A RESTAURAÇÃO DE DEUS

PARTE V - O FUNDAMENTO 

  

Como vimos anteriormente, a primeira coisa que Deus restaura no seu testemunho é o altar, é a obra sacrificial de Cristo. Vimos que este altar já tinha sido levantado desde antes da fundação do mundo, e o Cordeiro já tinha sido imolado (I Ped. 1.19-20). Isto porque Deus não pode conviver com o mal, com o pecado do homem. Se este altar não tivesse sido levantado, quando Adão pecou, a ira de Deus o teria consumido.

Mas vemos claramente que a sua ira estava aplacada, porque logo em seguida, mesmo como pecadores, Deus lhes falou sobre a vinda de um filho da mulher que traria a Vida novamente (Gên. 3.15). E como resultado disso o Senhor os vestiu com peles; os vestiu com a justiça do Cordeiro ainda dentro do Éden, profetizando que ainda que fossem expulsos dali por causa do pecado, o homem retornaria ao jardim de Deus, e teria novamente acesso à árvore da vida. João entendeu isso quando disse: "(Porque a vida foi manifestada, e nós a vimos, e testificamos dela, e vos anunciamos a vida eterna, que estava com o Pai, e nos foi manifestada)" I João 1.2.

Mas quando o povo de Israel, que retornou da Babilônia levantou o altar, e começou a sacrificar, encontrou dificuldades para reedificar o templo, tanto na oposição dos inimigos quanto na questão financeira. Então Deus levantou Ageu e Zacarias para profetizar ao povo. Que benditos são os profetas do Senhor! Quanto a Igreja necessita nesses dias de profetas levantados pelo Senhor para que a sua obra continue, ainda que haja grandes impedimentos. Para o Senhor não há impossíveis.

Deus começou esta obra e irá completá-la até o dia de Cristo. Talvez haja impedimentos por causa da fraqueza e incredulidade do homen, mas ela será completada naquele dia. O Senhor poderia realizar esta obra sozinho, mas aprouve a Ele nos fazer seus cooperadores; homens fracos, desprezíveis, sem sabedoria, sem nobreza, mas escolheu essa classe de homens, para que nenhum mortal se glorie na sua presença (I Cor. 1.27-29).

Mas algo que precisamos compreender claramente, como o Senhor nos ensina em Zacarias 4.6, ainda que Ele use homens para estar ao seu lado, com a função de auxiliar,  -o que cabe à mulher, figura da Igreja-, não é pela força, nem pela violência que vem qualquer edificação, mas pelo seu Espírito. Normalmente o homem quer imprimir força nesta restauração, mas toda força que fizer, ainda que seja mínima, se tornará em violência para com a Igreja. Temamos isto!

O livro de Esdras e Ageu nos mostra claramente que quando Deus começa a restaurar o seu testemunho, achamos que se o altar for erguido já será o suficiente. Quando o Senhor começa a restaurar o seu testemunho, muitos acham que é suficiente pregar apenas a obra de justiça de Deus em Cristo na cruz. Se o evangelho da graça for pregado e vidas forem alcançadas por ele, Deus ficará totalmente satisfeito, mas isto é um engano. Deus quer uma Casa também; quer um edifício, quer que uma casa espiritual seja levantada, com sacerdócios santos e sacrifícios espirituais agradáveis a Ele por Jesus Cristo (I Ped. 2.5).

Primeiro é necessário que o altar seja levantado, porque não pode haver vida com Deus sem reconciliação, porque a restauração começa com um mediador e uma mediação entre Deus e os homens; o altar e o Cordeiro. Mas a partir da reconciliação Deus deseja que um edifício esteja bem ajustado, crescendo para templo santo no Senhor. Um edifício para morada de Deus no Espírito (Ef. 2.21-22). E este edifício começa pelo fundamento.

Deus usa uma expressão muito clara em Ageu quando fala que eles estavam forrando as suas casas, enquanto a casa de Deus estava destruída (Ag. 1.9). Pelas dificuldades achavam que ainda não era o tempo de se edificar, e estavam contentes apenas com o altar e os sacrifícios (Ag. 1.2). Por causa das dificuldades, muitos após a reconciliação com Deus, acham que ainda não é tempo de edificar. Á partir da regeneração somos incluídos pelo Espírito em um corpo (I Cor. 12.12), para funcionar como membros neste corpo. O Senhor deseja que a edificação venha em seguida ao novo nascimento, e para isto enviou o seu Espírito. Não somente ver, mas entrar no Reino (Jo. 3.3-5).

Mas por causa da nossa fraqueza e falta de entendimento podemos ficar anos somente com o altar. Aí o Senhor envia os seus profetas para despertar os seus remanescentes, aqueles que iniciaram a restauração. O altar, isto é, a obra sacrificial de Cristo nunca será esquecida, mesmo que o propósito no momento seja a edificação. Não há edificação sem reconciliação, mas o Senhor também não quer somente a reconciliação, mas também uma habitação.

Por isso após ser levantado o altar, Deus inicia a sua restauração pelo fundamento, porque não há edificação sem fundamento. Até o altar, a restauração do testemunho do Senhor se dá apenas no que diz respeito à reconciliação, mas à partir do fundamento Deus começa a restaurar no que diz respeito à edificação. Primeiro somos reconciliados com Deus, mas a partir daí, como uma nação santa, um povo de propriedade exclusiva de Deus, Ele começa a edificação da Sua Casa, do templo santo do Senhor.

Em Hebreus, capítulo 11, no verso 10, o Senhor nos diz sobre o seu projeto em Cristo: "Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da qual o arquiteto e edificador é Deus". Neste verso o Espírito nos fala da obra do Pai, do seu propósito eterno em Cristo desde antes da fundação do mundo. Uma obra que foi projetada por Ele e está sendo edificada na Pessoa de Jesus Cristo.

O arquiteto é aquele que projeta e edifica a obra. O projeto de Deus é uma cidade que tem fundamentos, e vemos esta cidade em Apocalipse 21 e 22. Mas qualquer coisa que possa estar em qualquer projeto, deve ser todo posto primeiramente no fundamento. Não se pode edificar sem antes estabelecer o fundamento. Por outro lado, o fundamento também mostra toda a obra a ser edificada. Uma vez que o fundamento está pronto, está lançado, ele nos mostra, ainda que não haja nenhuma edificação, a obra projetada.

Isto nos ensina o quê? Que todo o projeto de Deus de edificação já está determinado na Pessoa de Cristo que é o fundamento. Quando olhamos para Jesus, como o fundamento, isto já nos dá uma visão do que está para ser edificado, do propósito eterno de Deus mesmo que não claramente aos nossos olhos em todos os seus detalhes. Em Cristo já podemos ver o que será o edifício e a cidade de Deus.

Outra coisa que o fundamento nos ensina, é que não é possível modificar a edificação depois, porque ela já está determinada pelo fundamento. Caso alguém queira fazer alguma modificação, teria que retirar o fundamento e lançar outro. Por isso é que este fundamento já foi lançado e tudo o que sair fora dele, tem que retornar para ele. Todo sábio construtor, como diz Paulo, começa pelo fundamento, e ninguém pode lançar outro, além desse que já foi lançado por Deus (I Cor. 3.10-11). Toda restauração, no que diz respeito à edificação, nada mais é do que retornar ao fundamento, retornar à Cristo.

Jesus é o fundamento desse grande projeto de Deus; é a pedra de edifício, a principal pedra  de esquina (I Ped. 2.6). O fundamento de Deus fala de uma Pessoa, mas não uma pessoa individualmente, porque sobre este fundamento será edificada uma cidade (Apoc. 21.19). Esta cidade é a Sua Igreja, onde Cristo é o cabeça e a Igreja é o seu complemento (Ef. 1.22-23). Uma cidade que começa por um edifício santo, um edifício de pedras vivas, e que se tornará límpida como o jaspe cristalino (Apoc. 21.9-11).

Hoje ainda não vemos a cidade pronta, mas já podemos ver o fundamento e a edificação que o Pai já tem feito em seu Filho, a pedra eleita e preciosa (I Ped. 2.6). Podemos já pelo fundamento e pela parte que já está edificada, ter uma noção do que será esta cidade. Portanto, fiquemos cientes que o Pai não edificará em outro fundamento.

O Senhor terminará a sua obra. Ele não ficará confundido, e também ninguém zombará dEle porque começou e não pôde terminar (Lucas 14.28-29). Ele completará também em nós a sua obra, porque a Sua Glória não poderá ser ofuscada nesta cidade (Fil. 1.6). O fundamento de Deus permanece firme, e o seu propósito de edificação também. Toda edificação fora desse fundamento irá ruir (Mat. 7.26).

Por isso, como Ele diz em Ageu 2, dos versos 1 a 9, ainda que a sua Casa nesta restauração não seja como a primeira na sua glória, devemos olhar para a glória da última casa; porque a glória da última casa, que já nos é revelada pelo fundamento, será muito maior do que a primeira. Ainda que tenhamos muitas dificuldades, fraquezas, incapacidades e impedimentos, Ele nos diz que é para nos esforçarmos, e trabalhar, porque o seu Espírito habita no nosso meio. O ouro, a prata e as pedras preciosas para a edificação também é, e vem dEle. Amém. 

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