O Persistente
Propósito de Deus
De T. Austin-Sparks
Capítulo 1 – O Propósito
Pleno de Deus Governa Tudo O Que Ele Faz
Vamos usar a primeira parte
desta manhã como preparação para aquilo que
iremos considerar mais adiante; e quero
falar agora sobre alguns princípios de
interpretação da Bíblia. É muito importante
para nós sermos capazes de conhecer como a
Bíblia deve ser interpretada, e isto será
especialmente visto naquilo que temos a
considerar logo à frente. Se não
compreendermos os princípios da Bíblia, ela
não será um livro aberto; poderemos saber o
que está no livro apenas como um livro, mas
não o entenderemos até que tenhamos os
princípios de interpretação. Assim, peço a
vocês que procurem lembrar daquilo que
estarei falando agora, e o tragam para o
nosso estudo posterior. Iremos considerar
cinco importantes princípios de
interpretação da Bíblia:
1. A Eternidade de Deus;
2. A Abrangência de Cristo;
3. O Intérprete da Bíblia é o Espírito
Santo;
4. A Menção Final;
5. O Único Valor Real é o Espirito.
(1.) A Eternidade de Deus
O primeiro princípio de
interpretação da Bíblia é a eternidade de
Deus. Devemos sempre lembrar de que todo o
tempo é tempo presente para Deus. Não há
passado nem futuro para Ele: tudo o que é
passado e futuro para nós, para Deus é
sempre presente. Em qualquer momento de
tempo para nós, na eternidade é sempre
presente para Deus.
O arquiteto sempre possui a
planta completa em suas mãos. Se for o
desenhista de um navio, por exemplo, ele
possuirá um modelo deste navio antes que
qualquer coisa seja feita. Ele vê no modelo
o objeto completo, isto é, exatamente como a
coisa irá parecer quando ficar pronta. Se
for um grande edifício, ou mesmo uma cidade,
é da mesma maneira. O arquiteto desenha o
que chamamos de modelo em escala, e nele ele
vê exatamente como o edifício, ou a cidade,
vai ficar quando estiver terminada. O
construtor trabalha dia após dia de acordo
com aquela planta. Aqueles que somente
enxergam as partes não a compreendem, e não
devem tomar as partes como se fosse o todo.
Às vezes, quando você olha para as partes de
um edifício, você não consegue compreender o
que aquilo vai ser. Somente quando a coisa
completa é vista é que você pode, então,
entender as partes.
Agora, a Bíblia está repleta
de partes, e todas elas são partes de algo
que Deus vê por inteiro. Deus é o grande
Arquiteto; Ele possui a planta completa e
perfeita diante de Si antes de começar a
obra. A eternidade de Deus está em todo
lugar. Assim, precisamos compreender que a
Mente Plena de Deus está por detrás de tudo
o que Ele faz! O PROPÓSITO PLENO DE DEUS
GOVERNA TUDO O QUE ELE FAZ! Vocês precisam
entender que a Mente de Deus nunca evolui –
Deus é incapaz de evoluir.
A forma temporária de todas
as coisas contém o eterno e o pleno
pensamento de Deus. Vocês precisam
compreender que há sempre DOIS SIGNIFICADOS
em tudo o que está na Bíblia. Há o
significado presente, isto é, como aquilo se
aplica à situação presente; e há, também, o
significado futuro. Tudo na Bíblia, embora
tenha uma aplicação presente, também possui
uma significação maior no futuro. Esta é a
primeira lei de interpretação: é a
eternidade de Deus.
(2.) A Plenitude de Cristo
A segunda lei de
interpretação é a plenitude de Cristo.
Cristo é a interpretação de toda Bíblia;
conhecer Cristo é conhecer a Bíblia. Homens
como Pedro e Paulo conheciam a Bíblia, mas
eles não a entenderam enquanto não
conheceram o Senhor Jesus. Primeiro
conhecemos o Senhor Jesus, depois O trazemos
para a Bíblia; Ele é a interpretação da
Bíblia. Nós não podemos realmente
compreender a Bíblia enquanto não
conhecermos o Senhor Jesus. Isto resulta no
seguinte – a Bíblia é realmente uma Pessoa,
e não apenas um livro. A Bíblia é uma Pessoa
Viva, e não letras mortas. Por ser esta
Pessoa inesgotável, Ela torna a Bíblia
também inesgotável.
Agora, este é o princípio
mais importante que vocês talvez percebam. É
possível esgotar a Bíblia como um livro.
Conhecemos grandes professores da Bíblia que
percorreram através dela, ensinando-a
repetidamente, mas, no final de suas vidas,
tais pessoas estavam tendo grande
dificuldade para encontrar algo novo, e
ficavam apenas repetindo coisas que já
haviam falado em outros anos. A razão disso
é que eles trataram a Bíblia apenas como um
livro. Isto jamais irá acontecer se vocês
conhecerem o Senhor Jesus e enxergarem a
Bíblia nele; e enxergarem Ele na Bíblia.
Repito, o Senhor Jesus jamais poderá ser
esgotado. Na medida em que o Espírito Santo
revela o Senhor Jesus a nós, a Bíblia fica
cada vez mais viva. Assim, temos os nossos
primeiros dois princípios de interpretação:
(1) A Eternidade de Deus e (2) A Plenitude
de Cristo.
(3.) O Intérprete Da Bíblia É
O Espírito Santo
Agora vamos para o número
três: o intérprete da Bíblia é o Espírito
Santo. Eu falei que Jesus é a interpretação
da Bíblia. Agora estou dizendo que o
Espírito Santo é o INTÉRPRETE da Bíblia. Nós
estamos familiarizados com as palavras da
carta aos Coríntios, mas vamos apenas dar
uma olhada nelas novamente. Primeira carta
aos Coríntios, capítulo dois, verso
treze: "As quais coisas também falamos, não
em palavras ensinadas pela sabedoria humana,
mas em palavras ensinadas pelo Espírito,
comparando coisas espirituais com
espirituais."
Eu não sei se vocês possuem
referências na margem de suas Bíblias, mas a
tradução mais correta dessas palavras é
esta: "interpretando coisas espirituais a
homens espirituais." Vamos ler a passagem
toda, novamente, desta maneira:
“As quais coisas também
falamos, não em palavras ensinadas pela
sabedoria humana, mas ensinadas pelo
Espírito; interpretando coisas espirituais a
homens espirituais”.
Esta Escritura é uma
declaração muito importante, e ela
definitivamente afirma o princípio que agora
estamos colocando – o princípio de que o
intérprete da Bíblia é o Espírito Santo.
Então, acima de tudo, a Bíblia é o livro do
Espírito Santo. A Bíblia não é primeiramente
um livro humano; ela não é o nosso livro;
nós não somos donos do livro. Temos certas
escritas chamadas de Escritura, mas na
verdade, nós não somos donos do Livro.
Vocês lembram o caso do
Etíope eunuco, em Atos? Quando Felipe chegou
perto de sua carruagem, ouviu o etíope
lendo. Lia Isaías 53. Então, Felipe disse a
ele. “Compreendes o que lês?” e o etíope
respondeu: “Como entenderei se alguém não me
explicar?” Aqui está um homem que, em certo
sentido, tinha o Livro, mas, num sentido
real e proveitoso, não possuía o Livro. Nós
podemos ter o Livro como um volume, e,
contudo, podemos não possuí-lo, pois
primeiro, a Bíblia é o Livro do Espírito
Santo. A mente do homem e a mente do
Espírito são coisas completamente
diferentes!
Vocês sabem que existem
muitos e muitos cristãos que não reconhecem
isto! Há muitos mestres da Bíblia que não
reconhecem isto! E esta é a causa de muita
confusão, e a razão para tanta
insignificância e fraqueza espiritual. Penso
que isto pode estar no fundo da maior parte
da controvérsia. A BÍBLIA É UM LIVRO FECHADO
A TODOS, EXCETO AOS HOMENS ESPIRITUAIS. Este
é o princípio que o Senhor estabeleceu
diante de Nicodemus: Você precisa nascer do
alto, para que possa enxergar o que está em
cima.
Nossa medida de entendimento
da Bíblia será exatamente a medida da nossa
vida espiritual. Esta é a razão de o Senhor
nos fazer passar pelas experiências, a fim
de nos trazer o entendimento. A medida da
morte da nossa mente natural será a medida
da nossa compreensão das coisas do Espírito.
Por favor, lembrem-se disso durante esses
dias que estão diante de nós – algo precisa
acontecer EM NÓS antes de entendermos a
Escritura. Não podemos compreender a Palavra
de Deus apenas decidindo fazer um curso de
treinamento, ou ter algumas aulas de ensino
da Bíblia. Não, não é desta maneira que
iremos compreender a Palavra de Deus.
Podemos compreender a Bíblia somente na
mesma proporção da medida da nossa vida
espiritual. Este é o terceiro princípio de
interpretação bíblica. Agora chegamos ao
quarto princípio.
(4.) A Menção Final
A menção final de qualquer
material particular na Bíblia é usualmente
uma chave para todo o seu significado. Isto
é algo que precisamos pensar a respeito! Nós
encontramos certas coisas mencionadas
repetidamente na Bíblia; mas, quando
chegamos à ocasião final onde aquilo é
mencionado, geralmente encontramos a chave
para tudo o que foi dito anteriormente sobre
o assunto. Se você pegar um determinado
assunto onde ele foi mencionado pela última
vez, e, então, observar o cenário, o
contexto e a relação, você obterá o
significado pleno daquilo que foi dito
anteriormente.
Esta é uma afirmação que eu
estou fazendo; vocês precisarão pensar e
trabalhar nela, mas irei ajudá-los dando
apenas uma ilustração. No último capítulo da
Bíblia, Apocalipse vinte e dois, verso dois,
temos a última menção à "árvore da vida.
"Quando voltamos para o início da Bíblia,
também temos "a árvore da vida" mencionada,
mas nada nos é dito sobre ela – ela é apenas
mencionada como algo que existe. Não temos
qualquer explicação; não nos é dito o que é
aquela árvore, ou o que ela significa; ela é
apenas referida como “a árvore da
vida." Precisamos ir para o final da Bíblia,
a fim de termos a explicação, e, quando
chegamos a este último capítulo da Bíblia,
pelo contexto e relação, obtemos uma
explicação bastante vasta.
Vamos ler a passagem.
Apocalipse 22: "E Ele me mostrou o rio da
água da vida, claro como cristal, que saía
do trono de Deus e do Cordeiro," – observem
o contexto, 'o trono de Deus e do
Cordeiro'. Vocês precisam ler todo o livro
do Apocalipse para poder compreender isso!
Há muita informação nos capítulos anteriores
deste livro que falam sobre “o trono de Deus
e do Cordeiro". E vocês precisam entender o
que é o trono de Deus, e qual o significado
do trono do Cordeiro – no meio do trono está
um Cordeiro!
Em relação ao "trono de Deus
e do Cordeiro", há o "rio da água da
vida..." no meio do rio. E de cada lado do
rio estava a árvore da vida, a qual dá doze
tipos de frutos, dando o seu fruto de mês em
mês; e as folhas da árvore são para a cura
das nações. E nunca mais haverá qualquer
maldição. E o trono de Deus e do Cordeiro
estarão ali: e os seus servos o
servirão." Há a "árvore da vida". Dá fruto
imortal. NÃO HÁ LUGAR PARA A MORTE ALI. Seu
fruto nasce a cada mês: é fruto imortal, ou
fruto sem morte. As folhas desta árvore são
para a CURA das nações. Lamento que, na
maioria das versões, a palavra "cura" está
traduzida erradamente. Não sei que palavra
está na tradução de vocês, mas, no original,
não está escrito “para a cura das nações”,
mas “para a saúde das nações”. Vocês podem
perguntar: “e qual é a diferença?" Bem, uma
é A REMOÇÃO DA DOENÇA; a outra é A PREVENÇÃO
CONTRA A DOENÇA.
Em Apocalipse 22, chegamos ao
tempo quando as doenças espirituais das
nações foram curadas, mas a cura das nações
precisa ser preservada. É um estado que
precisa ser mantido. Assim, as folhas não
são para a cura, mas para a prevenção. O
versículo diz: "E não haverá mais qualquer
maldição".
Como se vê, temos a história
toda da Bíblia nestas palavras. Vocês têm
tudo aquilo que sobreveio às nações por
causa do pecado de Adão. Vocês têm corrupção
e morte – doença moral – o resultado da
maldição. Tudo isto está agora esclarecido,
e "a árvore da vida" representa a VITÓRIA DA
VIDA sobre tudo; Vida Triunfante; Vida
Abundante. Aqui, o significado pleno da
“árvore da vida” é revelado. E assim é com
todas as outras questões. Quando vocês
chegam à última menção, vocês adquirem a
chave para a questão toda. Este é um
princípio de interpretação da Bíblia.
(5.) O Único Valor Real é o
Valor Espiritual
Chegamos agora ao último
princípio para o presente, o número cinco: o
único valor real é o valor espiritual.
Devemos nos lembrar disso quando estivermos
lendo e estudando a Bíblia, e devemos manter
isto em nossa mente durante este período de
tempo que estivermos juntos. Não devemos
simplesmente chegar aqui com sede de mais
informação, ou com desejo de adquirir mais
conhecimento. Há pessoas que apenas querem
mais e mais conhecimento e educação. Isto é
um perigo. Foi exatamente desta maneira que
Adão foi apanhado. Vocês sabem, Satanás
disse: "Se você comer desta árvore irá
adquirir conhecimento"; foi "a árvore do
conhecimento." E há sempre perigo em se
comer desta árvore. Ela simplesmente nos
leva para a morte e não para a vida. Então,
vou repetir este princípio de interpretação
bíblica: o único valor real é o valor
espiritual. E valor espiritual é algo que
afeta a nossa vida com Deus. Realmente
desejaria que Adão tivesse reconhecido isto!
Quando Satanás o tentou, para que comesse da
“árvore do conhecimento”, se apenas ele
tivesse dito: "o que isto irá afetar em
minha vida com Deus?”, ele e nós poderíamos
ter evitado todos os males.
Assim, deixem-me repetir
novamente: valor espiritual é algo que afeta
a nossa vida com Deus. Vou colocar isto de
outra forma – Valor espiritual é o quanto
algo aumenta a medida de Cristo. Se Cristo é
a interpretação da Bíblia, então, o
conhecimento espiritual da Bíblia produz um
crescimento de Cristo. Se esses dias em que
estaremos juntos não produzirem um aumento
da medida de Cristo, então é porque nos
perdemos pelo caminho. Se não sairmos daqui
como homens e mulheres mais semelhantes a
Cristo, com uma medida maior do Senhor
Jesus, então este curso terá fracassado.
Assim, peço que vocês orem, para que todo
esse tempo que estivermos juntos possa
significar AUMENTO ESPIRITUAL, e não aumento
intelectual, mas CONHECIMENTO ESPIRITUAL.
Tudo deve ser julgado no
sentido de se saber em quanto o negócio está
contribuindo para o propósito final de Deus.
Precisamos perguntar: "Onde isto está nos
levando? Isto está nos levando para algum
lugar? Todo conhecimento espiritual leva
para um aumento de Cristo; contribui para o
propósito final de Deus. A pergunta é:
"Quanto de Vida há nisso?” Não é uma questão
de interesse, nem de fascinação pela verdade
da Bíblia, nem de nos tornarmos pessoas mais
importantes com o aumento da nossa estatura
natural, mas é uma questão da medida de
Cristo. Isto é valor espiritual real.
Passemos agora aos nossos
cinco princípios de interpretação da Bíblia.
Nesta nossa segunda hora que estamos juntos,
vamos tomá-lo em nosso tema especial para
estudo, assim como continuaremos a fazê-lo
nos próximos dias: (1) A Eternidade de Deus;
(2) A Abrangência de Cristo; (3) O
Intérprete é o Espírito Santo; (4) A Menção
Final de Tudo Contém Todo o Seu Significado;
e (5) O Valor Real é o Espiritual.
Também, irmãos, antes da
próxima sessão, gostaria que vocês lessem os
primeiros capítulos do Profeta Ezequiel.
Vocês terão que lê-los mais de uma vez
nesses próximos dias, mas seria de grande
valia se vocês refrescassem as suas mentes
com aquilo que está nesses três capítulos.
Capítulo 2 – Para Deus o Fim
está Sempre Presente em Seus Inícios
Os princípios que estávamos
considerando esta manhã são a chave para o
Livro de Ezequiel de um modo especial.
Começamos esta tarde indicando um daqueles
princípios de outra maneira – Para Deus, o
fim está sempre implícito em todos os Seus
inícios. Assim, temos o livro de Gênesis no
Livro de Apocalipse, e o Livro de Apocalipse
no livro de Gênesis. Deixem-me repetir este
princípio novamente: Para Deus o fim está
sempre presente em Seus inícios. Talvez
vocês gostassem de uma ilustração disto. E
nós a temos no décimo quinto capítulo do
Livro de Êxodo. Capítulo quinze, versos
treze e dezessete:
“Tu, com a Tua beneficência,
guiaste a este povo, que salvaste; com a Tua
força o levaste à habitação da Tua
santidade”...
“Tu os introduzirás, e os
plantarás no monte da Tua herança, no lugar
que Tu, ó Senhor, aparelhaste para a Tua
habitação, no santuário, ó Senhor, que as
Tuas mãos estabeleceram”.
Vocês reconhecem o que foi
dito? Israel tinha acabado de sair do Egito
e estava no Mar Vermelho; esta é a canção de
Moisés e de todo Israel quando o povo tinha
escapado do Egito e de Faraó. Tinham acabado
de iniciar a jornada. Mas aqui está
dito: "Em Sua força Tu os tem guiado para a
Tua Santa habitação… o lugar, ó Senhor, que
Tu tens feito para a Tua habitação, o
santuário, ó Senhor, que as Tuas mãos
estabeleceram." Isto nos leva diretamente
para o final da história desse povo.
Centenas de anos teriam que passar antes que
o templo fosse construído, antes de
Jerusalém – o monte estava seguro. Eles
teriam que percorrer um longo caminho
durante um longo tempo antes de chegar lá.
Mas aqui, bem no início, é falado como se a
coisa já tivesse acontecido. Assim, podemos
ver, à partir deste exemplo, o que eu quero
dizer com “para Deus o fim está sempre lá no
princípio”. As coisas celestiais sempre
governam TODAS as coisas terrenas. As coisas
invisíveis governam TODAS as coisas
visíveis. As coisas espirituais governam
TODAS as coisas temporais. As coisas
universais governam TODAS as coisas locais.
Isto é algo que vocês sempre devem se
lembrar quando estiverem lendo a Bíblia. É
algo que deve ser mantido em nossa mente na
medida em que abordamos este livro de
Ezequiel.
A história da humanidade não
é apenas uma história humana, mas é a
história de Deus! Este livro de Ezequiel
parece conter um monte de história nele, mas
a verdade é que tudo é governado pelo
Propósito Divino. A grande questão que
encontramos no início deste livro é a
seguinte: "Este livro possui alguma mensagem
para a Igreja em nossa dispensação?” – será
que só se refere a um período passado da
história do povo de Israel? Será que, em
questão de profecia, faz alguma referência à
dispensação futura? – Ou será que a sua
mensagem principal é justamente para a
Igreja em nossa dispensação?" Nós seremos
compelidos a enfrentar estas questões à
medida que percorrermos este livro,
especialmente naquelas partes que
particularmente iremos considerar. A
resposta é encontrada não no campo terreno,
mas no celestial; não no temporal, MAS no
espiritual.
Assim, chegamos ao cenário e
à razão deste livro: precisamos reconhecer
quando o livro foi escrito, e por que.
Aquilo que está neste livro aconteceu num
tempo quando todo um sistema havia se
rompido e fracassado. A razão para o colapso
e fracasso foi porque aquele sistema acabou
se tornando algo em si mesmo. Perdeu o seu
significado espiritual e eterno. Precisamos
reconhecer que isto é algo que
frequentemente se repete na história das
coisas de Deus. Aconteceu em Israel. Tem
acontecido no cristianismo. Tem acontecido
em muitos movimentos e em muitas partes da
obra de Deus. A obra começou com um grande
testemunho no início de Israel. A história
de Israel começou como um maravilhoso
testemunho para o Senhor, porém, a coisa
toda desmoronou. Fracassou completamente
porque perdeu o seu significado espiritual,
tornando-se algo em si mesmo. O mesmo é
verdade sobre o cristianismo, o qual teve um
maravilhoso começo, mas, falando
genericamente, o cristianismo desmoronou e
fracassou, pois se tornou um sistema terreno
– algo em si mesmo; perdeu o seu significado
Celestial.
Retornando ao livro de
Ezequiel, encontramos Deus se afastando de
Jerusalém; e Deus é achado do lado de fora;
aquilo onde Deus estava havia agora se
tornado uma concha vazia. Aquilo que uma vez
havia sido vital e eficaz, sendo grandemente
usado pelo Senhor, tornou-se agora uma coisa
meramente formal e vazia, com Deus do lado
de fora. Este é o cenário e a ocasião deste
livro.
Um Profeta Representa A Mente
Plena De Deus
Vamos olhar agora para o
profeta em si. Vocês sabem que Ezequiel não
começou sendo profeta. Ezequiel foi um
sacerdote treinado e não um profeta. Notem
que o verso três do capítulo um nos fala
isso. E, então, no início, o versículo um
faz referência ao "trigésimo ano": "E
aconteceu que no trigésimo ano" - o
trigésimo ano muito provavelmente foi o
trigésimo ano do nascimento de Ezequiel. Era
aos trinta anos que os sacerdotes terminavam
o seu treinamento e entravam para o
ministério. Vocês se lembram de que foi
quando o Senhor Jesus completou trinta anos
de idade que Ele entrou para o seu
ministério. Sua preparação estava completa e
Seu ministério começou. Então, aos trinta
anos, Ezequiel tinha que começar o seu
ministério sacerdotal; mas, ao invés de
cumprir o seu ministério como sacerdote, ele
foi chamado para ser profeta. Toda a sua
vida, treinamento e vocação foram mudados.
O profeta é alguém “que
representa a mente plena de Deus quando esta
mente já fora perdida”. É impressionante
observar que Ezequiel teve que assumir algo
totalmente diferente daquilo para o qual ele
havia sido treinado. Mas a situação
existente requeria isto. Iremos voltar a
isso mais tarde.
Quando Deus se move em
relação ao Seu Pleno Propósito – que foi
perdido pelo seu povo – há sempre coisas
essenciais no instrumento do Seu mover. E,
se a obra precisa ser feita, somente Deus
poderá fazê-la! Vocês sabem que o curso dos
homens é completamente diferente disto. O
modo natural é pegar homens e treiná-los,
capacitando-os para fazer o serviço, tanto
que, quando essas pessoas saem da faculdade,
ou de um instituto bíblico, elas sentem que
estão preparadas para o trabalho; e então,
naturalmente, acham que podem realizar a
obra. Elas foram treinadas para aquilo.
Porém, Ezequiel não estava qualificado para
a obra. Ele estava preparado para exercer o
sacerdócio, mas havia sido chamado para ser
profeta. E o que descobrimos é que, ao longo
de toda a sua vida, ele nunca achou que a
coisa fosse fácil. Vocês sabem quão
dificultoso Ezequiel achava o seu serviço:
ele percebeu que apenas com a ajuda de Deus
poderia cumprir o seu ministério.
Nós todos temos que começar
por aí se realmente vamos ministrar coisas
celestiais. Tem que haver esta tremenda
mudança a ponto de descobrirmos que não
poderemos realizar a obra por nós mesmos.
Somente o Senhor pode fazê-la. Havia este
grande senso de decepção com as coisas do
modo como estavam; o avassalador senso de
que as coisas estavam erradas, e este estado
de coisa tinha que se tornar o negócio da
vida de Ezequiel. Vocês devem começar por aí
se realmente quiserem ser usados por Deus.
Vocês precisarão ser dominados por este
senso de que as coisas estão todas erradas
no mundo, de que as coisas não estão como
deveriam estar, e que vocês não têm qualquer
capacidade para endireitá-las. Vocês sentem
o chamado de Deus para algo, mas sabem que a
capacidade precisa vir do próprio Deus.
É aí que começamos com
Ezequiel, e, naturalmente, tomando os
princípios espirituais à medida que formos
avançando. Acho que não preciso voltar a
este terreno. Existe um colapso nas coisas;
elas não estão como Deus queria que
estivessem. Deus chama homens e mulheres em
relação a esta situação, e a chamada muda
todo o curso de suas vidas. E, nesta
chamada, essas pessoas têm a consciência de
que não possuem capacidade, em si mesmas,
para enfrentar a situação. Mas Deus, que as
chama, e irá ser a suficiência delas. Lemos
os primeiros três capítulos de Ezequiel
sobre o que acabamos de dizer.
Tomemos um pequeno fragmento
desses capítulos, que é a comissão de
Ezequiel: "Filho do homem, Eu te envio não a
um povo de língua estrangeira, cujo idioma
você não conhece. Se Eu o enviasse a tal
povo estrangeiro, ele lhe ouviria. Mas Eu
lhe envio à casa de Israel. Eles não irão te
ouvir." (Ezequiel 3:4-7; parafraseado). Esta
é uma comissão difícil; somente o Senhor
poderá conduzir um homem através disso. Mas,
então, observem o que o Senhor diz quanto ao
equipamento divino: "Eis que fiz duro o teu
rosto contra os rostos deles, e forte a tua
fronte contra a fronte deles." (Ezequiel
3:8). Em outras palavras, o Senhor irá ser a
força para esta difícil obra.
Ezequiel Viu O Que o Senhor
Queria
Observemos outra coisa. Com
este senso de desapontamento; com toda esta
mudança no curso de vida; com tudo isto
tendo que tomar um caminho para o qual não
há equipamento natural, lá vai o segundo
grande fator: "Ezequiel viu o Senhor." Ele
teve uma visão do Senhor, uma visão daquilo
que o Senhor queria. É muito importante que
essas duas coisas que acabamos de mencionar
sempre estejam juntas. Se tivermos
desapontamento e descontentamento sem visão,
isto será algo negativo. Há muitas pessoas
que estão descontentes com as coisas da
forma como estão. São pessoas que sempre
conseguem ver o que está errado. Podem
apontar seus dedos para a fraqueza e para as
falhas; são peritas em criticar tudo. Isto é
negativo; não leva a lugar algum. Junto com
o descontentamento, precisa haver uma visão.
Mas a visão deve vir através de um trabalho
de parto. Visão sem dores de parto, sem
sofrimento de coração, não passa de
misticismo. Estas duas coisas, visão e
sofrimento de coração, precisam andar
juntos. Se vocês e eu nos sentimos
descontentes, se sentimos que as coisas
estão erradas, então precisamos conhecer o
que o Senhor realmente está querendo. Temos
de ter uma visão positiva do propósito de
Deus.
Quero parar por aqui, a fim
de dizer uma palavra a vocês. Vamos ler
esses primeiros versículos de Ezequiel:
“E aconteceu no trigésimo
ano, no quarto mês, no quinto dia do mês,
que estando eu no meio dos cativos, junto ao
rio Quebar, se abriram os céus, e eu tive
visões de Deus. No quinto dia do mês, no
quinto ano do cativeiro do rei Jeoiaquim,
veio expressamente a palavra do Senhor a
Ezequiel, filho de Buzi, o sacerdote, na
terra dos caldeus, junto ao rio Quebar, e
ali esteve sobre ele a mão do Senhor”.
Quero dizer uma palavra a
vocês sobre ministério. Vocês observam que
aquilo que Ezequiel estava prestes a fazer
teve uma data especial para o seu início. É
muito impressionante quão específico
Ezequiel é a respeito de datas em suas
profecias. Se realmente vocês lerem essas
profecias, irão ver que ele é muito
específico a respeito de datas. Isto nos dá
o primeiro ponto a respeito de ministério.
Um ministro segundo a vontade de Deus
precisa ter uma mensagem para a sua época.
Não é para nós ficarmos aqui fornecendo
coisas de forma genérica. Nosso estudo da
Bíblia não pode ter apenas característica
genérica. O que Deus precisa mais do que
qualquer coisa é de pessoas que tenham uma
mensagem para o seu tempo. Quando chegarmos
ao final das nossas vidas, e do nosso
ministério, que possa ser possível ser dito
a nosso respeito que tivemos uma mensagem
para o tempo presente; que não sejamos mais
um na multidão de mestres, mas que tenhamos
tido a Palavra de Deus para a presente hora
– que o nosso ministério tenha tido relação
com um tempo especial no propósito de Deus.
Agora, vocês, servos de Deus,
peçam ao Senhor para tornar isso real em
vocês; que possa ser reconhecido que o
ministério de vocês tem relação com o tempo
presente – COM O QUE DEUS DESEJA FAZER
AGORA. Este é um fator muito importante no
ministério. O que Deus está precisando no
tempo presente? Precisamos orar para que
possamos ser instrumentos do Senhor nesse
tempo atual – que possa haver esse fator
tempo muito claramente definido em nosso
ministério. Assim, a data é algo muito
importante no ministério. Quando Deus
realmente levanta Seus servos, Ele os
levanta para um determinado tempo.
Ezequiel Foi Levantado Em
Relação À Situação
E, então, a próxima coisa a
ser observada: Ezequiel foi levantado em
relação a uma situação específica em seu
próprio tempo. O que acabamos de ler mostra
que Ezequiel estava inserido na
situação: "... Eu estava entre os cativos
junto ao rio Quebar." (ASV). Ezequiel não
estava pregando para uma situação distante
dele próprio. Não estava pregando para uma
situação que ele havia imaginado. Não estava
pregando para uma situação reportada a ele.
Ele estava exatamente incluído na situação.
Ele estava no mais íntimo contato pessoal
com a necessidade. Aquela necessidade também
era a sua necessidade. Ele havia sido
colocado bem no coração dela, e o seu
ministério surgiu a daí. Ele disse: "Eu
Morava onde eles moravam." Isto tira o
ministério do terreno meramente teórico e o
coloca num terreno muito prático.
Vocês irão observar que isto
também foi verdade em relação a todos os
demais profetas. Eles não falavam com o
Senhor a respeito do povo usando a palavra
ELES – "ELES estão nesta situação; ELES têm
feito essas coisas; ELES têm essas
necessidades." Os profetas sempre falavam a
Deus da seguinte maneira: “NÓS estamos na
aflição." Leiam a oração de Neemias no
capítulo um, verso 2-11, e a oração de
Daniel no capítulo nove, verso 3-19. Eles
faziam parte da situação. E para que vocês e
eu possamos ser servos eficientes,
precisamos estar lá.
A Palavra Veio Expressamente
A Ezequiel
E, então, a terceira coisa: o
ministério precisa ser muito pessoal.
Observem o que diz o capítulo um, verso
três: "A Palavra do Senhor veio
expressamente a Ezequiel, o sacerdote." Isto
significa DUAS coisas: Primeiramente,
significa que Ezequiel não obteve o seu
ministério a partir de livros. Não exerceu
um ministério de segunda mão. Seu ministério
não foi fruto de estudo, mas veio a ele
pessoalmente. As visões de Deus também eram
suas próprias visões. A mensagem de Ezequiel
era original e não de segunda mão. Tem que
ser desta forma. Nosso ministério deve
ser assim: fruto de algo que Deus nos disse
pessoalmente.
Segundo, o significado da
Palavra do Senhor que veio expressamente a
Ezequiel é que HAVIA UMA URGÊNCIA. Vocês
conhecem o significado da palavra
“expressamente”. Vocês usam o termo trem
expresso. O que quer dizer trem expresso? É
um trem que chega ao seu destino
rapidamente; é muito urgente. Vocês se
lembram da palavra do apóstolo Paulo: "... o
Espírito expressamente diz" (1 Timóteo 4:1;
KJV) – há urgência no caso! "A Palavra do
Senhor veio expressamente a Ezequiel." Há
algo muito urgente envolvido. Vocês precisam
chegar lá o mais rápido que puderem. Há um
assunto muito sério em questão. Todas as
suas energias devem estar concentradas neste
assunto. É assim que precisa ser conosco.
Tem que haver uma tremenda urgência em nossa
mensagem. Há muitas questões em jogo.
Eu lhes diria algo, antes de vocês
entregarem as suas mensagens. Parem e digam
para si mesmos: "O que Deus tem em mente
para o seu povo? – pois vocês irão
influenciar vidas, TALVEZ, PARA SEMPRE E POR
TODA A ETERNIDADE."
As coisas que acabei de falar
são coisas que constituem o tipo de servos
que Deus precisa. Gostaria que vocês
voltassem a elas novamente. Lembrem-se de
que Ezequiel é um homem cuja vida foi
completamente revolucionada pelo propósito
de Deus. A NECESSIDADE DE DEUS mudou todo o
curso da vida dele! A NECESSIDADE DE
DEUS desapontou a Ezequiel no que diz
respeito à sua vida natural! Algo do
desapontamento e da insatisfação do coração
de Deus entrou na vida deste homem!
E é exatamente desta mesma
maneira que Deus tem se movido ao longo de
toda a história. Suponho que Abraão estava,
talvez na maior parte da sua vida, muito
satisfeito em “Ur dos Caldeus”. Ali ele
tinha tudo que precisava, mas, então,
começou a chegar ao seu coração uma grande
insatisfação com aquela vida; e seu coração
estava à procura de algo que ele não
conhecia. Tudo o que ele podia dizer era:
“Eu não fui criado para isto. Estou certo
que existe algo mais na vida, além disto.
Deve haver algum propósito maior do que
este. Isto não me satisfaz." Foi neste
terreno que Deus se moveu na vida de Abraão.
Era Deus trabalhando nele a SUA PRÓPRIA
INSATISFAÇÃO! E, quando esta insatisfação
estava lá, então Deus pôde dar o lado
positivo daquilo que realmente era o Seu
propósito.
E isto aconteceu na vida de
todos os servos de Deus. Penso que isto foi
verdade na vida de Moisés. Estou bem certo
de que também foi verdade na vida de
Ezequiel. Foi verdade na vida de Paulo:
Creio que podemos detectar algo de
insatisfação até mesmo em Paulo (Saulo) de
Tarsus. DEUS PREPARA O SEU CAMINHO DESTA
MANEIRA. Podemos ter isto em nós antes de
Deus começar a fazer qualquer coisa. A fim
de trazer o Seu Grande Propósito, Deus
precisa escrever coisas negativas em nossos
corações. Este é o caminho do serviço – de
um lado, temos desapontamento; de outro
lado, é a nomeação de Deus – e, então, a
consciência de não se ter a capacidade
natural, sendo que toda a capacidade precisa
vir do próprio Deus. Era uma obra que nenhum
homem podia fazer, e, certamente, uma obra
que nenhum homem assumiria para si mesmo –
assim foi Ezequiel. Mas Deus havia tomado
conta deste homem, e tudo o que aconteceu a
ele foi porque “a mão do Senhor estava sobre
ele”.
Vamos terminar por aqui esta
manhã. É uma questão da mão do Senhor estar
sobre nós; se a mão do Senhor estiver sobre
nós, então não poderemos ajudar a nós
mesmos. Embora possa ser difícil, embora o
desapontamento seja grande, embora as
demandas estejam além da nossa capacidade,
contudo, nada podemos fazer. Temos que
continuar!
Vocês lembram o que Jeremias
e outros profetas disseram sobre isto? Em
virtude de o povo não querer ouvir, e porque
o seu ministério implicava em muito
sofrimento, Jeremias disse que jamais
gostaria de falar novamente. Ele estava a
ponto de desistir da obra de Deus. Mas,
então, ele falou: "Enquanto guardei
silêncio, o fogo ardia. A Palavra do Senhor
era como um fogo em meus ossos, e, então,
quebrei todas as minhas resoluções. Comecei
a falar novamente. Não podia fazer
diferente" (Jer. 20:9; parafraseado). É isso
que Ezequiel quis dizer com: "A mão do
Senhor estava sobre mim." Vocês sabem o que
isto significou mais tarde, como “a mão do
Senhor” moveu Ezequiel por toda parte? Ele
era um homem que estava sob “a mão do
Senhor”. Orem, para que vocês também possam
estar desta maneira. Que não seja a escolha
de vocês o ser de um jeito ou de outro, mas
que tudo simplesmente seja o que Deus quer
que seja, pois “a mão do Senhor está sobre
vocês”. O Senhor precisa de homens e
mulheres desta maneira. Orem para que vocês
possam estar desta maneira. Vocês não estão
no negócio por que vocês gostam, porque
escolheram, porque têm qualificações. Vocês
estão nele porque “a mão do Senhor está
sobre vocês”. E, tirar a vocês mesmos desta
obra seria sair da “mão do Senhor”.
Agora, se a coisa for desta
maneira, então, algo irá acontecer. Vocês
terão uma mensagem para o seu tempo. Terão
uma mensagem para a situação. Irão sentir a
urgência da mensagem. "a palavra será como
um fogo em seus ossos”. Que o Senhor faça de
TODOS nós mensageiros como aqueles.
Agora vocês sabem o que eu
quis dizer no início. É o valor espiritual
que importa. Não é o conhecimento
intelectual, mas é o fato de nós sermos tais
homens e tais mulheres – Isto é EFICÁCIA
ESPIRITUAL. Peçam a Deus para torná-los
desta maneira: que as pessoas possam
reconhecer que vocês têm um coração que arde
pelo Senhor - que, se por um lado vocês têm
visto o que está errado, mas por outro lado,
vocês têm visto o que Deus deseja, e que
vocês sentem que Ele colocou as MÃOS DELE
sobre vocês em relação ao assunto!!!
QUE O SENHOR FAÇA ISTO
VERDADE EM TODOS NÓS!
Capítulo 3 – O Poder
Persistente de Deus Na Direção Do Seu
Propósito
Voltemos ao livro das
profecias de Ezequiel. Para começar, vou
apenas dar a vocês um contorno muito amplo
deste livro; contudo, deixem-me dizer aqui
que não é minha intenção estudar todo o
livro. Apenas vamos destacar algumas de suas
grandes características. Há uma grande seção
intermediária que dificilmente iremos
considerar.
O livro de Ezequiel é um dos
livros mais difíceis de ser entendido na
Bíblia. Imagino que vocês tenham descoberto
isto ao lerem apenas os primeiros três
capítulos. Assim, irei apenas dar um esboço
bem genérico do livro; vocês podem
complementar os detalhes.
Primeiramente, vocês vão
querer conhecer do que se trata esse livro
de Ezequiel. Será que podemos ver já na
primeira página do livro qualquer coisa que
resuma o significado do livro todo? Penso
que sim! Este é o livro do persistente
propósito de Deus – as energias divinas em
relação ao propósito divino. Se vocês
quiserem um fragmento do Novo Testamento que
irá explicar isto, vocês o têm em Efésios
1:11"...conforme o Seu propósito que opera
todas as coisas segundo o conselho da Sua
vontade." Efésios 1:11 é a chave para o
livro de Ezequiel. A expressão “que opera”,
em Efésios 1:11, é uma palavra muito forte.
A palavra grega empregada é ‘energeo’,que
significa “energia". Assim, Deus está
energizando "todas as coisas segundo o
conselho de Sua vontade." De uma forma
especial, é isto o que temos no livro de
Ezequiel – vocês precisam ler o livro todo à
luz de Efésios 1:11. Penso que iremos ver
isto na medida em que avançarmos.
Agora, um esboço amplo do
livro. Começamos com o próprio profeta, e a
sua preparação para o ministério. Isto
abrange os três primeiros capítulos: o
próprio profeta, a visão do profeta e a
comissão do profeta. Esses pontos são
abordados nos capítulos de um ao capítulo
três. A seção seguinte vai do capítulo
quatro ao vinte e seis. Esta seção tem a
ver com a nação de Israel. Há três coisas
nesta seção sobre a nação de Israel:
primeiro, o seu afastamento de Deus;
segundo, a sua denunciação feita por Deus; e
terceiro, o seu juízo. Então, a próxima
seção vai do capítulo vinte e cinco ao
trinta e dois. Esta seção tem a ver com as
nações. Há quatro nações que são tratadas: -
Amon, Moabe, Edom, Filistia. E, então, há
mais duas: - Tiro e Sidom. Há um breve
intervalo relacionado à restauração de
Israel no capítulo vinte e oito, versos 25,
26. E, então, o julgamento das nações
continua, e o Egito é julgado.
Então, chegamos à seção
quatro. Esta nos traz de volta à nação de
Israel. Esta seção vai do capítulo trinta e
três ao trinta e nove. Nela é falado sobre o
atalaia, os pastores, a nova ordem, a visão
dos ossos secos, e o último inimigo.
E, então, chegamos à quinta e
última seção, isto é, a restauração
encontrada nos capítulos quarenta ao
quarenta e oito; e aí temos: o templo, o
Senhor, o serviço no templo, o rio, a terra,
a herança, e a cidade. Agora, como dissemos,
não vamos estudar tudo. Isto apenas foi dado
a vocês para ajudá-los a vislumbrar o livro
todo.
Agora vamos retornar à nossa
parte do estudo, pois ainda vamos gastar
algum tempo nesta primeira seção. Penso que
é muito importante gastarmos tempo nesta
seção. Imagino que, de vez em quando, vocês
estarão dizendo: "Bem, desejaria que ele
avançasse com o livro", mas eu não tenho
pressa para cobrir uma grande parte do
terreno. Quero ter certeza de que temos nos
apropriado dessas verdades fundamentais.
Assim, voltemos aos primeiros
três capítulos e vejamos a preparação do
profeta para o seu ministério. Este é um
assunto que nos interessa muito – como o
profeta foi preparado para o ministério –
pois, o que foi verdade para Ezequiel também
o é para nós, espiritualmente falando. Ontem
vimos o fator tempo no ministério dele; a
situação para a qual ele foi chamado para
ministrar, e a Palavra expressa do Senhor
pessoalmente a ele.
Nesta manhã chegamos às
“visões”. Observem o que está dito: "... eu
estava junto ao rio Quebar entre os
exilados, os céus foram abertos e eu vi
visões de Deus." Quero dizer aqui que,
embora a forma dessas visões não seja
repetida no caso dos servos do Senhor, os
princípios e significados espirituais,
porém, devem ser verdade para todos nós.
Nosso propósito é alcançar aquilo que está
por detrás do significado objetivo das
coisas, e, em todo o tempo, estaremos
tentando chegar ao significado espiritual.
Como vocês sabem, o lado objetivo é apenas o
método temporário; é apenas o meio que Deus
usa para o tempo presente. Agora, o
significado espiritual é o significado
permanente e real.
O Profeta Viu O Caminho
Passemos às visões. Ezequiel
disse: "Eu vi visões de Deus." Isto teve
dois significados: (1) significa que as
visões vieram de Deus; foram visões que Deus
havia dado a ele, e (2) significou que eram
as visões dos movimentos de Deus. Deus
estava se movendo; estava tomando certa
direção, e ao profeta foi dado enxergar
esses caminhos que Deus estava tomando: este
é o significado das "visões de Deus. "Mas,
antes que ele tivesse visto as visões de
Deus, é dito que “os céus se abriram. "Vamos
falar bastante sobre isto esta manhã. Mas
antes, há uma ou duas coisas que precisam
ser ditas.
As visões dadas a Ezequiel
variaram no tempo, em natureza, e em método;
isto é, variaram em diferentes tempos – não
vieram ao profeta todas ao mesmo tempo. O
Senhor deu algo ao profeta que o fez
prostrar o seu rosto em terra diante do
Senhor. É o que vemos no final do capítulo
um. Então, o Senhor coloca o profeta em pé,
e este tipo de coisa acontece de tempos em
tempos. A meu ver, houve intervalos na vida
do profeta, e, durante esses intervalos, o
profeta teve que refletir sobre aquilo que
tinha sido mostrado a ele, para que pudesse
se ajustar ao que o Senhor estava mostrando.
Gostaria de sublinhar isso, meus irmãos e
minhas irmãs. Nós também precisamos de tais
intervalos em nossas vidas diante do Senhor.
Se o Senhor nos mostra algo, precisamos de
um tempo para considerar o assunto, para
descobrir o que aquilo significa, e sua
implicação. Esta é uma necessidade! Uma
grande medida de valor é perdida quando
continuamos prosseguindo sem ter esses
períodos de quietude com o Senhor a respeito
daquilo que Ele está dizendo. Deve haver uma
espécie de quietude sabática, a fim de
meditarmos naquilo que o Senhor está
mostrando, a fim de nos ajustarmos.
O Senhor diz algo, mas nós
ignoramos e prosseguimos; avançamos cada vez
mais, sem parar para pensar a respeito
daquilo que o Senhor está realmente falando
– no que aquilo realmente implica, para que
possamos nos ajustar a ele. Creio que a
maior parte da vida e do ministério do
apóstolo Paulo veio dos seus dois anos de
silêncio no deserto. Ele teve a visão do
Senhor na Estrada de Damasco. Foi uma
tremenda visão, que o fez até cair com o
rosto em terra. E foram necessários dois
anos de silêncio para que ele pudesse
ajustar-se ao significado daquela visão.
Tenho frequentemente tentado imaginar o que
realmente aconteceu naqueles dois anos – o
que foi aquilo ao qual Paulo teve que se
ajustar; como ele precisou ler novamente
toda a Escritura à luz daquela visão. Ele
teve que reconstruir toda a sua teologia à
luz daquela visão: teve que pensar todas as
coisas novamente. E eu acredito que boa
parte daquilo que recebemos de Paulo veio
desses dois anos.
Não estou sugerindo que
vocês, após este curso, também irão precisar
de dois anos. Mas existe um princípio. O
Senhor falou a Ezequiel, e ele ficou em
silêncio por sete dias. Não pôde prosseguir
com o seu ministério até que tivesse
consumido aqueles sete dias, pensando sobre
aquilo que o Senhor tinha lhe mostrado.
Minha opinião é que o Senhor não nos dá tudo
de uma vez só. Ele espera até que realmente
tenhamos entendido o que Ele falou; Ele
espera até termos nos ajustado àquilo.
Estamos tocando um princípio muito
importante aqui – esta questão de períodos
entre as revelações. Foi assim com Ezequiel;
ele precisou ter seus tempos de quietude.
Não apenas uma hora pela manhã, mas, de
tempo em tempo, ele ficava em silêncio,
ficava sem dizer coisa alguma; ficava
completamente a sós com o Senhor.
Então temos a segunda coisa:
essas visões variavam em sua natureza, e não
apenas em seu tempo. Temos vários tipos de
visões. Não iremos nos deter nelas agora,
apenas vamos mencioná-las: houve a visão do
Trono; a visão do vale de ossos secos; a
visão da Casa do Senhor; a visão do grande
rio; a visão da terra; a visão do povo em
sua herança; e, finalmente, a visão da
cidade.
Ezequiel Foi Instruído Pelo
Espírito
Em terceiro lugar, as visões
variavam em método, e isto é algo com o qual
devemos nos deter por um momento. As visões
que chegaram a Ezequiel chegaram de duas
maneiras diferentes. Primeiro elas vieram de
forma objetiva – as coisas foram
apresentadas a ele em forma de visão;
Ezequiel estava na mesma situação que João
na ilha de Patmos; viu as coisas de forma
objetiva; mas as visões nem sempre foram
desta maneira. Houve um segundo método pelo
qual as visões vieram a Ezequiel, foi pela
instrução do Espírito, e este método foi
mais amplo. Naturalmente, esses dois métodos
não estavam sempre separados, mas são
distintos.
Em nossa dispensação, o
primeiro método é muito raro. Paulo não teve
muitas visões e revelações objetivas; em 2
Coríntios 12, ele disse: "passarei às visões
e revelações... conheço um homem ... se no
corpo não sei, se fora do corpo também não
sei, Deus sabe – tal homem foi arrebatado ao
terceiro céu e ouviu palavras inexprimíveis,
as quais ao homem não é permitido falar”.
Este foi o primeiro método apresentado a
Paulo. Ele teve essas visões objetivas. O
apóstolo João também teve, mas essas
visões foram excepcionais; pouquíssimos de
nós nesta dispensação têm este tipo de
visão. Tais visões geralmente pertencem ao
início das coisas: o lado objetivo
normalmente se refere aos começos.
Paulo e os demais apóstolos
estavam lançando o fundamento para toda esta
dispensação. Por isso as visões foram
excepcionais, o que podemos chamar de
anormais. Contudo, qual é a forma normal
para a nossa dispensação? É o segundo método
que o Senhor empregou com Ezequiel, o qual
tinha a ver com o desenvolvimento do
propósito de Deus. Quando você chega a algo
tão grande como a Casa do Senhor, e a
herança, e a cidade, então, é o Espírito
quem está operando tudo o tempo todo.
Observem: “O Espírito me levou, o Espírito
me fez sentar, o Espírito me tirou, o
Espírito me mostrou”. É tudo movimento do
Espírito! Esta é a maneira normal para a
nossa dispensação. O próprio Senhor Jesus
disse que isto seria o normal: "Quando vier
o Espírito da verdade, Ele vos guiará a toda
a verdade... Ele receberá do que é meu, e
revelará tudo a vocês." E o restante do Novo
Testamento segue nesta mesma linha: a
maneira normal é o Espírito nos ensinando
todas as coisas.
Os Céus Estavam Abertos Para
Ele
Isto nos faz voltar à
primeira parte da visão: "Os céus foram
abertos." Vocês me ouviram dizer bastante
sobre o céu aberto, mas quero falar um pouco
mais a respeito disto nesta manhã. Todos nós
sabemos que no simbolismo do jardim, no
princípio, o céu foi fechado para o homem
por causa do pecado. O jardim representa o
reino dos céus. É uma ordem que o próprio
Deus criou. É uma verdadeira representação
das coisas celestiais. Porém, quando Adão
pecou, ele foi tirado desse ambiente, e a
porta foi fechada por detrás dele; e esta
porta permaneceu fechada a todos os filhos
de Adão. POR TRÁS desta porta está o lugar
onde Deus está; POR TRÁS desta porta está o
lugar onde a Vida está; POR TRÁS desta porta
está o lugar onde a Divina ordem está. Do
lado de fora desta porta está a morte; do
lado de fora desta porta Deus não está; do
lado de fora desta porta não há ordem
Divina; e esta porta está fechada para todos
os filhos de Adão.
Mas, a porta foi aberta
novamente. E nós sabemos quando ela foi
aberta; foi aberta para “o Filho do Homem”.
Vocês se lembram de Suas palavras ditas a
Natanael? Jesus disse a Natanael: “Em
verdade, em verdade te digo, que verás os
céus abertos, e os anjos de Deus subindo e
descendo sobre o Filho do Homem".
Naturalmente, isto foi uma pintura. Foi um
quadro tirado do Velho Testamento. Natanael
sabia o que aquelas palavras
significavam. Sabia que elas foram tiradas
da experiência de Jacó. Jacó estava no lugar
do céu fechado; em Betel ele viu o céu
aberto; viu os anjos de Deus subindo e
descendo. Natanael conhecia tudo isto.
Agora Jesus estava dizendo:
“Eu sou esta escada. É sobre Mim que os céus
estão abertos; todas as comunicações entre o
céu e a terra, e a terra e o céu, estão
relacionadas a Mim: ninguém vai ao Pai a não
ser por Mim; ninguém consegue coisa alguma
do Pai, a não ser por Mim”. E assim, às
margens do Jordão, os céus foram abertos
para Ele; o Jordão simbolizava a Sua Cruz.
Na Cruz do nosso Senhor Jesus, um homem foi
posto à morte; foi sepultado; e para este
homem os céus estão fechados. Do outro lado
da Cruz, um Novo Homem ressurge, e, para
este, os céus estão abertos: é para o Senhor
Jesus, um novo tipo de Homem Celestial, que
os céus estão abertos.
Sabemos que é exatamente isto
que o Senhor estava dizendo a Nicodemos – um
homem muito inteligente, muito educado e
muito religioso. Mas há outro aspecto que
tem a ver com o ministério. Há o céu aberto
para o ministério, e é disso que estamos
falando, no caso de Ezequiel. Para ele o céu
aberto referia-se ao seu ministério, e esta
é uma questão que vocês e eu precisamos
entender. É um aspecto específico do
Espírito Santo. Nós recebemos o Espírito
Santo quando nascemos do alto, mas a UNÇÃO
DO ESPÍRITO REFERE-SE AO MINISTÉRIO. Jesus
nasceu do Espírito Santo, mas Ele recebeu a
unção do Espírito para o Seu ministério. Não
quero aqui mostrar a distinção entre ser
nascido do Espírito e ser ungido, mas existe
tal diferença!
Unção é o efeito do Espírito
Santo em nós em relação ao ministério. É o
que o apóstolo Paulo quis dizer em Efésios,
quando orou pela Igreja. Vocês estão tão
familiarizados com essas palavras que eu não
ousaria lê-las; contudo, vamos olhar para
elas novamente. Observem que o apóstolo
estava dizendo essas coisas tremendas sobre
o chamado da Igreja. É a grande vocação da
Igreja que está em foco. Não é apenas a
salvação dos crentes – esta já aconteceu;
mas, agora, ele está tratando com a questão
da Igreja e seu grande ministério;
ministério presente e ministério pelas
gerações futuras. É isto o que temos na
carta aos Efésios. Reconheçamos que esta
carta não é para cristãos individuais. Ela
somente se aplica ao indivíduo cristão em
certo aspecto. Nenhuma das coisas que está
nesta carta pode ser cumprida plenamente de
forma individual; nenhum indivíduo cristão
pode ser abençoado com todas as bênçãos
espirituais nos lugares celestiais. Há a
necessidade de toda a Igreja para que
tenhamos todas essas bênçãos espirituais. E
nós somente alcançaremos todas essas bênçãos
espirituais por meio de uma única maneira:
através da comunhão com todos os membros da
Igreja.
Para que servem essas bênçãos
espirituais? Serão apenas para a nossa
própria satisfação? Para que possamos ser
abençoados? Olhando para esta carta vocês
percebem que elas visam ao ministério; é
para que a Igreja cumpra o seu ministério.
Eu não tinha a intenção de sair de Ezequiel
e ir para Efésios agora, mas, quem sabe seja
o Espírito quem esteja nos levando a isso!
Observem o que o apóstolo diz aqui: “Quando
Ele subiu às alturas ... deu dons aos homens
... Ele deu alguns como apóstolos, outros
como profetas, outros como evangelistas, e
outros como pastores e mestres." Para que?
- "Visando o aperfeiçoamento dos santos,
para a obra do ministério" – para tornar a
Igreja completa, a fim de que possa cumprir
o seu ministério. O objetivo de tudo é o
ministério da Igreja. E é por causa deste
ministério que o apóstolo ora desta
maneira: "Por esta causa eu também… não
cesso de dar graças por vós, fazendo menção
de vós em minhas orações, para que o Deus de
nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glória,
conceda a vós espírito de sabedoria e de
revelação no conhecimento dEle” – isto é, o
conhecimento de Cristo. A palavra
“conhecimento”, aqui, é pleno conhecimento,
espírito de sabedoria e revelação no pleno
conhecimento DELE; tendo os olhos do vosso
coração iluminados, para que possais
conhecer” (Efé. 3:1a; 1:16,17; KJV; ASV).
Então, as coisas que você “pode conhecer”
são mencionadas.
Aqui está a obra do Espírito
Santo em relação ao ministério. Em relação
ao ministério, A IGREJA precisa ter os olhos
do seu coração iluminados (v.18); A IGREJA
precisa ter espírito de sabedoria e de
revelação no pleno conhecimento de
Cristo (v.17). Esta deve ser a vida normal
da Igreja nesta dispensação. Se esta não for
a vida normal, então significa que tudo está
errado. A IGREJA PRECISA CONHECER “qual é a
esperança do seu chamado”; “quais as
riquezas da glória de Sua herança” (v.18);
“a sobre-excelente grandeza do Seu
poder" (v. 19). Este deve ser o conhecimento
normal da Igreja para o seu ministério! Este
é o significado de céu aberto: "o espírito
de sabedoria e revelação" foi dado; os olhos
do coração foram iluminados; e nós, então,
somos capazes de, pelo Espírito, CONHECER os
movimentos de Deus, de CONHECER o caminho
que Deus está tomando, de CONHECER o
propósito que Deus tem em vista, e de
CONHECER que Deus está “trabalhando todas as
coisas segundo o conselho de Sua Própria
vontade”.
É isto que Ezequiel chegou a
ver com o céu aberto. Deus tem um propósito!
E Ele está se movendo na direção deste
propósito! Todas as poderosas energias de
Deus estão direcionadas para este propósito!
Todas as coisas nos céus e na terra estão
sendo governadas visando a este propósito! É
isto o que Ezequiel viu! O Livro de Ezequiel
é o Livro das persistentes energias de Deus
em direção ao Seu propósito. Nós, irmãos e
irmãs, PRECISAMOS CONHECER isto em nossa
própria experiência!
Foi um caminho tremendamente
custoso para Ezequiel. Um caminho que abriu
uma linha completamente nova. Leiam este
livro e vejam o que esta visão custou ao
profeta. A visão custou a ele a vida de sua
esposa. Sua jovem esposa morreu como um
sinal para Israel, e muitas outras coisas
aconteceram ao profeta; coisas muito
dolorosas. É algo muito caro ter o céu
aberto. Essa maneira custosa não vem a nós
da mesma maneira, mas, creiam, o céu aberto
implica em muito sofrimento. A visão nos
envolve numa impossibilidade de sermos
compreendidos por aqueles que ainda não a
têm. A visão envolve perseguição por parte
de outras pessoas dentre o povo de Deus. É
isto que aquela experiência significou para
Ezequiel; contudo, vale a pena! Qualquer um
que tenha o céu aberto não abrirá mão dele
por nada nesta vida. Não abrirá mão dele nem
por toda a popularidade deste mundo. O céu
aberto é a coisa mais preciosa que qualquer
homem ou mulher pode ter – céu aberto é ter
comunhão com Deus – onde Deus segue
mostrando coisas novas cada vez mais.
Se vocês estiverem preparados
para aceitar o preço, então, peçam a Deus
para tornar isto real, mas não fiquem
surpresos se experimentarem o que Ezequiel
experimentou logo após sua primeira visão.
Ele disse: “fiquei ali sete dias, atônito".
Quando alguém morria, era costume as pessoas
não tomarem banho por sete dias. Elas
lamentavam durante sete dias, e ficavam como
que mortas nesse período; (na Bíblia, o
oitavo dia é sempre o dia de vida nova), e
Ezequiel ficou como que morto por sete dias.
O tremendo efeito da visão fez com que ele
atravessasse um período muito doloroso.
Assim, não fiquem surpresos se vocês
começarem a ter um período difícil; o que eu
quero dizer é o seguinte: quando temos
compromissos desta ordem com o Senhor, Ele
geralmente começa a nos fazer passar por
experiências profundas, a fim de que tudo se
torne muito real. Oh, nossa carne não quer a
visão, não deseja o ministério; nossa carne
deseja toda a glória, mas o Senhor toma
medidas contra a nossa carne, e atravessamos
períodos nos quais ela é levada à morte, e
isto é para a própria segurança do
ministério. Esta é uma verdade que
precisamos experimentar, e isto estava no
âmago do ministério de Ezequiel.
Capítulo 4 – O Homem Que Está
No Trono Governa Todas As Coisas
Agora retornemos às profecias
de Ezequiel. Vocês vão se lembrar de que,
ontem pela manhã, começamos a considerar a
preparação do profeta para o seu ministério,
e falamos sobre o céu aberto: "os céus se
abriram, e eu vi visões de Deus”. Nesta
manhã chegamos à segunda metade da
declaração, "visões de Deus," e tomamos esta
primeira grande visão que foi dada ao
profeta. Isto abrange os versos de quatro a
vinte e oito do capítulo um. Vocês leram
cuidadosamente esses três capítulos, de modo
que não será necessário que os leiamos
novamente nesta manhã.
A primeira coisa que
precisamos observar é que esta visão é uma
coisa só; ela possui várias partes, mas tem
apenas um único objetivo em vista. O último
verso do capítulo nos mostra que é desta
maneira. O versículo vinte e oito, a segunda
parte, diz: "Esta era a aparência da
semelhança da glória do Senhor." Tudo no
capítulo está incluído nisto, “a aparência
da semelhança da glória do Senhor”.
O fator inclusivo de toda
esta visão era o Trono do Senhor. Todas as
demais coisas na visão são apenas parte do
Trono; todas elas irão compor o Trono do
Senhor. É muito importante reconhecermos
isto. Vocês não estão lidando com várias
coisas diferentes nesta visão: estão lidando
apenas com uma única coisa, a qual é formada
por várias partes. Há fogo, relâmpagos,
poder terrível, há irresistível progresso,
há seres viventes, rodas, há semelhança de
homem. Todos esses elementos são partes do
Trono. Todos eles irão compor o significado
do Trono do Senhor. E todos eles estão
incluídos nesta declaração final: "Esta
(tudo isto) era a aparência da glória do
Senhor."
Agora eu quero que vocês
entendam essa aparência, da forma como a
vemos neste capítulo. Não devemos pensar no
Trono como algo separado, distante lá no
céu, e, então, os querubins aqui em baixo.
O que precisamos entender é que tudo é uma
coisa só. Aqui está o Trono acima, então,
abaixo do Trono, temos o firmamento, e,
imediatamente abaixo do firmamento, temos os
querubins. Todos esses elementos compõe uma
coisa só, e todos eles estão se movendo
juntos. Parece que o Trono e os querubins se
movem juntos. Vocês verão que eles vêm do
norte. Tudo é uma coisa só, e este é o ponto
que eu quero frisar agora. Antes de
considerarmos o que está embaixo do
firmamento, vamos considerar aquilo que está
acima. Talvez, seria melhor que lêssemos o
verso vinte e seis novamente:
“E acima do firmamento que
estava sobre suas cabeças estava a aparência
do Trono, à semelhança de pedra safira; e
sobre o firmamento, que estava por cima das
suas cabeças, havia uma semelhança de trono,
como a aparência duma safira; e sobre a
semelhança do trono havia como que a
semelhança dum homem, no alto, sobre ele”.
Assim, começamos destacando o
fator governante que é o Homem sobre o
Trono. Se vocês não compreenderem o
significado disto, não entenderão o conjunto
das profecias de Ezequiel. TUDO o que está
neste livro, tanto de história, como de
futuro, deve ser visto à luz do Homem sobre
o Trono. Há um Trono sobre o firmamento, e
há uma aparência de homem sobre ele. TODO
governo está investido neste Homem do
Trono. Esta não é somente a chave para o
livro de Ezequiel, mas, também, é a chave
para todas as coisas na história, e
particularmente para esta dispensação. É o
governo que está investido neste Homem do
Trono. Esta é a chave para tudo. Daí vem
todas as demais coisas.
Ao iniciarmos estes estudos,
levantamos uma grande questão: “Será que
este livro possui uma mensagem para a nossa
dispensação?” A resposta pode ser dada em
TRÊS fragmentos, a partir do Novo
Testamento. Um deles é encontrado em João
6:62 (ASV), dos próprios lábios do Senhor
Jesus: “Que seria, pois, se vísseis subir o
Filho do Homem para onde primeiro estava?”
Como vocês podem ver, isto introduz a
questão sobre O LUGAR CERTO PARA O FILHO DO
HOMEM. "Que seria... se vísseis o Filho do
Homem subir para onde primeiro estava?" A
segunda passagem vem dos lábios de Estevão,
em Atos 7:56: "Vejo os céus abertos, e o
Filho do Homem em pé à destra de Deus.”
Isto revela que as palavras do Senhor Jesus
foram cumpridas: -"Eu vejo ... o Filho do
Homem em pé à destra de Deus." A questão foi
respondida.
A Terceira passagem inclui as
duas anteriores e vai além. Está em Hebreus,
capítulo um, verso oito: "... do Filho, Ele
diz: 'Teu Trono, ó Deus, é eterno". Esta
passagem nos faz voltar para onde Ele estava
antes: o Filho do Homem subindo para onde
Ele estava anteriormente. Teu Trono é desde
sempre, e continua pela eternidade - "Teu
Trono... é para sempre e sempre." Isto é
dito acerca do Filho; e Jesus fala de Si
mesmo como sendo o Filho do Homem, O FILHO
DO HOMEM SENTADO EM SEU TRONO ETERNO -
"Acima do firmamento está um Trono e a
semelhança de um Homem está sobre ele."
O Homem Em Seu Devido Lugar
Primeiramente, Deus tem Seu
Filho. Soletramos isto com um grande “H”.
Deus tem o Seu Homem, o Homem que Ele sempre
quis e pretendeu ter, e agora, este Homem
está no Seu devido lugar; o Homem está onde
Deus pretendeu que Ele estivesse. Apenas
guardem estas duas coisas, porque, como
dissemos, elas governam todas as demais.
Finalmente Deus tem o Seu Homem. Há um
sentido em que Deus, no passado, esteve à
procura deste Homem. Deus criou Adão para
ser esse homem, e Deus, ao longo da
história, sempre esteve à procura desse
homem, que fosse segundo o Seu próprio
coração. Deus encontrou este Homem em Seu
Próprio Filho. Este é o significado pleno da
encarnação. Deus proveu para Si mesmo um
Homem, e este Homem está agora no lugar
designado por Ele. Está em Seu devido lugar,
no lugar de governo. Isto responde ao salmo
8:6, "Fazes com que Ele tenha domínio”. Todo
domínio e toda autoridade está investida
neste Homem! Ele é o Filho de Deus, mas
também é o Filho do Homem. Devemos nos
lembrar de que TUDO É GOVERNADO POR ISSO! A
preparação do servo do Senhor é governada
por isto! O ministério é governado por isto!
Todo ministério precisa tomar o seu caráter
a partir deste Homem assentado no Trono!
Então, vocês prosseguem
através deste grande livro, e chegam aos
julgamentos de Deus; primeiro, o julgamento
do povo do Senhor e, então, o julgamento das
nações; e todos esses julgamentos são
governados pelo Homem do Trono. Após os
julgamentos, vocês chegam à recuperação do
testemunho de Deus. E a recuperação do
testemunho de Deus é conforme o Homem que
está no Trono. Poderíamos ficar detidos aqui
neste assunto por muito tempo, mas
precisamos deixar sua vasta plenitude para
mais tarde.
Mas nos ocorre a seguinte
pergunta: "Qual é o testemunho que Deus
deseja e quer recuperar?” – É o testemunho
de Jesus. É o testemunho de que Deus tem um
Homem Segundo O Seu Coração, e que O Homem
Segundo O Seu Coração é um tipo de Homem; um
Homem diferente de todos os demais, e que
toda a Sua autoridade está investida neste
Homem, Jesus Cristo. Este é o testemunho que
Deus deseja recuperar. Iremos descobrir mais
adiante que a Casa de Deus é o lugar onde
este testemunho é encontrado. A Casa de Deus
é constituída conforme este Homem; e é o que
este Homem representa que é expressado na
Casa de Deus. É a isto que devemos chegar,
pois, é o testemunho de Deus em Jesus
Cristo na Casa de Deus.
Assim, a obra da recuperação
como a temos nas profecias de Ezequiel é
governada pelo Homem do Trono. E, quando
falo governo, não quero dizer governo
oficial – mas quero dizer que é o caráter
deste Homem que governa todas as coisas.
Então, movemo-nos para a Casa de Deus. Ela
ocupa um lugar muito importante nestas
profecias. É uma Casa muito maravilhosa.
Quando chegarmos a ela, veremos que ela é
governada pelo Homem do Trono. Depois
chegaremos ao rio, que sai da Casa de Deus,
fluindo pelo caminho do altar através da
corte, descendo às nações, dando vida a
todas as coisas por onde quer que passe.
Veremos que isto corresponde ao que temos no
livro de Atos, pois lá, vemos o rio fluindo
do santuário da Jerusalém espiritual para
toda Judéia e Samaria, e para os confins da
terra. Tudo ganha vida por onde esse rio
passa. É um rio bastante longo. É o maior
rio do mundo. Ele já tem alcançado a China;
está fluído através da Índia. É um rio que
corre por toda a terra, e, por onde quer que
passe, dá vida às coisas. Mas, lembrem-se de
que este rio nasce no Filho do Homem, que
está assentado no Trono. Tudo é governado
por Deus a partir do Seu Filho no Seu lugar
devido.
Depois veremos o povo de Deus
tomando posse da herança. Esta é outra
grande verdade do Novo Testamento; o povo do
Senhor tomando posse da herança espiritual.
Esta é uma das últimas coisas nestas
profecias. O povo do Senhor somente tomará
posse da herança quando o Senhor Jesus
ocupar o Seu devido lugar. Coloquemos isto
de outra forma. Quando Jesus está em Seu
devido lugar, o povo de Deus, então, toma
posse da herança. Nós jamais poderemos tomar
posse da nossa herança até que Jesus ocupe o
Seu lugar!
Agora olhem para o livro de
Atos – que plenitude tem o povo do Senhor!
Que tamanha herança chegou a eles! Por que
ela veio? E como? Porque a grande mensagem
daquele livro é a de que Jesus Cristo é o
Senhor! Deus O exaltou acima de todo poder e
autoridade! Quando Jesus tem o Seu lugar, o
povo do Senhor alcança a sua herança.
A última coisa nessas
profecias é a cidade, e há o rio fluindo a
partir dela; mas o rio sai do Trono de Deus
e do Cordeiro. Jesus finalmente está em Seu
devido lugar, e a cidade é o vaso da Sua
plenitude, e esta plenitude sai da cidade e
alcança todos os povos. Tudo isso está aqui
em tipo e em símbolo nas profecias de
Ezequiel. Será que respondi a nossa primeira
pergunta? - "Tem este livro uma mensagem
para a nossa dispensação?" Acho que agora
podemos ver que tem, mas a nossa questão
agora é que tudo isto é governado pelo Homem
que está no Trono.
Temos DUAS coisas a esse
respeito, pois, ter Deus o Seu Cristo no céu
é algo muitíssimo importante. Gostaria que
vocês refletissem mais sobre isto! Que
grande coisa é para Deus ter o Seu Cristo no
céu! Isto poderia nos envolver por bastante
tempo. Paulo nos diz que Deus exerceu a
sobre-excelente grandeza do Seu poder para
trazer Cristo para lá. Isto significa que
todos os demais poderes do universo tiveram
que ser VENCIDOS. Realmente é algo tremendo
para Deus ter Cristo no céu! E, então, em
segundo lugar, é algo muito grande para o
povo de Deus ter Cristo no céu.
O Julgamento Vem Do Trono de
Cristo
Voltemos agora para o que
estávamos falando um ou dois minutos atrás.
Todo julgamento vem do Trono de Cristo, e
Ele está julgando o Seu povo e as nações a
partir do Seu Trono. Observem que o
julgamento começa com o povo de Deus, nas
profecias de Ezequiel. Isto nos traz para o
começo do livro de Apocalipse. São as
igrejas que primeiramente são julgadas pelo
Senhor Jesus na glória. É um princípio de
Deus, “que o julgamento comece pela Casa de
Deus”. Naturalmente, isto é necessário pelo
próprio caráter de Deus. Supondo que Deus
fosse julgar o mundo, e, então, o mundo
apontasse para os cristãos e dissesse para
Deus: “Olhe para eles; que contradição eles
são; contudo, Tu os deixas ir. Tu vens e nos
julga, mas não julgas o teu Próprio Povo”.
Estaria tudo errado. Assim, por questão de
princípio, "o julgamento precisa começar
pela Casa de Deus." Nós, como povo de Deus,
precisamos passar pelo julgamento do
Trono.
Vou tomar muito cuidado para
explicar o que isto significa. Tenho falado
mais de uma vez esta manhã que é um tipo
especial de Homem está no Trono, e que Deus
julga todas as coisas de acordo com o
caráter deste Homem. É isto o que vocês têm
no começo do livro de Apocalipse. No início
deste livro, há um retrato completo do
Senhor Jesus. Sua Pessoa e aparência são
descritas em detalhes. É desta forma que Ele
se apresenta às igrejas; e, então, é como se
o Espírito Santo estivesse dizendo: "Eu irei
julgá-los conforme este Homem”. Assim, a
mensagem para cada igreja é: “Quem tem
ouvidos ouça o que o Espírito diz”. A obra
do Espírito Santo está toda relacionada a
Cristo. Vocês sabem disto como sendo uma
grande verdade do Novo Testamento. Agora, o
desafio para as igrejas é "Como você é
medido a este Homem?” Como a sua vida, o seu
caráter e a sua obra respondem a Ele?”
Este Homem é a base do
julgamento. As igrejas são julgadas em
conformidade a Ele; este é o significado de
julgamento – a régua de medida de Deus é o
Seu Filho. A questão é: “Como somos MEDIDOS
a Cristo?” Este é o significado de
julgamento. Quando a Igreja tiver sido
julgada, então Deus se voltará para as
nações. É isto o que temos em Ezequiel, e é
isto o que temos em Apocalipse.
Todo julgamento do povo de Deus e das nações
é conforme este Homem.
O Resgate Do Testemunho De
Jesus
Então, vocês irão ver o
Segundo movimento de Deus. Está muito claro
no livro de Apocalipse. É o movimento para
se resgatar o testemunho de Jesus. João diz:
“Eu estava na ilha chamada Patmos, por causa
da Palavra de Deus e por causa do testemunho
de Jesus”. Esta frase, o testemunho de
Jesus, ocorre diversas vezes em Apocalipse.
Esta é a base da atividade de Deus.
Agora, nas igrejas, a única
questão é: “ao que vencer…" Os vencedores
representam o resgate do testemunho de Deus.
A recuperação do movimento de Deus é
encontrada nos vencedores. Os vencedores são
aqueles que rejeitaram tudo o que não estava
de acordo com Cristo, e são agora uma
expressão deste Homem Divino, de modo que,
quando chegamos ao final do livro, tanto de
Ezequiel como de Apocalipse, temos a cidade.
Todos nós sabemos que não se trata de uma
cidade literal; não poderia ser literal.
Vocês teriam que se livrar de muita coisa, a
fim de ter esta cidade na terra. Esta
cidade, naturalmente, é uma figura. É uma
figura da Igreja; tanto a Igreja como a
cidade responde à Divina descrição. Paulo
coloca da seguinte maneira: “Cristo... amou
a Igreja, e por ela Se entregou a Si
mesmo... para que pudesse apresentá-la a Si
mesmo como Igreja gloriosa, sem mancha, nem
ruga, ou qualquer outra coisa”. (Efé.
5:25,27; ASV). Isto descreve plenamente a
cidade no fim do livro do Apocalipse: “O
Espírito … mostrou-me a cidade santa de
Jerusalém … tendo a glória de Deus: - Igreja
gloriosa – sua luz era como uma pedra muito
preciosa" (Apo. 21:10,11). Luz é sempre
símbolo de pureza - "Não tendo mancha, nem
ruga, ou qualquer outra coisa." "Cristo...
amou a Igreja, e se deu a Si mesmo por ela”
– no meio da cidade está o Trono do
Cordeiro. Percebam o simbolismo. Percebam o
significado espiritual – Este último estado
corresponde ao Homem no Trono!
O livro de Atos é o grande
começo. Ele inicia com Cristo no Trono.
Antes de chegarmos ao final da era
apostólica, as coisas já começam a sair
errado. Podemos detectar isto nas cartas de
Paulo, especialmente em suas últimas cartas
que foram para Timóteo – as coisas estavam
erradas. O testemunho estava se perdendo.
Então, chegamos a Apocalipse, e Deus começa
o julgamento pela Casa de Deus, como que
buscando resgatar o testemunho; e, no final
de Apocalipse, vemos o testemunho
completamente recuperado!
As Energias E Os Movimentos
De Deus
Retornemos agora a Ezequiel.
Neste livro, como já temos dito, vemos as
energias e os movimentos de Deus. A primeira
visão é uma representação disto. Olhem para
os símbolos usados. Primeiro, ‘fogo ardente’
– quem pode permanecer diante do fogo
ardente? Quando o fogo começa a varrer a
terra, ninguém pode apagá-lo. O fogo é
irresistível. E, então, ‘relâmpagos’ – como
numa grande tempestade elétrica. É algo
terrível. Quem pode resistir a uma grande
tempestade elétrica? Você não consegue
resistir a ela; não pode acabar com ela.
Neste livro vocês têm todos os símbolos
desta tremenda energia, e tudo isto está
conectado ao movimento de Deus, pois foi o
Trono que venceu.
Digo que a grande consciência
da Igreja no princípio era a de que Jesus
estava no Trono, e não Satanás – JESUS ESTÁ
NO TRONO, e não César! - A Igreja era
impulsionada pela energia deste grande fato!
A Igreja orava baseada nisto! Ela apelava ao
Trono, e orava com confiança, pois sabia que
Jesus estava no Trono! Vocês lembram um
exemplo disso – a Igreja vivia um tempo de
grande oposição; os governantes tinham se
levantado contra os cristãos; então, a
Igreja se reuniu para orar, e em sua oração
eles citaram o Salmo 2. Vocês sabem o que
está escrito no salmo 2? "Por que se
amotinam os gentios, as nações imaginam
coisas vãs? Os reis da terra se levantam e
os governos consultam juntamente contra o
Senhor e contra o Seu Ungido... Aquele que
habita nos céus se rirá; o Senhor zombará
deles... Proclamarei o decreto. Eu ungi o
meu Rei no santo monte de Sião." E, então,
os reis e os governantes são instados a:
"Beijai o Filho para que não se ire". Vocês
podem ver que foi isso que eles usaram na
oração no livro de Atos (4:25,26). Que
confiança eles tinham no Trono e naquele
Homem assentado sobre ele! Eles oravam
baseados nisso! Pregavam baseados nisso!
Cantavam baseados nisso!
Sim, eles cantavam. Ouçam
dois homens cantando. De onde vem a
cantoria? Vem de uma prisão! Há dois homens
que foram espancados e feridos, e foram
jogados para dentro do calabouço. Seus pés
haviam sido acorrentados, mas eles estavam
cantando. Como podiam cantar em tal
situação? Simplesmente porque sabiam que
Jesus estava no Trono! A canção deles era
uma canção de fé e de confiança; e, em
poucos minutos, houve um grande terremoto, e
todas as portas foram abertas e as cadeias
caíram. Jesus está no Trono, e eles cantavam
por causa disto!
Eles sofreram por causa
disto! Sim, sofreram muito; mas a força para
suportar veio da consciência que tinham de
que Jesus estava no Trono. E eles morriam
por isso! Estevão está morrendo e diz: “Vejo
os céus abertos, e o Filho do Homem em pé à
mão direita de Deus”. Este foi o seu
testemunho, ele morreu nesta base.
Tenho que parar por aqui esta
manhã, pois o nosso tempo acabou. Chegamos
apenas ao começo desta grande visão, mas
tenho certeza de que vocês enxergam que este
livro possui uma mensagem para o nosso
tempo. Mas, não posso terminar sem antes
lembrá-los do seguinte – tudo isto tinha a
ver com a preparação de um homem para o seu
ministério. Se Ezequiel não tivesse
enxergado isto, ele jamais teria sido capaz
de cumprir o seu ministério. Tudo, em seu
ministério, veio desta primeira visão.
Precisamos entender o significado disso.
Isto precisa nos envolver do mesmo modo como
envolveu o profeta. O que nos envolve tem
que ser: ‘JESUS é o Senhor, Jesus está no
Trono; por isso posso continuar. Posso
enfrentar dificuldades, posso sofrer, posso
morrer, posso orar, posso cantar!”
Capítulo 5 – O Trono Está Se
Movendo em Relação ao Divino Propósito
Nós estamos ainda envolvidos
com as preparações do servo de Deus para o
ministério, e, ontem pela manhã, estávamos
considerando o Trono acima do firmamento e
também a semelhança do Homem assentado nesse
Trono. Como vocês vão se lembrar, concluímos
ontem, mostrando a importância para os
servos de Deus de enxergar este Trono – o
que significa para eles reconhecer que
existe um Trono, e que há um Homem assentado
sobre ele. Passamos pelo Novo Testamento, e
vimos que este era o fator que determinava
tudo nos primeiros dias: eles eram capazes
de cantar, de orar, de pregar, de sofrer e
de morrer porque conheciam o Homem no Trono!
Assim, esta parte da visão veio primeiro e
foi de grande importância para Ezequiel.
Acho que vocês conhecem o
significado do nome Ezequiel; mas, caso não
saibam, permitam-me dizer o significado:
“Deus será a minha força”. Ezequiel precisou
ter visões e experiências que tornassem
verdadeiro o significado do seu próprio
nome. Tudo o que Ezequiel estava vendo
estava apenas estabelecendo o significado do
seu próprio nome, "Deus é a minha força."
Nós somente teremos força quando enxergarmos
o Homem no Trono! Isto é algo muito
importante para o ministério.
Assim, chegamos à próxima
parte das “visões de Deus”, que era a
preparação do servo de Deus; isto é, o que
estava imediatamente abaixo do firmamento. E
a primeira parte era “os quatro seres
viventes”, os quais são conhecidos como
querubins. Naturalmente, reconhecemos que
esses querubins são símbolos de coisas
espirituais. E uma coisa que temos a
respeito deles é a seguinte – que em
diferentes lugares eles diferem em
representação. Por exemplo, aqui em Ezequiel
eles têm quatro asas; em Isaías, têm seis
asas. Isto serve apenas para enfatizar
princípios espirituais específicos, e vocês
irão observar que há outras diferenças nas
referências sobre querubins. Isto significa
que, ao mesmo tempo, em um lugar, certas
coisas são enfatizadas. Em outro tempo, em
outro lugar, outras coisas são enfatizadas.
São os princípios espirituais que devem ser
observados, por isso os querubins são
símbolos de realidades espirituais. A
Bíblia, do início ao fim, está cheia de
simbolismos – coisas que Senhor utiliza para
ensinar verdades espirituais.
Agora, então, vamos olhar
para os “quatro seres viventes”. Primeiro
devemos considerar o número deles: número
quatro. Tudo neles fala do número quatro.
Cada um deles possui quatro semelhanças, e
há quatro deles. Eles têm quatro asas. O
número característico deles é quatro; e,
como vocês devem saber, quatro é o número da
criação. Se quisermos abranger todas as
dimensões da criação, elas serão em número
de quatro: norte, sul, leste, oeste. Há
quatro estações no ano: primavera, verão,
outono e inverno. Na Bíblia, o número
quatro faz referência aos quatro ventos
vindos dos “quatro cantos da terra”. (Apo.
7:1). Sabemos que o mundo não é quadrado;
que não possui quatro cantos, mas esta é uma
maneira simbólica de falar; “os quatro
cantos da terra” significa o mundo todo.
Portanto, representa toda a criação; quatro
é o número da criação. Guardem isto na mente
enquanto nos movemos para as quatro
semelhanças dos querubins.
Vocês sabem, os querubins
tinham quatro semelhanças: a semelhança de
um homem, a semelhança de um leão, a
semelhança de um boi, a semelhança de uma
águia; os quatro querubins representam as
quatro partes da criação. O leão representa
a criação selvagem, o boi representa a
criação doméstica, a águia representa a
criação que voa, e o homem representa a
criação humana. Toda a criação está
representada aí.
Mas, então, qual é o
simbolismo espiritual? O leão é o símbolo da
realeza; do governo. O boi é o símbolo do
serviço; do sacrifício. A águia é o símbolo
do celestial, do mistério. E o homem é o
símbolo da representação. Este é o
simbolismo espiritual.
Podemos perguntar, “Qual o
significado de tudo isso?” Em primeiro
lugar, vemos que tudo é uma representação
simbólica de Cristo. É Cristo em Sua
capacidade quadripartites. O leão é “o Leão
que veio da tribo de Judá”: - de Judá saiu o
Governo, assim, este leão é o símbolo do
governo; da realeza do Senhor Jesus. Vocês
provavelmente sabem que o Evangelho de
Mateus corresponde a isto. É o Evangelho do
Rei! O Boi é o símbolo do serviço; é a
representação do Senhor Jesus na qualidade
de servo de Jeová, oferecendo-se a Si mesmo
como sacrifício: - "o Filho do Homem não
veio para ser servido, mas para servir, e
dar a Sua vida”. O boi corresponde ao
Evangelho de Marcos! É no Evangelho de
Marcos que, mais do que em qualquer outra
parte, Jesus é visto servindo, dando de Si
mesmo. O aspecto de Homem do querubim é
muito claro, "o Filho do Homem é chegado."
Esta é a mensagem de Lucas, Jesus, o Homem!
E a Águia é o símbolo do celestial; do
mistério, e isto é claramente visto no
Evangelho de João! O Senhor Jesus
frequentemente, neste evangelho, fala de Si
como “descendo do Céu”, e ainda, o mistério
a Seu respeito que ninguém consegue
compreender. Ele é Homem, porém, é mais do
que Homem. Este é o simbolismo da águia.
Assim, acho que ficou bem claro com essas
referências que o Senhor Jesus é
representado por querubins.
Os querubins são chamados de
‘seres viventes’. Em nossa tradução, uma
palavra é introduzida a qual não está no
original. Na tradução ‘King James', está
escrito ‘criaturas viventes’; em outra
tradução, temos ‘bestas viventes’, as quatro
bestas. Bem, naturalmente, o homem não é uma
besta; a águia não é estritamente uma besta.
Contudo, essas palavras, criaturas e bestas,
não estão no original. O que está no texto
original é ‘seres viventes’, o que
simplesmente corresponde à forma plural da
palavra ‘vida’. – Significa o plural de
‘vida’. A característica chave dos querubins
é vida: - "Nele estava a Vida”. Para que
serve a vida? – Jesus é a vida da criação.
Naturalmente, agora é a vida da nova
criação!
Voltemos à primeira aparência
dos querubins. O homem pecou, Deus
amaldiçoou a raça e a terra. Expulsou o
homem do jardim, onde estava a ‘árvore da
vida’; e colocou querubins junto ao portão,
a fim de guardar o caminho da árvore da
vida. O que tudo isto significa? A criação
pecadora e caída jamais poderá ter aquela
Vida novamente. Aquela Vida somente pode ser
obtida por meio de ‘uma nova criação’. Entre
a criação caída e a criação não caída está
Cristo, ‘A Porta’. Cristo diz: “não há vida
para a criação pecadora; somente há Vida
para a nova criação”. Assim, Cristo está
entre a velha criação e a nova. Não há Vida
fora de Cristo. Somente há Vida Nele.
Cristo, como “A Árvore”, é a porta. Ele diz
“NÃO” à velha criação, e “SIM” à nova. Bem,
penso que podemos dizer que os querubins
representam Cristo. Representam Cristo como
sendo a Vida.
Agora, também é muito claro
enxergar que os querubins, em relação ao
Trono, representam toda a criação. O Trono
está ligado à criação – tanto em criação
como em redenção. Por um lado, o Trono está
relacionado à criação; do outro, está
relacionado à redenção desta criação! O
Trono de Deus governa essas duas coisas. O
Trono sobre rodas de Deus está ligado ao
poder criativo e ao poder redentor de
Deus. Este Trono diz que Deus está
interessado na redenção da criação. Observem
que acima do Trono está um “arco-íris". O
arco-íris é o símbolo da aliança da
redenção. Vocês irão encontrar o arco-íris
novamente em Apocalipse, e nós iremos ver a
sua conexão naquele livro, mas fiquemos bem
seguros quanto ao que acabamos de falar.
Aqui está o Trono sobre rodas
de Deus! Abaixo dele estão os símbolos de
toda a criação! Tudo é uma questão de Vida
para a criação, e nós vemos as tremendas
energias e poder desses movimentos do Trono!
Todas as energias e movimentos de Deus estão
relacionados à nova criação, à criação
redimida. Assim, vemos que o Trono está se
movendo em relação ao Propósito de Deus – o
Divino Propósito em relação à criação. Este
movimento se dá por meio do Senhor Jesus. A
nova criação deve ter a Jesus como seu
Rei. Isto se dá através do Seu serviço e do
Seu sacrifício. Isto será uma expressão de
Seu Caráter Celestial, e tudo se resumirá
nisto: “um homem segundo o coração de
Deus!”
Nos capítulos quatro e cinco
de Apocalipse, uma grande multidão de
redimidos será mostrada para todo o
universo; e, quando isso acontecer, a
própria criação será libertada. Não vai
demorar muito para Deus dizer: “Eis que crio
novos céus e nova terra... pois o primeiro
céu e a primeira terra já
passaram”. (Isaias 65:17a; Apo. 21:1, 4b;
NASV; KJV). Tudo isto está aqui em
Ezequiel, em princípio. Mas temos algo muito
significativo – nos capítulos quatro e cinco
de Apocalipse, temos os quatro seres
viventes. No capítulo quatro, eles estão
ligados à criação. A canção no capítulo
quatro é: “Pois Tu criaste todas as coisas,
e por Tua causa elas existem, e foram
criadas." Os seres viventes estão ligados a
isso. O propósito Divino na criação - "Deus
criou todas as coisas em Cristo Jesus”. Os
seres viventes são uma representação de
Jesus Cristo – Rei, Sacrifício, Homem
Celestial, que dá significado à criação.
"Todas as coisas foram criadas Nele”, e os
seres viventes estão lá no momento da canção
da criação, mas de uma forma especial –
agora é a canção da nova criação.
No capítulo cinco de
Apocalipse, outra canção é cantada, e os
seres viventes estão lá. Esta é a canção da
redenção: Tu… redimiste!”; esta é a nova
canção, e os seres viventes estão lá. O
propósito da criação em Cristo Jesus - Jesus
como o Propósito da criação, e, quando a
nova criação é assegurada, os seres viventes
estão lá. É a nova criação em Cristo Jesus.
A canção da Redenção é: “Tu … nos
redimiste,” – e A Redenção está em Cristo
Jesus.
Isto nos faz retornar a
Ezequiel – os querubins, em primeiro lugar,
são uma representação de Cristo. Por um
lado, estão relacionados à criação; por
outro, à redenção. Todas as poderosas
energias de Deus estão concentradas nisto.
Todos os movimentos de Deus estão nesta
direção. Uma criação fracassou; Deus terá
uma nova criação. Uma representação de Deus
falhou; Deus terá uma nova representação.
Israel fracassou como representação de Deus,
mas Ele, então, tem a Igreja. Isto é o que
aparece mais tarde nas profecias.
Agora vamos deixar isto por
aqui. É apenas a metade do todo. A outra
metade são as rodas, mas acho que devemos
parar por aqui esta manhã. Isto tudo não é
apenas interessante, mas muito instrutivo.
Pode nos ajudar a enxergar uma coisa: O
Trono no céu está concentrado numa plena e
perfeita representação do Propósito do
Senhor. Quando resumirmos toda esta seção,
veremos mais do que isto significa para nós.
Mas é algo tremendo estar bem no meio dos
movimentos de Deus! Não do lado, não em
pequeno pedaço, mas bem no meio do mover de
Deus! É aí que encontraremos o suporte do
Trono!
Capítulo 6 – A Autoridade
está Investida no Homem do Trono
Esta primeira seção, dos
capítulos um a três, trata da preparação do
servo do Senhor para o ministério. Até onde
temos considerado o profeta em si, e, então,
o céu aberto, temos prosseguido com as
visões de Deus. E nós ainda temos um pouco
mais a falar sobre a primeira visão. Temos
considerado o Trono sobre rodas e os quatro
seres viventes. Há apenas mais dois outros
aspectos para considerarmos. O primeiro são
as rodas. Esta seção está em Ezequiel um,
dos versos quinze a vinte e um. Vocês já
leram isto, de modo que não precisaremos
abordá-los esta manhã. Há vários aspectos ou
características nas rodas, e penso que podem
ser colocadas como sendo cinco coisas.
Primeiro, as rodas são
símbolos de movimento; significam
mobilidade. As rodas, aqui, também falam de
direção. Terceiro, elas começam na terra, e
são levantadas da terra para o céu, e,
então, parecem tocar a terra novamente, em
tempos diferentes. Em seus movimentos, as
rodas parecem vir à terra de tempos em
tempos. Então, em quarto lugar, essas rodas
estão cheias de olhos. Em todo o redor das
rodas há olhos. E, em quinto lugar, o
Espírito de vida está nas rodas. Quero
apenas mencionar essas coisas, para mostrar
o seu ensino. Não precisamos gastar muito
tempo sobre cada aspecto; vamos apenas rever
uma ou duas observações.
Rodas Representam Mobilidade
Número um: as rodas
representam mobilidade. Isto sugere duas
coisas. Primeiro, Deus está em movimento.
Estamos aqui diante dos movimentos do Trono
sobre rodas. Segundo, Deus requer liberdade
absoluta para se mover. Ele requer total
liberdade para os Seus movimentos. Se vocês
não estão muito certos do que eu quero dizer
com isto, basta lembrarem de que vocês estão
tratando aqui em Ezequiel exatamente com a
mesma coisa que está no livro de Atos. E,
quando falamos do livro de Atos, entendemos
que estamos falando sobre todo o Novo
Testamento. Todas as cartas dos apóstolos
saíram do livro de Atos – O Livro de Atos
compreende todo o Novo Testamento.
Precisaremos ver isto em mais detalhes.
Porém, quando chegamos ao livro de Atos,
descobrimos duas coisas: o Trono está em
movimento. Não há dúvida de que o Homem
assentado no Trono está se movendo. Nós
podemos ver os movimentos do Senhor no livro
de Atos. Atos não é um livro estático. O
Senhor não está parado ali; está em
movimento.
A segunda coisa é que o
Senhor requer liberdade para se mover. Esta
liberdade de movimento precisa ser
reconhecida e aceita. Lembremo-nos de Pedro
na casa de Cornélio. Aquela visão que Pedro
teve no terraço está sempre presente em
nossa mente. O Senhor está se movendo de
Israel para os Gentios, de Jerusalém para as
regiões baixas. Isto é o que temos em
Ezequiel. Mas Pedro quis parar o movimento
do Senhor – ele disse: "Não, Senhor." Mas as
mãos do Senhor não estão amarradas pela
tradição. O Senhor não está preso pelo
preconceito. Esta foi uma tremenda crise
para Pedro, e esta foi a natureza da crise.
O Senhor estava dizendo a ele: “Pedro, eu
estou me movendo. Você vai comigo? Se você
não for comigo, não faz diferença.
Simplesmente você vai ficar para trás. Mas,
se você for comigo, terá que me dar toda a
liberdade de movimento. A sua mente não pode
interferir nos meus movimentos. As suas
tradições religiosas não podem interferir no
meu movimento. O seu preconceito não pode
interferir no meu movimento”.
O Senhor está se movendo, e
Ele requer absoluta liberdade de movimento.
É isto o que temos aqui nas rodas, bem no
início. Deus está se movendo, e reivindica o
direito de se manter em movimento. Isto não
é apenas algo dito a vocês esta manhã. Há
muita coisa ligada a isto. Precisamos nos
lembrar de que Deus está sempre se movendo
em direção ao Seu Eterno Propósito. E nós
não podemos colocar coisa alguma em Seu
caminho. Repetidamente o Senhor pode vir
contra essas coisas que estão em nós, nossa
mente a respeito das coisas, ou até mesmo as
nossas experiências passadas, nossas ideias
de que já conhecemos tudo. O Senhor diz: “Eu
tenho ainda mais luz e verdade para
revelar em minha Palavra. Vocês ainda não
chegaram ao final dos meus movimentos. Há
muito mais adiante do que o que ficou para
trás, e vocês precisam dar a Mim total
liberdade para prosseguir”.
Agora, precisamos pensar
sobre isto, porque não é apenas a primeira
coisa, mas é o fundamento de tudo. O Trono
do Senhor está sobre rodas. Repousa sobre o
princípio de que Deus é um Deus de movimento
e que exige liberdade para se mover.
Rodas Falam De Direção
A segunda coisa: as rodas
falam de direção sem desvios. Este é um dos
pontos mais difíceis de interpretar nesta
visão. Mas, conforme vejo, para mim
significa o seguinte: Quando Deus segue
avante, Ele jamais é pego de surpresa por
algo que Ele não tenha previsto. Se Deus
muda de direção, é porque tudo já estava
previsto, não se trata de uma emergência,
não é porque Deus não tinha antecipado a
situação. Agora, provavelmente vocês irão
encontrar dificuldade para entender isto.
Voltemos para o que estávamos falando sobre
Pedro. Parece que Deus está mudando de
direção, pois, até este ponto, Ele estava se
movendo com Israel; todos os Seus movimentos
até então estavam relacionados a Israel.
Agora parece como se Deus estivesse mudando
de direção, e isto foi um problema para
Pedro. Foi uma mudança muito grande na
direção de Deus. Pedro queria que o Senhor
continuasse com Israel, e não mudasse o Seu
curso na direção dos gentios. Parecia que
Deus estava mudando o Seu curso só porque
havia enfrentado dificuldades em Israel. É
assim que muitos expositores da Bíblia
interpretam.
Deus encontrou dificuldade em
Israel, por isso se voltou para os gentios.
A ida aos gentios, dizem, foi uma política
completamente diferente adotada pelo Senhor,
isto porque os Judeus lhe apresentaram
dificuldade. É assim que Pedro viu a coisa,
sentindo-se muito mal com isso, e, então,
teria dito: "Senhor, você não pode fazer
isso. Você andou com Israel por séculos.
Você não pode mudar o curso agora”. Os
irmãos estão entendendo a questão agora? – o
fato é que Deus não estava mudando o curso.
A Bíblia deixa bem claro que Deus sempre
teve os gentios em mente. Ele queria
alcançar os gentios através dos judeus, mas
esta é outra história. Se os judeus
fracassaram em servir a Deus desta maneira,
Ele simplesmente continua firme com o Seu
propósito de sempre.
As rodas seguem em frente.
Elas podem mudar de direção, mas isto não
significa mudança de propósito. Mesmo numa
aparente mudança de direção, elas ainda
continuam em frente. Deus não deixa o Seu
caminho por causa das circunstâncias. Ele
apenas segue em frente. Agora, isto é algo
muito difícil de entender enquanto vocês
leem esta visão das rodas, mas penso que a
ilustração de Israel e dos gentios é a chave
para esta situação.
Quando vocês chegam ao final
do Novo Testamento, vocês também se deparam
com outra dificuldade. Desta vez com relação
à Igreja em geral. É como que se o Senhor
tivesse encontrado outro obstáculo, dando a
entender que Ele sai novamente do Seu
caminho, tomando outro curso. Parece que Ele
deixa a Igreja em geral e desvia a Sua
atenção agora para os vencedores. Esta é
apenas uma maneira de ver a coisa – o
Caminho Divino ainda continua com o Seu
propósito – não significa desvio de
propósito. Deus ainda continua em frente.
Bem, acho que já falamos o suficiente sobre
isto, mas há muita instrução aí, se vocês
pensarem a respeito.
As Rodas Tocam A Terra E
Sobem
Então, ponto número três: as
rodas tocam a terra e sobem para o céu. E,
então, parece que elas voltam à terra
novamente e aí permanecem. Os seres viventes
abaixam suas asas, e, por um tempo, tudo
parece ficar imóvel, e, então, a inferência
que temos é a de que elas prosseguem
novamente. Penso haver muita história aí.
O Senhor começou no dia de
Pentecoste. Começou em Jerusalém.
Podemos dizer que Ele começou, por assim
dizer, na terra. Seus movimentos estão sobre
a terra – Ele está, através deste livro,
numa posição sobre a terra, e, então, para.
Isto não é uma contradição daquilo que
acabamos de falar. Há tempos quando o Senhor
precisa esperar – esperar por algo – Seus
movimentos para frente parecem parar. Quanta
história há aí – toda a história da Igreja
está exatamente aí. Deus se move para frente
e, então, precisa esperar, e, quando obtém
aquilo que está esperando, então prossegue.
Há esses movimentos de Deus os quais podemos
observar na história. Precisamos muito
seriamente considerar este assunto de Deus
ter que esperar por algo!
Observem as nossas próprias
vidas. Há um movimento de Deus, e, então,
parece haver um período de espera – o Senhor
está esperando algo. Pode ser que Ele esteja
esperando pelo nosso ajustamento a alguma
luz que tenha nos dado. Pode ser que esteja
esperando pela remoção daquilo que entrou,
mas que não veio Dele. Podem ser muitas
coisas, mas sabemos que, em nossas próprias
vidas, há períodos em que parece que o
Senhor não está se movendo.
Talvez Ele tenha parado o Seu
movimento – talvez esteja agora esperando
algo. Durante esse período de espera,
precisamos refletir muito seriamente - "Por
que será que o Senhor não está se movendo?”
Por que o Senhor não está se movendo comigo?
O que o Senhor está esperando? De que
ajustes estou precisando? O que será que
preciso tirar do caminho do Senhor?
Precisamos nos exercitar todas as vezes que
o Senhor parar e ficar esperando algo.
Isto também se aplica em
relação à obra do Senhor. Aplica-se em nossa
própria vida espiritual. Há períodos quando
o Senhor parece estar esperando algo. Parece
que Ele parou de se mover. Pode haver várias
razões para isso. Não é porque o Senhor
desistiu do Seu propósito! Não é porque Ele
cessou de ser um Deus de movimento, mas
porque Ele está esperando por nós! Ele está
esperando pelo Seu povo – Ele está esperando
por algo em Seu povo. Em todos esses
períodos de tempo, precisamos nos exercitar
muito sobre o seguinte: “O que o Senhor está
esperando?"
Bem, se tomarmos a história
da Igreja durante os últimos dois milênios,
(e é um estudo muito instrutivo), de um
lado, vemos aqueles movimentos de Deus no
céu – é como se o Trono fosse levantado da
terra e estivesse se movendo. O Trono estava
governando as coisas da terra – estava
avançando em seu poder. Isto aconteceu
repetidamente. Por outro lado, nós
procuramos aqueles períodos negros da
história da Igreja, tal como o que chamamos
de Idade Média, e outros períodos, quando
parecia que o Senhor ficava inerte. E tem
sido assim muitas vezes. O Senhor estava
esperando algo. Então, um povo se levantou e
se exercitou nesta questão, aprofundando-se
nela. A partir desse exercício, Deus voltou
a se mover novamente!
Seria muito fácil para mim
aqui esta manhã, se eu tivesse tempo, de dar
a vocês todos esses movimentos e paradas de
Deus, mas não temos tempo. Apenas estamos
tocando este princípio: O Trono se move; os
seres viventes abaixam suas asas; o Trono
fica imóvel por um tempo, e, em seguida,
move-se novamente. Eu penso muito sobre
isto. Isto contém muito ensino.
Rodas Cheias De Olhos
Então, chegamos ao próximo
ponto: as rodas estão cheias de olhos; há
olhos por todo o redor das rodas. Nós nos
deparamos com esses olhos em muitas ocasiões
na Palavra de Deus. Encontramos esses olhos
na profecia de Zacarias, e também em
Apocalipse, muitas vezes; naturalmente,
sabemos o que eles simbolizam – representam
a completa e perfeita inteligência do Trono.
O governo do Homem do Trono é um governo de
perfeita inteligência. Se transferirmos este
princípio para o início do livro de
Apocalipse, lá veremos o seu significado. As
igrejas estão prestes a serem julgadas, mas
Aquele que as julga é Alguém cujos olhos são
chamas de fogo. E esta Pessoa diz às
igrejas: “conheço as tuas obras”. Então, Ele
prossegue, falando tudo o que conhece sobre
elas, e é mostrado que Ele conhece mais
sobre as igrejas do que elas conhecem sobre
si mesmas.
Ele fala a uma igreja que
eles pensam que são ricos e abastados, que
de nada têm falta. Mas, Ele diz: “Vocês não
sabem que são pobres, cegos e nus”. Então, o
que Ele diz a eles? “Aconselho que de Mim
comprem colírio, para que possam ver” – para
que possam ver aquilo que Eu vejo. O Senhor
conhecia mais e enxergava mais do que aquela
igreja conhecia a respeito de si mesma. Isto
é apenas uma ilustração. Todos os movimentos
deste Trono sobre rodas são de completa
inteligência. Aquele que está no Trono vê e
conhece tudo. O Senhor não é cego nem
ignorante.
O Espírito De Vida Está Nas
Rodas
E, finalmente: o Espírito de
Vida está nas rodas. O princípio que governa
os movimentos do Senhor é a Vida. Quem
governa o Trono é o princípio da Vida. Vocês
conhecem tanto a respeito de Vida na Bíblia
que eu não precisarei discorrer sobre isto
esta manhã. Vocês têm sido levados através
da Bíblia no princípio da Vida, e sabem que
a Vida é a questão principal em toda a
Bíblia. Este é o assunto com o qual a Bíblia
se inicia, e, também, com que termina. Todos
os movimentos de Deus desde a eternidade se
dão nesta base, com esta questão da Vida.
Todo Poder Me É Dado No Céu E
Na Terra
Agora vamos resumir e trazer
isto para o Novo Testamento. Em primeiro
lugar, há muito pouca dúvida de que
precisamos ler Mateus 28:18-20. Jesus disse:
"Toda autoridade me foi dada no céu e na
terra”. Esta é a primeira metade da
declaração que Ele faz nestas Escrituras; e
isto nos faz voltar ao Trono sobre rodas em
relação a toda criação e a autoridade que
está investida no Homem assentado sobre ele.
Observem a palavra “autoridade”, usada por
Jesus. Ele não disse, “todo poder Me foi
dado no céu e na terra”; naturalmente, isto
estava implícito, mas Ele usou outra palavra
grega. Ele disse: “Toda autoridade Me foi
dada”. Autoridade é algo maior do que poder.
O poder está contido na autoridade. A
autoridade é o exercício do poder. Jesus
disse, "A Mim pertence toda autoridade de
governo no céu”. - "Os homens podem me
chamar apenas de Jesus de Nazaré, podem me
considerar como um homem qualquer, mas eles
acabarão descobrindo que em Mim está toda a
autoridade do céu." E foi isso o que eles de
fato descobriram.
Então, temos a outra metade
da declaração, em Mateus: “Por isso, ide por
todo o mundo; e eis que estarei convosco
todos os dias". Aqui estão os movimentos do
Trono “em todo o mundo”, e a autoridade de
Jesus Cristo está com a Igreja. Toda
autoridade do céu está com a Igreja, quando
ela se alinha aos movimentos do Trono.
Assim, primeiramente,
trazemos Mateus 8:18-20 para Ezequiel, e não
se esqueçam de que estamos tratando com a
questão da preparação do servo para a obra.
Ezequiel certamente precisou desta
preparação. Se ele não tivesse tido esta
visão, a obra teria sido impossível. Todo
servo do Senhor precisa desta visão. Vocês e
eu precisamos entender isto. Temos que estar
convencidos disto.
Agora, há outras partes do
Novo Testamento que precisam ser trazidas
para esta seção. Vocês precisam ler as
cartas de Colossenses e de Efésios já no
primeiro capítulo de Ezequiel. Tragam os
primeiros três capítulos da carta aos
Colossenses e os primeiros capítulos de
Efésios para o capítulo um de Ezequiel. Está
cheio de instruções; e aquelas cartas do
Novo Testamento serão a melhor exposição de
Ezequiel um.
Observem algumas das
principais palavras nesses capítulos e
algumas das ideias preponderantes. Para
começar, tomem a palavra “criação”. Vocês
poderiam trazer à mente neste momento o
primeiro capítulo da carta aos Colossenses?
Não há nada em toda a Bíblia como este
capítulo, quanto ao lugar do Senhor Jesus na
criação. É um capítulo tremendo, na questão
da relação entre Cristo e a criação, e a
criação e Cristo.
Vocês irão se lembrar do que
dissemos sobre os “seres viventes”
representarem toda a criação no céu e na
terra; o Trono está estabelecido sobre eles.
Isto é exatamente o que vocês têm em
Colossenses e em Efésios. Tomem a palavra
“céus”, como em Efésios. Isto é muito
instrutivo para nós. Tudo isso tem a ver com
a preparação do servo para o seu ministério.
O Paradoxo Da Cruz
Vamos gastar nossos últimos
minutos aqui; falarei muito pouco a
respeito. O capítulo dois de Ezequiel, verso
9, até o capítulo três, verso 14, tem a ver
com o rolo. Ezequiel diz ter visto uma mão
estendida, a qual tinha um rolo escrito por
dentro e por fora com lamentações, suspiros
e ais, e uma voz que dizia: “come o rolo”;
e, após Ezequiel ter comido aquele rolo,
disse que era doce como o mel em sua boca. O
verso catorze diz: “Eu fui em minha amargura
de espírito” – doçura na minha boca e
amargura no meu espírito. Isto parece muito
estranho. Aqui está um rolo escrito por
dentro e por fora com lamentações, suspiros
e ais. Como algo pode ser doce e amargo na
boca de alguém? E, na medida em que o
profeta prossegue, a fim de cumprir o seu
ministério, ele diz que foi na amargura do
seu espírito.
Aqui está uma combinação de
doçura e amargura no ministério. O que isto
significa? Como podemos explicar isto? Acho
que, se eu apenas citar uma ou duas
passagens da Escritura, isso irá explicar a
coisa toda. Jesus está na ceia da páscoa com
os Seus discípulos. Sabemos em que o
pensamento dele estava focado: no cálice.
Dentre pouco tempo Ele diria: “Pai, se for
possível, passa de mim este cálice”. Era o
cálice do Seu sofrimento, da Sua paixão. Foi
um cálice amargo. Não há dúvida sobre isto,
e ainda está escrito: “Ele tomou o cálice e
deu graças”. Aqui temos uma combinação de
duas coisas: amargura e gratidão; sofrimento
e glória. Este é o paradoxo da Cruz.
Jesus falou aos Seus
discípulos o que estava para acontecer.
Falou que estava prestes a sofrer. Discorreu
sobre todo o terreno da Sua Cruz com eles,
e, então, é dito: “E, após cantarem um hino,
saíram". Vocês sabem para onde eles foram.
Vocês poderiam pensar que aquele era o
último lugar para se cantar um hino. Vocês
teriam pensado que eles tinham saído em
absoluto silêncio e pesar, porém, saíram
cantando um hino.
Fico imaginando se vocês
sabem que hino teria sido aquela canção. Há
muita base para crermos que aquele hino
cantado na páscoa foi o salmo 118.
Naturalmente, precisamos ler o salmo todo,
mas no âmago deste salmo, temos as seguintes
palavras: “Nós não morreremos, mas
viveremos”. É o salmo da paixão, mas também
é o salmo da vitória. É o salmo com a Cruz
em vista, mas também é o salmo da glória,
que é o outro lado da Cruz.
Se realmente foi este o salmo
que eles cantaram, então enxergamos aqui uma
mistura de doçura e amargura no cálice.
Vamos tomar outro versículo: “O qual, pelo
gozo proposto, suportou a Cruz”.
Isto é trazer o amargo e o
doce juntos. É a isto que Paulo se referiu
quando disse: “como que entristecidos, porém
sempre alegres". Essas duas coisas sempre
andam juntas no ministério do servo de Deus.
O caminho da Cruz sempre significa essas
duas coisas. É o caminho da doçura, mas
também da amargura de espírito; mas nem tudo
é amargura. O Senhor dá equilíbrio à balança
entre amargura e alegria. Não há só o lado
do amargo, da comunhão dos Seus sofrimentos,
mas há, também, o lado alegre dessa
comunhão!
À DESTRA DO SENHOR FAZ
PROEZAS.
A DESTRA DO SENHOR SE EXALTA;
A DESTRA DO SENHOR FAZ PROEZAS.
NÃO MORREREI, MAS VIVEREI...
(Sal. 118:15-17).
Capítulo 7 – O Mensageiro
Precisa Ser Uma Personificação Da Sua
Mensagem
Voltemos novamente às
profecias de Ezequiel. Há uma grande porção
deste livro com a qual nós não seremos
capazes de tratar em detalhe, assim,
precisamos encontrar uma maneira mais
abrangente de tratar disso. Acho que esta
maneira seria olharmos para os três títulos
diferentes pelos quais Ezequiel era chamado.
Talvez vocês tenham observado que, nessas
profecias, Ezequiel tinha três títulos
diferentes, e esses três títulos reúnem em
si mesmos toda esta ampla seção do livro -
(1) "filho do homem", (2) "atalaia”, (3) "eu
sou o seu sinal".
"Filho Do Homem"
O primeiro desses três
títulos é “filho do Homem”. Olhem para os
capítulos dois e três: E Ele me disse, filho
do homem... (2:1); E ele me disse, filho do
homem... (2:3); E Ele me disse, filho do
homem... (3:1); E Ele me disse, filho do
homem... (3:3).
E assim segue através do
livro todo. Este é um dos títulos principais
do profeta. Talvez vocês gostassem de
percorrer o livro, a fim de observar quantas
vezes aparece a expressão ‘filho do homem’.
Observamos, então, no início,
que este título era usado peculiarmente ao
profeta Ezequiel. Nenhum outro profeta foi
chamado por este nome desta mesma maneira.
Isto marca Ezequiel de uma maneira especial.
Sabemos que o Senhor Jesus escolheu para Si
mesmo a expressão “Filho do Homem” como Seu
título favorito, mas nós não devemos pensar
em Ezequiel da mesma maneira. Em relação e
este título, Ezequiel foi único entre os
profetas, mas Jesus, como O Filho do Homem,
foi único entre todos os homens. Assim,
sejamos cuidadosos para não confundirmos os
dois títulos "filho do homem” e “O FILHO DO
HOMEM”. Se há alguma relação ou
similaridade, é na função, e não na
pessoa. Este é o ponto que iremos
considerar.
Vimos que, assentado no
Trono, havia a semelhança de um homem, e,
também, vimos que a característica
predominante dos querubins era a de homem.
Portanto, tomamos nota deste lugar de homem
no livro; é uma ideia especial. Nós também
sabemos que homem significa representação,
aquele que fala por Deus. Homem não é apenas
uma pessoa, ele é uma ideia Divina. Há um
Homem sobre o Trono, mas ele não é apenas
uma pessoa, é, também, uma ideia Divina. O
propósito de Deus ter criado o homem foi
para que esse homem pudesse
representá-lo. "Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança". O
homem é o pensamento mais pleno de Deus. O
pensamento final de Deus.
Na criação, a última coisa
que Deus criou foi o homem, sujeitando todas
as coisas a ele. Após Deus ter feito o
homem, pronunciou o Seu veredicto e, então,
descansou. Quando Deus tem o homem em
conformidade com o Seu propósito, então Ele
pode dizer a respeito de todas as coisas
criadas: “É muito bom”; e, então, repousa.
Deus só descansa quando tem o homem conforme
o Seu Propósito.
Mas isto não é o fim de tudo.
A esta altura, Deus olha para a reprodução.
Ele diz ao homem: "Sede fecundo e
multiplicai, e enchei a terra”. E a lei da
criação era que tudo deveria se reproduzir
“conforme a sua própria espécie”. As coisas
jamais foram planejadas para mudarem de
forma, antes, a todas as coisas foi dada uma
forma definitiva e distinta. Foi um tipo de
criação, e tudo deveria se reproduzir
segundo a sua espécie.
Deus criou o homem, e, antes
que o homem caísse, Deus disse: “Sede
fecundos e multiplicai”. A ideia de Deus era
que o homem não caído se multiplicasse e
enchesse a terra. Mas o homem caiu, e a
terra foi povoada por um tipo de homem que
Deus jamais planejou. Por isso Deus coloca
um limite à vida humana; Deus fixou o número
dos dias do homem, para que ele não
continuasse a viver indefinidamente. Acho
que vocês entendem a partir disso que o
plano de Deus é ter um homem segundo o Seu
próprio coração. Jesus foi esse homem, de
forma completa; por isso Ele é “O Filho do
Homem”, e, em certo sentido, Ele foi o ÚNICO
filho do Homem.
Assim, o princípio de
humanidade é resgatado para o povo de Deus,
e é exatamente aí onde Ezequiel entra. Não é
a pessoa, mas a função, o princípio; assim,
este “filho do homem” fala de duas coisas.
Significa trazer à vista o pensamento e o
padrão original de Deus. Este era o
princípio que o Senhor estava querendo
realizar em Israel. Israel é um homem aos
olhos de Deus, mas, neste livro de Ezequiel,
Israel não é o homem desejado por Deus.
Neste livro, Israel é um homem desfigurado,
e Deus está se movendo neste princípio de
humanidade, a fim de recuperar a ideia
original em Israel. Mais tarde iremos
descobrir que Deus não pôde realizar isto em
Israel em plenitude, por isso Ele buscou
realizar o propósito no remanescente. Mas o
Velho Testamento se encerra com esta ideia
de completo fracasso em Israel.
Quando vamos ao Novo
Testamento, encontramos a nós mesmos diante
de um novo homem, isto é, o homem
corporificado, que é a Igreja. Mas não
iremos falar disto esta manhã; ficaremos
apenas com o princípio. Em princípio, “filho
do homem” significa falar do pensamento e do
padrão original de Deus. Vocês precisam
reconhecer que isto é a chave para todas
essas profecias. O que tudo isso significa?
O que todo este livro significa em todas as
suas partes? Bem, o título “filho do homem”
está espalhado por todo o livro, e significa
que o projeto principal de Deus é esta
concepção de homem conforme o Seu coração.
Se Deus envia este homem coletivo para o
cativeiro, significa que este homem não pode
mais permanecer diante dEle. Deus precisa de
outro tipo de homem. A grande ilustração
disso, naturalmente, é o vale de ossos secos
– trazer da sepultura em Babilônia um novo
homem, com um novo coração, e um novo
espírito.
Acho que isto é suficiente
para indicar o significado do título. Deus
está se movendo, a fim de recuperar o Seu
plano original. Este plano se perdeu. É isto
o que Paulo quis dizer quando chamou Timóteo
de “homem de Deus”. Seu apelo a Timóteo foi,
“ó, homem de Deus” – é isto o que Deus
procura.
Precisamos assumir isto em
relação ao nosso ministério, e isto nos faz
perguntar o seguinte: O que estamos fazendo
aqui?” Qual é o significado do nosso
ministério?” É para que Deus tenha este
homem corporativo, conforme a Sua própria
vontade. Este é o significado de Efésios,
capítulo quatro: “Até que todos cheguemos à
unidade da fé, e do conhecimento do Filho de
Deus, à medida da estatura completa de
Cristo”.
Deus está trabalhando na
direção deste homem corporativo. Devemos nos
lembrar de que a ideia de Deus é um
homem. Quero enfatizar isto porque muitos
parecem pensar que o projeto de Deus é uma
organização, uma instituição, alguma coisa
chamada de igreja, uma forma de fazer
coisas, um determinado ensino – todo um
sistema – e Deus não está atrás disto. Deus
não está atrás da Igreja simplesmente como
Igreja. O objetivo da Igreja na mente de
Deus é que ela seja a expressão de Cristo! A
Igreja é o Corpo de Cristo. Não é um sistema
de ensinamentos. Não é uma forma especial de
prática. É um Homem. É Cristo em expressão
corporativa! Nós vamos chegar a isso mais
adiante, neste livro de Ezequiel, porém,
assumimos aqui este princípio. É uma coisa
muito importante para nós reconhecermos este
Homem corporativo!
Assim, este ‘homem-princípio’
fala de três coisas. Primeiro, uma
apresentação – Deus apresenta o Seu projeto,
e, então, uma representação de algo que
expresse este projeto pretendido, e, então,
uma declaração, uma pregação a respeito
daquilo. A coisa é apresentada como um
pensamento Divino, e, então, ela é
representada num Corpo, e, a partir daí vem
a mensagem.
Vocês captaram essas três
coisas, irmãos? Primeiro temos a visão: o
Homem é apresentado. Vocês têm o Homem no
trono. Vocês captam a ideia de Deus. E a
ideia de Deus é a humanidade, humanidade com
determinado caráter. A partir daí, Deus tem
uma representação daquilo que corporifica a
Sua ideia, e só então surge a mensagem. Nós
não podemos inverter a ordem, pregando
primeiro. Primeiramente precisamos ter
enxergado a visão, e, então, precisa haver
uma expressão dessa visão. Tem que haver
algo para o qual possamos apontar e dizer:
‘É isto’. A mensagem precisa sair de algo
que realmente exista e esteja em
conformidade com a mente de Deus.
Acho que não preciso me
delongar mais aqui, mas vocês sabem, isto se
aplica primeiramente a Cristo. Vocês
precisam primeiro ter visto o Senhor, e,
então, isto tem que ter produzido algo em
vocês, de modo que a coisa não seja apenas
objetiva e abstrata, mas sim que o Senhor
tenha realmente realizado algo em vocês. E,
então, dessa experiência, surge o
ministério.
O mesmo se aplica à Igreja.
Primeiro deve haver uma revelação da Igreja,
e, então, deve haver uma representação dela,
da qual resulta uma expressão definitiva da
Igreja – a mensagem surge daí. É quase
impossível pregar a verdade sem que haja
algo por detrás. É essencial que possamos
dizer: “Isto funciona”, e eu posso mostrar
que funciona. Isto se tornará mais claro
quando chegarmos à nossa próxima
consideração, em Ezequiel, mas espero que
vocês tenham assimilado esta primeira ideia,
o princípio implícito neste primeiro título,
“Filho do Homem”. Há muito da Mente de Deus
neste título.
"Um Atalaia”
Agora vamos para o nosso
Segundo título de Ezequiel. No capítulo
três, versículo dezessete, está escrito:
“Filho do homem, Eu te dei por atalaia sobre
a casa de Israel. "E veio a mim a palavra do
Senhor, dizendo: Filho do homem, fala aos
filhos do teu povo, e diz a eles: ‘Filho do
homem, fala aos filhos do teu povo, e
dize-lhes: Quando eu fizer vir a espada
sobre a terra, e o povo da terra tomar um
homem dos seus termos, e o constituir por
seu atalaia”.
“E, vendo ele que a espada
vem sobre a terra, tocar a trombeta e avisar
o povo; se aquele que ouvir o som
da trombeta, não se der por avisado, e vier
a espada, e o alcançar, o seu sangue será
sobre a sua cabeça. Ele ouviu o som da
trombeta, e não se deu por avisado, o seu
sangue será sobre ele; mas o que se dá por
avisado salvará a sua vida. Mas, se quando o
atalaia vir que vem a espada, e não tocar a
trombeta, e não for avisado o povo, e a
espada vier, e levar uma vida dentre eles,
este tal foi levado na sua iniquidade, porém
o seu sangue requererei da mão do atalaia. A
ti, pois, ó filho do homem, te constituí por
atalaia sobre a casa de Israel; tu, pois,
ouvirás a palavra da minha boca, e lhes
anunciarás da minha parte”. (Eze. 33:1-7).
O segundo título de Ezequiel
é “atalaia”. Esta ideia não é uma
peculiaridade de Ezequiel. Temos a figura do
atalaia em outros profetas, ou, vamos dizer,
temos a função do atalaia em outros
profetas. Habacuque 2:1 diz, "Sobre a minha
guarda estarei”: esta é a função do
atalaia. Em Isaías 21:11 está escrito:
"Guarda, que houve de noite?" Assim,
novamente temos a função, porém, ninguém
mais foi chamado exatamente de atalaia,
exceto Ezequiel. E, como vocês têm
observado, este título foi aplicado a ele no
início do seu ministério, e, mais tarde, em
sua nova comissão.
Agora, este título e esta
função não precisam nos prender por muito
tempo. Apenas façamos a nós mesmos a
seguinte pergunta: “qual é a função do
atalaia?” Primeiramente, a função do atalaia
é a de conhecer e declarar o tempo. Esta
ideia sempre esteve associada ao atalaia.
Até mesmo em nossos tempos, isto é verdade.
Não sei se isto também é verdade na China,
ou em outras partes do mundo, mas até bem
pouco tempo, isto era verdade na Grã
Bretanha. No interior do país, o atalaia
circulava a certas horas da noite e tocava a
sua trombeta, ou o seu sino, e falava a
hora. Ele tocava o sino e dizia: “São cinco
horas da manhã”. Esta ideia está em Isaías,
capítulo 21. Alguém está perguntando:
‘atalaia, que houve de noite?” E o atalaia
responde: “Vem a manhã, e também a noite” A
primeira coisa sobre o atalaia é que ele
deve conhecer o tempo – ele precisa saber
que horas são no propósito e na obra de
Deus.
Há muitas pessoas que estão
bastante confusas em relação a esta questão.
Elas estão tentando fazer um monte de coisas
fora do tempo. Há pessoas que ficaram
confusas nas dispensações sobre isto. Nesta
dispensação, Deus está fazendo algo
especial. Há uma coisa em particular que
marca esta dispensação no propósito de Deus,
e é da maior importância que vocês e eu
saibamos o que é isto que pertence a esta
dispensação.
Há toda sorte de sistemas de
ensino que nada tem a ver com o propósito
desta dispensação. São muito interessantes,
pode haver alguma verdade neles, porém, não
estão alinhados ao propósito específico de
Deus para esta dispensação. Não vou tomar o
tempo de vocês esta manhã para ilustrar o
que estou querendo dizer, embora pudesse
falar de diferentes sistemas de verdade que
têm tirado as pessoas do propósito
específico de Deus para os nossos dias. Não
é uma questão de quanto de verdade, ou
quanto de erro há no sistema. A questão real
é: “É isto o que Deus está procurando agora,
nesta dispensação?” Vocês podem detectar o
erro por meio do seguinte – o tal sistema
tem alguma coisa a ver com este mundo? Se
tiver, então não é o que Deus está fazendo
nesta dispensação. Deus não está mais
interessado em fazer coisa alguma neste
mundo, nesta dispensação; está, sim, tirando
do meio das nações um povo para o Seu
nome. Ele está edificando algo no céu
durante esta dispensação. Se o assunto for
Israel, ou qualquer outra coisa, este não é
o interesse de Deus nesta dispensação; e
qualquer coisa que tenha a ver com este
mundo não pertence a esta dispensação. Este
é o porquê de o Senhor Jesus ter deixado
esta terra e ter ido para o céu. Esta
dispensação está caracterizada por algo
Celestial, e não terreno. Este é o maior
teste.
Agora, naturalmente, eu
poderia gastar bastante tempo falando sobre
o que Deus está procurando nesta
dispensação. Isto virá mais adiante, no
livro de Ezequiel. Esta manhã estamos apenas
sublinhando esta verdade: a primeira
ocupação do atalaia é a de conhecer o tempo,
e, então, dar uma mensagem bem clara sobre
que tempo é esse. Se a nota dele não for
clara e distinta, o povo não irá saber que
horas são. Peço que os irmãos reflitam sobre
isto. A questão toda de quanto o Senhor está
com vocês irá depender de quanto vocês estão
com Ele em Seu propósito para a presente
hora. Se vocês estiverem tentando fazer algo
que Deus não quer fazer neste tempo, então,
estarão desperdiçando tanto o tempo quanto a
energia de vocês. Então, a função do atalaia
é a ser os olhos do povo de Deus.
A segunda coisa é discernir
qual é a situação e a que ela leva. Tudo
isto está contido nesta descrição da palavra
atalaia, que o Senhor deu a Ezequiel. O
atalaia alerta consegue enxergar certas
coisas, e discernir o que elas implicam. Ele
vê que certas coisas representam algo de
ruim para o povo de Deus – são sinais que
indicam que o mal está chegando. Se não nos
protegermos, o resultado será morte. Isto é
o que está aqui na descrição daquilo que o
atalaia viu. Por outro lado, ele enxerga o
Caminho da Vida, e é capaz de dizer: “este é
o caminho da morte; aquele é o Caminho da
Vida”. Mas o atalaia tem que estar
familiarizado tanto com o que está no
Caminho da Vida como o que está no caminho
da morte. Assim, ele tem que discernir a
situação e reconhecer o caminho no qual as
coisas estão indo. É uma responsabilidade
muito grande. Todos nós somos chamados para
sermos atalaias, e temos que ter uma
mensagem inequívoca. Temos que entender as
coisas que significam morte para a Igreja.
"Eu Sou Um Sinal Para Vocês"
Isto nos traz para o nosso
terceiro e último título de Ezequiel: “eu
sou um sinal para vocês”. No livro de
Ezequiel, todas as coisas que o Senhor
ordenou que o profeta fizesse estão reunidas
neste título. Olhem para o capítulo quatro e
observem as coisas estranhas que o Senhor
mandou o profeta fazer.
O Senhor ordenou que
ele pegasse uma telha e desenhasse nela uma
pintura de Jerusalém; de Jerusalém sitiada.
Então, foi dito a Ezequiel que se deitasse
sobre o seu lado esquerdo por 390 dias, e,
então, que se deitasse sobre o seu lado
direito por mais 40 dias, e, também, que
descobrisse os seus braços diante do povo,
e, depois, o Senhor disse que iria colocar
bandas sobre o profeta para que não pudesse
se mover, e o Senhor iria colar a língua
dele no céu da boca, para que não pudesse
falar, e, também, foi ordenado que ele
assasse pães suficientes para durar por 390
dias. Também foi ordenado que o profeta
raspasse a sua cabeça, e que pesasse o
cabelo numa balança.
Estas coisas são todas
estranhas, e Ezequiel fez todas elas diante
do povo. Então, avançando no livro, vocês
chegam àquele acontecimento muito triste. No
capítulo 24, morre a mulher de Ezequiel, e
não é permitido a ele lamentar por ela.
Simplesmente ele deveria seguir a vida como
se nada tivesse acontecido; todos olhariam
para ele e lhe diriam: “Isto é algo
escandaloso; o homem não se importa nem
mesmo com a morte de sua esposa". Mas
Ezequiel prossegue como se nada houvesse
acontecido.
Qual é o significado de tudo
isso? Está tudo reunido neste título: “Eu
sou um sinal para vocês”. Vamos resumir da
seguinte maneira: significa que a mensagem
de Ezequiel havia sido, antes de
tudo, forjada em sua própria
experiência. Ele experimentou a mensagem
antes de entregá-la. As coisas que ele iria
falar já haviam sido trabalhadas em sua
própria vida. Eu não quero dizer aqui que
nós também temos que ter literalmente as
mesmas experiências de Ezequiel, mas, a
questão toda é a seguinte: o mensageiro
precisa ser a personificação de sua
mensagem! A mensagem não pode apenas ser
coisas que dizemos; devem ser coisas que
foram trabalhadas em nossa própria vida.
Ezequiel era a própria mensagem; e, quando
as pessoas olhavam para ele, VIAM a
mensagem.
Vejam que grande princípio
isto introduz. João coloca da seguinte
maneira: “Nós falamos aquilo que realmente
conhecemos e testificamos aquilo que temos
visto e que as nossas mãos apalparam". Não
deve haver qualquer brecha entre o mestre e
a sua mensagem. O mestre e a mensagem
precisam ser uma coisa só. Nossa posição não
pode ser de apenas doutrina ou teoria; nosso
ensino precisa ser nós mesmos. A mensagem
precisa ser vista em nossa própria história;
precisa ser vista em nossa própria
experiência. Isto irá, obviamente, explicar
muita coisa quanto aos tratamentos do Senhor
para conosco. Se o Senhor realmente tomar
conta de nós, ELE não permitirá que
entreguemos apenas teorias. A mensagem irá
nascer a partir de uma experiência
profunda.
Vejamos três ilustrações. A
comissão de Pedro foi para “pastorear o
rebanho”, e, em suas cartas, ele fala muito
sobre isso. Fala do Pastor; dos anciãos, e
diz: “...apascentai o rebanho que o Senhor
vos tem confiado”. Qual é a principal
característica de um verdadeiro pastor? Se
tomarmos o Senhor Jesus como exemplo, a
principal característica será que ele
entrega a sua própria alma pelas ovelhas.
Observem que eu escolhi a palavra alma. Esta
é a palavra que o Senhor usou. Ele falou
sobre os discípulos negando as suas próprias
almas. Agora, Pedro tinha uma alma bastante
forte. Vocês sabem o que é alma, e Pedro
tinha uma das grandes, e a grande lição da
vida dele foi a de negar a sua própria alma.
Se a alma é a mente, as emoções, a vontade,
então, podemos ver quão grande era a alma de
Pedro. Ele tinha uma mente própria; uma
vontade própria; sentimentos próprios; ele
estava sempre fazendo essas coisas
prevalecerem. Pedro estava na dura escola
onde tinha que aprender a negar a sua alma.
Vocês conhecem bem toda a história da vida
de Pedro, pois nós a temos no Novo
Testamento para mostrar quão verdadeiro isto
foi. Pedro não era um pastor profissional –
ele teve o princípio do pastor trabalhado em
seu próprio ser.
Passemos para o Apóstolo
Paulo. O grande ministério de Paulo foi
concernente à Igreja, como o Corpo de
Cristo. Os princípios do Corpo de Cristo
são: relacionamento,
dependência, sublimidade, espiritualidade.
Será que Paulo não precisou que tudo isso
fosse trabalhado dentro dele?! Quando vocês
olham para Saulo de Tarso, vocês têm a
própria personificação da independência, da
ação pessoal, das coisas terrenas, da falta
de espiritualidade. Saulo de Tarso não tinha
qualquer senso de dependência, de ligação;
mas vejam que o Senhor o tomou em Suas mãos,
e, a partir dali mesmo, da Estrada de
Damasco, durante toda a sua trajetória, ele
teve que aprender essas lições.
Agora, Paulo foi um sinal
para a nossa dispensação. Pensem sobre isto.
Nós conhecemos o propósito desta
dispensação: é a Igreja, o Corpo de Cristo.
Esta não é apenas uma ideia, ou um
ensinamento, mas uma realidade prática. Esta
revelação veio para esta dispensação através
do Apóstolo Paulo, e, portanto, ela precisou
ser trabalhada na própria constituição dele.
TODA independência teve que ser destruída;
TODA falta de relacionamento precisou ser
removida; TODAS as expectativas terrenas
tiveram que ser descartadas. Paulo precisou
ter toda a sua vida constituída sobre a base
da mensagem que fora entregue a ele. Ele foi
um sinal para a nossa dispensação. É por
isso que nós fazemos tanto caso dele.
E agora, que tal João? Qual
foi a mensagem particular de João? O
ministério de João particularmente fez
referência à Vida. Esta foi a grande palavra
de João através de todos os seus escritos.
João se tornou a personificação deste
princípio de vida triunfante sobre a morte.
Quando todos os apóstolos já haviam partido,
João ainda estava aqui. Ele viveu mais que
todos os demais, não porque teve um tempo
mais fácil do que eles tiveram. João sofreu
como qualquer outro apóstolo, e também
morreu como todos os demais; mas aqui está
um testemunho da Vida Divina em espírito,
mente e corpo. A questão é que João
realmente representou a mensagem que ele
deu. Pedro, Paulo e João podiam dizer: “Eu
sou um sinal para vocês”.
Irmãos e irmãs, vocês e eu
precisamos ser capazes de dizer o mesmo. As
pessoas precisam ver em nós a mensagem e não
apenas ouvi-la dos nossos lábios. Eles
precisam ver que a mensagem é verdadeira em
nossa própria história e experiência.
Capítulo 8 - "EIS... UM
HOMEM": Tudo é Medido Conforme Este Homem
Agora, as profecias de
Ezequiel, que começam no capítulo quarenta.
Enquanto leem os seis capítulos seguintes,
começando com o capítulo quarenta, vocês
observam que este capítulo e esta seção
começam com uma nova data. Quando o Profeta
Ezequiel nos dá uma data, normalmente ela
faz referência a uma nova fase de coisas.
Significa que uma fase termina, e outra
começa. O capítulo trinta e nove termina
com aquilo que podemos chamar de predições
diretas, e o capítulo quarenta começa com o
que chamamos de apocalipse. Aqui nós temos
uma revelação quanto à realização do
propósito de Deus. Vocês irão observar que a
data é dada como vinte e cinco anos após o
cativeiro (Eze. 40:1). Sabemos que o
cativeiro durou setenta anos, e, tirando
vinte e cinco de setenta, significa que
ainda restavam quarenta e cinco anos pela
frente. Isto é algo que devemos manter em
mente, porque esta seção está avistando um
longo caminho à frente. Poderíamos fazer a
seguinte pergunta: "Por que esta visão seria
dada quarenta e cinco anos antes do fim do
cativeiro?” A resposta virá em nossa
consideração geral, na medida em que
prosseguirmos.
Agora, nós não podemos
avançar nesta seção sem enfrentar o problema
da interpretação. Provavelmente, poucas
partes da Bíblia têm sido mais controversas
do que esta, visto que há muitas escolas de
interpretação, e cada uma delas tem a sua
própria visão. Assim, chegamos a este
problema de interpretação. Vocês irão se
lembrar do que dissemos no início, sobre
princípios de interpretação; dissemos que
havia cinco importantes princípios de
interpretação na Bíblia: (1) a Eternidade de
Deus; (2) A Plenitude de Cristo; (3) O
Intérprete da Bíblia é o Espírito Santo; (4)
A Última Menção; (5) O Único Valor Real é o
espiritual. E dissemos que esses princípios
se aplicam a todas as profecias de Ezequiel.
Isto é verdade, mas eles precisam ser
trazidos, de maneira muito especial, para
esta seção de profecias. Eu sugeriria a
vocês que tomassem aquele esboço de
princípios de interpretação e dessem uma
lida, antes de iniciarmos o capítulo
quarenta, pois aqueles princípios são a
chave para esta seção de profecias, numa
forma especial.
Agora, sobre a interpretação
desses seis capítulos. Vamos chegar à Casa
de Deus, e, então, ao rio, à herança e à
distribuição da terra, e, finalmente, à
cidade; e perguntamos: “Como tudo isto deve
ser interpretado?” Cremos que tudo isto que
está aqui nesta seção é apenas tipo e
símbolo de algo espiritual. Cremos que tudo
foi cumprido em Cristo. Cremos que todos os
sacrifícios terminaram por ocasião do
sacrifício de Cristo. Todo o sacerdócio foi
recolhido e terminado em Cristo. Cremos que
todos os tipos e figuras foram cumpridos em
Cristo. Cremos que isto se aplica aos
sacrifícios, ao sacerdócio, e à Casa de
Deus. Não apenas cremos, mas também sabemos
que o Novo Testamento ensina isto.
Paulo nos ensina muito
claramente que o mistério de Cristo e da
Igreja estava escondido em todos os profetas
– aquele mistério estava escondido em todas
as escrituras dos profetas. Estava escondido
em todas as gerações, mas, nesta
dispensação, aquele mistério veio à luz
através do Espírito, e eu creio que esta é a
chave para a situação toda. O que temos
nesta seção de Ezequiel é um sistema de
princípios espirituais. Não se trata de um
templo literal que já existiu, ou que foi
destinado a existir, ou que irá existir. É
uma representação simbólica do que se obtém
de forma espiritual nesta dispensação. Esta
é a única e honesta maneira de interpretar
esses capítulos. Assim, devemos nos
aproximar disto desta maneira; e, quando
tivermos visto que o mistério está agora
revelado, veremos que Ezequiel estava
falando coisas que eram muito maiores do que
ele compreendia.
Agora, observem, era o
‘Espírito’ quem estava interpretando tudo
isto para Ezequiel; o Espírito estava
mostrando a ele algo além da sua
compreensão. O Novo Testamento ensina que
pelo Espírito podemos compreender estas
coisas. O significado da compreensão
espiritual é que nós entendemos aquilo que o
Espírito sempre quis dizer. É uma das nossas
leis de interpretação que a Bíblia toda está
focada em Cristo, e que a obra do Espírito
Santo em cada dispensação diz respeito a
Cristo. A obra do Espírito Santo jamais se
referiu a alguma coisa terrena, nem por um
momento. A obra do Espírito Santo sempre
esteve relacionada ao pensamento eterno de
Deus, o qual está centralizado em Cristo.
Assim, o que temos nesses capítulos de
Ezequiel é uma representação simbólica de
Cristo e de Sua Igreja.
Aqui em Ezequiel, há vários
pontos preliminares a serem observados.
Primeiro, as últimas visões de Ezequiel são
governadas pela visão do capítulo um, verso
28:"Como o aspecto do arco que aparece na
nuvem no dia da chuva, assim era o aspecto
do resplendor em redor. Este era o aspecto
da semelhança da glória do Senhor; e, vendo
isto, caí sobre o meu rosto, e ouvi a voz de
quem falava”.
Passemos, agora, ao capítulo
43, verso 3: "E o aspecto da visão que tive
era como o da visão que eu tivera quando vim
destruir a cidade; e eram as visões como as
que tive junto ao rio Quebar; e caí sobre o
meu rosto”.
Esta afirmação traz a visão
do capítulo 1 exatamente para esta seção;
assim, tudo o que temos falado sobre a visão
no capítulo 1 domina esta nova seção. Nós
não podemos voltar a todos os detalhes da
primeira visão, mas sugiro que vocês peguem
os seus esboços da primeira visão e os
tragam para cá, e observem como cada seção
se aplica a esta parte específica da
revelação. Tudo é governado pelo Trono, com
o Homem assentado nele. Por isso, estamos
certos em concluir que aquilo que se segue é
uma representação deste Homem sobre o Trono.
De várias maneiras, iremos chegar a este
fato, à medida que prosseguirmos. Observem
aqui dois fatores predominantes. Eles são
representados por meio de duas palavras: “a
glória”, e “o Espírito”. Sublinhem estas
palavras. Transportem isto para o Novo
Testamento, e vocês verão que a revelação da
Igreja no Novo Testamento vem por meio do
Espírito na base do Cristo Glorificado. O
começo de tudo é Cristo Glorificado no
Trono. É aí onde vocês começam o livro de
Atos. O Espírito vem porque Cristo foi
glorificado, e a obra do Espírito está
ligada à Igreja – a formação e a revelação
da Igreja; estas coisas estão muito claras
aqui: a visão da glória, o Homem Glorificado
no Trono, o Espírito vindo, e, então, a Casa
de Deus.
“Assim, Ele me trouxe aqui; e
eis que havia um Homem cuja aparência era
como a aparência do bronze, com um cordel de
linho e uma cana de medir em Sua mão; e Ele
estava em pé à porta”.
Aqui nesta escritura, é muito
difícil separar o Homem, com a cana, do
Espírito. Se vocês lerem as palavras do
capítulo quarenta, irão descobrir que é
muito difícil fazer esta separação. O
Espírito é mencionado, o homem com a cana de
medir é mencionado, e, então, descobrimos
que é feito referência a um “ele”. Quem é
este “ele”? Será “o Espírito”, ou será “o
Homem com a cana de medir”? Isto não está
claro, mas, à medida que vocês forem lendo,
parece que se trata da mesma pessoa. Eu
penso, a princípio, que são a mesma pessoa.
O Homem com a cana de medir é o Espírito.
Talvez pudéssemos compreender
isto se déssemos uma pequena olhada no
primeiro capítulo do livro de Apocalipse.
João disse: “Eu me encontrei em espírito...
e eu vi”. O que foi que ele viu? Viu um
Homem com a cana de medir, isto é, uma visão
de Cristo vindo medir a Igreja, ou as
igrejas. Esses dois estão se movendo juntos,
o Espírito e o Homem Divino, e a atividade
deles é uma só – medir a Casa de Deus. Este
é apenas um pequeno ponto de interpretação,
mas nos ajuda a ver que, aqui em Ezequiel,
temos a verdade do Novo Testamento
novamente.
Lembramo-nos de tudo que o
Senhor falou sobre o que o Espírito Santo
iria fazer quando fosse enviado. Jesus disse
que a obra do Espírito, quando viesse,
estaria totalmente relacionada a Ele mesmo.
"Ele receberá do que é meu, e mostrará a
vocês”. A obra do Espírito seria a de
revelar Cristo, dar “o comprimento, a
largura, a altura, e a profundidade de
Cristo” - todas as medidas de Cristo. É isto
que o Senhor disse que seria a obra do
Espírito, e é exatamente isto que o Espírito
fez. Primeiro Ele apresentou Cristo, depois,
prosseguiu em mostrar as dimensões de
Cristo, de quão grande Ele é! – Cristo é
muito grande para ficar confinado a qualquer
Jerusalém terrena; para ficar contido em
qualquer templo terreno, para ficar limitado
a qualquer país terreno. Por isso, o que
temos aqui extrapola qualquer fronteira da
velha Jerusalém e do velho país. Creio que
esta é uma verdade espiritual muito clara
aqui neste livro.
Somente podemos ver o que o
Espírito apresenta quando ocupamos uma
posição celestial. Para ver o Senhor e Sua
Igreja, da forma como a temos em Efésios,
vocês precisam estar na mesma posição que
está lá: “Ele nos vivificou juntamente com
Ele e nos fez assentar nos lugares
celestiais em Cristo Jesus”. Foi à partir
desta posição celestial que Paulo nos deu a
revelação de Cristo e de Sua Igreja.
Tudo Em Conformidade Com
Este Homem
Mais uma coisa para esta
manhã. Em Ezequiel, capítulo quarenta, está
escrito: “E Ele me levou para lá, e, eis que
havia um Homem, cuja aparência era como a
aparência de bronze." Acho que teremos que
parar na metade do versículo. “eis... um
Homem” – encontramos aqui a ideia de Homem
novamente. É a ideia de Homem que governa
todas as coisas. É algo que temos falado
reiteradamente. "Havia um Homem”; há muita
coisa incluída nesta declaração. Tudo irá
ser conforme as medidas deste Homem. Fazemos
a declaração novamente e paramos aí. "Cuja
aparência era como a aparência do bronze".
Isto também nos leva de volta à primeira
visão. Vocês se lembram da visão dos
querubins: "seus pés eram como bronze
reluzente". Quando vocês chegam ao primeiro
capítulo de Apocalipse, na apresentação do
“Filho do Homem”, no verso quinze vocês
encontram: “Seus pés eram como bronze
reluzente". Espero que vocês saibam o que o
bronze representa na Bíblia: representa
julgamento justo. Aqui, então, no
simbolismo, todas as atividades e caminhos
deste Homem são em justiça. O homem injusto
foi julgado e colocado de lado. Ele não tem
lugar na Casa de Deus.
O grande altar era feito de
bronze, e tudo era consumido nele. É o
símbolo de julgamento justo. É Deus julgando
todas as coisas em justiça. Não sobrou lugar
para a carne: tudo é reduzido a cinzas.
Portanto, este é outro Homem; é O Homem
Justo, e tudo está sendo medido conforme a
justiça. Quanta Escritura poderíamos citar a
este respeito! A respeito do Senhor Jesus é
dito: “(Ele) se tornou a nossa justiça”; "O
Senhor irá julgar o mundo com justiça por
meio de um Homem que tem escolhido”; “Jesus
Cristo, o Justo”; poderíamos citar muito
mais textos. É o que Cristo é em caráter que
é o padrão da Casa de Deus. Assim, a
declaração completa é que toda a dimensão da
Casa é “Santidade ao Senhor”.
Voltaremos a este assunto
mais tarde, mas está muito claro a esta
altura que não há lugar para o homem natural
nesta Casa. Somente há lugar nela para o
Homem Justo. Nesta Casa é o homem que se
tornou “a justiça de Deus pela fé em Jesus
Cristo”. Assim, se o Senhor permitir, iremos
prosseguir com este tema amanhã pela manhã,
a fim de continuarmos com a “medição”. Mas,
por ora, espero que vocês tenham começado a
enxergar algo de valor espiritual, ou, devo
dizer, espero que tenham começado a enxergar
uma Pessoa, pois é Cristo que, pelo
Espírito, está em foco.
Capítulo 9 – A Casa de Deus:
A Grandeza de Cristo e de Sua Igreja
Retornamos esta manhã ao que
fora revelado ao profeta Ezequiel; e estou
certo de que, na medida em que vocês liam
aqueles seis capítulos (Eze 40-46),
encontraram grande dificuldade para obter um
quadro claro de todo o conjunto. Eu tentei,
por diversas vezes, desenhar uma planta
desta casa com todos os seus detalhes e
medidas. Até o presente momento, não tenho
tido êxito. Não é porque é impossível.
Espero que haja alguns arquitetos aqui esta
manhã que possam conseguir isso, pois tenho
insistido com o Senhor sobre este assunto.
Tenho pegado papel, prancheta e todos os
meus instrumentos, e, insistentemente tenho
tentado esboçar esta planta, porém, não
tenho conseguido ir muito longe. É como se
eu estivesse tentando fazer algo que o
Senhor não quisesse. Eu me pergunto se vocês
já tiveram esta experiência; se já tentaram
fazer algo, mas acabaram não encontrando
vida naquilo, absolutamente. A coisa se
torna morta; e, se você for sensível,
espiritualmente, apenas poderá dizer: “Bem,
o Senhor não está neste negócio”. Esta tem
sido a minha consciência cada vez que tento
reduzir isto a uma planta no papel. Este é o
ponto em que começo esta manhã, porque
acredito que existe um princípio muito
importante aqui.
Na medida em que lemos esses
capítulos, encontramos a nós mesmos diante
de uma grande quantidade de detalhes. É
muito difícil lidar com todos eles. Se
tivéssemos que tratar com isto, nessas
seções, descobriríamos que a missão é
impossível. Teríamos que permanecer aqui por
um longo tempo; possivelmente começaríamos a
perder o nosso senso de vida com tal
empreendimento. Meu ponto de vista é o
seguinte: seria muito fácil para nós cairmos
no erro, ao que devemos muito evitar, que é
o de tentar resolver coisas espirituais por
meio de um sistema técnico; ficamos
obcecados pela técnica da Casa de Deus. Isto
é um perigo muito grande! E eu realmente
quero enfatizar isto esta manhã.
Esta grande quantidade de
detalhes aqui está completamente fora do
nosso poder de manuseá-lo. E, se fôssemos
resolver a coisa toda através de um sistema
meramente técnico, poderíamos facilmente
destruir a vida! Por isso eu exorto os
irmãos a serem muito cuidadosos em relação a
este assunto; cuidado para não reduzirem a
Casa de Deus a uma técnica. Se a coisa for
reduzida a um sistema técnico, então,
imediatamente estará fadado a perder a sua
vida. Isto é algo que tem acontecido
repetidamente na história da Igreja. Antes
de chegarem ao final do livro de Atos, vocês
descobrirão que isto já estava acontecendo!
Todo este sistema cristão de hoje já estava
surgindo; e Paulo escreveu as suas últimas
cartas a Timóteo justamente para restaurar a
natureza espiritual das coisas. Ele procurou
mostrar que os ofícios da igreja não são
apenas ofícios; isto é, que os anciãos não
são oficiais, mas homens espirituais.
A Casa de Deus não é um
sistema – é uma Casa espiritual. Nos dias de
Timóteo, os homens já tinham começado a
transformar as coisas espirituais num
sistema terreno, e isto aconteceu muitas
vezes durante os séculos passados. Deus fez
algo de caráter espiritual. Deu uma
revelação fresca sobre a natureza das coisas
espirituais, e, por um tempo, as coisas
caminharam nesta vida espiritual, porém, os
homens se apoderaram da verdade e a
reduziram a um sistema fixo. Tiraram as
coisas dos lugares celestiais e as trouxeram
para o campo terreno; e ao fazer isto,
mataram a verdade espiritual. Esta é a
história de muitas coisas no cristianismo
sobre a terra hoje. Muitos cristãos
realmente começaram numa vida espiritual
verdadeira – estavam no poder espiritual –
deles saía um rio de vida. Mas, então, o
homem se apoderou das verdades e as
transformou num sistema, introduzindo um
elemento técnico nas coisas; e, ao fazer
isto, mataram a vida. Eu exorto os irmãos a
tomarem cuidado contra este perigo, e a se
guardarem contra isso, especialmente aqueles
de vocês que têm responsabilidade na
liderança.
Retornemos agora à Casa de
Deus, como apresentado em Ezequiel.
Naturalmente, toda esta apresentação mostra
quão exato e cuidadoso Deus é. Quão
específico Ele é quanto aos menores
detalhes. Reconhecemos que isto é uma lei da
Casa de Deus. Deus é muito específico quanto
aos menores detalhes. Cada pequena coisa tem
a sua própria medida – uma medida que é dada
a ela por Deus. E nós não estamos
autorizados a torná-la nem maior, nem menor;
ela deve expressar a Mente do Senhor. Como
temos dito, há uma tremenda quantidade de
detalhes aqui, mas cada parte disto
representa um cuidado específico de Deus em
relação às coisas conforme a Sua Mente.
Reconhecemos isto, mas, ao mesmo tempo,
devemos reconhecer que não é um sistema que
está sendo mostrado. Nesta visão da Casa de
Deus, Deus não está apresentando um sistema.
Não está apresentando uma organização. Ele
está apresentando uma Pessoa. A Pessoa de
Seu Filho. Esta é uma Casa espiritual, não
um sistema de verdade; e a característica
suprema desta Casa tem a ver com Vida.
Vamos olhar para isto de dois
lados. A VIDA exige exatidão de
comportamento; exige exatidão na ordem; e
nós podemos ter a ordem sem a Vida. É
possível para o sistema, ou para a técnica,
destruir a vida. Não é verdade que, só
porque você tem as coisas tecnicamente em
conformidade com a Bíblia, que você as tem
conforme a Vida. É possível transformar o
Cristianismo num sistema legalista. A lei
desta Casa é Santidade de Vida. Por isso,
precisamos ver este templo em Ezequiel de
forma objetiva. É assim que Ezequiel o viu,
primeiramente. Vocês verão que foram duas as
visões do templo dadas a Ezequiel. Primeiro,
ele viu o templo como um todo, como que de
certa distância; a ele foi dado ver o templo
a partir de uma “montanha muito alta”. Ele
viu o templo exaustivamente desta maneira.
Viu suas linhas gerais; seus limites e suas
inclusões. E, então, o Espírito o tomou, e
ele viu o templo a partir do seu interior.
Foram mostrados a ele todos os detalhes do
lado interno. É importante que vejamos o
templo desta maneira.
A primeira coisa que vemos a
partir deste ponto de vista celestial é o
grande tamanho da Casa de Deus. Toda a área
da Casa foi revelada a Ezequiel, e é, como
vimos ontem, algo muito grande. Precisamos
tomar muito cuidado para não tornar Cristo,
ou a sua Igreja, menor do que Ele realmente
é. Precisamos tomar cuidado para não tornar
Cristo menor do que aquilo que Deus O tem
feito. Não podemos torná-Lo simplesmente o
nosso Cristo, o Cristo que pertence a nós, o
Cristo da nossa localidade. Devemos tomar
cuidado para não tornar Cristo menor do que
Deus O tem feito, e não podemos tornar a
Igreja menor do que Deus a tem feito. Ela
não é a nossa pequena Igreja; não é a
pequena Igreja de ninguém. Ela é muito maior
do que os nossos pensamentos: ela vai muito
além das nossas imaginações. Trata-se de um
Cristo e de uma Igreja muito grandes.
Aqui, novamente, precisamos
nos guardar do perigo; isto é, o perigo
sempre presente de reduzir o tamanho de
Cristo e da Igreja, reduzindo a Igreja para
aquela medida que temos visto. A medida da
Igreja não é a medida da compreensão que
temos dela. A oração do Apóstolo Paulo, em
Efésios, concernente à Igreja, era que os
irmãos pudessem ter um alargamento na
compreensão. Ele orou para que a Igreja
pudesse conhecer “qual a largura, o
comprimento, a altura e a profundidade".
Isto é um conhecimento que ultrapassa todo o
conhecimento humano. Se havia uma coisa
sobre o Apóstolo Paulo mais do que os
demais, era isto: ele estava dominado pela
Grandeza de Cristo, e pela grandeza da
Igreja.
É assim que nós também
devemos enxergar, guardando-nos sempre do
perigo de reduzir Cristo e a Igreja à nossa
própria estatura; ao tamanho do nosso
conhecimento. Vocês e eu temos ainda que
aprender mais sobre o Senhor e Sua Igreja,
muito mais do que aquilo que temos visto, e
a percepção deste fato poderá nos livrar da
insignificância. Aqui, então, está a bússola
da Grande Plenitude – A Casa preenche todas
as coisas, e todas as coisas são preenchidas
por ela. Esta Casa é para realizar todas as
coisas até o fim. É a isto que chegamos
quando alcançamos o rio. O rio é a
influência, o efeito, desta Casa. É o que
sai dela para o mundo, e afeta o mundo
inteiro, de modo que, todas as
potencialidades para afetar os confins da
terra estão armazenadas nesta Casa.
Vocês vão observar que toda a
dimensão desta Casa é quadrada. Ela possui
quatro lados, e todos eles são iguais. Estou
falando agora a respeito de toda a área do
templo; a área toda do templo é um grande
quadrado, quatro lados iguais. Vocês se
lembram do que dissemos no início sobre o
número ‘quatro’. Nós assinalamos que o
número quatro é o número da criação. O
número quatro abrange toda a criação, e esta
Casa representa a nova criação em Cristo.
Paulo nos fala que Cristo encherá todas as
coisas e TODAS as coisas serão cheias por
Ele, ou, usando outra frase de Paulo, em
Efésios 3:9, "E demonstrar a todos qual seja
a dispensação do mistério".
Tomem nota disto: “E
demonstrar a todos qual seja a dispensação
do mistério". Isto não significa
necessariamente que todos os homens irão
aceitar, ou entender. Devemos ser muito
cuidadosos para não limitar a verdade da
Igreja, como a chamamos, para apenas algumas
poucas pessoas. Não podemos ser como aqueles
que dizem: “Nós somos o povo que tem visto a
Igreja, permanecemos no terreno da Igreja,
detemos a verdade da Igreja, temos visto o
significado do Corpo de Cristo. Muitos
cristãos ainda não têm visto a Igreja, ainda
não estão neste terreno; por isso, que
conclusão podemos tirar, senão que nós
somos a Igreja, e não eles!” Esta é uma
conclusão muito artificial. Temos que ser
muito cuidadosos contra isso. Pode haver
diferença em relação à compreensão da
verdade; pode haver diferença em relação à
posição quanto à Igreja, porém, a vontade de
Deus é "demonstrar a todos os homens qual
seja a dispensação do mistério". Vocês não
devem ficar de fora deste ‘TODOS OS
HOMENS’ porque este é o alcance da vontade
de Deus, e nós precisamos alargar os nossos
corações e as nossas mentes a esta medida de
Deus.
Dissemos que Paulo foi
dominado por esta consciência. Ele
frequentemente ficava exclamando a respeito
desta impressionante grandeza. Paulo falava
da “profundidade das riquezas tanto da
sabedoria como do conhecimento de Deus!
“Quão insondáveis são os Seus caminhos!"–
Falava das “sobre-excelentes riquezas".
Paulo ficou subjugado pela grandeza de
Cristo e de Sua Igreja. Isto equivale ao
seguinte: que a real compreensão da Igreja
de Cristo irá nos tornar grandes em
espírito, e não pequenos. Não há nada que
possa nos salvar da insignificância mais do
que a verdadeira compreensão de Cristo. Se
nos tornamos pequenos, ou se a obra se torna
pequena em sua concepção, então ela
realmente não tem relação com Cristo. Esta é
a primeira coisa que vemos representada aqui
na visão de Ezequiel sobre a Casa. Quão
grande é esta Casa. Ela representa toda a
nova criação. Nas eras por vir, ela encherá
todas as coisas; e todas as coisas serão
enchidas por ela. É uma visão gloriosa esta.
Precisamos, portanto, ser pessoas grandes,
grandes em espírito e grandes de coração.
A Casa: O Lugar Da glória De
Deus
Então, observamos o propósito
tripartite da Casa. Primeiro, é o lugar da
glória de Deus. Ezequiel quarenta e três,
verso sete: "E disse-me: Filho do homem,
este é o lugar do meu trono, e o lugar das
plantas dos meus pés, onde habitarei no meio
dos filhos de Israel para sempre; e os da
casa de Israel não mais contaminará o meu
Santo Nome, nem eles nem os seus reis, com
suas prostituições e com os cadáveres dos
seus reis, nos seus altos”.
Observem que é a palavra
“glória” que leva ao versículo sete, pois o
versículo 2 diz: “Eis que a glória do Deus
de Israel vinha do caminho do oriente; e a
sua voz era como a voz de muitas águas, e a
terra resplandeceu por causa da sua glória”.
Então, os versículos 4 e 7:
“E a glória do Senhor entrou na Casa pelo
caminho da porta... oriente... e Ele
disse... este é o lugar do Meu Trono". Esta
Casa é o lugar do Trono de Glória.
A "glória" tinha deixado
Jerusalém 19 anos antes que esta Casa fosse
mostrada a Ezequiel, e ela não mais retornou
à Jerusalém terrena; mas retornou à Casa
espiritual. Do mesmo modo, a glória deixou
Jerusalém quando o Filho de Deus foi
rejeitado; e nunca mais voltou a ela; mas
voltou à Casa espiritual no dia de
Pentecoste. Esta é a Casa da glória de Deus,
e, observem a partir de todo o versículo
sétimo, que “a glória é a glória da
Santidade”. Não se trata apenas de se trazer
brilho: é uma condição espiritual. Nenhuma
corrupção tem lugar aqui; nenhum corpo morto
tem lugar aqui; não há morte nem corrupção
aqui. A glória é a glória da Santidade, onde
a corrupção e a morte foram removidas.
Lembrem-se de que a glória depende da
condição espiritual. Depende da santidade.
Isto, então, primeiramente, é o lugar da Sua
Santidade.
A Casa: O Lugar Do Governo De
Deus
E mais, a Casa é o lugar do
Seu governo. “Este é o lugar do Meu Trono”:
está no lugar do Seu governo. Lembrem-se de
que esta é uma Casa espiritual. O lugar do
Seu governo não é uma igreja terrena, esteja
ela em Roma ou em qualquer outro lugar. O
lugar do Seu Trono está no céu, e nós
somente estaremos debaixo do governo de Deus
quando ocuparmos uma posição celestial. Esta
é uma declaração bastante forte. Ela carrega
muita coisa em si, mas, realmente, somente
estaremos debaixo do governo de Deus quando
ocuparmos uma posição celestial. E eu estou
muito certo de que vocês irão concordar que
é algo muitíssimo importante estar debaixo
do governo de Deus. Que esperança haverá
para nós ou para a igreja, senão debaixo do
governo de Deus?
Assim, o que temos lido no
livro de Atos deixa a coisa muito clara para
nós. Lá a Igreja está debaixo do governo do
Céu, e é uma Igreja muito eficaz. Mas,
quando a Igreja está debaixo da autoridade
humana, ela perde sua eficácia. O governo da
Igreja exige uma posição celestial, isto é,
uma Igreja, ou uma Casa, completamente
conformada a Cristo. Isto é necessário ao
governo celestial. O governo do Senhor irá
vir apenas quando as coisas estiverem
conformadas a Cristo. "Este é o lugar do Meu
Trono!" Que lugar? – O lugar que está
conformado a Cristo. Tudo aqui nesta visão é
Cristo. Cristo está acima de tudo. Tudo
recebe a medida e o caráter de Cristo; este
é o lugar do trono.
E, então, esta é uma Casa que
está completamente ordenada pelo Espírito.
Vocês percebem o lugar do Espírito nesta
Casa? – “O Espírito me levantou; o Espírito
me trouxe para dentro; o Espírito me levou".
– Tudo é no Espírito e pelo Espírito. A
revelação de Cristo é pelo Espírito Santo, e
esta é a consumação do governo da Igreja. O
governo desta Casa é o governo do Espírito
Santo. O Espírito Santo pode usar homens;
pode escolher aqueles que são chamados de
anciãos, porém, há uma grande diferença
entre o oficial e o espiritual. Você pode
ser o que comumente chamamos de ancião,
ancião oficial, mas não ser um ancião
espiritual. Se você é um ancião espiritual,
necessariamente também será ancião
oficialmente. Sua medida será reconhecida;
e, seja você um ancião ou não, você acabará
sendo um, se espiritualmente já for um. O
governo é espiritual. Os homens do Novo
Testamento foram descritos como sendo homens
“cheios do Espírito Santo”. Eram apóstolos,
anciãos, diáconos. Era isto que os tornava
aquilo que eram, homens “cheios do
Espírito”!
A Casa: O Vaso Da Vida De
Deus
Então, temos a terceira
coisa. Esta Casa é o canal, ou o vaso, da
Vida de Deus. É de uma casa como esta que a
Vida flui. Vocês não precisam fazer a Vida
fluir. Ela espontaneamente flui como um
fluxo. Vocês não precisam ir apanhar baldes
de água para tentar tirar a água desta Casa.
Não há nada de oficial aqui. Não há nada de
segunda mão. Não há nada sendo feito por
homens. A Vida simplesmente jorra! Jorra, e
jorra de uma Casa como esta – uma Casa onde
está o trono do Senhor; uma Casa onde está o
governo do céu; uma Casa onde está o Senhor.
Desta Casa a Vida flui. O testemunho em si
está nesta Vida.
João disse: “Este é o
testemunho”. Vocês querem saber qual é o
testemunho? O testemunho não é um sistema de
doutrina e de ensino. O testemunho não é uma
técnica. “Este é o testemunho, que Deus tem
nos dado Vida Eterna, e esta Vida está em
Seu Filho”. (1 João 5:11). O testemunho está
nesta Vida; e, quando a Vida está em nós, o
testemunho também estará. Assim, o
testemunho de tudo é a Vida. Esta é uma
declaração para ser analisada!
É a Vida que determina a
presença do Senhor. É a Vida que mostra se
as coisas estão realmente conformadas a
Cristo. É a Vida que prova se o serviço é o
serviço do Senhor. É A VIDA QUE PROVA TUDO.
A questão é: "Isto está ministrando Vida?
Isto é uma coisa viva, que está fluindo
Vida, fluindo vida para os confins da terra?
“Se isto não for verdade, então, alguma
coisa está errada”. A coisa pode ser uma
técnica e um sistema muito maravilhoso, mas
há algo errado nele. Tudo é provado pela
“Vida”.
Capítulo 10 – Cristo é a
Grande Ordem Espiritual
Ontem pela manhã, demos uma
olhada geral na Casa mostrada a Ezequiel.
Esta manhã vamos começar a considerar isto
mais em detalhe. Vamos retornar ao capítulo
40, versículos 3 e 4: “E, havendo-me levado
ali, eis que um homem cuja aparência era
como a do bronze, tendo um cordel de linho
na sua mão e uma cana de medir, e estava em
pé na porta. E disse-me o homem: Filho do
homem, vê com os teus olhos, e ouve com os
teus ouvidos, e põe no teu coração tudo
quanto eu te fizer ver; porque para te
mostrar foste tu aqui trazido; anuncia,
pois, à casa de Israel tudo quanto vires”.
Assim, vamos dar outra olhada
no Homem de bronze. Vocês vão se lembrar de
que nós observamos que os pés dos querubins
eram de bronze, e os pés do Senhor Jesus, no
primeiro capítulo de Apocalipse, também eram
de bronze; e dissemos que o bronze na Bíblia
é o símbolo de juízo justo. Este Homem de
bronze está em pé no portão, o que significa
que não há lugar lá dentro para homens
injustos. O homem carnal não pode entrar por
este portão. Não há lugar para a carne nesta
Casa. Apenas o Homem Justo pode entrar ali,
e tudo será medido a partir deste Homem
Justo.
Vamos dar uma olhada nos
instrumentos de medida; observamos que há
dois deles. Primeiramente, temos o cordel de
linho; nenhuma medida é colocada nele. Não
nos é dito qual era o seu comprimento, mas
sabemos que ele era usado para grandes
comprimentos. Quando chegamos mais adiante,
ao rio, no capítulo 47, não é a cana, mas o
cordel, o instrumento de medida; e
descobrimos que aquele rio se torna muito
fundo para o homem. Penso que isto
claramente corresponde ao que Paulo disse na
carta aos Efésios. Lá ele fala do “amor de
Cristo, que ultrapassa todo conhecimento”.
Nós estamos aqui diante de algo que é maior
que a medida humana. Se este Homem realmente
representa o Espírito Santo, como dissemos,
não existe medida no Espírito Santo. Mas
dentro desta plenitude, temos a cana de
medida. É ela que traz aquela grande
plenitude às questões particulares. Assim,
temos a cana de medida. Estas são as duas
maneiras de se medir. Uma é o que podemos
chamar de “sem medida”. É uma medida que não
tem limite. É a plenitude do Espírito. A
outra medida é aquilo que é trazido para as
coisas do dia a dia. Esta cana é usada para
todos os detalhes da Casa. Agora, acho que
não é necessário nos delongarmos aqui.
Apenas observemos que existem dois meios de
medição. Um, a grande plenitude de Cristo; o
outro é que esta plenitude é trazida para os
detalhes da Casa de Deus. Vou deixar isso
com vocês, pois há muita coisa aí.
Devemos nos lembrar do
seguinte, que, quando pensamos na plenitude
do Espírito, ou na plenitude de Cristo, não
podemos nos esquecer de que isto será
trazido para os detalhes da nossa vida. Isto
está muito claro na carta aos Efésios. Os
primeiros três capítulos fazem referência à
grandeza de Cristo, aquela plenitude sem
medida. O capítulo 4 começa desta maneira:
“Rogo-vos que andeis como é digno da vocação
com que fostes chamados" E, então, todos os
detalhes são mencionados: maridos e
mulheres, senhores e servos, pais e filhos.
Vocês sabem, é a medida da cana aplicada à
vida diária. Não podemos pensar nas grandes
coisas sem perceber que o Senhor irá aplicar
a Sua medida a todos os detalhes. É tão
fácil termos essas grandes ideias sobre a
plenitude de Cristo, porém, negligenciarmos
os detalhes. Cada pequena coisa deve ser
medida pelo mesmo Espírito que mede a
plenitude de Cristo. Precisamos entender
isto.
Assim, aqui em Ezequiel temos
este Homem. Deixemos este “Homem”
representar o Espírito Santo, pois o
Espírito Santo está falando a respeito da
vasta plenitude de Cristo e de Sua Casa. O
Espírito está falando sobre a vasta
plenitude da Vida que flui; este mesmo
Espírito chega aos mínimos detalhes. É o
mesmo Espírito, e, embora Ele fale da
grandeza, Ele também aponta para os
detalhes. Não acho que haveria muito valor
em olharmos para as medidas da cana. Assim,
passemos para as instruções que são dadas ao
profeta.
Observem no capítulo 40,
versículo 4: "... O Homem disse para
mim, filho do homem, VÊ com os teus olhos, e
OUVE com os teus ouvidos, e PÕE no teu
coração tudo quanto eu te fizer ver...
(Filho do homem), ANUNCIA à Casa de Israel
tudo quanto vires".
Observem as palavras: "vê,
ouve, põe no teu coração, anuncia." Então,
se vocês prosseguirem até o capítulo 43,
versículo 10, terão a outra parte das
instruções: "Mostra esta Casa à Casa de
Israel". Vamos refletir nisso por um
minuto.
Antes de podermos mostrar
qualquer coisa ao povo, nós próprios
precisamos conhecer aquilo que estamos
apresentando. As instruções ao profeta foram
bastante específicas: “Veja com os teus
olhos, ouça com os teus ouvidos”, e assim
por diante – isto é, dê muita atenção a todo
este assunto! Vocês precisam ter uma
compreensão muito bem definida sobre aquilo
que vocês irão mostrar às pessoas. Vocês
próprios precisam ver o objeto. Perguntamos
novamente: que objeto é este? Qual é a
resposta para toda esta visão? Primeiro, sem
sombra de dúvida, a resposta é encontrada na
Encarnação. A Encarnação é a chave de tudo.
Na Encarnação temos o Homem
Justo, o Homem Segundo Deus; Ele é o padrão
da medida de tudo. "O qual para nós foi
feito por Deus justiça". Vocês irão se
lembrar de que isto foi falado num tempo
quando as coisas estavam fora de ordem na
Igreja; as coisas não estavam em
conformidade com o propósito do Senhor, e,
então, o apóstolo falou sobre Jesus; Ele foi
feito para nós Justiça. Tudo na Igreja tem
que ser medido conforme Cristo; isto é,
conforme o padrão de Deus, como mostrado em
Seu Filho. Ele é o Justo. Deus já designou
um dia em que com justiça julgará o mundo,
por meio do Homem que destinou. Jesus disse
que o Pai tinha Lhe dado autoridade para
julgar, porque Ele era o Filho do Homem.
Aqui está o Homem de bronze. O Filho do
Homem é o Justo, e Ele é o padrão da medida
de Deus. Deus mede todas as coisas por meio
dEle. Teremos que voltar a isto mais tarde;
apenas observemos aqui o significado do
Homem de bronze e de Sua cana de medir.
Vocês sabem que o homem
natural havia se introduzido na igreja de
Corinto. O apóstolo falou muito aos
coríntios sobre o homem natural, o homem
carnal. Salientou que este homem natural,
carnal, não tinha lugar no âmbito das coisas
do Espírito. Este "homem não aceita as
coisas do Espírito... nem pode entendê-las".
E isto é o que este Homem de bronze está
fazendo; Ele está dizendo que apenas o homem
segundo Cristo pode ver e ouvir. Apenas o
homem espiritual pode entrar no território
das coisas do Espírito. O homem natural e
carnal tinha se introduzido na igreja de
Corinto, e vocês conhecem o método que o
apóstolo usou para corrigir isto. Ele disse:
“Eu decidi nada saber entre vós, a não ser
Jesus Cristo, e este crucificado”. Paulo
trouxe este Homem Justo para corrigir as
coisas que estavam erradas. Trazendo o Homem
Justo, ele removeu o homem carnal. Trazendo
o Homem do Espírito, ele pôs para fora o
homem carnal. Este é exatamente o
significado deste Homem de bronze com sua
cana, de modo que, acima de tudo, o objeto
em vista é Cristo. É Ele quem governa todas
as coisas.
E, então, prosseguindo, temos
“a Igreja, que é o Seu Corpo”. A Igreja é
chamada de “um novo homem”. Paulo disse:
“Vos REVESTISTES do novo homem". E assim, a
Igreja é medida de acordo com Cristo. Cristo
é a medida de tudo na Igreja. De fato, esta
é a única Igreja conhecida no céu! A única
Igreja que o céu reconhece é esta Igreja, o
Corpo de Cristo, que é medida de acordo com
Cristo. Tudo nesta Igreja tem a ver com uma
única coisa: com a medida de Cristo. É isto
o que temos em Colossenses, em Efésios e em
Filipenses. Mas Colossenses e Efésios,
especificamente, são as cartas concernentes
à Igreja. Nessas cartas, a medida é
mencionada: "a medida da estatura da
plenitude de Cristo”; "a largura, o
comprimento, a altura e a profundidade".
Vocês sabem, há muita medição nessas cartas.
Mas esta medida está na Igreja, e tudo com o
Espírito é apenas uma questão de quanto de
Cristo há.
Vamos tentar nos livrar de
nossa ideia técnica sobre a Igreja. Sabemos
que a Igreja não é uma coisa, não é uma
instituição, não está aqui ou ali,
geograficamente. A Igreja está apenas onde
está a medida de Cristo. Se há mais da
medida de Cristo em um lugar do que em
outro, então, haverá mais da Igreja ali. É
apenas a medida de Cristo que determina
quanto da Igreja há. Tentem se lembrar de
que a medida de Cristo é uma medida
espiritual, a qual define a Igreja. Se
perguntarem: “O que é Igreja e onde ela
está?” – a resposta é: “onde Cristo está”,
e, onde Cristo estiver mais plenamente, lá a
Igreja também estará mais plenamente.
Precisamos reconhecer que a Igreja é
inteiramente medida de acordo com este
Homem, e pode apenas ser vista pela
revelação do Espírito Santo.
Agora, se nós ainda não temos
recebido “o espírito de sabedoria e de
revelação”, podemos até conversar sobre a
Igreja, mas só iremos enxergá-la de uma
maneira que não é a maneira do Espírito
vê-la. É preciso que o Espírito Santo nos
capacite, para que enxerguemos a Igreja. E,
quando o Espírito nos mostra a Igreja, o que
vemos? Será que vemos algo que é chamado de
Igreja? Será que vemos um grupo de pessoas
que possuem certa doutrina acerca da Igreja?
Será que vemos algo no qual há certa
interpretação da Bíblia sobre Igreja? Será
que vemos uma congregação de pessoas que a
si mesmas chamam de Igreja? Será que vemos
alguma dessas coisas? Não! Quando o Espírito
Santo abre os nossos olhos, nós não vemos
isto. Vemos Cristo. Ver Cristo é ver a
Igreja! E ter visto a Igreja significa ter
visto Cristo. Cristo é a Grande Ordem
Espiritual como também a Grande Pessoa
Espiritual.
Há um grande sistema
celestial. Cristo é a corporificação deste
sistema celestial e espiritual. É tudo uma
questão do que Cristo é. É uma questão da
Mente de Cristo; isto é, o que Cristo pensa
e como Ele vê as coisas é exatamente isso
que Ele faz. A Igreja é a expressão de uma
Pessoa corporativa. É desta maneira que
devemos considerar a Vida de Cristo, para
revelar essas grandes verdades espirituais.
É um vasto sistema celestial trazido para
nós na Pessoa do Filho de Deus.
Foi quando Paulo viu Cristo
que ele começou a ver a Igreja. Essas duas
coisas caminham juntas; e, quanto mais ele
via Cristo, mais compreendia a Igreja. Isto
resultou em Paulo dando-nos esta
apresentação única da Igreja. É apenas Paulo
que chama a Igreja de “Corpo de Cristo”; e
porque a Igreja é o Corpo de Cristo, ela
somente pode ser vista a partir de um ponto
de vista celestial, por revelação do
Espírito Santo.
"Vê... Ouve... Põe em teu
Coração”
Assim, chegamos a essas
instruções: “Filho do homem, vê com os teus
olhos, e ouve com os teus ouvidos, e põe em
teu coração tudo quanto eu te mostrar”. O
que isto significa em termos de Novo
Testamento? Bem, na carta aos Efésios, o
apóstolo ora para que a Igreja possa chegar
ao “conhecimento Dele”, isto é, "ao pleno
conhecimento Dele”. Os crentes de Éfeso
tinham um conhecimento do Senhor; penso que
tinham um amplo conhecimento do Senhor.
Paulo tinha estado com eles por dois anos, e
falou que não deixou de anunciar a eles
“todo o conhecimento de Deus”, de modo que
eles tinham recebido muito ensino de Paulo;
e, contudo, no final, o apóstolo está orando
para que eles possam alcançar o pleno
conhecimento de Cristo. E Paulo explicou
isto em sua própria oração: "para que vocês
possam conhecer qual é a esperança do Seu
chamado, e quais as riquezas da glória de
Sua herança nos santos, e qual a
sobre-excelente grandeza do Seu poder”. -
"Para que possais CONHECER". - "Filho do
homem, vê com os teus olhos e ouve com os
teus ouvidos, e põe em teu coração todas as
coisas que te mostrarei" (Ezequiel 40:4
parafraseado) – Assim, Paulo diz: "Para que
eu possa conhecê-lo”. Mesmo no final de sua
vida, Paulo ainda continua dizendo: “Para
que eu possa conhecê-lo”. – Filho do homem,
vê, ouve e ponha em teu coração! Vocês não
podem, como servos de Cristo, mostrar nada
para ninguém até que vocês próprios tenham
visto. Depois o Homem disse a Ezequiel:
“Mostra a Casa a Israel”, de modo que este
novo ministério para o qual Ezequiel tinha
sido chamado era uma apresentação, ou
revelação, de Cristo. Podemos colocar desta
forma. Na primeira visão, Ezequiel tinha
visto o Homem no Trono; tinha visto o Homem
no céu e agora sua grande e última visão foi
o Homem na Igreja. Ele estava vendo a
Igreja, agora, e seu ministério ao final se
referiu a isto, a apresentação da plenitude
de Cristo, e da Igreja, que é a plenitude
daquele que cumpre tudo em todos. – Assim, o
final da oração de Paulo é: “a Ele seja a
glória na Igreja em Cristo Jesus por todas
as gerações e eras: Amém".
“Filho do homem, mostra a
Casa à Casa de Israel”. Qual será o efeito
disso? Esta é a prova de que realmente a
temos visto. Podemos conversar sobre a
Igreja da maneira como a temos no Novo
Testamento, e ainda assim não saber nada a
respeito dela. Houve um tempo que eu dava
ensinos bíblicos, e nesse tempo, eu podia
fazer uma análise muito boa e um bom esboço
sobre a carta aos Efésios. Era o que estava
no Novo Testamento sobre a Igreja, e eu
podia apresentá-la. Eu falava sobre a
Igreja, mas eu mesmo não sabia nada acerca
dela. Eu realmente ainda não a tinha visto.
Todo o meu conhecimento do que a Bíblia
ensinava não fazia qualquer diferença em
mim. Qual foi o resultado, então? Havia
muito pouco valor espiritual naquele
ministério. Todo aquele ministério não
criava uma revolução.
Agora, observem o que diz
aqui: “mostre a Casa a Israel, para que eles
fiquem envergonhados por seus caminhos, e
possam guardar a Minha Palavra”. Se o efeito
do ministério é ter um efeito como este,
então precisamos ter enxergado no Espírito.
O ministério não terá aquele efeito se nós
apenas enxergarmos a Igreja na Carta. "A
letra mata, mas o Espírito é que vivifica".
O efeito de um ministério de revelação é
muito positivo; causa efeito nas pessoas.
Capítulo 11 – O Altar (a
Cruz) Governa Tudo
Em Ezequiel 43, versículos 13
a 27, temos o grande altar e seu serviço.
Não iremos ler toda a seção, apenas o
primeiro versículo: "E estas são as medidas
do altar, em côvados (o côvado é um côvado e
um palmo): e o fundo será de um côvado de
altura, e um côvado de largura, e a sua
borda em todo o seu contorno, de um palmo; e
esta é a base do altar”.
Então nos é dado mais
características sobre a medição e sobre o
ministério. Todos sabemos que o altar no
Velho Testamento é um tipo da Cruz. Este
altar é o lugar do HOLOCAUSTO, e isto
corresponde a Hebreus, capítulo 10, onde o
Senhor Jesus é associado ao HOLOCAUSTO.
Assim, vamos refletir nesta manhã sobre a
centralidade e a universalidade da Cruz.
Vimos que toda a área do
templo era quadrada. Se desenharmos linhas
diagonais a partir de cada canto, essas
linhas vão se cruzar exatamente onde ficava
o altar. O altar ficava bem no centro de
toda a área. Vocês irão reconhecer que esta
área é diferente daquela do tabernáculo no
deserto. O pátio do tabernáculo não era
quadrado, e o altar do holocausto ficava à
entrada da porta; mas no templo, o altar
ficava bem no centro de um quadrado. É
importante perceber isto. Todas as linhas se
encontram no altar, e todas as linhas saem
do altar. O lugar central de tudo é o
altar.
O altar governava tudo.
Governava tudo em relação à Casa; isto é,
tudo aquilo que realmente estava no templo
era governado pelo altar. E o altar também
governava tudo o que estava imediatamente ao
redor da casa. Se vocês tivessem uma planta
desta casa, com toda a sua área, veriam que
todas as câmaras dos sacerdotes eram
redondas ao redor; e os lugares onde as
ofertas eram preparadas ficavam todas ao
redor. Tudo era distribuído ao redor da
casa, porém, tudo na casa e em toda a sua
área era governado pelo altar.
Todo o ministério da casa
também era governado pelo altar. Poderíamos
dizer que não havia ministério que não
estivesse relacionado ao altar; e, então,
para além da casa, e para além da área
imediata, na direção de toda a terra, tudo
também era governado pelo altar.
Veremos isto quando chegarmos
ao rio, que descia a toda a terra, descia
por meio do altar; mas voltemos para dentro
da casa.
A Cruz Em Seu Lugar
Aqui temos uma verdade muito
importante e vital. Quando a Cruz está em
seu lugar com sua medida plena, tudo mais
ficará em ordem, e tudo mais alcançará o seu
significado e o seu valor. Sinto que não
posso dizer isto muito fortemente. Nós muito
frequentemente ficamos preocupados com o
exterior das coisas, sobre a ordem da Casa
do Senhor, sobre o ministério da Casa, sobre
as pessoas que estão ligadas à Casa.
Costumamos começar sempre pelo exterior.
Estamos tentando estabelecer a ordem da Casa
de Deus. Estamos tentando colocar as pessoas
da Casa no lugar certo. Ficamos muito
preocupados com os ministros e com os
ministérios. Mas, se a Cruz estivesse
realmente em seu devido lugar, com as suas
dimensões plenas, todas as coisas iriam se
encaixar por si mesmas. Se a Cruz estivesse
em seu devido lugar, as pessoas também
estariam no lugar certo. Os ministérios
seriam vivos. Toda a ordem na Casa estaria
correta. A coisa só funciona desta maneira.
SE A CRUZ ESTIVER BEM NO CENTRO, em plena
medida, (e observem que é um grande altar),
ENTÃO TUDO MAIS ESTARÁ EM SEU LUGAR DEVIDO,
E NUMA RELAÇÃO VIVA.
Embora não esteja dito aqui,
penso que estamos corretos em concluir que
este altar também era de bronze. O altar no
tabernáculo era de bronze, o altar no templo
de Salomão era de bronze, e penso que
podemos presumir que este altar aqui também
fosse de bronze. Já encontramos bronze no
Homem da porta, e dissemos que Ele, com Sua
cana, media todas as coisas conforme aquilo
que Ele era. O bronze é o tipo do justo
juízo de Deus. Este grande altar representa
a plenitude do justo juízo de Deus. Este
altar de bronze é medido pelo Homem de
bronze, de modo que este altar representa os
pensamentos de Deus em julgamento.
Neste altar do holocausto, o
homem injusto é completamente removido. O
altar de bronze vê um homem reduzido a
cinzas. As cinzas são tiradas do altar e
caem ao chão ao lado do altar. Este é um
quadro que mostra o que Deus pensa a
respeito do homem injusto, do homem natural.
Ele é consumido no fogo do juízo de Deus; é
reduzido a cinzas, é jogado ao chão. É ISTO
O QUE DEUS PENSA SOBRE O HOMEM NATURAL. Por
outro lado, é somente O HOMEM JUSTO que pode
permanecer perante este altar. Obviamente,
esses são os dois lados DA PESSOA E DA OBRA
DO SENHOR JESUS. Por um lado, Jesus foi
feito pecado por nós, e, nesta condição, Ele
foi completamente consumido e reduzido a
cinzas. Quando Ele clamou: “Deus meu, Deus
meu, por que me desamparastes” – temos aí o
clamor das cinzas! Ele havia sido reduzido a
cinzas e jogado ao chão.
Mas, então, houve o outro
lado da Cruz – “Ele não conheceu pecado”.
Nele mesmo não havia injustiça, portanto,
Ele pôde atravessar o altar; pôde sobreviver
ao fogo! "Tu não permitirás que o Teu Ungido
conheça a corrupção". Porque Nele mesmo não
havia pecado; Ele não poderia ser retido
pela morte. Sua natureza santa pôde resistir
a todos os justos juízos de Deus! Este é o
significado do grande altar: um homem é
consumido, e outro Homem aparece em Seu
lugar. Tudo foi julgado no altar. Tudo é
julgado na Cruz.
Nós fomos julgados na Cruz do
Senhor Jesus, e, em nós mesmos, fomos
consumidos. Tudo do natural foi julgado e
eliminado na Cruz do Senhor Jesus. É algo
muito importante reconhecermos isto. Isto
torna todas as demais coisas possíveis. Este
é o porquê de eu ter falado que, se a Cruz
estiver em seu devido lugar, tudo mais
estará bem. A Casa estará bem; a Igreja
estará bem. O ministério estará bem. A ordem
estará bem. Vocês não terão que ir trabalhar
para tentar restabelecer a ordem. Ela
espontaneamente virá a partir da obra da
Cruz.
Espero que vocês realmente
estejam escrevendo isto em suas mentes.
Vocês podem encontrar desordens na Casa de
Deus. Podem encontrar o homem natural na
Casa de Deus. Podem encontrar condições
completamente erradas na Casa de Deus. E
como vocês irão lidar com essas coisas
todas? Vocês apenas poderão lidar com elas
com a Cruz. Vocês não podem lidar com as
pessoas em si; não podem lidar com as coisas
em si; mas, se vocês trouxerem a Cruz para a
situação, terão resolvido todo o problema. É
desta maneira. Nós não começamos do
exterior. Nós nunca podemos começar com as
pessoas; não podemos começar com a ordem da
Casa do Senhor; não podemos começar com o
ministério – TEMOS QUE COMEÇAR COM A CRUZ.
Se apenas as pessoas enxergarem a Cruz, tudo
mais irá se encaixar. Tudo será julgado pela
Cruz.
A Carta aos Romanos é a
mensagem da Cruz em sua medida plena. Nesta
carta, vocês têm a grande medida da Cruz. Lá
a Cruz alcança todas as coisas. Ela traz
toda a raça adâmica ao seu fim, e dá início
a uma nova raça em Cristo! É muito
impressionante que a primeira das Cartas do
Novo Testamento pudesse colocar a Cruz lá em
sua medida plena. A Carta aos Romanos não
foi a primeira carta escrita por Paulo, mas
o Espírito Santo colocou-a em primeiro lugar
no arranjo. Penso que o Espírito Santo teve
algo a ver com o arranjo dos livros do Novo
Testamento, e, em Seu soberano arranjo deste
livro, Ele colocou o altar em sua plenitude
bem no início. Bem, naturalmente, vocês
precisam recordar tudo o que sabem acerca da
Carta aos Romanos, para entender isto.
Na primeira Carta aos
Coríntios, a Cruz é aplicada ao homem
natural e carnal dentro da Igreja. O homem
natural e carnal tinha ocupado um lugar onde
não tinha direito de estar. Este homem
injusto havia escorregado lá para dentro, e,
por isso, os apóstolos TRAZEM CRISTO
CRUCIFICADO PARA O HOMEM NATURAL E CARNAL. A
Cruz em I Coríntios tinha a ver com este
homem, não fora da Igreja, como em Romanos,
mas dentro dela.
A segunda Carta aos Coríntios
coloca a Cruz em relação ao ministério. Esta
carta nos mostra que o ministério flui
através de um vaso quebrado e humilhado.
Apenas posso dizer estas coisas, sem entrar
em sua explicação plena.
Na Carta aos Gálatas, a Cruz
é trazida para se opor àquela tentativa de
transformar o cristianismo num sistema
legalista, que escravizava os cristãos. Quão
duro o apóstolo é nesta carta, mas vejam
como ele usa a Cruz. Ele usa tremendamente a
Cruz contra aquele esforço de se transformar
o cristianismo num sistema legalista, que
trazia os crentes novamente para a
escravidão.
Na Carta aos Efésios, a obra
da Cruz é a de colocar a Igreja no terreno
celestial. A Cruz em Efésios tira totalmente
a Igreja do ambiente terreno. Ela põe a
Igreja para fora deste mundo.
Na Carta aos Filipenses, a
Cruz é aplicada contra aquilo que estava
arruinando a harmonia entre o povo do
Senhor. Há uma desarticulação dolorosa
dentro da Igreja. Há um ponto onde as coisas
estão erradas, e isto por causa do orgulho e
do interesse pessoal. Algumas pessoas não
querem abrir mão dos seus interesses
pessoais. Outras não querem abrir mão do seu
orgulho. Ficaram ofendidas e não queriam
perdoar. Assim, o apóstolo aplica a Cruz
naquela discórdia e desarticulação; e ele
diz que, se a Cruz estivesse na vida
daquelas pessoas, tudo se ajustaria.
Carta aos Colossenses – esta
carta mostra que a Cruz nos liberta de toda
falsa espiritualidade. A Cruz remove tudo
aquilo que é mero misticismo, e tudo aquilo
que poderia tornar Cristo menor do que Ele
é.
Então, temos a Carta aos
Tessalonicenses. Aqui a Cruz é a força para
suportar o sofrimento – uma inspiração para
a vinda do Senhor. Pode não haver muita
coisa dita sobre a Cruz, efetivamente, mas o
princípio dessas cartas é o princípio da
Cruz. Os irmãos estavam sofrendo por causa
de Cristo. Estavam sofrendo a perda de todas
as coisas, e estavam pensando que o Senhor
teria que vir para livrá-los, mas o Senhor
estava tardando a Sua vinda. Assim, o
apóstolo fala que o sofrimento deles irá
provocar a vinda do Senhor e a glória. Os
sofrimentos de Cristo. Eles estavam sofrendo
por causa de Cristo: é comunhão na Cruz, mas
os sofrimentos redundarão em glória. O
Senhor virá, e, então, tudo ficará bem. A
Cruz possui uma mensagem muito real para os
cristãos que sofrem. E, então, concluímos
com a Carta aos Hebreus. Nesta Carta, a Cruz
mostra como tudo é trazido à plenitude e ao
seu caráter definitivo. Tudo isto tem
ligação com a Casa no seu interior. Mexe com
a conduta, com o caráter, com a ordem, com o
ministério. Se a Cruz está em seu devido
lugar, tudo será eficaz.
Agora, eu não apenas tenho
dado a vocês algum ensino bíblico. A Cruz é
a chave de tudo. Então, o que é verdade em
relação ao interior, também o será em
relação ao exterior. É a Cruz que afeta toda
a gama de influência da Igreja. O rio vem
por meio da Cruz, isto é, da influência que
sai do santuário para toda a terra. É a Cruz
que dá efetividade ao ministério para o
mundo inteiro. Assim, os apóstolos pregaram
Cristo crucificado em todos os lugares.
A Cruz É A Defesa Contra O
Mundo
E, então, observamos outra
coisa, o altar era a grande defesa contra o
inimigo. Se vocês olharem no livro de
Esdras, no capítulo 3, versículo 3, verão o
seguinte: "e firmaram o altar sobre as sua
bases, porque o terror estava sobre eles,
por causa dos povos das terras..." Porque o
medo dos povos das terras estava sobre eles,
eles colocaram o altar em seu lugar. A Cruz
é uma grande defesa – a Cruz nos protege
contra o mundo. O mundo é o grande inimigo
da Igreja. O espírito do mundo sempre tem
sido o grande inimigo da Igreja. Satanás
sempre tem tentado colocar o mundo dentro da
Igreja, arruinando, assim, o seu ministério,
a fim de destruir a influência da Igreja no
mundo. É um movimento muito inteligente e
sutil do inimigo, a fim de destruir a
influência da Igreja no mundo, trazendo o
mundo para dentro da Igreja. Mas Paulo
disse: "Longe esteja de mim gloriar-me, a
não ser na Cruz do nosso Senhor Jesus
Cristo, pela qual o mundo está crucificado
para mim, e eu para o mundo” (Gál 6:14).
Pessoas verdadeiramente
crucificadas nunca estarão em perigo com
relação ao mundo. Somente quando a Cruz não
realiza a sua obra é que o mundo tem o seu
lugar. O mundo não tem lugar no homem
crucificado, na mulher crucificada, no grupo
de crentes crucificados. A Cruz é a grande
defesa contra o mundo. SE VOCÊS QUEREM SE
PROTEGER DO MUNDO, COLOQUEM A CRUZ EM SEU
LUGAR. Se a Cruz verdadeiramente estiver em
seu devido lugar, em plenitude, então tudo
mais ficará em ordem. A CRUZ é a grande
defesa contra o mundo. A CRUZ é a grande
defesa contra os poderes do mal. A CRUZ
deixa tudo seguro; deixa tudo seguro para o
Senhor.
O Senhor deseja se envolver
conosco. Ele quer confiar no Seu povo, mas,
se a Cruz não estiver lá, em operação, Ele
não poderá. Ele diz: “Não é seguro dar de
Mim mesmo aqui, ou Me deixar envolver com as
situações de pessoas não crucificadas". A
Cruz torna tudo seguro para o Senhor, e a
Cruz também torna tudo seguro para a Igreja.
Se a Cruz realmente estiver em operação em
todos nós, então poderemos confiar uns nos
outros. É muito seguro confiar num homem ou
numa mulher que realmente estão
crucificados.
Concluo esta manhã
enfatizando que a Cruz não é uma doutrina a
ser ensinada. Não é um assunto a ser
pregado. Obviamente, será ensinado e
pregado. Mas, primeiramente, não é um
assunto para ser ensinado. Não é apenas uma
doutrina. A Cruz é poder. É experiência. É
um evento em nossas vidas. É uma crise. Uma
revolução. Um terremoto. E houve um
terremoto quando Jesus foi crucificado. Se a
Cruz entrar em nossas vidas, haverá um
terremoto. Tudo será sacudido; tudo será
revogado. A Cruz é um terremoto. É algo
tremendo. Não é apenas teoria, doutrina: A
CRUZ GOVERNA TUDO. Bem, esta é a nossa
mensagem sobre a centralidade e
universalidade da Cruz.
O Senhor conceda que sejamos
homens e mulheres crucificados. As
congregações a que pertencemos – possam ser
congregações crucificadas. O Senhor conceda
que a Sua Igreja possa entender e ver o
significado da Cruz.
Capítulo 12 – Um Rio Que Não
Podia Ser Atravessado: A Plenitude do
Espírito
Estamos chegando ao final do
nosso tempo juntos, e isto significa que há
muita coisa em Ezequiel que não seremos
capazes de considerar aqui. Assim, nesta
manhã, sugiro que demos atenção ao capítulo
47. Este é o capítulo do rio. Penso que este
capítulo é bem conhecido de vocês, de modo
que não teremos que lê-lo novamente.
Contudo, precisamos ler o segundo capítulo
do livro de Atos, pois sinto que Ezequiel 47
e Atos capítulo 2 caminham juntos. O segundo
capítulo de Atos é o cumprimento daquilo que
temos aqui neste capítulo em Ezequiel.
Mas há uma passagem da Escritura entre esses
dois capítulos, que está no Evangelho de
João. Vamos ler João capítulo 7: “E no
último dia, o grande dia da festa, Jesus
pôs-se em pé, e clamou, dizendo: Se alguém
tem sede, venha a mim, e beba. Quem crê em
mim, como diz a Escritura, rios de água viva
correrão do seu ventre. E isto disse ele do
Espírito que haviam de receber os que nele
cressem; porque o Espírito Santo ainda não
fora dado, por ainda Jesus não ter sido
glorificado”. (versos 37-39).
Uma interpretação rigorosa
exige que observemos um ponto, pois isto a
que o Senhor Jesus estava se referindo em
João sete: “no último dia, o grande dia da
festa", não foi estritamente o que temos
aqui em Ezequiel 47, mas se refere à Festa
dos Tabernáculos, e isto nos leva para muito
antes de Ezequiel; leva-nos para a vida de
Israel nos tempos antigos. Vocês se
lembrarão de que a Festa dos Tabernáculos
era a comemoração da saída de Israel do
Egito e dos tempos em que viviam em tendas
no deserto. Não precisamos nos ater aos
detalhes da festa, pois este não é o nosso
objetivo, mas era a isto que Jesus estava se
referindo.
Ezequiel 47 não é uma
celebração da Festa dos Tabernáculos, mas há
algumas características comuns que estão em
Ezequiel 47, em João 7 e em Atos 2. Sabemos
que, quando Jesus falou estas palavras, Ele
estava no templo em Jerusalém. Era no templo
que a Festa dos Tabernáculos estava sendo
comemorada, e nesse tempo, o sacerdote
desceu ao tanque de Betesda e pegou água, e
derramou-a na entrada do templo. Jesus usou
isso e aplicou a Ele mesmo.
A Fonte Do Rio É O Homem
Escondido No Santuário
A característica comum nesses
três lugares – Ezequiel, João e Atos – é
esta: as águas estão fluindo da Casa. E,
então, há outra característica em comum
nesses três lugares: na Casa, como vimos,
tudo se refere ao Homem Glorificado no
Trono. O Homem Glorificado governa tudo.
Agora, aqui em João 7, João faz o seguinte
comentário: "Isto Ele falou do Espírito, O
qual aqueles que criam nEle haveriam de
receber; pois o Espírito ainda não havia
sido dado, porque Jesus ainda não havia sido
glorificado". Assim, isto apontou para o
futuro: quando Jesus fosse glorificado. Sem
qualquer dúvida, isto já se cumpriu no Dia
de Pentecoste. Jesus foi Glorificado e as
águas fluíram da Casa. Nós realmente temos
algumas características em comum nesses
livros.
Vamos ver alguns detalhes de
Ezequiel 47, e, para começar, precisamos
observar que toda esta situação é uma
situação que estabelece uma condição para a
nossa dispensação. Como sabemos, muitos
acreditam que tudo isto aqui em Ezequiel se
refere ao milênio. Bem, a situação neste
capítulo não é uma situação de milênio. Nem
corresponde isto plenamente ao final do
livro de Apocalipse. É verdade que em
Apocalipse temos o rio fluindo do Trono de
Deus e do Cordeiro, e há muitas
características lá exatamente como estas
aqui em Ezequiel. Contudo, o que temos aqui
em Ezequiel não é nem o Milênio, nem a Era
Vindoura, mas sim uma referência à nossa
dispensação. Em Ezequiel há uma situação de
necessidade; é um cenário de morte e de
doença. Estas águas vencem a morte, e as
folhas das árvores são para a cura das
doenças; é um cenário de grande necessidade.
No milênio a morte ficará suspensa por um
tempo, e, no final do livro do Apocalipse, a
morte já não existe mais. Aqui em Ezequiel a
morte ainda tem que ser enfrentada e
vencida. Aqui ainda existe uma condição de
falta de saúde que precisa ser tratada. É
importante perceber que este capítulo de
Ezequiel se aplica à nossa dispensação.
Vamos anotar alguns detalhes.
Primeiro, a fonte do rio. A fonte do rio
está escondida em algum lugar no limiar da
Casa. A Palavra diz que as águas brotavam do
limiar da Casa. Talvez possamos concluir que
as águas brotavam do limiar e escorriam pela
lateral da Casa, porque é dito que elas
desciam na direção do oriente. Este parece
ter sido o movimento. Vamos voltar a isso em
um minuto. Para o momento, as águas brotavam
de algum lugar secreto por debaixo do umbral
da Casa.
O Senhor disse que o
Santuário era o lugar do Seu Trono e o lugar
de Sua Glória, e o lugar onde o Senhor
habita. Acho que podemos concluir que as
águas vinham daí. Naturalmente, tudo isto é
um tipo, um símbolo. Não é falado exatamente
do lugar de onde essas águas brotavam, mas é
dito que saíam “por debaixo do umbral”. Acho
que podemos concluir que elas saíam do lugar
do Trono da Glória, e este é um lugar
escondido na presença de Deus, pois sabemos
que Deus está escondido no Santuário.
O Homem no céu está escondido
no Santuário. Ele é o Mistério Celestial.
Ele está no Trono. Está Glorificado; e,
então, o Espírito brota dEle como naquela
posição e condição. Nós nos lembramos de que
Jesus disse que “depois Ele não se
manifestaria ao mundo, mas sim às
testemunhas que Ele havia escolhido." Após a
Sua ressurreição, Jesus não se manifestou
pessoalmente ao mundo. Para o mundo, Jesus
não existia mais. O mundo não tem
conhecimento de Sua existência pessoal. Ele
é um mistério para o mundo, uma irrealidade,
isto porque Ele se ocultou do mundo. Ele
está escondido no céu. Mas há uma
manifestação de Si mesmo, e esta
manifestação é no Espírito de Vida que vem
do Santuário. Cristo não apenas está
pessoalmente no céu; Ele está entronizado na
Igreja Celestial.
Para o mundo, nesta
dispensação, Jesus ainda é um mistério. A
Igreja não é compreendida, mas este é o
mistério: "Cristo em vós, a esperança da
glória”. E talvez vocês, estudantes da
Bíblia, saibam que a tradução literal
é: "Cristo está no meio de vós, Ele é a
esperança da glória”. Naturalmente, Cristo
está em nós pessoalmente e individualmente,
mas a palavra em Colossenses é “Cristo no
meio de vós” – a Igreja é o contexto dessas
palavras. O grande mistério entre as nações
é Cristo no meio da Igreja. Esta é a
esperança da glória. Paulo disse: "a Ele
seja a glória na Igreja por meio de Cristo
Jesus". O mundo somente pode conhecer o
mistério por meio da Vida que flui da
Igreja.
É isto o que aconteceu no Dia
de Pentecoste. Por meio do rio (o Espírito),
que saiu da Igreja, o mundo ficou sabendo
que Jesus está vivo; Cristo é o único
Caminho no qual o mistério é conhecido. As
águas saem do Santuário. É o que diz
Ezequiel 47:12: "porque as águas saíam do
santuário”. No Santuário, elas são um
mistério. O mistério é tornado conhecido
quando as águas saem da Casa. Tudo isso
também é verdade no Novo Testamento.
O Rio (O Espírito
Santo) Torna Todas As Coisas Novas
Assim, vemos que o primeiro
detalhe da Casa é a Fonte do rio, e, então,
a segunda, é que as águas fluem para o
oriente. É dito lá que o templo ficava
voltado para o oriente. Assim, as águas se
moviam do sul para o leste. Isto é algo
interessante! Por que a Casa foi construída
com o seu portão voltado para o oriente? Por
que tudo se voltava para o leste? E por que
essas águas se moviam para o leste? O leste
é sempre o símbolo do novo dia. O sol nasce
no leste, o dia mundial começa no leste.
Portanto, o leste é o símbolo de um novo
dia, e é muito claro que este Rio
significava um novo dia para todas as
coisas, e para todas as pessoas: é a este
novo dia do Espírito que o Senhor Jesus se
referiu. "Mas a hora vem, e agora é, quando
os verdadeiros adoradores adorarão ao Pai em
espírito”. Quando Jesus falou sobre a vinda
do Espírito, Ele disse: “naquele dia”. Quão
frequentemente Ele usava essas palavras,
“NAQUELE DIA”, isto é, no dia do Espírito; a
nova dispensação – a dispensação do Espírito
Santo.
É nesta dispensação que Deus
está oferecendo um novo dia para as pessoas.
Obviamente, é um novo dia em muitos
aspectos. Todas as coisas velhas das
gerações passadas se passaram – as coisas
velhas de tipos e símbolos, de formas, de
cerimônias. As coisas velhas se passaram:
“eis que tudo se fez novo”, e este é o rio
que torna todas as coisas novas. É o dia do
Espírito Santo. Assim, o rio flui para o
leste, e o Espírito traz um Novo Dia.
Então, a próxima coisa. "Por
onde quer que o Rio passe, tudo ganha vida":
“E saiu aquele homem para o oriente, tendo
na mão um cordel de medir; e mediu mil
côvados, e me fez passar pelas águas, águas
que me davam pelos artelhos. E mediu mais
mil côvados, e me fez passar pelas águas,
águas que me davam pelos joelhos; e outra
vez mediu mil, e me fez passar pelas águas
que me davam pelos lombos. E mediu mais mil,
e era um rio, que eu não podia atravessar,
porque as águas eram profundas, águas que se
deviam passar a nado, rio pelo qual não se
podia passar.(versos 3-5; ASV).
Este Homem de bronze mediu
“mil côvados quatro vezes”. Mediu mil, e as
águas deram pelos artelhos. Outro mil, e
elas deram pelos joelhos. Outro mil, e elas
deram pelos lombos; mediu mais mil, e havia
um rio no qual se podia nadar; um rio que
não se podia atravessar a pé. Bem, eu penso
que o simbolismo é muito simples. Isto
estabelece a plenitude progressiva do
Espírito, ou a plenitude progressiva de
Cristo. No início há uma imensa
potencialidade intrínseca. Pode ser algo
pequeno em Jerusalém, pequeno em seu começo,
mas esta é apenas uma questão de comparação.
Obviamente, foi algo muito grande que
aconteceu no Dia de Pentecoste em Jerusalém,
mas, comparado ao que viria posteriormente,
aquilo não passou de algo pequeno. O começo
é pequeno, em comparação com toda a Judéia e
Samaria, e os confins da terra. Mas neste
pequeno, existe toda a potencialidade para
enfrentar o mundo. O objetivo deste rio
aumenta. Fica cada vez maior, mais largo,
mas o que há aqui nas águas é suficiente
para satisfazer todas as necessidades, não
importa quão grande possam ser. O Espírito
de Jesus é suficiente para tudo. É isto o
que está dito, este é o seu significado. Há
suficiência em Cristo ministrado pelo
Espírito para suprir as maiores
necessidades. Não existe necessidade, por
maior que seja, que não possa ser suprida
por este rio. Não importa por onde o rio
passe: `tudo ganha vida´. Se vocês estudarem
Ezequiel 47:7, irão ver que não há situação
para a qual estas águas não sejam iguais.
Contudo, devemos fazer uma ressalva nesta
declaração. É dito mais adiante, no
capítulo, que os seus charcos e pântanos não
se tornam saudáveis; são deixados para sal.
(47:11)
Existe algo que resiste ao
Espírito Santo. Judas não chegou a gozar do
benefício no dia do Espírito; e realmente
existe, no Novo Testamento, esta
possibilidade de se pecar contra o Espírito
Santo. Onde isto é cometido de forma
deliberada e persistente, então não há mais
Vida: apenas morte. Mas, desde que não haja
essa recusa deliberada e consciente ao
Espírito, Ele agirá igual em todas as
situações. Quão grande é o Espírito. Ele é
completamente incompreensível!
O profeta disse que havia um
rio cujas águas não se podiam atravessar.
Isto é algo com o qual é impossível de se
lidar. Quão verdadeiro isto é em Atos 2.
A vinda do Espírito está ligada a um
poderoso e impetuoso vento. O Espírito
desceu desta maneira no Dia de Pentecoste. É
algo que não pode ser manuseado pelo homem.
Vocês não podem limitar o Espírito Santo
dentro da esfera da capacidade de vocês.
Ezequiel disse: “um rio que não se podia
atravessar". É algo muito grande para o
homem. Oh, que possamos conhecer o Espírito
desta maneira! Em princípio, é isto o que o
Espírito faz. Ele se recusa a ser amarrado
por nossos sistemas humanos, por nossas
medidas humanas. Ele se recusa a ficar
limitado ao homem natural. Ele se recusa a
ficar limitado por nossas tradições e
preconceitos. É isto o que encontramos no
livro de Atos. O Espírito Santo é demais
para ficar restrito às pessoas em Jerusalém.
Ele é muito para Pedro, e para todos os
preconceitos de Pedro. Ele é muito para
Herodes, o rei. Ele é muito para qualquer
coisa que se atravesse em Seu caminho – é um
Rio que ninguém pode controlar.
Agora, para que o Espírito se
manifeste desta maneira, duas coisas são
necessárias, e isto é um princípio muito
verdadeiro. Somente haverá a plenitude e o
poder do Espírito se estas duas coisas
realmente existirem. A primeira coisa é a
absoluta autoridade do Trono, isto é, a
absoluta autoridade do Homem que está no
Trono. Temos dito repetidamente que o Homem
do Trono governa tudo. Tudo no livro está
sujeito a Ele. No livro de Atos, vemos o
Homem do Trono governando todas as coisas –
É a soberania absoluta de Jesus Cristo.
Agora, Deus não dará o Seu
Espírito em plenitude e poder para algo que
não corresponda ao Seu Propósito. Assim,
isto é essencial: o Homem governando a Casa.
Portanto, o que esta crescente medida diz a
nós é o seguinte: O Senhor jamais deseja
deixar o Seu povo só pelos artelhos no
Espírito. Não é vontade do Senhor que
tenhamos o Espírito e Vida somente pelos
artelhos, nem pelos joelhos, e nem pelos
lombos. O desejo do Senhor é plenitude;
águas para se nadar nelas; águas que sejam
demais para nós.
Naturalmente, esta é uma
situação um tanto que terrível. Acho que
vocês conseguem detectar em Ezequiel que o
profeta estava um pouco assustado. Para ele,
esta foi uma situação terrível, e, quando a
situação fica desta maneira, realmente é
terrível. – Nós queremos conservar os nossos
pés em terra firme. – Não queremos ser
varridos para fora dos nossos pés; a Igreja
quer ter seus pés na terra, quer ficar
segura no chão. Vocês sabem o que isto
significa espiritualmente, mas a vontade do
Senhor é nos tirar dos nossos pés, para que
sejamos levados para profundezas onde não
tenhamos medida. Vamos pensar sobre isto. Há
duas pequenas palavras aqui: “um rio que NÃO
DAVA para atravessar”. Aqui está o grande
“não dava” do Espírito. Este “não dava” se
sobrepõe a toda capacidade humana.
Ele Me Fazia Ir
A segunda coisa necessária
para a plenitude é representada pelas
margens e pelas árvores. As margens do rio
são mencionadas. Este é um rio que flui
entre as margens. Não é uma inundação que se
espalha por todos os lugares. É um rio que
corre entre as margens. Vocês sabem que o
Espírito Santo possui um caminho, um caminho
a qual Ele segue; Ele possui o Seu Próprio
Propósito quanto a que caminho seguir. Se o
Espírito disser: “vou por este caminho”, não
adianta falarmos que vamos tomar outro.
Vocês têm muito disso no livro de Atos.
Paulo disse que pretendia pregar a Palavra
em Bitínia, indo depois para a Ásia, porém
teve que dizer: "O Espírito de Jesus não nos
permitiu", e entenderam que daquela vez o
Espírito estava indo para a Macedônia. Se
Paulo tivesse ido para a Bitínia, ou
Ásia, teria se separado do Espírito. O
Espírito estava dizendo: “desta vez Eu vou
por este caminho. Se você quiser ficar
comigo, deverá seguir o Meu caminho”. E isto
também aconteceu a Pedro. O Espírito estava
se movendo na direção dos gentios, mas Pedro
queria seguir o seu próprio caminho. O
Espírito disse, em efeito: “Se você quiser
estar comigo, deve seguir o Meu caminho. Eu
não vou pelo seu caminho. Eu não vou pelo
caminho da sua tradição, do seu preconceito.
Este é o caminho que estou tomando hoje”. E,
quando Pedro foi pelo caminho do Espírito,
ele descobriu o Espírito numa plenitude
maior do que havia conhecido antes.
Acho que vocês compreendem o
princípio. As margens representam um caminho
claramente definido por onde o Espírito
passa. Ele pode mudar de direção de tempos
em tempos. O Rio pode não seguir numa linha
reta, mas irá sempre fluir entre as margens.
O Espírito sempre sabe exatamente aquilo que
está fazendo e o que Ele procura. Quão
importante é para nós estarmos entre as
margens com o Espírito!
E, então, temos as árvores de
cada lado do rio. Naturalmente, essas
árvores, no Novo Testamento, são testemunhas
vivas. Sugiro uma passagem que pode colocar
isto melhor, em Efésios 4: “E ele mesmo deu
uns para apóstolos, e outros para profetas,
e outros para evangelistas, e outros para
pastores e doutores, querendo o
aperfeiçoamento dos santos, para a obra do
ministério, para edificação do corpo de
Cristo; até que todos cheguemos à unidade da
fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a
homem perfeito, à medida da estatura
completa de Cristo”. (versos 11-13)
Aqui estão testemunhas vivas
às margens do rio. Aqui estão elas ao longo
das margens do Novo Testamento, e Deus tem
tido as Suas árvores em todos os séculos.
São as testemunhas vivas que dão testemunho
da plenitude da vida de Cristo, que apontam
para a plenitude espiritual, para a
plenitude de Cristo.
Há uma coisa muito
interessante para se observar aqui no
versículo 9 de Ezequiel 47: ”E será que toda
a criatura vivente que passar por onde quer
que entrarem esses rios viverá; e haverá
muitíssimo peixe, porque lá chegarão estas
águas, e serão saudáveis, e viverá tudo por
onde quer que entrar este rio”.
Eu não sei se vocês possuem
uma marca em suas bíblias chinesas nesta
palavra, mas no hebraico está escrito: “por
onde quer que entrarem esses dois rios".
Está no plural, no hebraico, e a minha
Bíblia contém uma referência na margem, que
diz: "por onde quer que entrarem esses dois
rios". Isto está no hebraico.
Agora, isto parece
desconsertar tudo, não é verdade? Mas eu
penso, novamente, que isto é um símbolo.
Talvez esse rio realmente se dividisse em
dois, mas “dois” na Bíblia é o número
adequado para testemunho. Sempre que vocês
encontrarem o número dois, vocês têm aí um
testemunho suficiente. - "Pela boca de duas
testemunhas toda palavra será
estabelecida... Se dois de vós concordarem…
ele enviou de dois em dois”. Dois é o número
do testemunho suficiente. Assim, o que temos
aqui pelo Espírito é um testemunho
suficiente em Suas testemunhas. Assim, o
efeito de tudo isso é Vida. Naturalmente,
gostaria de falar mais a respeito disto, mas
devemos parar por aqui. A PROVA de tudo é a
Vida. A PROVA de que Jesus é o Senhor é
encontrada na Vida. A PROVA de que a Casa
está em ordem está na Vida. A PROVA de que o
Espírito está tendo o Seu caminho é a Vida.
A Vida é o testemunho. Assim, o testemunho é
este: que Deus nos deu Vida eterna.
E assim terminamos por hoje.
Ezequiel recebeu ordem para revelar tudo
isso à Casa de Israel. A fim de mostrar tudo
isso às pessoas, o profeta precisou ele
mesmo andar por este caminho. Observem o que
ele disse: “O Espírito me fez ir". Vocês e
eu precisamos andar por este caminho antes
de mostrá-lo a outras pessoas. Esta não é
uma verdade apenas objetiva que deva ser
ensinada, mas é a própria experiência do
servo do Senhor.
Capítulo 13 - "O Senhor Está
Aqui"
Nesta manhã, teremos que dar
uma conclusão aos nossos estudos de
Ezequiel, e acho que não poderíamos fazer
melhor do que irmos direto para o final do
livro em si. A última frase do livro fala o
seguinte: "e o nome da cidade desde aquele
dia será: O Senhor está ali". Precisamos
traçar um paralelo disso com algumas
palavras de Efésios, capítulo 2, versos 19
a 22: "Assim que já não sois estrangeiros,
nem forasteiros, mas concidadãos dos santos,
e da família de Deus; edificados sobre o
fundamento dos apóstolos e dos profetas, de
que Jesus Cristo é a principal pedra da
esquina; no qual todo o edifício, bem
ajustado, cresce para templo santo no
Senhor. No qual também vós juntamente sois
edificados para morada de Deus em Espírito”.
E o nome da cidade será: o
Senhor está ali.
E, novamente, em Efésios,
capítulo, 3, versículos 19 a 21: “Para que
Cristo habite pela fé nos vossos corações; a
fim de, estando arraigados e fundados em
amor, poderdes perfeitamente compreender,
com todos os santos, qual seja a largura, e
o comprimento, e a altura, e a profundidade,
e conhecer o amor de Cristo, que excede todo
o entendimento, para que sejais cheios de
toda a plenitude de Deus. Ora, àquele que é
poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou
pensamos, segundo o poder que em nós opera,
a esse glória na igreja, por Jesus Cristo,
em todas as gerações, para todo o sempre.
Amém”.
E o nome da cidade será: o
Senhor está ali.
Este é o desfecho para a qual
toda a obra de Deus se direciona. Tudo o que
temos nestas profecias de Ezequiel aponta
para UM FINAL, "O Senhor está ali", mas isto
também é verdadeiro em relação à Bíblia como
um todo. Toda Bíblia se move para um final.
É o propósito para o qual todas as coisas
foram criadas, e este propósito é a presença
de Deus em plenitude e finalidade. O
propósito de Deus é que Ele preencha todas
as coisas. Assim, o desfecho final é: “O
Senhor está ali”.
Há uma coisa em particular
que se faz necessária para que este
propósito seja alcançado. Deus precisa se
envolver com o homem. E isso foi o que Ele
queria fazer lá no princípio. Está muito
claro em Gênesis que Deus queria se envolver
com o homem. Queria estar com ele. Queria
confiar no homem. Queria colocar todos os
Seus ideais nas mãos do homem; em síntese:
Deus queria confiar a Si próprio ao homem.
Assim, a grande questão que
agora está diante de nós é: “com que tipo de
Homem Deus queria se envolver?" Todo o livro
de Ezequiel é a resposta para esta questão.
Em primeiro lugar, a resposta é dada de
forma negativa. Deus não irá se envolver com
nada que Satanás já esteja envolvido. Desde
o princípio, Satanás sempre tentou fazer o
homem se atravessar no caminho de Deus.
Satanás havia conquistado um lugar na nação
de Israel e também nas demais nações, e o
homem foi criado justamente para o propósito
de que Deus pudesse estar com Ele. Porém,
Satanás capturou o homem e fez dele um
grande obstáculo para Deus; por isso, a
glória foi removida. O homem, da forma como
ele se encontra hoje, é um verdadeiro
obstáculo para o propósito de Deus. Deus não
pode se envolver com esse tipo de homem.
Deus não irá se envolver com aquilo que
Satanás já está envolvido. Satanás e suas
obras tinham que ser destruídas, para que
Deus pudesse se envolver com o homem. O
Filho de Deus foi manifestado para destruir
as obras do Diabo, para que Deus tivesse o
Seu caminho e pudesse alcançar o Seu
propósito. Deus não irá se envolver com
aquilo que ainda não tenha sido julgado em
justiça.
Vocês irão se lembrar de tudo
o que falamos a respeito do bronze naquelas
profecias: o bronze no querubim, o bronze no
Homem, o bronze no grande altar. Deus não
irá se deixar envolver com nada que não
tenha sido julgado em justiça. Este é o lado
negativo, mas há o lado positivo da questão.
– Com quem Deus irá se envolver? A resposta
positiva possui vários aspectos. Primeiro,
Deus irá se envolver somente com aquilo que
está do outro lado do julgamento. O Homem do
Trono representa Cristo do outro lado do
julgamento. Lá está o arco-celeste ao redor
do Trono. Este arco-celeste é o símbolo da
redenção. No livro do Apocalipse, o arco é
representado pelo Cordeiro no Trono. O
Cordeiro é o Homem, e o Homem é o Cordeiro.
Ele está lá do outro lado do julgamento, e
esta é a primeira coisa relacionada ao
envolvimento do próprio Deus. Digo
novamente, Deus irá se envolver onde Cristo
está, do outro lado do julgamento – isto é,
onde todos os juízos foram efetuados.
Agora, vocês precisam estudar
isto com o Novo Testamento em mãos. Quando
Jesus foi para o batismo, Ele disse a João
Batista: “Deixai por ora, para que se cumpra
toda a justiça". Seu batismo era um tipo da
Cruz. Portanto, Seu batismo e a Sua Cruz
representam o cumprimento de toda justiça –
isto é, através da morte de um homem, o Novo
Homem foi colocado para fora do alcance do
julgamento. É aí que nos encontramos pela
fé em Cristo Jesus. É aí que a Igreja está.
No começo da carta aos Efésios, a Igreja
está assentada juntamente com Cristo nos
lugares celestiais. A Igreja é vista do
outro lado do julgamento porque ela foi
ressuscitada juntamente com Cristo. Em
relação à Igreja, todos os julgamentos estão
cumpridos. Esta é a primeira coisa que abre
caminho para a glória na Igreja. Todos os
julgamentos cumpridos; isto abre caminho
para que Deus possa Se envolver conosco.
Outro aspecto do envolvimento
de Deus: é onde Cristo estiver
glorificado. Deus irá se envolver onde
Cristo estiver glorificado. Esta é uma lei
de Deus. Para Deus dar de Si mesmo, por meio
de Seu Espírito, Jesus precisa ser
glorificado. Quando a glorificação do Senhor
Jesus for o nosso único objetivo, então o
Pai irá vir por meio do Seu Espírito.
Então, o terceiro aspecto.
Deus irá se envolver onde Jesus estiver
entronizado. Quando o Seu Homem estiver do
Trono, governando, então Deus irá se
envolver. Onde toda a autoridade conferida
ao Seu Filho for reconhecida e aceita, então
Deus irá se envolver.
Temos uma quarta coisa. Deus
se envolve onde as coisas estiverem “de
acordo com Cristo”, onde as coisas tomam as
suas medidas a partir de Cristo. Essas
coisas estão neste livro de Ezequiel. Nós
apenas temos olhado para a Casa. Não a
estudamos em todos os seus detalhes, mas o
que realmente sabemos a respeito da Casa é
que ela foi medida pelo Homem de bronze.
Onde as coisas tomam as suas medidas a
partir de Cristo, lá Deus irá se envolver.
E, então, apenas mais uma
coisa: Deus irá se envolver onde a Cruz
governar. Vimos como o altar governava todas
as coisas dentro e fora da Casa. Assim, onde
a Cruz governar, aí Deus irá se envolver. O
Senhor Jesus é o grande exemplo disso tudo.
Deus se envolveu com o Seu Filho. A Palavra
diz que Deus não deu Seu Espírito por medida
a Jesus; isto é, deu Seu Espírito em
plenitude, sem qualquer reserva. Quando o
significado da Cruz é estabelecido, então
Deus se envolve. Este é o Seu terreno.
Observem como Jesus media
todas as coisas segundo o céu. Temos
frequentemente salientado isto. Jesus jamais
seria governado pela mente humana – Jamais
faria qualquer coisa, diria qualquer coisa,
ou iria a algum lugar seguindo um conselho
humano. O tempo todo Ele estava repelindo as
sugestões dos homens e das mulheres. Ele
também fez isto em relação a Satanás; Jesus
agia desta maneira em relação a qualquer
coisa. Ele rejeitava tudo que viesse do
homem. Ele somente tomava Seu caminho, Suas
palavras e Suas obras do Pai. Ele media
todas as coisas conforme o céu. Ele
caminhava em sintonia com o céu. Para cada
detalhe de Sua vida, Ele se sujeitava ao
governo do céu. Por isso, o Pai Se envolvia
com Ele como sendo o Filho do Homem.
E, então, temos a Sua
perfeição. Ele disse: “Eu trabalho hoje e
amanhã, e, no terceiro dia, serei
consumado”. Está dito que Jesus seria
aperfeiçoado por meio dos sofrimentos.
Naturalmente, entendemos que não se trata de
perfeição moral, pois Jesus já era perfeito.
Não se trata de aperfeiçoar a natureza de
Jesus, mas sim de trazê-Lo à plenitude da
vontade de Deus. Jesus caminhava todos os
dias na vontade de Deus. Ele disse: “Eu vim
para fazer a Tua vontade”. Mas a vontade de
Deus estava exigindo cada vez mais dele, até
que, finalmente, exigiu que bebesse o
cálice, e que fosse do Getsêmani para a
Cruz. Ele estava sendo aperfeiçoado quanto à
vontade de Deus; e, quando Ele foi tornado
perfeito, Deus deu a Ele a plenitude para a
Igreja. "Deus Lhe deu um nome que está acima
de todo nome”. Deus confiou a Sua própria
plenitude a Jesus. Acho que tudo está muito
claro. Jesus é o Grande Exemplo!
Agora trazemos o estudo para
a sua conclusão final. Fazemos isso
observando três necessidades, para que o
propósito de Deus seja plenamente e
finalmente alcançado. A Igreja precisa de
três coisas. Primeiro, precisa ter uma
compreensão clara do propósito de Deus. É
absolutamente necessário que a Igreja
entenda qual é o propósito de Deus. Este é o
porquê de Paulo ter orado por “espírito de
sabedoria e de revelação no conhecimento
dEle”; ter orado para que a Igreja pudesse
ter “os olhos do seu coração iluminados”. É
absolutamente necessário que tenhamos um
claro entendimento do propósito de Deus;
propósito de tornar a Igreja a plenitude
daquele que cumpre tudo em todos; propósito
de que Deus tivesse lugar pleno na Igreja.
Esta é a primeira necessidade – a de que
possamos compreender isto, e sermos
governados por esta visão. Assim, trata-se
de uma questão de visão espiritual, ou
compreensão espiritual, uma revelação do
propósito de Deus concernente à Igreja. Este
é o porquê de lermos aquelas textos das
Escrituras no início: que a Igreja fosse a
“habitação de Deus por meio do Espírito”,
que Deus pudesse habitar nela, de modo que
pudesse ser dito: “O Senhor está ali”, uma
habitação de Deus. Diante disto, precisamos
entender qual é o propósito de Deus.
Segundo, a igreja precisa de
uma compreensão clara acerca do Caminho de
Deus, a fim de alcançar o Seu propósito;
compreensão clara acerca de Sua Casa: uma
Casa apropriada a Si mesmo. Esta é uma
absoluta necessidade para o propósito de
Deus. Terceiro, é essencial que a Igreja
tenha uma clara compreensão da Cruz. Essas
três coisas são essenciais para que Deus
possa estar na Casa!
E, ainda, há dois aspectos
dessas três coisas: há o presente
progressivo e o futuro perfeito. No momento
presente, isto não é totalmente verdade,
embora aquilo que está em Efésios possua uma
aplicação presente. No presente, isto é
verdade apenas progressivamente. Significa
que o Senhor estará presente quando essas
coisas forem verdade. Onde houver uma clara
compreensão de Seu propósito, onde houver
uma clara compreensão de Sua Casa, onde
houver uma clara compreensão da Cruz, lá
vocês encontrarão o Senhor! No presente,
essas coisas determinam à medida que o
Senhor está presente, mas o tempo está
chegando quando essas coisas estarão
completas, quando Ele virá para ser
glorificado em Seus santos. Então, Ele será
manifestado na Sua Igreja em plenitude. E,
assim, vocês observam que, no final de
Ezequiel, é a cidade que é mencionada: “O
Senhor está ali”. A cidade representa o vaso
através do qual Deus está presente em
governo.
Bem, demos um amplo esboço.
Tentamos deixar estas linhas tão claras
quanto possíveis, mas, dentro deste esboço,
há um conteúdo enorme; e, ao passar isto
para vocês, digo: “orem sobre o assunto; não
recebam isto apenas como um estudo bíblico.
Tudo precisa ter valor real e prático.
Assim, irmãos, orem e peçam ao Senhor para
tornar tudo isto real onde vocês estão".
F I M