A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE XVIII A PORTA DAS ÁGUAS
A porta das águas foi a sétima porta a ser restaurada nos muros de Jerusalém. Em Neemias capítulo 3, nos versos 26 e 27 diz: "E os servidores do templo que habitavam em Ofel, até defronte da porta das águas, para o oriente, e até à torre alta. Depois repararam os tecoítas outra porção, defronte da torre grande e alta, e até ao muro de Ofel". A porta da fonte nos fala de Cristo através do Espírito Santo como fonte de vida em nós, mas a porta das águas nos fala da Palavra de Deus, a palavra que sai da boca e do trono de Deus, e que não volta para Ele vazia (Is. 55.11). A porta das águas é a palavra 'rhema' que santifica e purifica a Igreja, para que ela seja apresentada a Ele uma igreja gloriosa, sem mácula nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. A porta das águas são as águas santificadoras e purificadoras (Ef. 5.26-27). Esta porta também não cita que tinha trancas e ferrolhos. Talvez seja porque esta fonte é aberta para todos, tanto justos como injustos. O Senhor disse: - Quem tem sede venha a mim e beba. O apóstolo Paulo também diz em II Timóteo, capítulo 2, no verso 9, que a palavra de Deus não está presa. A Palavra de Deus é mencionada na própria Escritura como letra e como vida, mas a letra mata, e o Espírito é o que vivifica (II Cor. 3.6). No grego é chamada de 'logos' e 'rhema'. Logos é a palavra dita por Deus e escrita para o nosso ensino (Rm. 15.4). Logos são as Escrituras e o rhema é a palavra dita por Deus novamente, dita aos nossos ouvidos espirituais (Apoc. 3.6), e vivificada pelo Espírito: "O espírito é o que vivifica, a carne para nada aproveita; as palavras que eu vos disse são espírito e vida" João 6.63. O logos é tudo aquilo que Deus disse e que mandou escrever nas tábuas de pedra, nos pergaminhos e depois impressa. O logos também pode ser tudo aquilo que adquirimos com a leitura das Escrituras, o rhema é tudo aquilo que nos é revelado por Deus, aquilo que Ele escreve em nossos corações pelo Espírito; naquilo que somos transformados na imagem gloriosa de Cristo: "Porque já é manifesto que vós sois a carta de Cristo, ministrada por nós, e escrita, não com tinta, mas com o Espírito do Deus vivo, não em tábuas de pedra, mas nas tábuas de carne do coração" II Coríntios 3.3. Isto é, o logos são as Escrituras, tudo aquilo que adquirimos com a letra, e o rhema são as águas tanto regeneradoras como santificadoras. O Senhor é o manancial, a porta da fonte e a porta das águas purificadoras que saem do trono de Deus. Essas águas é a água da vida: "E mostrou-me o rio puro da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro" Apocalipse 22.1. Quando Jesus disse a mulher samaritana: "Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna" , estava lhe dizendo que Ele era a fonte e que dEle procederia a água da vida. Por isso a porta das águas vem depois da porta da fonte. Uma vez que a fonte, o testemunho de Deus é restaurado em nós, a água da vida que procede dEle não só mata a nossa sede, como também faz que através desta fonte saltemos para a vida eterna. De nós mesmos só pode vir o logos, a letra, mas de Cristo em nós procede a água viva, os rios de água viva (Jo. 7.38). Por isso, toda a ministração da Palavra de Deus para ter vida, para ser rhema para alguém, tem que vir de Cristo em nós: "Visto que buscais uma prova de Cristo que fala em mim, o qual não é fraco para convosco, antes é poderoso entre vós" II Coríntios 13.3. A porta das águas nos ensina que é de Cristo, e só dEle que pode proceder estas águas purificadoras. Jesus quando falava da sua missão disse: "Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas passou da morte para a vida" João 5.24. Aqui ou em qualquer outra parte, Jesus diz que não é usando à nossa própria força, inteligência ou eloqüência para falar a Palavra de Deus, que ela irá se tornar vida aos outros, mas somente quando um pecador ouve a sua voz, isto é, Ele falando em nós. Como na mulher samaritana, Ele é a fonte e a água da vida, porque a Palavra que é ouvida por alguém tem que proceder dEle também. Não é nós falando, mas Cristo falando em nós. Quem ouve a voz dEle, que procede de dentro de nós, dos rios de água viva, passa da morte para a vida. Ele confirma isto quando diz logo em seguida, no verso 25: "Em verdade, em verdade vos digo que vem a hora, e agora é, em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus, e os que a ouvirem viverão". De que mortos Jesus fala? Dos mortos em delitos e pecados (Ef. 2.1-6), porque no verso anterior Ele diz que esses mortos, ao ouvir a Sua Palavra, passam da morte para a vida. E onde está o Filho de Deus para que os mortos o ouçam? Em nós. Por isso Jesus disse: "Quem crê em mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre". Como é que as Escrituras dizem dEle? Não como conheceram aqueles que viveram com Cristo segundo a carne. E como é que o conhecemos hoje? Vivendo em nós pelo seu Espírito: "...mas Cristo vive em mim..." Gálatas 2.20. Por isso que é do nosso ventre, do nosso interior que correm os rios de água viva. É no nosso coração que Cristo habita pela fé (Ef. 3.17). Essa água viva só pode proceder da fonte da água da vida. A fonte é Cristo e a água para ser viva tem que proceder dEle. Não podemos nos esquecer que sem Ele somos um sepulcro aberto (Rm. 3.13); de nós mesmos só podemos lançar lama e lodo: "Mas os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar, e as suas águas lançam de si lama e lodo" Isaías 57.20. Por isso fomos tirados de um charco de lodo, de um poço de perdição (Sal. 40.2). Como diz Provérbios capítulo 4, no verso 23, toda a fonte da vida procede do nosso coração, de Cristo. A água vem do trono de Deus, passa por Cristo que é a fonte e jorra por nós através do Espírito Santo. Que coisa bendita! E esta fonte de água da vida é uma fonte aberta, que jorra dia e noite (Zac. 13.1). Uma fonte que brota de uma terra seca que somos nós, do ermo, de um deserto: "E o Senhor te guiará continuamente, e fartará a tua alma em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; e serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca faltam" Isaías 58.11. Aleluia! No caso da santificação, a lavagem da água pela palavra, também tem que proceder dEle. Quantas vezes não queremos edificar ou exortar a Igreja e só trazemos morte? A inclinação da carne é morte (Rom. 8.6). O juízo vem sobre nós quando queremos nos tornar mestres (Tg. 3.1). A nossa língua é um membro que precisa de muita misericórdia do Senhor. Tem que ser governada por Cristo, porque ela pode ser um instrumento, um canal para que essa água viva flua, como também pode se tornar um mundo de iniquidade, inflamada pelo inferno. Pode proferir bênçãos, como também maldição (Tg. 3.4-10). Creio que a língua é um dos membros do nosso corpo que mais necessita da misericórdia e santificação do Senhor. Este pequeno membro tem naturalmente peçonha de áspide, veneno de víbora peçonhenta, e que pode até inflamar o curso da natureza. Algo que é natural no homem pode se tornar carnal e diabólico (Tg. 3.14-15). Temos que entender que a nossa boca pode ser uma fonte de água doce ou água amargosa. Fonte de vida e de morte, para outros e para nós mesmos, porque toda palavra fútil será julgada naquele dia, porque pelas nossas palavras seremos justificados ou condenados (Mt. 12.36-37). Por este pequeno membro podemos alegrar ou entristecer o Espírito que está em nós, a fonte dos rios de água viva. Senhor ponha uma guarda à minha boca, guarda a porta dos meus lábios (Sal. 141.3), e que só seja aberta quando for a porta da fonte e a porta das águas, em nome de Jesus. Deus tem dois símbolos para lavar: o sangue e a água. Em Hebreus capítulo 9, no verso 22 nos diz que "quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue". Quase todas as coisas, mas não todas as coisas. O restante é purificado com água. Em Levítico vemos muitas coisas sendo purificadas com água. Por quê? Porque o sangue purifica tudo o que diz respeito a redenção, a remissão e perdão dos nossos pecados, e a água a tudo o que diz respeito a santificação. As nossas vestes são lavadas pelo sangue do cordeiro (Apoc. 22.14 versão CMTEG), agora necessitamos lavar os pés (Jo. 13.10), porque os pés ainda contêm o pó deste mundo. Esta água, como pudemos ver, procedem de Cristo para a santificação, e o sangue agora, depois da redenção é usado na comunhão. O cálice de bênçãos que abençoamos é a comunhão do sangue de Cristo, a comunhão do perdão mútuo do Senhor a nós e através de nós aos irmãos (I Cor. 10.16). Quando João nos diz em sua primeira carta que o sangue nos purifica de todo pecado, ele está falando da luz da comunhão. Não é perdão, mas purificação. O sangue também tem um processo de purificação, mas na comunhão entre os santos, no perdão uns aos outros, na purificação de pecados. Já as águas purificadoras vêm do próprio Senhor, porque Ele é o único que pode santificar a sua Igreja, que pode purificá-la pela lavagem da água pela Palavra. Por isso Ele diz: "Eu sou o Deus que vos santifico" Levítico 23.32. Jesus é o que alimenta, edifica e santifica a sua Igreja, e tudo é feito pela Sua Palavra, a água viva que procede dEle vivendo nos seus santos. Por isso, no ministério da Palavra, mesmo que sejam homens dados como dons à Igreja, como nos ensina Efésios no capítulo 4, nos versos 8 a 11, ou os próprios dons do Espírito nos homens, como nos ensina o Senhor em I Coríntios, no capítulo 12, no verso 28, temos que ver que tudo é Cristo. Tudo o que edifica, alimenta e santifica sai da porta da fonte, da única fonte que jorra os rios de água viva, das águas que saem do trono de Deus. Jesus disse: "...porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer. Mas, quando vier aquele, o Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de anunciar" João 15.15 e 16.13-14. Essas águas saem do trono de Deus, passam pela porta da fonte e saem pela porta das águas. Deus, o Filho e o Espírito que vivifica. Na porta das águas novamente vemos aqui os tecoítas ajudando na restauração. Como já vimos na porta do peixe, os tecoítas são os filhos de Tecoa que quer dizer 'firme'. Somente aqueles que são sustentados pelo Senhor podem participar desta restauração, deste ministério. Esses são os ministros da Palavra e os santos aperfeiçoados. Antes de sermos firmados por Ele causamos mais destruição do que restauração ou edificação. Por isso creio que como um sacerdote, que somente aos 20 anos de idade podia começar a ajudar e aprender o ofício, e somente aos 30 anos entrava no ministério, assim também é conosco. Não estou dizendo de vida biológica, mas de vida em Cristo, de nascido de novo em Cristo. Quanto à pregação do evangelho não é necessário se ter maturidade, ela pode ser feito por qualquer um, desde o seu primeiro dia de vida no Senhor, mas no ministério para a edificação do Corpo de Cristo é necessário maturidade espiritual, vida tratada pelo Senhor e pela cruz. Para que alguém seja um apóstolo, um profeta, um evangelista ou um pastor e doutor são anos sendo tratados pelo Senhor. São homens dados como dons a Igreja (Sal. 68.18), tratados pelo caminho da cruz, para que possam como aquelas cinco travessas no tabernáculo sustentar as tábuas que passava pelas cinco argolas em cada tábua (Êx. 26.26-27). As tábuas são figuras de cada um de nós, com encaixes para que outros estejam junto, unidos em amor, com cinco argolas onde as travessas passavam. Essas cinco travessas representam os cinco ministérios da Palavra que aperfeiçoam, que equipam, capacitam os santos para a obra da edificação do corpo de Cristo. E os outros tecoítas são a figura desses santos que são equipados, capacitados, aperfeiçoados por esses cinco ministérios da Palavra, e que firmados por essas cinco travessas, fazem a obra do ministério, para a edificação do corpo de Cristo. Não são os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e doutores que fazem a edificação do corpo de Cristo, mas esses santos aperfeiçoados. Por isso são tecoítas, homens firmados e aperfeiçoados pelo Senhor para a sua obra. Os que restauraram esta porta, restauraram defronte da torre grande e alta, e também restauraram o muro, até o muro de Ofel. Ofel quer dizer 'elevado, outeiro', que tem relação com a torre grande e alta. Isto nos ensina que o propósito do Senhor em sua santificação é nos conformar à imagem do seu Filho, a varão perfeito; é sermos participantes da sua santidade (Hb. 12.10). Que aquilo que Deus deu a Jesus e a posição que o Senhor o colocou, exaltado à sua destra, também aconteça conosco. Que o que já está completamente sujeito aos seus pés (Ef. 1.22-23), também esteja sobre os nossos: "E o Deus de paz esmagará em breve Satanás debaixo dos vossos pés" Romanos 16.20. Sobre essas lutas espirituais nas regiões celestiais é que nos fala a próxima porta que foi restaurada, a porta dos cavalos. Aqui não são as nossas lutas pessoais contra o inimigo, mas as batalhas de Deus, do homem valente e celestial, munido de uma armadura celestial. Essas lutas pertencem a Igreja até a volta do Senhor. Lutas que dizem respeito ás coisas celestiais e nas regiões celestiais e não nas daqui da terra. Não são lutas contra carne e sangue, mas contra principados e potestades. Que o Senhor abra os nossos olhos de Geazi e nos dê os olhos de Eliseu (II Reis 6.16-17). O Senhor tem restaurado esta porta das águas, porque Ele diz: - A mim me deixaram, o manancial das águas vivas e cavaram para si cisternas rotas que não retêm água. Se deixaram este manancial, que tipo de água a cristandade tem bebido? Ele diz: - De cisternas rachadas. Água quente, águas que não são vivas. Não são águas que procedem do seu trono. Continua...
Obs: Amados irmãos, não deixem de ler os versículos acima citados entre parêntesis, porque eles são a parte mais importante desta meditação. Não é o texto escrito que tem valor, mas a Palavra de Deus. Ela é que é viva e eficaz. O texto é como Esdras fez, para dar sentido ao que estamos falando. O sentido é nosso, mas a Palavra é de Deus. Amém. |
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