Dia 03 de abril

 

 

Sermão do Monte - Parte XVII

"E, abrindo a sua boca, os ensinava...".

Mateus 5.2.

 

O sermão do monte é o marco que iniciou a caminhada de Jesus no seu ministério de ensino aos seus discípulos. Depois de separar seus doze apóstolos, percorreu toda a Galiléia, ensinando nas sinagogas, pregando o evangelho do Reino de Deus, e curando todas as doenças e enfermidades entre o povo. Assim a sua fama correu por toda a Síria. De sorte que o seguiam grandes multidões. Jesus, pois vendo as multidões, subiu em um monte e passou a ensiná-las sobre o Reino de Deus.

E abrindo a sua boca, disse-lhes: "Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" Mateus 6.10-21.

A nossa atenção e cuidado sempre estão naquilo que reputamos ter mais valor. Se dermos mais valor às pessoas ou aos nossos bens que temos neste mundo, então ali estará também o nosso coração. Se pensarmos e buscarmos o Senhor, e as coisas que são lá do alto, da mesma forma, lá estará também o nosso coração: "Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus. Pensai nas coisas que são de cima, e não nas que são da terra; porque já estais mortos, e a vossa vida está escondida com Cristo em Deus" Colossenses 3.1-3.

Onde está o teu coração neste momento? Nas coisas desta vida? Então você verá o teu tesouro ser consumido pela traça e pela ferrugem, ou os ladrões  roubarem: "Na verdade, todo homem anda numa vã aparência; na verdade, em vão se inquietam; amontoam riquezas, e não sabem quem as levará" Salmos 39.6.  Caso o teu coração esteja nas coisas que são do alto, então verá que o seu tesouro está seguro; são bens duráveis, e não enferrujam: "Eu amo aos que me amam, e os que cedo me buscarem, me acharão. Riquezas e honra estão comigo; assim como os bens duráveis e a justiça. Melhor é o meu fruto do que o ouro, do que o ouro refinado, e os meus ganhos mais do que a prata escolhida" Provérbios 8.17-19.

Hoje a prosperidade é anunciada por quase todos como sinal de bênçãos. Alguém só tem valor para Deus se tiver testemunho de prosperidade. O que para muitos parecem ser riquezas espirituais, não passam de coisas perecíveis, sem valor algum para a vinda de Jesus: "Em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário, que estejais por um pouco contristados com várias tentações, para que a prova da vossa fé, muito mais preciosa do que o ouro que perece e é provado pelo fogo, se ache em louvor, e honra, e glória, na revelação de Jesus Cristo; ao qual, não o havendo visto, amais; no qual, não o vendo agora, mas crendo, vos alegrais com gozo inefável e glorioso; alcançando o fim da vossa fé, a salvação das vossas almas" I Pedro 1.6-9.

Alguns até se justificam de gozar dos seus bens, porque eles têm que administrar de maneira correta o que receberam de Deus. De uma maneira errônea dizem ser uma mordomia. O que precisamos entender de forma espiritual, é que não há essa palavra "administrar" no Reino de Deus. Administrar é ministrar em favor próprio: "E dizia também aos seus discípulos: Havia um certo homem rico, o qual tinha um mordomo; e este foi acusado perante ele de dissipar os seus bens. E ele, chamando-o, disse-lhe: Que é isto que ouço de ti? Dá contas da tua mordomia, porque já não poderás ser mais meu mordomo. E o mordomo disse consigo: Que farei, pois que o meu senhor me tira a mordomia? Cavar, não posso; de mendigar, tenho vergonha. Eu sei o que hei de fazer, para que, quando for desapossado da mordomia, me recebam em suas casas. E, chamando a si cada um dos devedores do seu SENHOR, disse ao primeiro: Quanto deves ao meu senhor? E ele respondeu: Cem medidas de azeite. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e assentando-te já, escreve cinqüenta. Disse depois a outro: E tu, quanto deves? E ele respondeu: Cem alqueires de trigo. E disse-lhe: Toma a tua obrigação, e escreve oitenta. E louvou aquele senhor o injusto mordomo por haver procedido prudentemente, porque os filhos deste mundo são mais prudentes na sua geração do que os filhos da luz" Lucas 16.1-8.

No Reino de Deus, não é para administrar nossos bens, mas ministrar. Relembrando que administrar é ministrar em favor próprio; ministrar é em favor de outros. Isto verdadeiramente é mordomia. Essa é a forma como Jesus nos ensina que devemos usar as nossas riquezas: ministrar aos outros e teremos um tesouro no céu: "E eu vos digo: Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos" Lucas 16.9.

É na administração ou na ministração dos nossos bens que se mostra o mordomo infiel e o mordomo fiel. Para Deus, os nossos bens não são contados como nosso, mas do alheio. Aqui sim entra o verdadeiro mordomo: ministrar o que não nos pertence: "Quem é fiel no mínimo, também é fiel no muito; quem é injusto no mínimo, também é injusto no muito. Pois, se nas riquezas injustas não fostes fiéis, quem vos confiará as verdadeiras? E, se no alheio não fostes fiéis, quem vos dará o que é vosso?" Lucas 16.10-12.

Por onde ando ouço esta expressão: - Deus tem me abençoado muito. Ou: - Deus tem me dado para eu gozar desses bens. Primeiramente Ele não nos abençoa com bens, mas nos dá bens. Ele nos abençoou com toda a sorte de bênçãos espirituais em Cristo (Efésios 1.3). Em seguida, é verdade que Ele nos dá bens para abundantemente deles gozarmos: "Manda aos ricos deste mundo que não sejam altivos, nem ponham a esperança na incerteza das riquezas, mas em Deus, que abundantemente nos dá todas as coisas para delas gozarmos" I Timóteo 5.1.

Mas qual tem sido o seu gozo? Juntar tesouros na terra? Usufruir e administrar os bens que tem recebido de Deus? Ter vários bens até para suprir sua próxima geração? Se o seu gozo estiver em usufruir, se deleitar e em juntar tesouros na terra, então você é um grande miserável, cego e nu.

Deus nos deu para delas gozarmos, mas em que está o verdadeiro gozo? Não em usufruir, mas em dar: "Tenho-vos mostrado em tudo que, trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" Atos 20.35.

Por isso, atente bem para o texto de I Timóteo 5.17, porque ele não termina na expressão: "que nos concede abundantemente para dela gozarmos", mas continua nos versos 18 e 19 dizendo: "que façam bem, enriqueçam em boas obras, repartam de boa mente, e sejam comunicáveis; que entesourem para si mesmos um bom fundamento para o futuro, para que possam alcançar a vida eterna".

Onde está o teu tesouro? Na terra? Então a traça e a ferrugem os estão consumindo, e os ladrões estão minando e roubando. Jesus disse: "Não ajunteis tesouro na terra, ...mas ajuntai tesouros nos céus". Onde estão registrados os seus bens? No cartório de registro de imóveis ou nos céus: "E Havia em Cesaréia um homem por nome Cornélio, centurião da coorte chamada italiana, piedoso e temente a Deus, com toda a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a Deus. Este, quase à hora nona do dia, viu claramente numa visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e dizia: Cornélio. O qual, fixando os olhos nele, e muito atemorizado, disse: Que é, Senhor? E disse-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus" Atos 10.1-4.

Todos nós um dia estaremos perante a Sua face, e cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus. Podemos chegar com uma dívida para com Deus, ou com uma dívida de Deus para conosco. Esta é a única expressão nas Escrituras, que diz que Deus passa a ter uma dívida para conosco: "O que se compadece do pobre empresta ao Senhor, que lhe retribuirá o seu benefício" Provérbios 19.17 *CMTHG.

Medite nisto, e não seja só ouvinte ou leitor esquecido, mas executor da obra. Aquele que morreu com Cristo, e vive com Ele, também está livre da influência de Mamón: "Porque, se alguém é ouvinte da palavra, e não cumpridor, é semelhante ao homem que contempla ao espelho o seu rosto natural; porque se contempla a si mesmo, e vai-se, e logo se esquece de como era. Aquele, porém, que atenta bem para a lei perfeita da liberdade, e nisso persevera, não sendo ouvinte esquecidiço, mas fazedor da obra, este tal será bem-aventurado no seu feito" Tiago 1.23-25. Amém.

 

*CMTHG - Versão: Conforme os melhores textos em Hebraico e Grego.

 

Leia também o nosso estudo intitulado "O tesouro de Deus", e também o estudo "Guardai-vos daqueles que vos pregam a prosperidade".

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