A RESTAURAÇÃO DE DEUS - PARTE VIII

O MINISTÉRIO SACERDOTAL

 

A MESA DOS PÃES DA PRESENÇA

 

Como vimos anteriormente, o ministério sacerdotal pela figura do tabernáculo ou do templo são figuras celestiais (Heb. 9.23, 8.1-2). São coisas espirituais que dizem respeito a Cristo, o testemunho de Deus a ser restaurado. Por serem espirituais e celestiais eles devem ser vistos com olhos espirituais, por fé e por revelação do Espírito de Deus.

A figura do santíssimo, do átrio e do arraial como vimos, agora sem o véu que separava o santo do santíssimo, nos revela a Deus, que está assentado no seu trono de glória, e chega por Cristo ao homem pecador para buscar e se reconciliar com ele, na base da justiça do sangue, da morte e ressurreição do seu Filho, o Cordeiro de Deus. Como Deus já veio ao homem pecador por Cristo, agora o pecador também pode ir a Deus, se reconciliar com Ele por Cristo, e entrar com ousadia no santíssimo para O conhecer (Heb. 10.19-20).

Todo este serviço da Casa de Deus que se faz a Deus e aos homens pela vontade de Deus é feito pelo ministério sacerdotal de Cristo através dos filhos de Deus, os sacerdotes reais. Agora com a graça e misericórdia do Espírito, gostaríamos de ver o serviço que se faz a Deus no santo lugar, e depois no santíssimo em comunhão com os espíritos dos justos aperfeiçoados, e com Cristo. Vermos pelo tabernáculo o testemunho de Deus, isto é, a Pessoa, obra, ministério, e o fruto da alma de Cristo que o deixou satisfeito (Isa. 53.11), a sua amada Igreja.

O tabernáculo também mostra o nosso tempo, a Igreja ainda num processo de santificação, sendo retiradas as rugas e as manchas. Por fora, isto é, no átrio e na aparência externa do tabernáculo a nossa carne. O santo lugar é a nossa alma e o santíssimo o nosso espírito. Este é outro lado da figura do tabernáculo, mas que também mostra a Igreja em processo de edificação (Mat 16.18, Ef. 2.22).

O templo, apesar de ser uma figura e não ter agora mais nenhum valor, mostra a Igreja gloriosa; mostra a Casa de Deus para tempos distantes como disse Davi (I Cron. 17.17)), já edificada em glória e em excelência (I Cron. 22.5). Tudo o que no tabernáculo era 1, no templo era 10, isto é, mostra a totalidade. Inclusive dentro da arca no templo não havia mais o maná, nem a vara de Arão como no tabernáculo, somente as tábuas da lei. Isto nos ensina que tudo cessará, mas permanecerá a sua justiça e a sua verdade escritas nas tábuas do coração (Heb 8.10, II Cor. 3.3), que são desde a eternidade e duram para sempre (Sal. 119.160).

No tabernáculo, dentro do santo lugar havia a mesa dos pães da preposição, e o candelabro de ouro (Heb. 9.2). A mesa era colocada do lado oposto do candelabro que vamos ver a seguir, para que a mesa, os pães e os que ministravam à mesa fossem iluminados. Somente os sacerdotes podiam participar e ministrar desta mesa (Lev. 24.9). Só eles podiam preparar os pães, apresentá-los diante de Deus por sete dias, e comê-los depois (Lev. 24.5-9). Isto nos ensina que somente os filhos de Deus podem participar desta mesa.

Como já falamos, não vamos entrar nos detalhes dos móveis, mas no que eles representam como ministério sacerdotal dos filhos de Deus. A mesa dos pães representa a comunhão dos santos, a comunhão do Corpo de Cristo; a comunhão santa de todos os santos no alimento espiritual que procede do pão da vida que é Cristo e de Cristo por nós, pois também somos pão para Ele e para os outros irmãos. A oferta continua de alimento espiritual (Nee. 10.33). Esta é a mesa do Senhor como diz Paulo em I Coríntios 10, versos 16 e 17.

Por isso eram 12 os pães da proposição, os pães da presença (Lev. 25.30). A mesa fala da comunhão de Cristo pelo homem, por isso o número 12. A Mesa do Senhor é o gozo de Deus em Cristo expresso no homem e através do homem {6 + 6 (Eram colocados em duas fileiras. O 6 é o número do homem)}. As tribos de Israel e os apóstolos têm o mesmo número porque todos expressam o gozo de Deus no homem, e através do homem que ministra sacrifícios espirituais a Deus, como sacerdotes reais que são.

Os doze pães também significam que na mesa do Senhor nada falta. Nenhum ministério ou dom falta para esta comunhão no Espírito. A mesa nos revela a plenitude ministerial de Cristo nos seus santos. Na Casa de Deus não cabe o monólogo, nem um monopólio. A mesa é a comunhão,  a ministração de todos os ministérios e dons de Cristo através de todos os santos. No homem (6) e pelo homem (6) a Deus (6 + 6 = 12).

A mesa mostra algo precioso também com o número 12. Tanto o tabernáculo, como o templo, a Igreja como a cidade e a própria mesa tem a forma quadrangular e não triangular, figura do engano, da trindade maligna, porque o seu propósito eterno é a comunhão do Pai, do Filho, do Espírito com o seu povo, a sua Igreja. Os dons são do Espírito, os ministérios de Cristo e as operações de Deus (I Cor. 12.4-6), e nós os cooperadores nessa comunhão, mas Deus é o que opera tudo e em todos {3 (Trindade) x 4 (Quatro lados)= 12}.

A mesa mostra que todos ministram o pão a todos e comem deste pão. A mesa mostra que todo ministério que não apresenta a Cristo a Deus é falso. Todo sacerdote real se alimenta de Cristo e apresenta Cristo para a comunhão dos homens. Como vimos, o ministério sacerdotal na mesa é para Deus, pois está no santo lugar. Por isso é que falamos de Cristo na presença do próprio Deus (II Cor. 2.17, 4.12).

Eles eram apresentados por sete dias, isto é, todos os dias da semana. O pão estava de forma continua. Isto nos ensina que a comunhão não depende de lugar ou horário, mas é continuo diante de Deus com Cristo e com todos os santos. Mesmo que tenhamos momentos pessoais de comunhão com alguns irmãos, a nossa comunhão em espírito e no Espírito é continua. Para a comunhão com o Senhor e com os santos não existe limite de espaço ou tempo.

Isto é algo muito importante de compreendermos porque achamos que para a comunhão é necessário estarmos fisicamente presentes. Se fosse assim o Senhor não poderia dizer que o povo de Israel perseverava na comunhão (Atos 2.42). Eram oito mil os discípulos em Jerusalém, e na maioria das vezes eles se reuniam nas casas (Atos 2.46). Imaginando que em média cabiam 30 pessoas em uma casa, e se alguém procurasse não estar na mesma casa todos os dias, um discípulo demoraria cerca de um ano para estar com todos os irmãos. Mas se prosseguisse neste propósito, já na primeira mudança de casa perderia a comunhão com os primeiros.

Amados irmãos, como é difícil compreendermos as coisas espiritualmente! E depois que todos foram espalhados, não tiveram mais comunhão? Claro, em todo o tempo, e isto nos mostra a mesa dos pães da proposição. Paulo também diz sobre a família no céu e na terra que tomam o nome (Ef. 3.15). Você não tem comunhão com eles, com os que já dormiram em Cristo? Claro que sim. E com Cristo? Temos plena comunhão com Cristo. Se para esta comunhão fosse necessário estar fisicamente presente, então não poderíamos ter comunhão com o próprio Senhor, só com o seu Espírito.

A mesa mostra claramente que a nossa comunhão é com o Pai e com o seu Filho Jesus Cristo. A comunhão é um ministério sacerdotal pelo Senhor, mas diante de Deus. Cada um de nós foi chamado individualmente para a comunhão de seu Filho Jesus Cristo (I Cor. 1.9). Esta é a comunhão para a qual somos chamados, mas também temos comunhão uns com os outros  (I Jo. 1.3-4), e onde estiverem dois ou três reunidos no seu nome, aí Ele está. Para que haja comunhão é necessário que a sua Presença esteja. Sem Ele não há comunhão. Não há pão, e não pode ser agradável ao Senhor. A comunhão é daquilo que é comum em nós: Cristo. Comunhão sem Cristo é um mero movimento social, é humanismo.

Mas há o outro lado também, a comunhão uns com os outros. Não podemos desprezar a parte prática, a comunhão pessoal, pois os sacerdotes tinham que estar presentes para fazerem o pão e apresentarem perante o Senhor cada dia; mas eram alguns e não todos os sacerdotes. A parte visível da comunhão para nós é a Ceia do Senhor. Mas por ser prática não deixa de ser espiritual. Paulo diz: "Porventura o cálice de bênçãos que abençoamos não é a comunhão do sangue de Cristo? O pão que partimos não é porventura a comunhão do Corpo de Cristo? Pois nós, embora muitos, somos um só pão, um só corpo; porque todos participamos de um mesmo pão" I Coríntios 10.16-17.

A comunhão do sangue de Cristo é que todos foram perdoados e reconciliados com Deus pelo mesmo sangue. E não somente isto, pois a comunhão do sangue vai além, ela também inclui a ministração do perdão uns aos outros (Ef. 4.32). Com o pão é a mesma coisa, pois fomos incluídos no mesmo corpo partido de Cristo, e todos agora participam do mesmo alimento espiritual, como também são alimentos para o Senhor e para os outros irmãos.

Como no corpo alguns membros são mais próximos de outros, no Corpo de Cristo sempre haverá alguns membros que estarão mais próximos uns dos outros. Não podemos exigir que os dedos da mão tenham a mesma proximidade com os dedos do pé do que tem com a mão, com o braço e o antebraço. Não é porque não estejam tão ligados fisicamente que não estejam vivendo em comunhão, como UM. Estão vivendo no corpo e todos têm igual comunhão com a cabeça e uns com os outros.

Gostaríamos de ter comunhão pessoal e física com muitos irmãos, mas isto é praticamente impossível. Neste exato momento há muitos irmãos que estão exercendo o seu sacerdócio e que nem conhecemos em vários lugares do mundo. A comunhão com o Pai, com o Filho e com todos os santos que estão na terra e no céu pode ser em todo o tempo, no Espírito. Não é porque não estamos fisicamente presentes que não podemos ter comunhão com Cristo, com Davi, Moisés e outros que nem conhecemos.

Por isso ainda que Deus visse 12 pães, via neles um só pão e todos comendo de um mesmo pão. Isto é claramente representado pelas 12 pedras que Elias juntou quando reparou o altar do Senhor. Ainda que as tribos estivessem divididas, Ele via um só povo (I Reis 18.31-32). Deus dá testemunho do seu Filho e não de unidade. Se Ele não dá, porque nós queremos dar? Unidade ou comunhão é em Cristo, e ela somente pode ser vista por Deus. Se a unidade fosse mostrada de forma visível não seriam 12 pães, mas somente um. Eram doze as tribos, e eram doze os apóstolos, mas eles mostravam um só povo, um ministério (Atos 1.17), e só um Senhor. Há um só corpo.

Este foi o pecado do homem quando quis edificar em Babel uma torre. Gênesis 11, o verso 1 diz que eles eram UM. Mas aí eles quiseram fazer algo para que essa unidade deles permanecesse, então disseram: "Eia façamos..., Eia edifiquemos..., façamos um nome..." (v.4). O pecado é não crer; não crer no que Deus fez, vê e se alegra. Querer fazer é não ter comunhão com Ele. 

Quando falamos de comunhão pensamos de forma egoísta. Desejamos estar em comunhão para benefício próprio, e muitas vezes até escolhemos pessoas, mas na mesa vemos que esta comunhão é para Deus e não para nós. Para que esta comunhão aconteça realmente é necessário que sejamos do mesmo trigo daquele que caiu na terra e morreu; sermos fruto dEle. Depois temos que ser triturados juntos, tornando-se uma fina farinha, onde se perde a identidade. Depois amassados e unidos pelo óleo do Espírito.

Mas não somente isto, depois temos que ir para o forno para sermos pão, temos que ser provados na fornalha. Como tudo que é edificação provém dEle, o fogo também o é, porque tem que vir na temperatura e no tempo certo; só o Senhor sabe como provar, e o tempo da provação. Há muito trabalho de Deus em nós para que sejamos massa nova e pão para a comunhão, mas tudo é para o homem e pelo homem. Deus faz tudo através dos seus sacerdotes, porque é algo espiritual; é dEle, por Ele e para Ele.

Como falamos anteriormente, temos que ver as coisas de Deus de forma espiritual, porque senão teremos muitas dificuldades para entendê-las. Elas só podem ser entendidas espiritualmente, reveladas pelo Espírito. Para isso é que O recebemos (I Cor. 2.12-13). Mesmo que alguém não esteja ministrando na mesa do Senhor, que esteja cuidando das coisas do mundo há outros que estão, pois os serviços na Casa de Deus são contínuos, em todo o tempo, nunca cessam. Aleluia! Continua... 

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