de vida em Cristo Jesus. Não mais andamos num espírito
de escravidão para outra vez estarmos em temor, mas no espírito de adoção
pelo qual clamamos: Aba Pai. Todos os que são guiados por este Espírito de
Deus, esses são filhos de Deus.
Quando
estamos na carne, as paixões dos pecados, nos inclinamos para as coisas da
carne. O bem que queremos fazer, não fazemos, mas o mal que não queremos
fazer, esse é o que fazemos. A inclinação da carne é morte, é inimizade
contra Deus, pois quando estamos na carne, não nos sujeitamos a Deus, e nem
podemos nos sujeitar; e os que estão na carne, não podem agradar a Deus. Mas
debaixo da lei do Espírito de vida em Cristo Jesus, não estamos mais na carne,
mas no Espírito. Se é o que o Espírito de Deus habita em nós, mas quem não
tem o Espírito de Cristo, ainda está na carne, e o tal não é dEle. Debaixo
desta graça, os que são segundo o Espírito, inclinam-se para as coisas do Espírito.
Aquele que vive no Espírito, tem vida e paz.
Como
antigamente vivíamos em Adão, agora vivemos em Cristo: "Pois eu pela lei
morri para a lei, a fim de viver para Deus: "Já estou crucificado com
Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na
carne, vivo-a na fé no filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo
por mim" Gálatas 2.19-20. Quem vive em Cristo, mesmo vivendo na carne,
vive pela fé no Filho de Deus.
Toda a
Palavra de Deus testifica esta nossa identificação juntamente com Cristo. Esta
identificação e tudo o que ocorreu naquela cruz nos é revelada por Deus pela
Palavra da cruz. Jesus se identificou conosco no pecado, para que pudéssemos
hoje nos identificar com Ele na Sua vida exaltada. O que Romanos 8 nos mostra,
é que uma vez conhecendo e crendo nesta identificação, cada um recebe a
adoção realizada pelo Espírito de Cristo. Jesus é o Espírito, e onde está
o Espírito do Senhor, aí há liberdade (II Coríntios 3.17). Não adianta
somente saber, é necessário, como Jesus disse, nascer da água e do Espírito
(João 3.5). Se o Filho nos libertar, verdadeiramente seremos livres (João
8.36), caso contrário, só haverá uma mudança externa, de aparência.
Não pode
haver libertação, se não houver o lado vital da nossa redenção: a santificação
do Espírito e fé na verdade (II Tessalonicenses 2.13). Novo nascimento é:
"não vivo mais eu, mas Cristo vive em mim", e isto não pode ser só
de língua nem de palavras, mas por obra e em verdade. Cristo tem que estar
dentro de você, caso contrário, você nunca foi lavado da sua iniqüidade, e
está reprovado (II Coríntios 13.5). Em Cristo foi feito um ato de justiça, e
agora esta justiça tem que ser imputada por Deus no nosso interior: "Também
vos darei um coração novo, e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei
da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. Ainda
porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e
guardeis as minhas ordenanças, e as observeis" Ezequiel 36.26-27.
Em Jesus
Cristo, Deus consumou a obra de justiça, agora é necessário que ela se cumpra
no nosso corpo, no coração, ela é a circuncisão de Cristo, feita no nosso
interior. Não é eu e Cristo, mas Cristo. O novo nascimento não é uma dupla
identidade entre eu e Cristo, mas uma única identidade: Cristo. Quando Deus
diz: "Já estais mortos", Ele está nos dizendo que fomos mortos,
estamos mortos e estaremos mortos para a eternidade.
Todos
precisam desta obra vital do Espírito, porque o Espírito é o que vivifica, a
carne para nada aproveita (João 6.63). O Espírito é o único que tem o poder
para executar a nossa morte, como também operar a nova vida. Se você acha que
suas obras, sua religião, seus cargos podem te levar à salvação, saiba que
eles conduzem à morte, mas se pelo Espírito, você mortificar as obras do
corpo, então você viverá. Se esta é a sua condição, diga ao Senhor: -
Senhor, eu crucifico tudo o que é da minha carne, e recebo tudo o que é do Seu
Espírito. Amém.
Quando você
crê em Sua Palavra, e nasce do Espírito, você não precisa mais se esforçar
para se apresentar justo e santo diante de Deus, porque a nossa justiça se
consumou quando fomos pregados com Cristo naquela cruz. Morremos e fomos
sepultados juntamente com Ele. Recebemos vida e ressuscitamos juntamente com
Cristo, e finalmente fomos assentados nos lugares celestiais em Cristo Jesus.
Jesus passa a ser a nossa justiça, e não os nossos atos: "Naqueles dias
Judá será salvo e Jerusalém habitará em segurança; e este é o nome que lhe
chamarão: O SENHOR É NOSSA JUSTIÇA" Jeremias 33.16.
Quando Deus
no uso de Sua soberania, abre os nossos ouvidos para ouvirmos a Sua Palavra,
esta mesma palavra se torna espírito e vida em nós. Ela invade o nosso ser, e
nos traz fé, justificação, santificação e glorificação pelo Espírito de
Cristo que em nós passa a habitar: "no qual também vós, tendo ouvido a
palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação, e tendo nele também crido,
fostes selados com o Espírito Santo da promessa" Efésios 1.13.
Qualquer
pessoa pode ser religiosa, reta, e temente a Deus, mas se não nascer de novo, não
pode ser livre do pecado, não pode agradar a Deus e viver para Ele, não pode
andar como Jesus andou, não pode praticar a justiça, não pode amar, não pode
vencer o mundo, e não pode ficar livre do Maligno e do Lago de Fogo, isto é, não
pode ver o Reino de Deus, e nem entrar nele. A prova desta experiência é o
pecado. Se o pecado ainda habita em você, Jesus não está aí. Não pode
habitar numa mesma casa, o pecado e o libertador do pecado: "Mas se,
procurando ser justificados em Cristo, fomos nós mesmos também achados
pecadores, é porventura Cristo ministro do pecado? De modo nenhum" Gálatas
2.17. Onde está o pecado, Jesus não está, e onde está Jesus, o pecado não
está.
O diabo e o
pecado estarão no Lago de Fogo, e Jesus e a santidade, estará na Nova Jerusalém.
Onde você estará?: "Portanto levantai as mãos cansadas, e os joelhos
vacilantes, e fazei veredas direitas para os vossos pés, para que o que é
manco não se desvie, antes seja curado. Segui a paz com todos, e a santificação,
sem a qual ninguém verá o Senhor, tendo cuidado de que ninguém se prive da
graça de Deus; e ninguém seja devasso, ou profano como Esaú, que por uma
simples refeição vendeu o seu direito de primogenitura. Porque bem sabeis que,
querendo ele ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado; porque não achou
lugar de arrependimento, ainda que o buscou diligentemente com lágrimas"
Hebreus 12.12-17.
Não venda o
seu direito de primogenitura em Jesus Cristo por um prato de boas obras e
religiosidade. Nós não recebemos o espírito do erro, mas o Espírito da
verdade, o Espírito que provém de Deus, para nos conduzir a toda verdade. O
Espírito é o que testifica todas essas coisas. Jesus disse: "Todavia,
digo-vos a verdade, convém-vos que eu vá; pois se eu não for, o Ajudador não
virá a vós; mas, se eu for, vo-lo enviarei. E quando ele vier, convencerá o
mundo do pecado, da justiça e do juízo" João 16.7-8.
Nós não
podemos deixar de falar das coisas que temos visto e ouvido da parte de Deus. Não
estamos com este estudo trazendo algo para ser considerado pela mente humana,
porque o homem natural não aceita as coisas do Espírito de Deus, para ele
parecem loucura, e não podem entendê-las, porque elas discernem
espiritualmente ( I Coríntios 2.14). Estamos sendo triunfantes, porque em todo
lugar, difundimos o cheiro do seu conhecimento. Cheiro de vida para a vida, e
cheiro de morte para a morte. O Espírito por nós difunde o cheiro de morte
para aqueles que não crêem, e o cheiro de vida para aqueles que crêem (II Coríntios
2.14-16).
A Palavra da
cruz é loucura para os que perecem, mas para nós que somos salvos, é o poder
de Deus. Somente pelo conhecimento desta Palavra, alguém pode chegar a libertação
do seu pecado. Só nela, o Espírito tem o poder de transformar um pecador em um
santo, e é assim que aprouve a Deus: "Visto como na sabedoria de Deus o
mundo pela sua sabedoria não conheceu a Deus, aprouve a Deus salvar pela
loucura da pregação os que crêem" I Coríntios 1.21. Cuidado, não
coloque a sua mente natural nem o seu conhecimento teológico nas coisas de
Deus, porque Deus "apanha os sábios na sua própria astúcia", e
"Deus escolheu as coisas loucas do mundo para confundir os sábios; e Deus
escolheu as coisas fracas do mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as
coisas ignóbeis do mundo, e as desprezadas, e as que não são, para reduzir a
nada as que são; para que nenhum mortal se glorie na presença de Deus" (I
Coríntios 3.19; 1.27-29).
É verdade
que toda a Bíblia é perfeitamente evangelística, e que testifica de Jesus,
porque o evangelho, a boa notícia é Jesus Cristo, mas ninguém poderá ser
salvo sem conhecer a Palavra da cruz. Falar de tudo, e excluir a Palavra da
cruz, é tornar vã a cruz de Cristo (I Coríntios 1.17). É ouvindo a Palavra
da cruz que alguém nasce de novo, porque ninguém pode nascer, se primeiro não
morrer. É na morte de Cristo que fomos mortos, e é na ressurreição de Jesus
Cristo que nascemos de novo para uma nova vida.
Novamente
queremos ratificar o que dissemos no início: "Não pode haver alguém que
tenha nascido de novo, e esteja salvo, e nunca ouviu falar sobre a Palavra da
cruz, isto é, nunca ouviu falar que tinha morrido e ressuscitado juntamente com
Cristo? Temos visto que não. Você pode participar de uma igreja evangélica,
ter cargos, ser fiel nos dízimos, ser temente a Deus, procurar viver isento da
corrupção que há no mundo, mas se nunca experimentou pela fé na Palavra da
cruz, a morte de seu velho homem, e o seu novo nascimento pela vida de Cristo no
seu interior, você ainda está no seu pecado, e está indo para o inferno com
toda a sua religiosidade.
Se alguém não
puder professar sua fé nesta Palavra: "Já estou crucificado com Cristo, e
vivo não mais eu, mas Cristo vive em mim", está completamente perdido, não
se encontra escrito no Livro da Vida do Cordeiro. O seu temor consiste em
mandamentos de homens aprendidos de cor (Isaías 29.13). Todos os testemunhos
que temos encontrado, entre aqueles que viviam na sua religiosidade, e agora
conheceram e creram na Palavra da cruz, tem sido: "Ouvi falar de Jesus
durante toda a minha vida, mas nunca encontrei libertação completa. Somente
quando ouvi falar da minha inclusão no corpo de Cristo, que morri para o pecado
juntamente com Cristo, e ganhei uma nova vida quando ressuscitei juntamente com
Cristo, é que alcancei completa vitória. Somente quando ouvi a Palavra da cruz
é que verdadeiramente fui salvo".
Esses
testemunhos não temos encontrado em algumas pessoas, mas em todas aquelas que
tem vivido uma vida cristã plena. Muitos falsos profetas tem saído pelo mundo,
este é o espírito do anticristo. Eles curam superficialmente a ferida do povo
dizendo: paz, paz quando não há paz. Promete-lhes liberdade, quando eles
mesmos são escravos da corrupção; porque de quem um homem é vencido, do
mesmo é feito escravo. Homens ímpios, que convertem em dissolução a graça
do nosso Deus e negam o nosso único Soberano Senhor, Jesus Cristo. São homens
amantes de si mesmos, gananciosos, soberbos, presunçosos, sem afeição
natural, amigos dos deleites, tendo aparência de piedade, humildade fingida,
mas negam-lhe o poder. Estão sempre aprendendo, mas nunca podendo chegar ao
pleno conhecimento da verdade. E assim como Janes e Jambres resistiram a Moisés,
assim também estes resistem à verdade, sendo homens corruptos de entendimento
e reprovados quanto a fé (I João 4.1-3; Jeremias 8.11; II Pedro 2.19; Judas 4;
II Timóteo 3.1-8).
Não devemos
temer a face de ninguém, porque o juízo é de Deus (Deuteronômio 1.17). Esta
não é uma doutrina de uma ou de outra denominação, nem de homem algum. A
Palavra da cruz é o testemunho de Deus, e se alguém ou mesmo um anjo do céu
vos pregar um outro evangelho, além do que já vos pregamos seja considerado
uma maldição, um anátema (Gálatas 1.18).
Nós não
somos falsificadores da Palavra de Deus, como tantos outros, mas é com
sinceridade de Deus, e da parte de Deus, e na presença do próprio Deus que em
Cristo falamos. Se alguém quiser ser poderoso no falar, e ter eficácia na
salvação de outras vidas, não poderá pregar outra Palavra, senão: "a
Jesus Cristo, e este crucificado". A Palavra da cruz é o poder de Deus
para a salvação de todo aquele que crê.
Não estamos
com isto ignorando a utilidade das Escrituras para ensinar, repreender, corrigir
e para instruir em justiça (II Timóteo 3.16), mas a única Palavra que tem
poder de salvar é a Palavra da cruz: "nós pregamos a Cristo
crucificado... poder de Deus e sabedoria de Deus" I Coríntios 1.23-24.
Todo aquele que verdadeiramente foi salvo por esta Palavra, está encarregado
por Deus de pregá-la: "De sorte que somos embaixadores por Cristo, como se
Deus por nós vos exortasse. Rogamo-vos, pois, por Cristo que vos reconcilieis
com Deus" II Coríntios 5.20. A Palavra da cruz é o ministério da
reconciliação que nos foi encarregado por Deus, e não pode haver reconciliação
sem morte. Também ninguém poderá pregá-la se não tem pela fé, uma experiência
com Ele.
Que Deus os
abençoe, e faça resplandecer o Seu rosto sobre vós. É na Sua luz que vemos a
luz. Lâmpada para nossos pés é a Sua Palavra, e luz para o nosso caminho.
Olhem para Ele, e serão iluminados, os seus rostos não serão confundidos.
Buscai o Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está perto. Por que
se queixaria o homem vivente, o homem por causa do castigo dos seus pecados?
Esquadrinhem os seus caminhos, prove-os, e voltem-se para o Senhor. Levantem os
seus corações com as suas mãos para Deus no céu, e diga: Nós transgredimos,
e fomos rebeldes, perdoa-nos. Abra os olhos do nosso entendimento e nos dê espírito
de sabedoria e de revelação no pleno conhecimento de Ti mesmo. Ilumine os
olhos do nosso coração, para que saibamos qual a esperança da nossa vocação,
e quais as riquezas de glória da sua herança nos santos, e qual a suprema
grandeza do seu poder para conosco os que cremos, segundo a operação da força
do seu poder, que operou em Cristo, ressuscitando-o dentre os mortos e fazendo-o
sentar-se à sua direita nos céus, muito acima de todo principado, e
autoridade, e poder, e domínio, e de todo nome que se nomeia, não só neste século,
mas também no vindouro; e sujeitou todas as coisas debaixo dos seus pés, e
para ser cabeça sobre todas as coisas o deu à igreja, que é o seu corpo, o
complemento daquele que cumpre tudo em todas as coisas. Amém Senhor. Venha
sobre nós a Tua Graça.
Em Nome de Jesus, para a Glória
de Deus Pai. Amém.
Edward Burke Junior
Mais sobre a Palavra da cruz...
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