SHEOL OU SEOL, HADES E PARAÍSO Este é um assunto importantíssimo para a nossa fé, para vermos como as coisas mudaram com as almas das pessoas a partir da morte e ressurreição de Jesus Cristo, quando Ele reconciliou consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão nos céus, com o Pai, e as que estão na terra, com os homens. E vermos também o valor do sacrifício do nosso Senhor, de vermos como a sua obra não só abalou a terra, mas o céu e o inferno. Veremos quantas coisas aconteceram a partir do que Ele disse: “Tudo está consumado”, e de tudo que aconteceu quando o véu do santuário foi rasgado de cima para baixo, e o acesso ao Santo dos santos foi aberto. Em João capítulo 14, nos versos 1 a 3 o Senhor disse: “Não se turbe o vosso coração; credes em Deus, crede também em mim. Na casa de meu Pai há muitas moradas; se não fosse assim, eu vô-lo teria dito; vou preparar-vos lugar. E, se eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também”. Que promessa maravilhosa! Só Ele poderia cumprir esta promessa. Claro que o Senhor não estava falando de moradas ou casas como as que temos aqui nesta terra onde nos abrigamos, mas da morada de Deus que somos nós. Ele nos confirma isso logo em seguida, neste mesmo capítulo, no verso 23, quando diz: “Respondeu-lhe Jesus: Se alguém me amar, guardará a minha palavra; e meu Pai o amará, e viremos a ele, e faremos nele morada”. O Senhor precisava fazer algo para que nos tornássemos morada de Deus. Esse tinha sido o propósito da criação do homem. O nosso corpo é templo de Deus, do Espírito Santo, com esse propósito fomos criados. Fomos criados para habitação de Deus, e coletivamente como a Casa de Deus, um edifício para morada de Deus no Espírito (Ef. 2.22); mas o homem pecou e ficou separado da vida de Deus (Ef. 4.18), destituído da sua glória (Rm 3.23), sem acesso à sua Vida (Gn. 3.24), morada de demônios (Ef. 2.2). Por um homem, que foi Adão entrou o pecado no mundo, e pelo pecado à morte, assim a morte passou a todos os homens, por isso é que todos pecaram (Rm. 5.12). Então até a vinda do nosso Senhor, até sua morte e ressurreição a morte reinou (Rm. 5.21), e quem tinha o império da morte era o diabo (Hb. 2.14). Ele tinha as chaves desse império, e ele é quem prendia todos nos grilhões da morte (v.15). Ele tinha as chaves antes de Jesus descer lá, nas partes mais baixas da terra, antes de descer ao Hades, isto é, no inferno como nos mostra o texto de Atos 2.27, onde todas as almas das pessoas que morriam iam após a morte, antes do seu sacrifício. O próprio Jesus ao morrer desceu lá, mas a morte não podia retê-lo naquele lugar porque ele era o Santo de Deus, e não tinha cometido nenhuma transgressão, nenhum pecado. Por isso Ele não viu a corrupção. Mas o Senhor triunfou. Ele venceu e tomou as chaves da morte e do inferno, e derrotou aquele que tinha o império da morte, o diabo, e livrou todos aqueles que estavam presos com esses grilhões. Quebrou suas cadeias, e os transportou do império das trevas para o reino do Filho do seu amor, do amor do Pai (Col. 1.13). Triunfou deles na cruz (Col. 2.15). Hoje, diferente daquele tempo, antes da vitória de Jesus, eles eram levados cativos, suas almas viviam nessas mansões da morte, escravos debaixo de um império maligno. Os salmistas viam esse lugar para onde iam, e declaravam: “Ó Senhor, Deus da minha salvação, dia e noite clamo diante de ti. Chegue à tua presença a minha oração, inclina os teus ouvidos ao meu clamor; porque a minha alma está cheia de angústias, e a minha vida se aproxima do Seol. Já estou contado com os que descem à cova; estou como homem sem forças, atirado entre os finados; como os mortos que jazem na sepultura, dos quais já não te lembras, e que são desamparados da tua mão” Salmos 88.1-5. Enquanto estavam aqui podiam estar debaixo da provisão e proteção das mãos do Senhor, mas lá não. Uma vez lá estariam debaixo das mãos daquele que tinha o poder da morte. Mas para vermos o valor do sacrifício do nosso Senhor precisamos conhecer um pouco mais sobre o Seol, ou Sheol em hebraico, a mansão dos mortos, do Hades chamado o inferno em grego, e do Paraíso onde o Senhor prometeu estar o ladrão que estava ao lado dele na sua crucificação. O escritor de Hebreus no capítulo 2, no verso 14 que já vimos acima, nos diz que mesmo os filhos, os que criam em Deus, que criam na sua Palavra, mesmo os que morriam na fé como Abel, Noé, Abraão e todos os outros que nos falam Hebreus 11 tinham medo da morte, porque para o Seol para onde eles iam, além de estarem em prisão por toda a eternidade, neste lugar não havia obra, nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma (Ec. 9.10). Para os que morriam na fé só havia uma única esperança que era: “Pois eu sei que o meu Redentor vive, e que por fim se levantará sobre a terra. E depois de consumida esta minha pele, então fora da minha carne verei a Deus” Jó 19.25-26. Todos os que morreram na fé antes de Jesus vir e realizar a Sua Redenção, todos que foram para o Seol, para o Hades aguardavam o redentor que iria tirá-los de lá. A fé era que o Redentor iria quebrar aqueles grilhões e levá-los para junto dele, para que onde Ele estivesse, eles estivessem também. Todos os que foram redimidos, comprados com o seu sangue e feitos reis e sacerdotes para Deus (Ap. 5.10). Então, primeiramente vamos ver como ficavam os mortos antes da descida do nosso Senhor para este lugar, antes dEle ter vencido e tomado as chaves da morte e do inferno. Para isso temos que tomar um texto que o próprio Jesus nos conta em Lucas capítulo 16, dos versos 19 a 31: “Ora, havia um homem rico que se vestia de púrpura e de linho finíssimo, e todos os dias se regalava esplendidamente. Ao seu portão fora deitado um mendigo, chamado Lázaro, todo coberto de úlceras; o qual desejava alimentar-se com as migalhas que caíam da mesa do rico; e os próprios cães vinham lamber-lhe as úlceras. Veio a morrer o mendigo, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão; morreu também o rico, e foi sepultado. No inferno (Hades), ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama. Disse, porém, Abraão: Filho, lembra-te de que em tua vida recebeste os teus bens, e Lázaro de igual modo os males; agora, porém, ele aqui é consolado, e tu atormentado. E além disso, entre nós e vós está posto um grande abismo, de sorte que os que quisessem passar daqui para vós não poderiam, nem os de lá passar para nós. Disse ele então: Rogo-te, pois, ó pai, que o mandes à casa de meu pai, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de que não venham eles também para este lugar de tormento. Disse-lhe Abraão: Têm Moisés e os profetas; ouçam-nos. Respondeu ele: Não! pai Abraão; mas, se alguém dentre os mortos for ter com eles, hão de se arrepender. Abraão, porém, lhe disse: Se não ouvem a Moisés e aos profetas, tampouco acreditarão, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos”. Este texto foi intitulado como uma parábola. Sabemos que os títulos não constam nos manuscritos originais, como também a divisão por capítulos e versículos, por isso não podemos afirmar que os títulos sejam inspirados pelo Espírito Santo, nem os capítulos e versículos como fim e começo de uma inspiração divina. São apenas ajudas para melhor localizarmos nossa busca ou leitura. Por isso não creio que Jesus está ensinando uma parábola aqui, mas de algo real que havia acontecido. De fato este rico, e Lázaro, são pessoas que existiram, morreram, e Jesus usa este fato para acrescentar o assunto que ele vinha falando desde o capítulo 15, acerca dos judeus, da lei, e dos gentios. Apesar de ser um ensino importante do Senhor no sentido literal do texto, vamos usá-lo com o propósito de vermos o que acontecia com os que morriam e seus corpos iam para a sepultura, e as suas almas neste lugar. Primeiramente não podemos usar esta passagem para falar da situação das almas dos que morrem hoje, porque aqui neste texto, Jesus estava ainda na velha aliança, e a nova aliança só passou a ter valor a partir da sua morte, quando na cruz ele pediu ao Pai que tirasse a primeira e estabelecesse a segunda (Hb. 10.9). Na última ceia dele com os seus apóstolos Ele confirma isso quando fala do cálice: “Este é o cálice da nova aliança no meu sangue, que será derramado por vós” (Lc. 22.20). Então esta era a situação de todos os que morreram antes do sacrifício de Cristo. Todos iam para este lugar que em hebraico se chamava Seol, e em grego Hades. Segundo ponto que temos que notar é que neste lugar havia duas situações, e entre elas uma separação por um grande abismo. Um lugar era de consolo no seio de Abraão, o pai da fé, e o outro havia chamas, onde jaziam as almas daqueles que foram desobedientes. Jesus não diz que Lázaro estava em tormentos, mas o rico. Lázaro não estava em tormentos naquele lugar, mas consolado por Abraão. Talvez o rico tenha sido um dos zombadores de Jesus como relata os textos anteriores desse relato. Talvez ele tenha sido participante daquela geração má e adúltera de que Jesus fala, do tempo do seu ministério. Mas com certeza ele era alguém que desprezou Moisés, a lei, e os profetas como disse Abraão a ele no verso 29 desse capítulo 16 de Lucas. O velho testamento nos dá precisamente onde era esse lugar, onde era o Seol, o lugar que a alma de todo aquele que morria ia, antes do triunfo de Jesus na cruz. A primeira referência das Escrituras a este lugar se dá quando Jacó vê a túnica de José que fora enganosamente ensanguentada pelos seus irmãos, e diz: “E levantaram-se todos os seus filhos e todas as suas filhas, para o consolarem; recusou, porém, ser consolado, e disse: Porquanto com choro hei de descer ao meu filho até à sepultura (Seol). Assim o chorou seu pai” Gênesis 37.35. Guardem essa expressão “descer”, pois ele nos dá o lugar exato desse Seol. Este texto foi traduzido como sepultura, mas sabemos que Jacó não estava se referindo ao lugar onde o corpo estava enterrado já que a notícia era que José tinha sido despedaçado por um animal selvagem e seu corpo não tinha sido encontrado, somente a túnica. Jacó na verdade estava dizendo que o seu consolo só ocorreria quando ele morresse também e encontrasse José em espírito neste Seol. Mas há um texto nas Escrituras que para mim é o que nos traz mais evidências desse lugar para onde iam as almas dos mortos. Gostaria de ver isto em Números 16, na rebelião de Coré, Datã e Abirão. O texto dos versos 31 a 33 nos diz: “E aconteceu que, acabando ele de falar todas estas palavras, a terra que estava debaixo deles se fendeu; e a terra abriu a boca e os tragou com as suas famílias, como também a todos os homens que pertenciam a Corá, e a toda a sua fazenda. Assim eles e tudo o que era seu desceram vivos ao Seol; e a terra os cobriu, e pereceram do meio da congregação”. Novamente vemos aqui a expressão “desceu”. É o que sugere o texto. A terra se abriu e eles foram tragados vivos, ou desceram vivos por aquela fenda. O texto não diz que eles foram enterrados vivos, mas que desceram vivos até este lugar chamado Seol, onde as almas dos mortos habitavam. Qual é a profundidade até que chegaram ao Seol? Não sabemos, mas se supõe que seja para o centro da terra. Então a fenda que se abriu na terra era da altura da terra até o Seol, até as profundezas da terra. Há outro texto que nos confirma o lugar do Seol. Não gostaríamos aqui de discutir os méritos desta passagem acerca da pitonisa, Saul e Samuel. Não nos importa aqui questionar se era ou não Samuel. A Escritura diz que era Samuel. O importante é de onde veio aquela pessoa chamada de deus pela pitonisa: “A mulher então lhe perguntou: Quem te farei subir? Respondeu ele: Faz-me subir Samuel... Ao que o rei lhe disse: Não temas; que é que vês? Então a mulher respondeu a Saul: Vejo um deus que vem subindo de dentro da terra. Perguntou-lhe ele: Como é a sua figura? E disse ela: Vem subindo um ancião, e está envolto numa capa. Entendendo Saul que era Samuel, inclinou-se com o rosto em terra, e lhe fez reverência. Samuel disse a Saul: Por que me inquietaste, fazendo-me subir?...” I Samuel 28.11, 13-15. Aqui neste texto o registro é ao contrário ao texto de Números. Aqui fala de alguém que subiu de dentro da terra. Neste caso Saul procurou o profeta Samuel que tinha morrido para o consultar. Veja que Samuel ou o suposto Samuel disse: “Me inquietaram e me fizeram subir”. Esse é o ponto, ele subiu das partes mais baixas da terra. Mas voltando ao texto de Lucas 16, dos versos 19 a 31 onde Jesus conta a passagem do rico e de Lázaro, claramente Jesus faz distinção do lugar onde estava o rico, e onde estava Lázaro. O rico estava em tormentos, num lugar em chamas, e Lázaro e Abraão não. Estavam nos parece num ambiente de paz e consolo, num ambiente de fé e esperança. A Escritura faz distinção desses lugares, e Salomão descreve isto em Provérbios 27, no verso 20 quando diz:: “O Seol e o Abadon nunca se fartam, e os olhos do homem nunca se satisfazem”. O Seol, esse lugar de exílio ou cativeiro das almas dos mortos, esse mundo inferior é distinto no texto acima com referência ao Abadon, que é traduzido por um lugar de tormentos, de destruição; um lugar de ruína, de perdição. Provérbios 15.11 diz o mesmo: “O Seol e o Abadon estão descobertos perante o Senhor; quanto mais o coração dos filhos dos homens!” Jó também faz distinção desses dois lugares, do mundo inferior onde habita as almas dos que já morreram, para onde todos, desde Abel o primeiro a habitá-lo em espírito, até a própria pessoa de Jesus ao morrer naquela cruz, como também dos que estão em tormentos, em ruína, em perdição: “O Seol está nu perante Deus, e não há coberta para o Abadon... O Abadon e a morte (Seol) dizem: Ouvimos com os nossos ouvidos um rumor dela” Jó 26.6 e 28.22. A palavra mais elucidadora que pode ser dada a situação dos mortos, dos que estavam em tormentos, e dos que não estavam é prisão, grilhões da morte. A morte reinou até Jesus, e como vimos, quem tinha o império da morte era o diabo. Então essas pessoas estavam presas em grilhões, grilhões da morte: “Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este, que foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos; ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela” Atos 2.22-24. No novo testamento, que foi escrito em grego, o nome para a palavra Seol é Hades. Quando Jesus faz referência a Cafarnaum em Mateus 11, no verso 23 usa a mesma expressão “descerás”, se referindo ao lugar onde o Hades se encontra: “E tu, Cafarnaum, porventura serás elevada até o céu? Até o inferno (Hades) descerás; porque, se em Sodoma se tivessem operado os milagres que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje”. Neste texto Jesus faz a distinção do céu e do inferno. O céu é para cima, e o Hades, traduzido por inferno é para baixo. Isto se referindo a partir do lugar onde Ele estava, na terra. E como Jesus chama no novo testamento o lugar para onde foi Lázaro, o seio de Abraão, onde estavam também Abel, Noé, Isaque, Jacó, Moisés, Davi e todos os que morreram na fé, o lugar onde as Escrituras chamava da grande congregação do povo de Deus? Vejam os textos: “E Abraão expirou, morrendo em boa velhice, velho e cheio de dias; e foi congregado ao seu povo... E Isaque expirou, e morreu, e foi congregado ao seu povo... Acabando, pois, Jacó de dar instruções a seus filhos, encolheu os pés na cama, e expirou, e foi congregado ao seu povo... “ Gênesis 25.8, 35.29, 49.33. Quando fala de Davi é usado a mesma expressão que se dá para a morte dos que creem no novo testamento, que dormiu: “E Davi dormiu com seus pais, e foi sepultado na cidade de Davi”. Davi foi para junto dos seus pais, congregado também ao seu povo, o povo da fé, para o seio de seu pai. Lembra como o rico chamou Abraão? Pai Abraão! Há uma doutrina que diz que quando uma pessoa morre ela fica dormindo, porque esta expressão foi usada como vimos acima com Davi, mas é usada também no novo testamento quando algum cristão morre fisicamente. Mas o que dorme é o corpo físico. Ele apesar de voltar ao pó, como foi ordenado por Deus, fica como que dormindo, aguardando a sua ressurreição, mas o espírito com a alma do homem volta para Deus e por Ele é determinado onde irão ficar, no Seol, Hades ou no Paraíso. Mas esta alma ficará totalmente consciente e mesmo estando fora do corpo permanecem como vemos no texto vários sentidos da alma tais como: razão, pensamentos, vontade, e parte das sensações do corpo. Isto nos mostra o diálogo do rico e de Abraão: “No inferno, ergueu os olhos, estando em tormentos, e viu ao longe a Abraão, e a Lázaro no seu seio. E, clamando, disse: Pai Abraão, tem misericórdia de mim, e envia-me Lázaro, para que molhe na água a ponta do dedo e me refresque a língua, porque estou atormentado nesta chama” Lucas 16.23-24. Se você continuar a ler o texto de Lucas 16 verá que ele tem total compreensão do seu estado, e do estado dos da sua família ainda que estivesse em espírito. Veja também que ele tinha expressões, sentimentos e sentidos como de um homem na carne. Ergueu os olhos, sentiu dor, sede; tinha uma sensação de que sua língua estava seca. Então um homem ou mulher quando morre, mesmo estando em espírito mantém parte das suas faculdades e sensações que tinha no corpo. Por isso Davi disse quanto ao filho do seu adultério com Bete-Saba quando ele morreu: “Respondeu ele: Quando a criança ainda vivia, jejuei e chorei, pois dizia: Quem sabe se o Senhor não se compadecerá de mim, de modo que viva a criança? Todavia, agora que é morta, por que ainda jejuaria eu? Poderei eu fazê-la voltar? Eu irei para ela, porém ela não voltará para mim” II Samuel 12.22-23. Davi sabia que o menino não poderia voltar do lugar onde se encontrava, no Seol para ele, mas ele tinha certeza que quando morresse desceria para lá, e encontraria e reconheceria o seu filho que tinha morrido por causa do seu pecado. O Salmos 16, junto com os Salmos 56 e 60 são chamados de Mictão de Davi. Essa expressão é dada por causa do valor divino desses salmos. São salmos especialmente tecidos com fios de ouro, ou estampados com ouro. Este salmo é muito revelador. Nos versos 9 e 10 diz: “Porquanto está alegre o meu coração e se regozija a minha alma; também a minha carne habitará em segurança. Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja corrupção”. Este é um salmo profético. Tanto é que Pedro o usa em seu discurso no Pentecostes para falar da ressurreição do Senhor Jesus (Atos 2.25-28). Mas eu gostaria de olhar com atenção para o verso 10 que diz: “Pois não deixarás a minha alma no Seol, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção”. Claramente aqui se veem duas pessoas: a minha alma, a de Davi, e o teu Santo, o Santo de Deus, Jesus. Claro que pode ser aplicado também a Jesus, porque Ele também foi para lá, mas o texto no Salmo 16 fala de quem escreveu e do Santo de Deus que claramente é Jesus. Então Davi nesse salmo profetizou acerca da libertação da sua alma daquele lugar que os prendiam, e também profetizou que o Santo, o Santo de Deus, o Filho de Deus que iria também para o mesmo lugar que ele estaria um dia não veria a corrupção, porque o “teu Santo”, o Santo de Deus era puro, inocente, sem pecado. A morte não podia retê-lo. Mas essa era a esperança de todos os que estavam no Seol, que Deus não deixaria a alma deles para sempre lá, e que quando o Redentor viesse, os libertaria dali. Davi pelo Espírito profetizou acerca da libertação que aconteceria com eles a partir do sacrifício de Jesus Cristo, da sua morte e ressurreição. Há muitos outros textos que você, caro leitor pode pesquisar e estudar, caso deseje se aprofundar mais, mas creio que ficou claro para nós onde se encontrava este lugar, a qual se refere Jesus no caso do rico e Lázaro, e qual a situação que se encontravam cada um deles. Jesus faz a distinção clara das duas situações que se encontravam e o estado de cada um deles. E não podemos esquecer que Jesus é o criador de todas as coisas, e Ele é a fiel testemunha, Aquele que conhece o profundo e o escondido, e por isso nos deixou tantos detalhes. Quando olhamos para tudo isso vemos o valor da obra salvadora de Jesus. Ele veio na plenitude dos tempos, isto é, o seu sacrifício tinha um escopo atemporal, e que envolvia todos os homens, desde o primeiro até o último. Jesus é o dom gratuito de Deus, e esse dom foi dado por Deus por causa do seu amor a todos os homens, para que ninguém perecesse, mas tivessem a vida eterna (Jo. 3.16). Então quando Deus profetiza acerca dessa salvação, Ele fala de uma salvação completa inclusive dos que estavam no Seol, no Hades, para tirar de lá todos aqueles que creram antes da obra realizada em Cristo: “Vinde, e tornemos para o Senhor, porque ele despedaçou e nos sarará; fez a ferida, e no-la atará. Depois de dois dias nos ressuscitará: ao terceiro dia nos levantará, e viveremos diante dele... Eu os remirei do poder do inferno (Seol), e os resgatarei da morte (eterna KJ). Onde estão, ó morte, as tuas pragas? Onde está, ó inferno (Seol), a tua perdição? Oseias 6.1-2 e 13.14. Que promessa Deus fez aos que morreram antes dela se cumprir em Cristo! Esta era a esperança e o consolo daqueles que estavam no seio de Abraão aguardando o Salvador, o Redentor das suas almas. A promessa era: Eu os remirei e os resgatarei do poder do inferno. Só Ele podia vencer e tomar em suas mãos as chaves que abririam esses grilhões da morte, e do poder do inferno (Seol, Hades). Mas e agora, após Jesus morrer, e descer a essas partes mais baixas da terra, na verdade ao Hades, romper os grilhões da morte, vencer e tomar as chaves da morte e o inferno? Como se chama este lugar onde estavam os espíritos dos justos, ainda não aperfeiçoados? Esse lugar onde antes se chamava de “a grande congregação, ou congregação do povo da fé”? Antes era simplesmente o Seol, o Hades separado por um grande abismo dos que estavam em tormentos e em chamas, e dos que estavam no seio de Abraão, o pai dos que morreram na fé, na grande congregação do povo de Deus, dos antigos que não alcançaram a promessa da vinda do Redentor. Esse lugar Jesus na cruz pela primeira vez chamou de Paraíso: “Respondeu-lhe Jesus: Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” Lucas 23.43. Havia dois ladrões com Jesus na cruz, um à sua direita, e outro à sua esquerda. Os dois estavam na mesma condenação. Mas o ladrão da direita, no final da sua vida creu no Senhor, e a promessa do Senhor para ele é que estaria com Jesus no paraíso. Neste caso os três foram para o mesmo lugar, para o Hades, mas o ladrão na cruz que estava à sua direita Ele prometeu que não deixaria que sua alma fosse para o lugar de tormento, onde foi o outro que estava à sua esquerda, mas para o Paraíso onde estavam as almas dos justos, dos que morreram na fé, no lugar que Ele próprio ia. Esta palavra Paraíso, ‘paradeisos’ no original grego só é encontrado nas Escrituras em três passagens, mas que são muito elucidadoras. A primeira é esta de Jesus na cruz, e ele é quem denomina de paraíso este lugar. Jesus não subiu ao céu quando morreu, mas desceu às partes mais baixas da terra, ao Hades como descreve as Escrituras, e isso é muito importante, porque nos mostra onde estava o paraíso quando Jesus falou dele. E mesmo ele estando debaixo dos grilhões da morte, era um lugar de consolo, de esperança, de fé, de morada dos justos, da grande congregação do povo de Deus como pudemos ver. Quando Jesus disse ‘hoje mesmo’ estava dizendo que seria a partir do momento em que o ladrão morresse, porque Jesus morreu primeiro e foi primeiro para lá, e o ladrão morreu depois, mas no mesmo dia. Mas o segundo e o terceiro textos são muito elucidativos quando ao lugar que esse Paraíso se encontra hoje, e estará na eternidade. O segundo texto se encontra em II Coríntios, capítulo 12, nos versos 2 a 4, quando Paulo relata a sua experiência com este lugar: “Conheço um homem em Cristo que há catorze anos (se no corpo não sei, se fora do corpo não sei; Deus o sabe) foi arrebatado até o terceiro céu. Sim, conheço o tal homem (se no corpo, se fora do corpo, não sei: Deus o sabe), que foi arrebatado ao paraíso, e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir”. No texto anterior quando Jesus se refere ao Paraíso, nos dá o local exato onde ele estava quando desceu lá, e este texto de Paulo nos dá a compreensão exata de onde ele se encontra hoje, no terceiro céu, no céu dos céus, onde estão as miríades de anjos, onde está o trono de Deus e do Cordeiro, onde está o tabernáculo do testemunho, o santo dos santos. Isto nos dá uma dimensão e o valor da obra redentora de Jesus. Tanto para os que estavam mortos, como para os que estavam vivos no tempo da Sua carne, como para os que iriam crer depois. O Senhor quando saiu triunfante do Hades, depois de ter reconciliado consigo mesmo todas as coisas, tanto as que estão na terra, como as que estão no céu. Depois de fazer a paz pelo sangue da sua cruz (Cl. 1.20), e depois de abrir o caminho para o santuário rasgando o véu de cima a baixo, depois de entrar com seu próprio sangue no céu, subiu ao alto e levou cativo o cativeiro: “Por isso foi dito: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos homens. Ora, isto - ele subiu - que é, senão que também desceu às partes mais baixas da terra? Aquele que desceu é também o mesmo que subiu muito acima de todos os céus, para cumprir todas as coisas”. Essa expressão “cativo o cativeiro” Paulo tirou dos Salmos 68, onde o rei em sua vitória traz os despojos e presos todos aqueles que tinha vencido, os expondo nas praças ao desprezo. Este é um salmo profético, onde o rei tem vitória sobre os seus inimigos, onde os justos podem se alegrar, e com júbilo se regozijar na presença de Deus, Aquele que esmagou a cabeça dos seus inimigos. Ela não se refere aqui aos justos, a aqueles que tinham morrido na fé, mas ao que ele tinha em suas mãos, as chaves da morte e do inferno. Tudo o que mantinha aqueles homens e mulheres que morreram na fé em prisões, em grilhões, e naquele lugar de cativeiro o Senhor quebrou, venceu a morte, tomou as chaves que os mantinham cativos, rompeu as cadeias, e os levou em suas mãos triunfante. O Filho nos libertou e verdadeiramente estamos livres. O diabo, seu e nosso inimigo não tem mais o império da morte, agora o Filho tem poder para dar a vida a quem ele quer, e julgar. As chaves estão em suas mãos, e agora é Ele quem determina a quem dá a vida eterna, e a quem faz descer e ficar preso no Hades, no inferno, em tormentos. Por isso quando Ele desceu lá e tomou as chaves, Ele pregou e julgou os espíritos em prisão, e os que morreram antes e depois do dilúvio: “...no qual também foi, e pregou aos espíritos em prisão; os quais noutro tempo foram rebeldes, quando a longanimidade de Deus esperava, nos dias de Noé, enquanto se preparava a arca; na qual poucas, isto é, oito almas se salvaram através da água... Pois é por isto que foi pregado o evangelho até aos mortos, para que, na verdade, fossem julgados segundo os homens na carne, mas vivessem segundo Deus em espírito “ I Pedro 3.19-20 e 4.6. Ele deixou todos os lugares definidos. O Hades agora é um só lugar, continua nas partes mais baixas da terra, e é o lugar que todos os que não creram aguardam o juízo final. Mas também levou o Paraíso para o terceiro céu, para que todos os que creram, todos os que aguardavam pela fé o Messias, todos os que viram o vitupério de Cristo, todos os que aguardavam a redenção fosse levado para a Sua presença, para estar com Ele para sempre. Então, pelas Escrituras concordamos que o Paraíso, apesar de não ser denominado assim, era chamado anteriormente de Jardim do Éden. Mas por causa do pecado, como vimos, o seu acesso ficou impedido. Mas ele foi novamente conhecido e inaugurado a partir da ida de Jesus ao Seol, que como vimos estava dividido em duas partes separada por um grande abismo, a parte dos que estavam em tormentos, e os que estavam na grande congregação, a congregação dos justos, os que morreram na fé sem terem alcançado a promessa, mas que aguardavam o seu Redentor que vivia, e que um dia iria resgatá-los daquele lugar e levá-los para junto de Si, para que onde Ele estivesse, eles estivessem também. Mas este lugar, quando Jesus fala acerca de Jonas, que ficou três dias e três noites era no seio da terra (Mateus 12.40). Depois da ressurreição do Senhor, como vimos acima ele foi transladado pelo Senhor e passou a estar no terceiro céu. O Hades ainda existirá até o juízo final, porque até que os mil anos do reinado de Jesus nesta terra termine, os que morreram e não creram, e que não participaram da primeira ressurreição estarão aguardando o juízo final, o grande trono branco, mas depois disso, do juízo final ele será lançado no lago de fogo. Então não haverá mais Seol, ou Hades, mas somente o Lago de fogo. A morte e o inferno (Hades) serão lançados no lago de fogo, esta é a segunda morte (Apoc. 20.14). Então a partir da nova aliança consumada por Jesus na cruz, as almas dos que morreram na fé, daqueles que seus corpos dormiram no pó da terra, continuaram no Paraíso, só que o Paraíso saiu daquele lugar no centro da terra e foi levado pelo Senhor para a sua presença nos céus, e pelo relato de Paulo no terceiro céu. O lugar onde as Escrituras descreve que estão agora é debaixo do altar do santuário, desse santuário celestial, debaixo do altar de ouro: “Quando abriu o quinto selo, vi debaixo do altar as almas dos que tinham sido mortos por causa da palavra de Deus e por causa do testemunho que deram... Veio outro anjo, e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para que o oferecesse com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono. E da mão do anjo subiu diante de Deus a fumaça do incenso com as orações dos santos” Apocalipse 6.9, 8.3-4. Todo o novo testamento, a partir do sacrifício de Cristo, coloca as almas dos que morreram em Cristo nos céus. Em nenhum lugar encontramos qualquer referência às almas falando ou clamando de baixo, ou daquele lugar que se encontravam antes, no centro da terra. Paulo em sua carta aos Efésios diz que a família de Deus, toda a família de Deus, quer dizer, todos os que se tornaram filhos de Deus, herdeiros e co-herdeiros por Cristo, e isto só foi possível a partir da ressurreição de Jesus se encontram nos céus e na terra. Mas não inclui, não se refere a ninguém dessa família que esteja debaixo da terra, só os que aguardam o juízo final, dos que estão no Hades, em tormentos: “Por esta razão dobro os meus joelhos perante o Pai, do qual toda família nos céus e na terra toma o nome” Efésios 3.14-15. Paulo em sua carta aos Filipenses, no capítulo 1, nos versos 21 a 23, quando estava em prisão, não temia a morte, porque para ele a morte seria algo melhor, porque o levaria a estar com Cristo para sempre. E sabemos onde Cristo está hoje, em seu trono nos céus: “Porque para mim o viver é Cristo, e o morrer é lucro. Mas, se o viver na carne resultar para mim em fruto do meu trabalho, não sei então o que hei de escolher. Mas de ambos os lados estou em aperto, tendo desejo de partir e estar com Cristo, porque isto é ainda muito melhor”. É muito comum entre nós cristãos usarmos esta expressão “partir”. Partir para o Senhor, morrer e estar com Cristo. É certo que não viveremos no céu, porque a promessa do Senhor é que onde Ele estiver estejamos nós também. A partir da sua atração em seu corpo naquela cruz (João 12.32) tudo o que aconteceu e acontecer com Cristo aconteceu e acontecerá conosco também. Ele morreu, nós morremos. Ele ressuscitou, nós ressuscitamos juntamente com Ele. Ele subiu aos céus e foi entronizado, nós estamos assentados juntamente com Ele nos lugares celestiais. Ele desceu às partes mais baixas da terra, mas depois subiu ao mais alto dos céus. Quando morremos nossa alma vai para junto dEle nos céus, e quando Ele retornar a esta terra para reinar, viremos com Ele, para reinarmos juntamente com Ele: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressurgiu, assim também aos que dormem, Deus, mediante Jesus, os tornará a trazer juntamente com ele” I Tessalonicenses 4.14. Aos que dormem neste texto acima, se referem aos que morreram fisicamente, aos que morreram na fé. Então quando o Senhor vier buscar todos os seus, isto é, ressuscitar os que morreram e transformar os corpos dos que estiverem vivos, na sua vinda, ao som da última trombeta (I Cor. 15.51-52), quando Ele deixar o seu trono e descer do terceiro céu até o primeiro céu, entre as nuvens, as almas dos que estiverem com ele nos céus também descerá para retornar aos seus corpos, mas agora não mais aquele corpo de humilhação, mas um corpo glorificado. No texto acima diz: “os tornará a trazer juntamente com ele”. Eles estiveram nesta terra uma vez, estavam com ele agora, e quando Ele vier os tornará a trazer juntamente com Ele para a ressurreição e arrebatamento deles. Outra passagem muito esclarecedora é de Apocalipse 7 dos versos 9 a 17, na visão que João teve dos mártires. Esses são os mártires da grande tribulação como nos relata o verso 14: “Respondi-lhe: Meu Senhor, tu sabes. Disse-me ele: Estes são os que vêm da grande tribulação, e levaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro”. Esses são mártires da grande tribulação, e isto nos mostra o que acontece com os que morrem no Senhor hoje. E aqui trata de almas porque a grande tribulação será antes da vinda do Senhor, e antes que haja a primeira ressurreição. Todos os que morrem ainda estarão nesta condição, mas diante do trono, na presença do Senhor. O Senhor os apascentando, os conduzindo às fontes das águas, e enxugando dos seus olhos toda a lágrima. Aleluia! Mais uma vez vemos neste texto o que já falamos anteriormente. Ele fala claramente de pessoas que morreram na grande tribulação e estão em espírito na presença do Senhor. Isto é muito claro no texto, mas há uma realidade de parte da sua alma como: sentimentos, choro, olhos, mãos, lágrimas. Este texto mais uma vez nos mostra isso. Mesmo em espírito eles estão vestidos com vestes brancas, e veja, com palmas, e nas mãos (v.9). É algo incompreensível a nossa mente, mas real neste ambiente celestial. Há muitos outros textos que nos mostram que o Paraíso agora está nos céus, mas há um texto de Hebreus 12 que nos traz tamanha revelação que não há como contestar, não há como duvidar porque nele fala tanto dos que estão na terra, como dos que estão nos céus: “Pois não tendes chegado ao monte palpável, aceso em fogo, e à escuridão, e às trevas, e à tempestade, e ao sonido da trombeta, e à voz das palavras, a qual os que a ouviram rogaram que não se lhes falasse mais; porque não podiam suportar o que se lhes mandava: Se até um animal tocar o monte, será apedrejado. E tão terrível era a visão, que Moisés disse: Estou todo aterrorizado e trêmulo. Mas tendes chegado ao Monte Sião, e à cidade do Deus vivo, à Jerusalém celestial, a miríades de anjos; à universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus, e a Deus, o juiz de todos, e aos espíritos dos justos aperfeiçoados; e a Jesus, o mediador de um novo pacto, e ao sangue da aspersão, que fala melhor do que o de Abel” Hebreus 12.18-24. Aqui cessa todo argumento, dúvida, ou possível contenda. Este texto não fala para aqueles que estão nos céus, porque eles já estão lá, mas fala a nós que ainda estamos neste corpo de pecado, neste mundo que jaz no maligno. Mas ao mesmo tempo nos mostra onde já estamos, mesmo que ainda neste corpo. Abraão morreu na fé, sem ter alcançado as promessas. Ele é um dos que morreram e não foi aperfeiçoado como diz o texto Hebreus 11.40. Ele morreu na fé, mas viveu como um estrangeiro e peregrino na terra, porque aguardava esta cidade que tinha os fundamentos, do qual Deus é o arquiteto e edificador (Hb. 11.10). Hoje esta cidade não é algo que se espera. Não é algo que morremos na fé, inacessível e que a aguardamos futuramente, ela é uma realidade a partir da ressurreição de Jesus Cristo. Em nenhum lugar fala dessa Jerusalém Celestial no céu antes da obra de Jesus Cristo, porque ela não existia antes, porque ela é a noiva do Cordeiro, e esta noiva só se tornou possível a partir do momento que todos os santos foram levados para o céu: “E veio um dos sete anjos que tinham as sete taças cheias das sete últimas pragas, e falou comigo, dizendo: Vem, mostrar-te-ei a noiva, a esposa do Cordeiro. E levou-me em espírito a um grande e alto monte, e mostrou-me a santa cidade de Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus”. Apocalipse 21.9-10. Veja que sempre quando se trata da Nova Jerusalém, da noiva do Cordeiro ela desce dos céus. Desce e nunca sobe. Ela está lá, e já pertencemos a ela. Somos cidadãos dela, e parte dessa cidade, dessa noiva do Cordeiro, mesmo estando ainda aqui nesta terra. Uma vez que cremos no Senhor somos chamados de bem-aventurados e membros da Sua Igreja, a noiva dEle. Todos são figuras da Igreja, da Sua noiva: a Cidade, a Casa, o Edifício, o Corpo, e não importa se estamos nos céus ou na terra, todos pertencemos a um só Corpo, uma só Cidade, a uma só Igreja e noiva do Senhor. Não nos tornamos sua noiva quando morremos e nos juntamos a nossos irmãos que estão nos céus, e nem eles deixam de ser por não estarem mais aqui na terra. A igreja é a Universal Assembleia como vamos ver em seguida. O Escritor de Hebreus faz uma comparação neste texto que vimos acima do capítulo 12, da antiga aliança onde ninguém podia nem tocar no monte, com a nova aliança no sangue de Jesus Cristo, que fala mais alto do que o de Abel. O Escritor então mostra as glórias que hoje já temos acesso. Não é um monte palpável, mas o Monte Sião, à cidade do Deus vivo. O Espírito quer nos dizer que tudo aquilo que trazia distância, trevas, escuridão, temor, fogo e tempestade acabou. A distância de Deus acabou. A separação acabou. Hoje estamos nEle e Ele em nós, e somos chamados a entrar no santo dos santos com ousadia, na presença do próprio Deus, imaculados e jubilosos (Jd. 1.24). As trevas cessaram. O sol da justiça resplandeceu em nossos corações (II Cor. 4.6), e agora andamos pela luz da vida (Jo. 8.12). Somos agora filhos da luz (I Tes. 5.5), transportados do império das trevas para o reino da luz, para o reino do Filho do seu amor (Col. 3.13), filhos de Deus (I Jo. 3.1-2) A velha aliança mostra a total inacessibilidade a Deus. Nem tocar o monte podia, agora somos templo do Espírito Santo, e coletivamente Casa espiritual e sacerdotes reais. Um povo de propriedade exclusiva de Deus (I Pd. 2.9). Concidadão dos santos, e membros da família de Deus (Ef. 2.19). Não vamos chegar, mas já chegamos. Já somos cidadão desta cidade do Deus vivo, cidadão da Jerusalém Celestial, a noiva do Cordeiro. Agora Deus não é mais aquele legislador e juiz, mas um Pai que compadece dos seus filhos e os corrige para serem participantes da Sua santidade (v. 10). Não é mais um monte palpável e sem acesso, mas uma porta aberta nos céus, ao trono de Deus, juiz de todos, e a Jesus mediador de uma nova aliança no seu sangue. Um sumo sacerdote tal que se assentou à destra da majestade nas alturas, que se compadece das nossas fraquezas, porque em tudo foi tentado à nossa semelhança, mas sem pecado. Somos chamados a nos achegarmos a este trono, trono de graça e misericórdia para sermos socorridos em toda ocasião de necessidade (Hb. 4.15-16). Já chegamos ao Monte Sião, à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, a Deus, a Jesus, ao trono da graça, mas também a miríades de anjos, a assembleia celestial. Vemos ela reunida e adorando a Deus em todo tempo nos céus, e se apresentando também na vitória do Cordeiro, onde com seu sangue nos comprou para Deus, e nos fez reis e sacerdotes: “E olhei, e vi a voz de muitos anjos ao redor do trono e dos seres viventes e dos anciãos; e o número deles era miríades de miríades; e o número deles era miríades de miríades e milhares de milhares” Apocalipse 5.11. Esses são os anjos que admiram as obras de Deus, e a louvam. São os anjos que estão nas regiões celestiais, e que veem através da igreja a multiforme sabedoria de Deus em Cristo e o adoram (Ef. 3.10). Já chegamos ao Monte Sião, à cidade do Deus vivo, a Jerusalém celestial, a Deus, a Jesus, ao trono da graça, a miríades de anjos, e também à universal assembleia e igreja dos primogênitos inscritos nos céus. A universal assembleia se refere a todos os santos em todas as eras, desde Adão até o último filho de Deus a ser salvo. Não há mais Israel e a Igreja. Não há mais santos antediluviano e Israel. Todos, desde o primeiro que creu até o último ser humano a se tornar um filho de Deus pela fé em Cristo pertence a esta universal assembleia. E esta universal assembleia é a igreja, a futura esposa de Jesus. Essa universal assembleia é formada pelos primogênitos inscritos nos céus. Os seus nomes estão escritos nos céus (Lc. 10.20), no livro da Vida do Cordeiro, desde o primeiro homem até o último que foi comprado pelo sangue do Cordeiro e creu, e O recebeu, e se tornou um filho de Deus. Sabemos que o filho primogênito é Jesus, e somente ao primogênito cabia toda a herança como a honra. Mas o Pai concedeu a todo aquele que crê no Seu Filho ser herdeiro e co-herdeiro juntamente com Ele. Membros do mesmo corpo e co-participantes de todas as promessas em Cristo Jesus (Ef. 3.6). Recebemos em Cristo todas as bençãos espirituais nos lugares celestiais, e dentre elas o direito da primogenitura. Não somos o primogênito. Não tínhamos o direito à herança e nem a honra, mas o Pai a quem pertence dar o direito, nos fez herdeiros e co-herdeiros juntamente com Cristo de toda a herança que o Pai deu ao Seu Filho e de toda a honra de ser filho. Somos filhos de Deus igualmente em herança e honra. Aleluia! Mas só por Cristo. Sem Ele não temos nada, nem herança e muito menos honra, somos escravos. Há um passaporte agora a esta cidade nos céus para todos os filhos de Deus, porque são concidadãos dela, com pleno acesso a ela, e uma ampla entrada para os bem-aventurados que morrem no Senhor (Ap. 14.13), para se juntarem aos espíritos dos justos aperfeiçoados que estão no Paraíso, nesta cidade celestial. Neste versículo o escritor de Hebreus inspirado pelo Espírito Santo nos mostra claramente onde está esta universal assembleia, dos primogênitos inscritos nos céus. Vejam que todos estão reunidos em um só lugar, nos céus. Neste âmbito celestial está o trono de Deus e o Cordeiro, o Monte Sião, sinal do poder, governo e autoridade de Deus, a Jerusalém celestial que é a cidade do Deus vivo, às miríades de anjos, a universal assembleia e os espíritos dos justos aperfeiçoados. Nós estamos aqui, mas mesmo estando aqui temos pleno acesso, um passaporte e nossos nomes inscritos nos céus, mas todos os outros a quem o escritor de Hebreus se refere estão nos céus. Se morrermos fisicamente nos juntamos a eles, mas enquanto isto não acontecer temos plena confiança e inteira certeza de fé que somos um com eles. Os espíritos dos justos aos quais o escritor se refere aqui, são todos aqueles que um dia estavam no Seol, no Hades, e que não eram aperfeiçoados pela velha aliança, com todos os que também creram à partir do sacrifício de Cristo na nova aliança. A partir do sacrifício de Cristo, dEle vencer o pecado, a morte, o inferno, e o diabo, de tomar as chaves delas, todos os que esperavam em Cristo pela fé foram juntos aperfeiçoados. Veja o que o escritor escreve sobre eles no capítulo 11 de Hebreus, nos versos 39 e 40: “E todos estes, embora tendo recebido bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a promessa; visto que Deus provera alguma coisa melhor a nosso respeito, para que eles, sem nós, não fossem aperfeiçoados”. Eles tiveram um bom testemunho pela fé, contudo não alcançaram a obra perfeita. Ninguém antes da obra sacrificial e expiatória de Cristo podia ser aperfeiçoado. O poder da morte estava sobre eles, e como vimos, a única esperança deles no Hades era o redentor, aquele que iria comprá-los e resgatá-los daquela prisão e exílio. Mas em Cristo a obra foi completada, foi consumada, e agora os que criam e os que iriam crer nEle podiam ser aperfeiçoados. Por isso eles tinham que aguardar Jesus vir e fazer expiação pelos seus pecados, de uma vez para sempre, e reconciliar todos com Deus. Mesmo que alguns os chamem de heróis da fé, não importa o tamanho da fé que eles tiveram. Tanto a nossa como a salvação deles deve ser baseado no que Cristo fez. Eles olhavam para a frente na esperança nessa obra salvadora de Cristo, e nós olhamos para trás, na obra que Jesus Cristo fez. Eles não podiam ser aperfeiçoados porque a obra perfeita não tinha acontecido ainda, por isso o escritor de Hebreus diz que Deus provera uma coisa melhor para nós do que para eles. Mas quando o Senhor Jesus Cristo veio e realizou a sua obra, tanto eles como nós fomos aperfeiçoados, de uma vez para sempre: “Pois com uma só oferta tem aperfeiçoado para sempre os que estão sendo santificados” Hebreus 10.14. Por isso eles são chamados de justos aperfeiçoados, e para estar neste âmbito celestial só em espírito, por isso esta universal assembleia nos céus é também chamada de espíritos dos justos aperfeiçoados. Esta expressão o Espírito usou porque há espíritos que não foram aperfeiçoados. Não foram aperfeiçoados porque não creram em Jesus e no seu sacrifício, e, portanto, estão no Hades. Só crendo no sacrifício dEle alguém pode ser feito justo, e ser aperfeiçoado. Por isso Paulo e todos os outros desejavam estar com o Senhor, porque ainda que a nossa casa terrestre deste tabernáculo se desfizer, temos de Deus um edifício, uma casa não feita por mãos, eterna nos céus. Veja o que ele diz ainda: “Pois neste tabernáculo nós gememos, desejando muito ser revestidos da nossa habitação que é do céu, se é que, estando vestidos, não formos achados nus. Porque, na verdade, nós, os que estamos neste tabernáculo, gememos oprimidos, porque não queremos ser despidos, mas sim revestidos, para que o mortal seja absorvido pela vida. Ora, quem para isto mesmo nos preparou foi Deus, o qual nos deu como penhor o Espírito. Temos, portanto, sempre bom ânimo, sabendo que, enquanto estamos presentes no corpo, estamos ausentes do Senhor (porque andamos por fé, e não por vista); temos bom ânimo, mas desejamos antes estar ausentes deste corpo, para estarmos presentes com o Senhor” II Coríntios 5.1-8. Como ignorantemente lutamos por esta vida e tanto valorizamos as coisas deste mundo ao invés de gemermos e desejarmos a nossa habitação que é do céu! Na verdade, como diz o texto, o mortal é o que vivemos, e a vida é o que está preparada por Deus para nós no céu. Quanta discrepância entre o céu e a terra! A distância é infinita. Aqui habitamos num corpo de humilhação, mortal, frágil, caímos constantemente em pecado, somos afligidos, tentados, humilhados, perseguidos pelo mundo, atacados pelo diabo, e longes da presença do Senhor. Temos o penhor do Espírito, as suas primícias, mas ausentes do Senhor. Já os que foram revestidos dessa habitação no céu estão na Jerusalém celestial, na cidade do Deus vivo, diante do trono de Deus e do Cordeiro, com milhares e milhares de anjos, querubins, serafins, tronos, e da universal assembleia que está nos céus, onde estão todos os espíritos dos justos aperfeiçoados, desde nosso pai Adão até o último que partiu para estar para sempre com o Senhor. Se realmente soubéssemos o que é esta habitação no céu, esta esfera celestial e a presença do Senhor e Salvador Jesus Cristo também gemeríamos, e não mais lutaríamos para permanecer neste corpo de humilhação, nem neste mundo vil. Caso deixemos este mundo, o Senhor já nos preparou um lugar, o Paraíso, junto com Ele e toda esta esfera celestial, e de comunhão em espírito nesta cidade, e nesta universal assembleia. Não tenho dúvidas que Paulo viu isto quando foi arrebatado ao terceiro céu, ao Paraíso, e esta visão o impactou. E lhe impactou de tal maneira que ele gemia para estar lá para sempre, quando o Senhor quisesse. Antes de Jesus vir e ser sacrificado sim, mas hoje não devemos ter medo da morte. Não estamos mais debaixo do império da morte, das garras do diabo que tinha esse império. Hoje podemos olhar para a morte e dizer: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão? O aguilhão da morte é o pecado, e a força do pecado é a lei. Mas graça a Deus que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” I Coríntios 15.55-57. A vitória de tudo isto está em Cristo Jesus nosso Senhor. Nele, em todas as coisas somos mais que vencedores. Aleluia! Quem tem medo não está aperfeiçoado no amor; no amor que Deus demonstrou e deu provas em Jesus Cristo. Hoje nada mais pode nos separar desse amor, nada. O Senhor faz morada em nós, e nós fazemos morada nEle, e através dEle, em Deus. Sua promessa se cumpriu, para que onde Ele estivesse estivéssemos nos também. Para sempre. Aleluia! Hoje aguardamos não a redenção da nossa alma do Seol, do Hades, mas a redenção do nosso corpo. Por isso aguardamos ardentemente a volta do nosso Senhor, e a ressurreição dos mortos. Apesar dos espíritos dos justos aperfeiçoados estarem naquele âmbito celestial, que é glorioso, a obra ainda não está completada neles e nem em nós. Há ainda uma redenção a ser feita, a redenção dos nossos corpos. A redenção dos que já morreram, e a redenção daqueles que ainda estão vivos, habitando em seus corpos mortais: “...e não só ela, mas até nós, que temos as primícias do Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a redenção do nosso corpo... E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual fostes selados para o dia da redenção” Romanos 8.23, Efésios 4.30. Mas depois que tudo isto acontecer, depois que o Senhor vier executar a redenção de todos os corpos dos santos, depois que todos vierem dos céus para habitarem em seus corpos glorificados, semelhantes ao corpo do nosso Senhor. Depois do Senhor reinar com os vencedores por mil anos, e depois do juízo final, onde a morte e o Hades serão lançados no Lago de fogo, isto é, a segunda morte, Deus criará novos céus e nova terra. Um dia tudo o que o texto de Hebreus se refere, e que vimos estar acima nos céus estará na terra. Não viveremos no céu como alguns pensam, mas na nova terra, na Nova Jerusalém que vai descer do céu para a terra: “E vi um novo céu e uma nova terra. Porque já se foram o primeiro céu e a primeira terra, e o mar já não existe. E vi a santa cidade, a nova Jerusalém, que descia do céu da parte de Deus, adereçada como uma noiva ataviada para o seu noivo” Apocalipse 21.1-2. E não só a Nova Jerusalém, mas o próprio Senhor e o seu trono também vão estar na terra: “E ouvi uma grande voz, vinda do trono, que dizia: Eis que o tabernáculo de Deus está com os homens, pois com eles habitará, e eles serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Ele enxugará de seus olhos toda lágrima; e não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor; porque já as primeiras coisas são passadas... Ali não haverá jamais maldição. Nela estará o trono de Deus e do Cordeiro, e os seus servos o servirão” Apocalipse 21.3-4 e 22.3. Este lugar é novamente chamado de paraíso de Deus: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas. Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus”. Paraíso por causa do Senhor. Onde Ele está é o Paraíso de Deus. Por isso, mesmo que o Seol, o Hades era um lugar de prisão, no mais profundo da terra, mas quando Ele chegou lá aquele lugar se tornou o Paraíso: “Hoje mesmo tu estarás comigo no paraíso”. E desde então, onde o Senhor está, o Paraíso está, e onde o Senhor estiver na eternidade ele vai estar também. A Bíblia não relata onde estará o Lago de Fogo, somente o Paraíso. A partir do novo céu e nova terra não haverá mais Seol ou Hades, porque a terra onde se encontrava já não existirá mais, somente o Lago de fogo e o Paraíso. O Seol ou Hades estará no Lago de Fogo, será lançado lá, junto com a morte; e todos que forem lançados lá serão banidos da presença do Senhor eternamente: “...e a vós, que sois atribulados, alívio juntamente conosco, quando do céu se manifestar o Senhor Jesus com os anjos do seu poder em chama de fogo, e tomar vingança dos que não conhecem a Deus e dos que não obedecem ao evangelho de nosso Senhor Jesus; os quais sofrerão, como castigo, a perdição eterna, banidos da face do Senhor e da glória do seu poder” II Tessalonicenses 1.7-9. Nós, os que cremos, já chegamos a Deus. Mas não podemos esquecer que Ele é o juiz de todos como nos diz Hebreus 12.23, tanto dos que não creram, como dos que creram. Um dia todos vamos comparecer perante a face de Deus (Rm. 14.10). Mesmo não entrando em juízo, porque passamos da morte para a vida, seremos julgados pelo que fizemos no corpo (II Coríntios 5.10). Seremos julgados pela nossa vida como cristãos, como filhos de Deus, como embaixadores da parte de Deus, pelas nossas obras. O julgamento, como diz Pedro, começa por nós, pela Casa de Deus (I Pd. 4.17). Todos nós vamos passar pelo fogo como diz Paulo, o fogo purificador, para provar nossas obras, para ser julgado como edificamos a nossa vida em Cristo que é o fundamento (I Cor. 3.14-15). Por isso Hebreus 12, dos versos 25 a 29 nos adverte: “Vede que não rejeiteis ao que fala; porque, se não escaparam aqueles quando rejeitaram o que sobre a terra os advertia, muito menos escaparemos nós, se nos desviarmos daquele que nos adverte lá dos céus; a voz do qual abalou então a terra; mas agora tem ele prometido, dizendo: Ainda uma vez hei de abalar não só a terra, mas também o céu. Ora, esta palavra - Ainda uma vez - significa a remoção das coisas abaláveis, como coisas criadas, para que permaneçam as coisas inabaláveis. Pelo que, recebendo nós um reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e santo temor; pois o nosso Deus é um fogo consumidor”. Sirvamos a Ele agradavelmente, com reverência e santo temor, porque a expressão: Hoje mesmo tu estarás comigo no Paraíso está vigente até o dia de hoje. Desde a primeira vez que Jesus falou a aquele ladrão na cruz até hoje. Se partirmos desta vida antes da volta do Senhor, se nossos olhos físicos se fecharem para sempre, e dermos o último suspiro neste mundo, poderemos tomar posse dela, como também tomou aquele ladrão na cruz, e gozou desde então do Paraíso. Eu creio. Amém. EDWARD BURKE JUNIOR LONDRINA - 2020
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